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Como fazer um plano de negócios

Lembre-se de que trata-se de um documento vivo, e não de um árido


demonstrativo contábil ou legal. E que uma de suas principais finalidades é
convencer (a equipe, os investidores, o banco, os fornecedores, ou até mesmo os
clientes potenciais) de que o seu negócio é viável e pode ser vantajoso a eles.

Portanto, ao criar o seu plano de negócios, coloque o foco nestes importantes


leitores, e lembre-se de incluir, de forma simples e fácil de encontrar, as respostas
às principais dúvidas deles. Se você não sabe quais são, eis algumas sugestões:

• Sobre o negócio em si: o que é o negócio (em uma frase!), quais produtos
e serviços serão oferecidos, quais as razões que levam a crer que será
atingido o sucesso, quais são as oportunidades (já existentes ou que serão
criadas) que você percebe e pretende explorar.
• Sobre a administração: quem administrará o seu negócio? que
experiência e formação essas pessoas têm? que qualificações busca para a
equipe? quantos empregados precisará, quais suas atividades e
remuneração? onde eles trabalharão? qual será a estrutura organizacional?
qual a missão e a visão?
• Sobre o mercado: quantos ou quem são os clientes potenciais, onde eles
estão, alguns exemplos específicos, como você os atrairá, por que eles
escolherão você e não o concorrente, quem serão seus parceiros e
fornecedores, quem são os concorrentes, quais os fatores do sucesso atual
destes concorrentes, qual o seu diferencial competitivo, qual o seu nicho,
qual a sua delimitação geográfica, como você vai promover e divulgar seu
negócio, como vai distribuir seu produto.
• Sobre economia e finanças: fontes do capital, projeção de faturamento,
investimentos e despesas para os 2 primeiros anos (trimestral), projeção de
fluxo de caixa mensal para o primeiro ano, volume de negócios necessário
para alcançar o ponto de equilíbrio ou o resultado operacional positivo e em
quanto tempo você espera alcançá-lo, quais as condições para começar a
vender e faturar, e quando você espera alcançá-las, valor do capital
imobilizado em instalações e equipamentos, lista de fontes financeiras
potenciais, garantias de empréstimo.
• Mapas: estado atual, cronograma previsto, dificuldades esperadas, suas
soluções e condições.

A dificuldade principal é conseqüência da natureza dos planos de negócio: eles


tratam de idéias ainda não realizadas, e assim não podem (de modo geral) se
basear em históricos ou em estatśiticas próprias para realizar sua previsão. O
grande desafio é conseguir obter dados de organizações semelhantes, ou
extrapolar a partir de outros dados, de maneira consistente, objetiva e,
principalmente, convincente.

Atenção para o que ficar de fora. Na faculdade, quando me ensinaram pela


primeira vez (e superficialmente, claro) a avaliar planos de negócios para análise de
investimentos, o professor dizia: “Lembrem-se de encontrar as perguntas cujas
respostas ficaram de fora!”. O exemplo dele era simples, mas bem claro: se o plano
de negócios é sobre abrir uma pizzaria no litoral, um bom plano vai esclarecer o que
vai acontecer com ela quando a temporada de verão acabar, e como ela vai fazer
para durar até a próxima temporada. Se vai demitir os garçons e a cozinha, para
depois recontratá-los, os custos adicionais com os encargos e Custo Brasil do
processo como um todo estarão considerados, junto com a manutenção do imóvel e
custos fixos durante o período de inverno. E a ausência deles é o indício de um mau
plano – como podem atestar inúmeros donos de empreendimentos de verão que
terminam fevereiro com saldo positivo enorme, e em abril descobrem que na
verdade estão falidos!

Capriche no resumo executivo. Ele é uma das últimas partes a concluir, mas
deve estar bem no início do documento. Muitas pessoas lerão apenas o resumo, e
avaliarão por ele se o seu negócio vale ou não a busca de maiores detalhes.
Conquiste o leitor em cada linha do seu resumo! Fale nele sobre os objetivos, as
razões de sucesso, e apresente os números principais, sem exagerar na densidade
das informações.

O plano de negócios não é só para os outros. O processo de construção de um


bom plano de negócios é uma forma segura de o empreendedor conhecer os
aspectos essenciais que podem levar ao sucesso ou ao fracasso da sua idéia. Ele
não descreve apenas os objetivos do negócio, mas também quais serão os passos
para a sua realização, e do que eles dependem.

Assim, fazer um plano de negócios bem feito irá obrigar o empreendedor e seus
sócios a organizar as idéias sobre a viabilidade de seu negócio, levando-os ao
processo de discussão e reflexão da preparação de um documento com o qual
todos concordem, trazendo todas as informações essenciais para o sucesso da
idéia. Portanto, ele acaba substituindo por números e argumentos as opiniões
iniciais, motivadas principalmente pela própria convicção dos empreendedores.

Para saber mais: além dos guias do SEBRAE e entidades públicas, que você
encontra gratuitamente na Internet (ou com uma visita ao SEBRAE, que em geral
vale muito a pena), recomendo muito a leitura do livro A Arte do Começo: o Guia
Definitivo para Iniciar o Seu Projeto, de Guy Kawasaki. Ele é investidor de risco,
ganha a vida avaliando os planos de negócios dos mais variados empreendimentos,
e resolveu escrever um livro sobre como dar forma à sua idéia – de modo que ele
mesmo possa estar disposto a investir nela. A tradução para o português é bem
feita, o livro é fácil de ler, um verdadeiro achado.

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