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Chantel - Capítulo 11
Chantel - Capítulo 11
Zona Zero.
Segundo Hans, aquele era o apelido que deram à Sala de Testes do Instituto.
Normalmente ter de ir para um lugar com um nome como esse me deixaria
preocupado, mas naquele momento chegava a ser reconfortante. Não sabia se
teria coragem de participar de tudo que estava prestes a ocorrer sem o devido
preparo. Não contava com muito tempo, porém daria o meu melhor para ao
menos dominar aquela magia e Chantel e os outros deviam dar conta de Hipnos.
Ao menos era o que eu esperava.
Era um dia frio e de céu estava nublado em que o vento das montanhas
baixava ainda mais a sensação térmica. Todos que passavam vestiam agasalhos.
Estranhamente todas as blusas, cachecóis e echarpes eram diferentes e não
pareciam em nada como os uniformes, ou melhor, com O uniforme. Se não
fosse a estrutura exagerada do lugar eu poderia jurar que estava numa praça
qualquer da capital.
O vento assobiava ao passar pelas asas da colossal estátua de Galatea que
tomava todo o centro do pátio principal. Não importava quantas vezes a visse,
não conseguia me acostumar com seu tamanho absurdo.
²Galatea« ² murmurei.
²A Deusa da Sabedoria e da Vitória. ± Chantel adicionou ± Sabe a razão de
termos uma estátua dela aqui?
Sorri.
²Sim, eu sei. ± disse, colocando as mãos nos bolsos ± ³Que a Vitória venha
para aqueles que buscam o Saber´. ± recitei.
²Daqui saem a maior parte das descobertas do Continente. Estamos num
patamar científico muito superior ao que os mais otimistas teóricos da década
passada supunham que poderia ser atingido nesse século. ± Chantel se virou
para mim e sorriu solenemente ± Como magos, nós temos o dever de tornar esse
mundo um lugar melhor!
Aquela foi uma frase pela qual não esperava. Não conseguia compreender a
razão por trás daquela frase.
²Por que está me dizendo isso agora? ± perguntei.
²Não sei. ± disse ela, dando de ombros ± Só achei que você deveria saber que
o que está fazendo aqui é importante.
Estava sem palavras. Foi súbito demais para que eu pudesse reagir então
apenas fiquei olhando para o rosto alegre de Chantel. Havia algo naquela
felicidade infantil que doía em mim. Talvez fosse por ela ser tão parecida com
aquela garota. Ambas tinham os mesmos cabelos loiros, os mesmos olhos
curiosos, o mesmo sorriso alegre...
²Obrigado por não ter ido embora! ± ela disse fechando os olhos e sorrindo
para mim.
Era exatamente como aquela garota fazia. Mas não poderia ser ela. Era
simplesmente impossível que fosse. Aquela garota estava morta.
Eu a matei.
²Então, vamos em frente? ± Chantel disse, fazendo um gesto para segui-la.
Apenas obedeci.
Como nunca havia notado como a semelhança entre as duas? Antigas
lembranças começavam a retornar de seus túmulos.