MUNDO NARRADO E MUNDO
COMENTADO
Entende-se por Mundo narrado uma
exposição de fatos, em sequência lógica; e
por Mundo comentado uma exposição de
opiniões, de juízos de valor.
Vejamos o que diz o professor Helênio da
Fonseca Oliveira (2001):
Suponhamos, por exemplo, que uma
secretária cometa alguns erros na digitação
de um documento.
Hipótese 1: Seu chefe lhe diz: Isso aí está
errado ou O documento está cheio de
erros.
Hipótese 2: Ele, ao invés de invocar
explicitamente o conceito de erro, relata as
ações “erradas” da funcionária: Você aqui
escreveu ‘injeção’ com ‘g’ e, logo abaixo,
‘ombro’ com ‘h’.
Se você observar bem, vai notar que na
Hipótese 1 a crítica foi mais severa.
Isso se explica pelo fato de o
comentário ser em geral mais tenso
que a narrativa. Na medida em que se
presentifica (e por isso utiliza o presente e
o futuro do presente) ele resulta numa
participação maior de quem fala nos fatos
que comenta. (...)
Da parte de quem narra, ao contrário,
tende a haver um distanciamento em
relação aos acontecimentos narrados,
o que leva a uma atitude mais
descontraída. Relatando as ações da
funcionária (segunda hipótese), seu
superior não se envolveu pessoalmente
com elas. Há, pois, maior objetividade (no
sentido de menor envolvimento pessoal) no
ato de narrar que no de comentar.
EMPREGO DOS TEMPOS VERBAIS
MODO INDICATIVO: Com o modo
indicativo, exprime-se, em geral, uma ação
ou estado considerado em sua realidade,
como certeza, seja em referência ao
passado, presente ou futuro.
Presente:
Para enunciar um fato atual, ou seja, que
ocorre no momento da enunciação
(PRESENTE MOMENTÂNEO):
Chove na cidade do Rio de Janeiro.
Para indicar ações ou estados
permanentes, como uma verdade
científica, um dogma (PRESENTE
DURATIVO):
A Terra circula ao redor de seu próprio
eixo.
Para expressar uma ação habitual, ainda
que não seja exercida no momento em que
se fala (PRESENTE HABITUAL ou
FREQUENTATIVO):
Fico intimidado diante de pessoas
importantes. (Guimarães Rosa)
Para dar vivacidade a fatos ocorridos no
passado (PRESENTE HISTÓRICO ou
NARRATIVO):
Em 1500 Cabral chega ao Brasil.
Além dos casos expostos acima, o presente
do indicativo também pode ser usado para
MODALIZAR O DISCURSO, atenuando um
tom imperativo de um enunciado qualquer:
Queres devolver-me o dinheiro?
Resolve isso para mim amanhã.
Pretérito imperfeito:
Narrar um fato passado, que então era
presente:
O frio aumentava e o vento despenteava
seus cabelos.
Para indicar, entre ações simultâneas, a
que ocorria quando sobreveio a outra:
Quando me aproximava da porta para
abri-la, Miguel entrou como um louco na
casa.
Para denotar uma ação passada habitual ou
repetida (IMPERFEITO
FREQUENTATIVO):
Brincava todas as manhãs com meus
amigos.
Pelo futuro do pretérito, em linguagem
coloquial:
Se tivesse dinheiro, viajava com ele.
Para situar no tempo, vagamente, em
contos, fábulas, etc.:
Era uma vez...
Pretérito perfeito:
Na Língua Portuguesa existe clara distinção
entre as formas simples e composta do
pretérito perfeito. Enquanto a forma
simples denota ação produzida no passado,
a forma composta geralmente exprime
ação repetida ou a sua continuação até o
momento da enunciação. Ou seja, o
PRETÉRITO PERFEITO SIMPLES, que denota
ação completamente concluída, afasta-se
do presente; o PRETÉRITO PERFEITO
COMPOSTO, que expressa ato repentino ou
contínuo, aproxima-se do presente.
Pretérito perfeito simples: Fui ao
Corcovado neste mês.
Pretérito perfeito composto: Tenho ido
ao Corcovado neste mês.
Pretérito mais-que-perfeito:
Indica ação passada anterior a outra ação
passada:
Quando voltei, o telefone havia parado de
chamar.
Denota fato vagamente situado no
passado:
No céu azul as últimas nuvens haviam
desaparecido.
Futuro do presente:
Para indicar fatos certos ou prováveis
posteriores ao momento da enunciação:
Não sairemos daqui.
Futuro:
Enuncia um fato que pode ocorrer num
momento futuro em relação ao atual.
Quando ele vier à loja, levará as
encomendas.
Também é usado em frases que indicam
possibilidade ou desejo.
Se ele vier à loja, levará as encomendas.
MODO IMPERATIVO:
O Imperativo e a noção de tempo
O Imperativo é indeterminado em tempo.
Como é usado para incitar à ação, supõe-se
que ação ainda não se realizou e, se vier a
se realizar será posteriormente à emissão
da frase. De certa forma, o Imperativo
porta um futuro implícito.
Lutais pelos vossos direitos.

Para exprimir incerteza, probabilidade,

dúvida, suposição sobre fatos atuais:
Serão nove horas?

Para expressar uma ordem, súplica, desejo:

Honrarás pai e mãe.

Futuro do pretérito:
Para exprimir a incerteza, probabilidade,
dúvida, suposição sobre fatos passados:
Quem seria aquele homem estranho
sentado na frente do banco.

MODO SUBJUNTIVO: Com o modo

subjuntivo, exprime-se, em geral, uma ação
ou estado considerado hipotético, duvidoso
ou um desejo, uma vontade.
Presente:
Enuncia um fato que pode ocorrer no
momento atual.
É conveniente que estudes para o exame.
Pretérito imperfeito:
Expressa um fato passado, mas posterior a
outro já ocorrido.
Eu esperava que ele vencesse o jogo.
Expressa a ideia de condição ou desejo.
Se ele viesse ao clube, participaria do
campeonato.
Pretérito perfeito (composto):
Expressa um fato totalmente terminado
num momento passado.
Embora tenha estudado bastante, não
passou no teste.
Pretérito-Mais-Que-Perfeito
(composto):
Expressa um fato ocorrido antes de outro já
terminado.
Embora o teste já tivesse começado,
alguns alunos puderam entrar na sala de
exames.