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Austen It A
Austen It A
Professores, PEMM/COPPE/EE
Engenharia Metalúrgica e de Materiais
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
Rio de Janeiro, RJ Brasil
1 - Introdução
2 - Histórico
3 - Morfologia e Formação
Nos aços C-Mn baixa liga, resfriados da região austeníticas a taxas suficientemente
elevadas para suprimir a formação da microestrutura ferrita-perlita, é possível a ocorrência
do constituinte bainita. Quando este se forma a partir da decomposição a altas temperaturas
(superiores a 350°C) da austenita, recebe o nome de bainita superior. Sua formação pode
assim ser descrita: uma lamela de ferrita supersaturada em carbono se forma nos contornos
de grãos da austenita prévia e seu crescimento posterior implica na rejeição de carbono que
ela contém. Graças às temperaturas elevadas, o carbono difunde facilmente para as regiões
austeníticas envolvendo a ferrita. Tem-se portanto uma microestrutura formada de austenita
em lamelas aprisionada por outras lamelas de ferrita. Estas lamelas de austenita poderão
permanecer puramente austeníticas, decompor-se parcialmente em austenita e martensita ou
decompor-se em ferrita e carbetos.(Figs.1-3)
Coube ainda a Habraken, uma notável contribuição ao estudo das bainitas anisotermas [apud
3]
. Estas bainitas são obtidas por resfriamento contínuo e apresentam um aspecto granular,
de onde deriva sua denominação preferencial, ou seja, bainita granular. Nelas, a disposição
em lamelas da ferrita é substituída por uma disposição poligonal e globular. (Figs.7-9) O
constituinte AM toma frequentemente a forma poligonal.(Figs.10-13).
Os mecanismos pelos quais o constituinte atua negativamente sobre a tenacidade dos aços
não é ainda totalmente esclarecido. É já aceito [6] que a subestrutura do constituinte AM
constituída de alta densidade de discordâncias e/ou maclas, lhe confere alta fragilidade e
alta dureza. O que parece ser ainda objeto de controvérsia seria o local de início de fratura
frágil em caso de solicitação mecânica submetida a microestruturas contendo o constituinte
AM. Este poderia ser no próprio constituinte AM ou na sua interface com a matriz ferrítica.
Mais ainda, a diferença de dureza entre o constituinte AM e a matriz ferrítica, provoca
concentração de tensões e um estado triaxial de tensões na matriz ferrítica em torno do
constituinte AM, já que somente esta poderia acumular deformações.
Souza [7], em estudo sobre a influência do elemento cromo em metal de solda de aço C-Mn,
verificou que o aumento do teor de cromo propiciou um refino da ferrita acicular até
1,18%Cr, sendo que a partir deste teor observa-se o a formação de AM prejudicando a
tenacidade. Adicionalmente, os autores [7] realizaram uma adaptação de uma técnica de
ataque, proposta por Ikawa[4] para metal de base, afim de observar e quantificar os
microconstituintes AM em microscopia eletrônica de varredura, a qual consistiu em aplicar
um ataque eletrolítico seletivo. O uso do ataque seletivo tem por objetivo evitar que
carbetos sejam confundidos com o constituinte AM. A figura 21 mostra o mesmo metal de
solda atacado com reagente convencional e com o ataque seletivo.
5 - Considerações Finais
O aspecto prático do problema reside no fato que o constituinte AM, embora esteja
inevitavelmente ligado à constituição das microestruturas bainíticas de aços e de seus
cordões de solda, deve ter sua presença controlada dentro de certos limites. Isto sem
dúvida, decorrente de seu efeito fragilizante e deletério à tenacidade.
Restam contudo diversos aspectos do problema que permanecem abertos dentro os quais
podemos citar alguns para discussões futuras:
(i) Como o conhecimento da metalurgia física da formação do constituinte AM pode
contribuir no controle de sua presença ?
(ii) Em quais tipos de aços o constituinte AM seria de ocorrência mais frequente e mais
prejudicial ?
6 - Bibliografia
1 - Davenport, E. S. and Bain, E. C.- Transaction of the AIME, v. 70, n. 117, 1930.
2 - Habraken, L. - "Essai de synthèse sur la transformation bainitique des aciers". Comptes
Rendus de Recherche, nº 19, novembre 1957, pp. 1-122. Ed. IRSIA, Bruxelles, Belgique.
3 - Rebello, J. M. A. - Tese de Doutorado, ULB-Université Libre de Bruxelles, Bélgica,
junho1975.
4 - Ikawa, H., Oshige, H. and Tanoue, T. - IIW Doc. IX-1156-80,11p.
5 - Paranhos, R. P. R. - "Microestrutura, Composição Química e Tenacidade ao Impacto
de Soldas Multipasse Obtidas por Arco Submerso". Tese de Mestrado. Coordenação dos
Programas de Pós Graduação em Engenharia, COPPE/UFRJ. Fevereiro de 1984.
6 - Habraken, L. and Economopoulos, M. - "Bainitic microstructure in low-carbon alloy
steels and their mechanical properties". Symposium: Transformation and Hardenability in
Steels, Ann Arbor, Michigan, USA, pp. 69-108, 1967. Ed. CLIMAX MOLYBDENUM Co.
7 -Souza, L. F. G, Jorge, J. C. F., Rebello, J. M. A. e Sauer, A. S. - "Efeito do Elemento
Cromo nas Propriedades de Metais de Solda C-Mn Baixa Liga", Anais do XIX Encontro
Nacional de Tecnologia da Soldagem, pp. 127-142, Outubro. 93.
8 - Alé, R. M. - "Efeito da Adição de Elementos de Liga (Cu e Ni) nas Propriedades
Mecânicas e Microestrutura da ZAC de Aços C-Mn Microligados am Nb". Tese de
Doutorado. Coordenação dos Programas de Pós Graduação em Engenharia, COPPE/UFRJ.
Dezembro de 1994.
9 - Shui, C.K., Reynolds, W.T., Shiflet, G.J. and Aaronson, H.I - "A Comparison of
Etchants for Quantitative Metallography of Bainite and Martensite Microstructures in Fe-C-
Mo Alloys". Metallography, v. 21, pp. 91-102, 1988.
10 -Alé, R.M., Rebello, J.M.A. e Charlier,J. - "Efeito da Adição de Cu e Ni na
Microestrutura e Propriedades Mecânicas da ZAC de um Aço C-Mn Microligado ao Nb",
Revista Soldagem & Inspeção, Ano 2, N° 2, pp.27-38, Ed. ABS/SENAI/ABENDE -
BRASIL, jun/jul 1996.