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A aplicação do liberalismo económico nos países industrializados,

no século XIX, ao estabelecer a não-intervenção do Estado,


deixou os operários à mercê das regras do mercado.

Neste contexto, os operários enfrentavam graves problemas


dentro e fora do seu local de trabalho:

 Ausência de redes de solidariedade (em grande parte


oriundos do campesinato, os operários tinham de
sobreviver na cidade sem o apoio da família alargada);

Camponeses e o trabalho na terra

 Elevado risco de acidentes de trabalho e de doenças


profissionais (que, a ocorrerem, podiam levar ao
despedimento do operário, o qual se via incapacitado e
sem salário);
 Ausência de medidas de apoio social (não existia o direito a
férias ou a descanso semanal, o horário de trabalho
chegava a rondar as 16 horas por dia, não se contemplava o
direito a subsídios por desemprego, velhice ou doença);
 Proibição e repressão de todo o tipo de reivindicação social
(pois as leis e as instituições de autoridade defendiam a
classe dominante);

Manifestantes fogem da carga policial


 Contratação de mão-de-obra infantil, por ser mais barata
(cerca de um terço do salário de um adulto), menos
reivindicativa e mais ágil (por exemplo, nos espaços exíguos
das minas); daqui resultava uma elevada taxa de
mortalidade infantil entre os filhos da população operária;

Crianças na fábrica
 Espaços de trabalho pouco saudáveis (ruído, calor ou frio
extremos, iluminação deficiente, ausência de cantinas e de
vestuário apropriado);

Crianças vigiadas por um capataz

 Espaços de habitação sobrelotados e insalubres;


 Pobreza extrema e todos os problemas a ela associados
(desnutrição, doenças, criminalidade, prostituição,
consumo elevado de bebidas alcoólicas, mendicidade).
As primeiras reacções dos operários contra a sua condição
miserável foram espontâneas, pouco organizadas e dirigidas,
sobretudo contra as máquinas que lhes roubavam o trabalho
(por exemplo, o movimento de Ned Ludd, em Inglaterra, era
mecanoclasta, isto é, destruía as máquinas de produção).

A destruição das máquinas

Com o passar do tempo, o movimento operário (acções de luta


dos proletários por melhores condições de vida e por uma maior
intervenção política) organizou-se para se tornar mais eficaz.

É nesse âmbito que surge o sindicalismo. No início, actuando


clandestinamente, os sindicatos utilizavam como principais
meios de pressão sobre o patronato as manifestações e as
greves.
Uma das grandes manifestações foi a de 1 de Maio de 1886, em
Chicago, pela jornada de 8 horas de trabalho, onde participaram
milhares de pessoas.

Revolta de Haymarket

Na sua sequência, a 3 de Maio, houve um levantamento popular


pela redução do horário de trabalho e melhores condições, que
acabou em confrontos com a polícia e com a morte de alguns
manifestantes. Por isso, no dia seguinte (4 de Maio), uma nova
manifestação foi organizada como protesto pelos
acontecimentos dos dias anteriores, tendo terminado com o
lançamento de uma bomba (por desconhecidos) para o meio das
forças policiais, matando sete agentes. A polícia abriu fogo sobre
a multidão, matando doze pessoas e ferindo dezenas. Estes
acontecimentos passaram a ser conhecidos como a Revolta de
Haymarket (Chicago).
Os oito organizadores da manifestação foram presos e acusados
pelo acontecimento, mesmo na ausência de provas que os
ligassem à bomba. Uma grande campanha foi organizada para
salvar os chamados Mártires de Chicago.
Quatro deles foram executados, um suicidou-se antes da
execução da sentença e outros três tiveram penas de prisão. Em
1893 as sentenças de prisão foram revogadas quando se concluiu
que todos eram inocentes.
Em 1889, um Congresso Internacional de Trabalhadores em Paris
(Internacional Socialista) decidiu convocar anualmente uma
manifestação com o objectivo de lutar pelas 8 horas de trabalho
diário. A data escolhida foi o 1º de Maio, em homenagem aos
trabalhadores de Chicago.
A 1 de Maio de 1891, uma manifestação no norte de França é
dispersada pela polícia, resultando na morte de dez
manifestantes.
Este novo drama serviu para reforçar o dia como um dia de luta
dos trabalhadores, proclamando-o como dia internacional de
reivindicação de condições laborais.
O desafio foi aceite um pouco por toda a Europa ao longo dos
anos.
São Paulo, Brasil
Em 1919 a França ratifica o dia de trabalho de 8 horas e
proclama o dia 1 de Maio feriado. Em 1920 a Rússia adopta o 1º
de Maio como feriado nacional e muitos outros países vão
seguindo o exemplo.

Mais de cem anos depois das manifestações de Chicago, de


formas diversas, todos os países comemoram este dia e os
trabalhadores manifestam-se, talvez já não pelas 8 horas de
trabalho, mas pelo direito a trabalhar e a uma justa
remuneração.
Curiosamente, ainda hoje, os EUA, local onde tudo começou, não
reconhece essa data como o Dia do Trabalhador, sendo o Labour
Day comemorado a 3 de Setembro.

Cartaz para o 1º de Maio no Reino Unido


Em Portugal, só a partir de Maio de 1974 (o ano da revolução do
25 de Abril) é que foi permitida a livre comemoração do 1º de
Maio, que se tornou feriado nacional. Durante a ditadura do
Estado Novo era proibida e reprimida pela polícia.

Jornal Diário Popular - 1974

O 1º de Maio no Porto
1º de Maio de 1974 – Lisboa
DN – 2/05/1974
PENSA
NISTO!

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