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Resumo: Esse artigo objetiva demonstrar como o conceito de homo oeconomicus está
deixando de ser o ponto essencial para a formação de políticas do Estado. Muito se
discute na teoria a respeito da introdução da sociologia nos estudos econômicos (assim
como o inverso). Essa discussão, estritamente teórica, acaba por não ter, ainda,
demonstrado que na prática esse impasse vem sendo solucionado. Como exemplo,
temos as políticas sociais do Estado atual brasileiro, em especial o Bolsa Família,
verificadas principalmente no período conhecido como “Lulismo”, que vem colocando
em xeque a visão anterior de políticas voltadas para uma “massa” nacional. Porém, essa
“massa” não é homogênea encontrando-se grupos diferenciáveis com necessidades
peculiares e distintas. Não cabe a este trabalho se tais políticas são mais eficientes ou
não. Nosso objetivo é trazer à luz como a sociologia econômica está modificando o
mercado brasileiro por meio de políticas sociais voltadas para os grupos. Através da
análise crítica das obras de autores clássicos, como Weber, assim como estudiosos da
sociologia econômica como Bourdieu, Abramovay, entre outros, e autores
contemporâneos sobre a política nacional, chegamos à conclusão que, o mercado está
voltando-se para grupos antes desfavorecidos da sociedade exatamente pela criação de
políticas sociais que visam impactá-los como grupos e não como indivíduos e muito
menos como uma “massa” cujos agentes teriam interesses e necessidades iguais (homo
oeconomicus). Esses pontos serão mais bem detalhados e esclarecidos ao longo deste
trabalho.
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Introdução
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como os indivíduos fazem escolhas, enquanto a sociologia dedica-se a mostrar que eles
não têm qualquer escolha a fazer”(p.37, ABRAMOVAY)
Já Cécile Raud-Mattedi, autora especializada em socioeconomia, inicia seu
artigo sobre as idéias de Granovetter, autor contemporâneo e principal sobre a “nova”
sociologia econômica, relatando que, para Granovetter, o seu objetivo não é criticar a
Economia Neoclássica, mas sim reforçá-la pela perspectiva sociológica. Afirma ser
necessário acrescentar as motivações não econômicas ao tratar do comportamento do
ator econômico. Para Granovetter, como afirma Cécile, não se separa a ação econômica
da ação social, sendo a ação econômica socialmente situada e as instituições
econômicas construções sociais (embeddedness). Concordando, portanto, com a idéia de
Bourdieu em ser o mercado formado além do simples interesse individual, mas pela
ação de todo o conjunto de fatos sociais.
Como se observa, são várias as bases teóricas de autores que defendem uma
espécie de “junção” da teoria econômica (cujas bases teóricas fundamentam-se no
conceito de homo oeconomicus) e da sociologia, dando origem, então, à sociologia
econômica. Assim defende Steiner:
[...]
Essa discussão, estritamente teórica, acaba por não ter, ainda, demonstrado que
na prática essa junção vem sendo aplicada. Como exemplo, temos as políticas sociais do
Estado atual brasileiro, verificadas principalmente no período conhecido como
“Lulismo”, que vem colocando em xeque a visão anterior de políticas voltadas para uma
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Onde se lê apresentação abstrata está referindo-se aos modelos baseados no homo oeconomicus.
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“massa” nacional que não é homogênea, encontrando-se grupos diferenciáveis com
necessidades peculiares e distintas.
Em especial, com o programa Bolsa Família (programa de transferência de renda
para as famílias situadas abaixo da linha de pobreza, como define Àquilas Mendes e
Rosa Maria Marques) o Governo adotou uma política que trabalhou um grupo (aqueles
abaixo da linha de pobreza) deixando de considerar uma postura estritamente racional
de que todos os indivíduos possuem o mesmo interesse e necessidades (homo
oeconomicus), ou seja, de que compõem uma “massa” homogênea.
Em vez de uma política voltada para aplicação primeira do “todos”, deu-se
ênfase a um grupo significativo específico cuja alteração em sua renda acarretará
alterações em todo o mercado. Como explica Mendes e Marques sobre o Bolsa Família:
É o que Luiz Werneck Vianna propôs “(...) a reforma do Estado deve estar
dirigida à sua abertura (...) realizando o seu papel democrático na administração e
composição dos diferentes e contraditórios interesses socialmente explicitados” (p.
36, VIANNA).
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brasileira. Por isso, adotar medidas econômicas objetivando os grupos, ou seja, o
conjunto de indivíduos que possuem interesse e necessidades, que não são
necessariamente iguais, mas que se assemelham, é extremamente válido.
Referências:
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BOURDIEU, Pierre. “As Estruturas Sociais da Economia”. Campo das Letras,
2006 (pag.13 a 29) .
STEINER, Philippe. A sociologia econômica. São Paulo: Atlas, 2006, PP. 31-46
(cap. 2: “A sociologia econômica do mercado”).