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O Cheiro do Vinho, O Silêncio e o Som da Castelo

O silêncio – eis que mais uma vez se faz presente entremeio a tantos
afazeres e ruidosos sentidos e alures que outrora se sentia tão bem. Há
tempo de sobra, mas mesmo assim urge, por vontade própria e à revelia
dela também. Rumores de ferimentos se apresentam furtivamente, com o
claro intuito de desviar o foco. Mas quem se importa com rumores, quando
o traço é firme e a vontade contínua? E começa assim mais um daqueles
turbilhões de interrogações que, quem sabe um dia, ou muito provável que
não, encontre resposta.

Saudades dos tempos de frio da Vila (que os desavisados hão de


confundir com a de Isabel), dos amigos e da melhor deles, que se foi com o
tempo, e a insistência que se faz agora solitária e não menos certa, e
voluntariosamente se mete no último lugar onde deveria – teimosia. Que
saudades do querido cão e dos dias em vão que lhe se quis bem.

Tanto faz de onde e de quem vêm os sinais. É cômico perceber o


quão inócuo é ir de encontro a certas realidades. Não menos, é trágico se
dar conta de que pura repetição é do que realmente se trata. Tanto faz
Alah, O Eterno, Deus, Dow Jones, Buda, ou puta que os pariu, de toda e
qualquer doutrina a guia é sempre a mesma: a burrice. Tanto faz o zelo-zé-
mané de malandros ou workaholics em não assumir que o resumo de toda a
bosta se dá mais ou menos por aí. Ninguém, na verdade, escapa à reflexão
do Total. Ninguém passa um dia sequer da vida sem pensar como tudo seria
se tudo dependesse de sua própria vontade. E é daí que se tira toda a graça
e se anula qualquer argumento em contrário. Para ter a pachorra de
apontar o dedo na direção de qualquer face, há de se ter tido bagos de, no
mínimo, ter publicado “Desabafo Dadaísta” (PENAFIEL, Mariana), que
postarei na seqüência.

Silêncio, manso, correto, e dentro de quem se faz, pranto. Mas nem


só de melancolia é feito o cotidiano de quem vive do lado de cá da serra, ou
da Rodovia Ayrton Senna, segundo Sr. Dr. Tutubarão. O saco cheio das
mesmices praieiras mantém firme o propósito de quem vem buscar outros
ares. O mendigo surfa em cima da caixa de saída de ar do metrô Trianon-
Masp. Como ainda há de haver rancores? Foda-se o mendigo, fodam-se as
dores de quem aspira às dez mil vezes mais, e quem cheira a calçada suja
em frente ao Esteves, às dez horas da manhã de um bonito sábado.

Não obstante, saudades da praia. De querido Betinho e suas


conversas tresloucadas, das verdades absolutas de Vera, doçura de Lis, da
casa maluca!

O som da Castelo está lá. Mais ou menos eloqüente, depende da hora


do dia. Os prédios e companhias estão também. E as ladeiras de
paralelepípedos também. As caras e trejeitos perseguem com afinco quem
não é da ordem, com sotaque marcado. É engraçado, e triste. Mas eu não
preciso de “sleep induction” pra dormir!!!

Porque o cheiro do vinho é o mesmo – em qualquer lugar. Diferentes


origens, pensamentos livres. Esperança sempre sempre!

Vida longa ao Rio, a Sampa, ao Brasil!

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