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NOVAS PERSPECTIVAS EM METODOLOGIA DE

ENSINO E PRÁTICA DOCENTE [1]


Antonio Félix da Silva; Odailde de Souza Oliveira; Valtey Martins de Souza; Nilene Ferreira
Cardoso Souza

Neste trabalho iremos discutir, sem a intenção de esgotar o tema, as relações entre
metodologia de ensino e a prática docente do professor em sala de aula, dando ênfase as
novas perspectivas relacionadas à atividade docente, como por exemplo, as inovações
tecnológicas, o papel desempenhado por alunos e professores no processo ensino-
aprendizagem. Para alcançar esse objetivo estruturamos nosso trabalho em cinco partes,
aonde iremos, primeiramente, analisar brevemente à formação dos professores, que por sua
vez, exerce um papel de grande importância em todo esse processo.
Na segunda parte do trabalho trataremos das metodologias de ensino e práticas dos
professores em sala de aula, que podem ser caracterizadas como tradicional, tecnicista, escola
novista e sociocultural.
Na terceira e quarta parte, faremos uma breve análise da formação dos professores e
do processo ensino-aprendizagem em São Domingos do Araguaia, Pará. Essa análise tem por
base uma pesquisa realizada com 21 professores do ensino fundamental e médio, que
apresentam as mais diversas formações, desde os que fizeram pós-graduação até aqueles que
estudaram somente o ensino fundamental.
Na quinta parte do trabalho faremos nossas considerações finais, analisando
brevemente nossos escritos e apontando possíveis caminhos que possibilitem melhorias no
processo ensino-aprendizado.
2. A FORMAÇÃO DOS PROFESSORES NO BRASIL
A formação de professores no Brasil de forma geral necessita de investimentos, pois
segundo Romanowski (2007), mais de um terço do total de professores da educação básica
desse país, não possui o nível superior de formação.
Dessa forma, sem uma adequada formação, os professores não têm como colaborar
de forma efetiva para o desenvolvimento de uma escolarização que supere o fracasso visível
nos resultados das avaliações que mantém a aprendizagem dos alunos com médias
insuficientes, nos altos índices de evasão e reprovação.
Essa precariedade na formação inicial dos professores é reforçada pela necessidade
de programas de formação continuada que visem proporcionar uma melhoria a esses
profissionais.
Nesse contexto, a autora citada anteriormente entende que as políticas
governamentais não contemplam a carreira e a profissionalização dos professores nas
condições desejáveis, tanto na esfera federal como nos demais níveis.
Para essa autora, uma das principais preocupações com a formação docente deve
corresponder aos primeiros anos da docência, que, por sua vez, é sistematicamente esquecida
pelas instituições formadoras e pelos sistemas de ensino. No entendimento dela, para que os
programas de formação favoreçam uma ação docente mais crítica e consciente, devem
possibilitar conhecimentos sobre a escola e o sistema educativo, propiciando dessa forma, o
entendimento da complexidade das situações de ensino e as possíveis alternativas de soluções
que visem minorar os problemas que surgirem ao professor em formação.
Nesse sentido, em livro organizado por Candau (2005, apud MELO & URBANETZ,
2008), a formação dos professores, em alguns casos, tem propiciado o aparecimento de
docentes tradicionais (mais adiante falaremos um pouco mais sobre as práticas tradicionais),
onde suas práticas são desvinculadas do contexto sociopolítico e prevalecem os aspectos do
conteúdo e das técnicas de ensino.
Nessa perspectiva, de acordo com os autores e obra citados anteriormente, a
educação deve ser entendida no seu contexto socioeconômico e político sendo considerada
uma prática social, onde a formação de professores deve considerá-los como sujeitos da
prática social e portadores de um papel político que os impeça de considerar suas práticas
como neutras.
Desse modo, nessa mesma obra, Candau faz um alerta de suma importância para
educação de forma geral e para a formação de professores, que é a necessária união entre
teoria e prática.
Assim, ao nos debruçarmos sobre Candau e Lelis (2005, apud MELO; URBANETZ,
2008), entendemos a importância de tal união, pois, segundo os autores, a unidade entre teoria
e prática, na linha da práxis, defende que ambas as esferas, embora distintas, relacionam-se
intrinsecamente, mantendo entre si a autonomia relativa, uma interdependência. Dessa forma,
a teoria e a prática educativa devem ser os núcleos constitutivos dos cursos de formação de
professores, devendo ser trabalhadas em unidade e não separadamente.
Dessa forma, o professor a ser formado depende do contexto histórico-social em que
se encontra, das relações sociais existentes, do posicionamento do sistema educacional em
relação ao sistema produtivo etc., para assim, articular no seu fazer pedagógico, as dimensões
do "o que ensinar", do "como ensinar", do "para que ensinar", do "para quem ensinar".
Se a formação do professor depende do contexto histórico-social em que ele se
encontra, e esse mesmo contexto encontra-se em constante transformação, podemos entender
que o professor não se forma de uma vez por todas, ao contrário, tem seu processo de
formação dinamizado pela própria dinâmica social, a qual é histórica e, portanto, mutável no
tempo e no espaço.
Desse modo, a formação de professores articula-se intimamente com a organização do
contexto social mais amplo, de forma que as determinações sociais indicam a formação
desejada e esperada em cada momento histórico. Vendo dessa forma, Cunha e Leite (1996,
apud FORESTI, 200?) completam afirmando que todas as decisões pedagógicas, na sociedade
atual, relacionam-se com estrutura de poder que controlam a distribuição do conhecimento de
forma diferencial.
3. METODOLOGIAS DE ENSINO E PRÁTICA DO PROFESOR EM SALA DE AULA
A prática do professor não se pauta somente nos conhecimentos que se adquire nas
instituições formadoras, ela também engloba as experiências que ele apreende no cotidiano.
Essa prática dos professores caracteriza os enfoques desse processo, que pode definir as
intenções do ensino, o modo como a aula é organizada, as atividades propostas, os conteúdos
selecionados, os instrumentos e procedimentos de avaliação empregados e as formas como
acontecem às relações professor/aluno.
Tal prática docente realizada nas escolas pode ser caracterizada como tradicional,
tecnicista, escola novista e sociocultural, segundo Romanowski (2007). Falaremos brevemente
a seguir sobre cada uma delas, utilizando os conhecimentos disponibilizados pela autora
citada:
3.1 A prática Tradicional
O objetivo do enfoque tradicional na prática docente é a transmissão do conhecimento
pelo professor, o qual deve ser assimilado pelos alunos. A base desse enfoque está na seleção
dos conteúdos, no ensino enciclopédico, sendo estes, geralmente, descolado do cotidiano dos
alunos. O docente privilegia a aula expositiva tornando assim, o aluno um memorizador dos
conteúdos. Quanto à avaliação, a autora citada acima nos revela que é rigorosa e centrada na
reprodução dos conteúdos sempre privilegiando a reprodução de informações. No ensino
tradicional o professor geralmente é autoritário e prefere que os alunos permaneçam em
silêncio para que o "dono" do conhecimento (professor) encha os recipientes vazios (alunos).
3.2 A prática Tecnicista
A atividade do professor passa a ser instrumental, pois, nesse enfoque, ocorre a
valorização da técnica aplicada ao ensino. A ação instrumental do professor exige o domínio da
disciplina ensinada, o conhecimento de técnicas para direcionar as atividades didáticas e os
procedimentos de diagnóstico, assim como a solução de problemas da aprendizagem. Esse
enfoque objetiva enfatizar o desenvolvimento de competências e atitudes para formar o
profissional a atuar no mercado de trabalho.
Nessas condições, o papel dos alunos é o de realizarem as atividades propostas pelos
professores nos manuais didáticos. A avaliação é padronizada e examina o desempenho em
testes.
Em suma, esse modelo tecnicista é caracterizado pela hierarquização e divisão do
trabalho na escola, pois, se utiliza de profissionais para elaboração de avaliações, de manuais,
de planejamento, etc. Cabendo ao professor treinar os alunos para um bom desempenho.
3.3 A Escola Nova
A promoção da aprendizagem dos alunos de modo ativo é o objetivo desse enfoque. O
professor é visto como mediador para promover essa aprendizagem, sendo visto também como
um facilitador, um artista ou profissional clínico que deve empregar sua sabedoria, experiência
e criatividade para agir na promoção das condições do desenvolvimento, para a aprendizagem
dos seus alunos, que passam a ser o centro do processo escolar. A valorização das relações e
dos processos cognitivos acontece na prática docente, pois o próprio professor é considerado
um aprendiz.
Assim, a realização da aprendizagem baseia-se na proposição de situações problemas,
para mover o processo de equilibração, sendo que devem ser corrigidas e complementadas as
formas anteriores de desequilíbrio.
Desse modo, para que aconteça a construção do conhecimento, o método de ensino
passa pela problematização, por meio das ações sobre os objetos e sobre os conhecimentos,
para que o próprio aluno possa se reconstruir como aprendiz.
3.4 O enfoque Sociocultural
Considera a prática docente como reflexão para reconstrução ou transformação social.
A principal meta desse enfoque é contribuir para a mudança da sociedade.
No entendimento de Freire (1996, apud ROMANOWSKI, 2007), é importante que o professor
tenha consciência do que faz, porque faz e como faz; que o docente estabeleça o confronto de
como era a situação, como está sendo desenvolvida e como reconstruir para fazer coisas
diferentes das que sempre faz. Esse é um processo coletivo, pois, as mudanças sociais e
culturais não ocorrem isoladamente. Nesse caso, todos os profissionais da educação juntam-se
ao processo de desenvolvimento para refletirem em grupo. Esse ato requer participação,
envolvimento e clima de aprendizagem profissional, tendo por base a compreensão da prática
na aula e orientado para facilitar a compreensão e transformação da própria prática. Dessa
forma, rompe-se com o controle de tarefas planejadas em gabinetes para serem executadas
em sala de aula (tecnicismo).
Assim, da análise da prática decorre a teoria, onde as categorias da historicidade,
totalidade, movimento e contradição, com a finalidade de transformação da prática, são
considerados nas proposições.
As proposições para as práticas pedagógicas, na atualidade, incluem como princípios
da atividade do professor o respeito ao caráter ético da atividade de ensino, assim como, a
importância dos valores que regem a intencionalidade educativa apresentados durante todo o
processo, como por exemplo, o respeito a diversidade cultural e aos portadores de
necessidades especiais, a democratização da educaçãoetc.
4. UMA BREVE ANÁLISE DA FORMAÇÃO DOS PROFESSORES E DO PROCESSO
ENSINO-APRENDIZAGEM EM SÃO DOMINGOS DO ARAGUAIA-PA
Entre os dias 7 e 8 do mês de julho do corrente ano (2008), realizamos uma pesquisa
junto a um grupo de professores, 21 no total, que atuam no município de São Domingos do
Araguaia, Pará. Essa pesquisa visava verificar o processo ensino-aprendizagem local, sendo
que o questionário aplicado se referia ao tempo de serviço dos docentes, a sua formação, a
faixa salarial, a carga horária mensal trabalhada, a quantidade de escolas que trabalham, ao
acesso a novas tecnologias, aos recursos didáticos que utilizam, as técnicas de avaliação,
como os docentes vêem os alunos e o que fazer para melhorar o processo mencionado.
Com relação ao tempo de serviço dos docentes, 9,52% deles afirmaram estarem
exercendo a profissão entre 1 e 3 anos, 28,57% entre 5 e 10 anos e 61,9% acima de 10 anos.
Ao analisarmos a formação dos pesquisados, notamos que 4,76% deles haviam cursado
somente o Ensino Fundamental, 23,8% o Ensino Médio, 28,57% o Ensino Superior incompleto,
38,09% o Ensino Superior completo e 4,76% haviam cursado uma pós-graduação
(especialização).
Quanto à faixa salarial dos docentes, 76,19% deles recebem entre um e três salários
mínimos por mês, sendo que 23,8% recebem acima dos três salários. Já a carga horária
mensal referente a esses salários variam um pouco, sendo que 9,52% trabalham 100 horas,
61,9% entre 100 e 200 horas e 28,57% trabalham acima das 200 horas. Para trabalhar as
cargas horárias citadas, 71,42% trabalham somente em uma escola, 14,28% em duas escolas,
9,52% em três escolas e 4,76% em mais de três escolas.
Quase todos os entrevistados se sentem estáveis em suas funções docentes, sendo que
66,66% conseguiram tal estabilidade através de concurso público, 28,57% através do tempo de
serviço e 4,76% não possuem estabilidade no emprego. Com relação às entidades
mantenedoras desses empregos, 71,42% deles é o poder público municipal através da
secretaria municipal de educação e cultura e, 28,57% são mantidos pela secretaria estadual de
educação.
Três dos pesquisados afirmaram ocuparem outras atividades fora da sala de aula,
sendo que 1 afirmou ser também coordenador pedagógico, outro disse exercer a função de
auxiliar de enfermagem e outro disse que exerce o cargo de auxiliar administrativo.
No questionário também continha questões que se referiam ao acesso e uso de novas
tecnologias em sala de aula, sendo que 47,61% dos entrevistados afirmaram utilizar a internet,
90,47% usam o aparelho de televisão, 85,71% utilizam DVDs de filmes ou documentários,
9,52% fazem uso de retroprojetor e datashow.
Perguntamos também, como os professores pesquisados analisam as novas
tecnologias, sendo que 80,95% disseram que ajuda no processo ensino-aprendizagem, 23,80%
disseram que atrapalha, já que nem todas as escolas estão estruturadas para utilizá-las, 4,76%
falaram que atrapalha devido a maioria dos professores não ter acesso a elas e, 14,28% dos
docentes afirmaram que não ajuda, pois, os alunos, na sua maioria, não entendem ou não têm
acesso.
Quanto aos recursos didáticos do cotidiano, de uso mais comum, 100% dos docentes
disseram utilizar o livro didático, 61,9% fazem uso de mapas e jornais, 85,71% usam revistas,
4,76% utilizam livros paradidáticos em suas aulas.
Ao perguntarmos sobre como os docentes avaliavam o aprendizado de seus alunos,
100% deles disseram fazer uso de provas e trabalhos, 90,47% avaliam através de atividades,
33,33% utilizam projetos como recurso avaliativo, 19,04% cobram relatórios de seus alunos,
14,28% verificam a participação, 9,52% a freqüência e 4,76% avaliam também através de
seminários.
Nessa pesquisa existiam questões sobre como o entrevistado vê o aluno, sendo que
9,52% deles não opinaram, 19,04% disseram que os alunos são preguiçosos, 4,76% afirmaram
que eles não aprendem porque não querem, 38,09% disseram que a culpa deles não
aprenderem está neles mesmos, 9,52% falaram que os alunos são todos iguais e, 57,14%
dividiram com o alunado, a culpa pelo baixo índice de aprendizado, afirmando que os
professores são mal formados e não se esforçam para diminuir esse baixo índice.
Perguntamos também qual seria a solução para melhorar o processo de ensino-
aprendizagem. As respostas foram as mais variadas possíveis, de modo que, 66,66% dos
pesquisados disseram que pagar melhor os professores seria a solução, 100% deles afirmaram
que tal melhoria viria com investimentos na capacitação dos docentes, 14,28% falaram que
para ocorrer essa melhoria no processo citado, deveria ser dado liberdade para o aluno fazer e
aprender o que quiser, 9,52% disseram que os alunos rebeldes deveriam serem castigados.
Houve também quem apontasse outras soluções, como conquistar a amizade do aluno
e uma maior interação escola/comunidade.
4.1 ANALISANDO DADOS
Notamos nessa pesquisa, que a maioria dos docentes entrevistados (57,03%) não
possui a formação necessária para exercer a profissão e trabalham cargas horárias mensais
relativamente grandes para receberem um salário considerado pequeno para os padrões
locais. Notamos ainda, certo comodismo dos pesquisados no que se refere à estabilidade no
emprego, sendo que tal estabilidade aliada ao tempo de docência parece exercer certa pressão
para os mesmos não progridam, não continuem a aprender para melhor ensinar. Parecem-nos
que eles não se sentem sujeitos inconclusos vivendo em uma sociedade também inconclusa.
Quanto à utilização de novas tecnologias em sala de aula, verificamos que algumas
respostas denotam alguns traços da prática tradicional, pois apareceram resposta afirmando
que atrapalham no processo ensino-aprendizado devido escolas, professores e alunos não
estarem aptos a utilizá-las. Pareceu-nos que tais professores são adeptos do chamado
imobilismo, ou seja, fazem oposição sistemática ou são adeptos da aversão ao progresso e as
novas tecnologias.
Traços da prática tradicional também vão aparecer durante todo o resto das respostas
às entrevistas. Como exemplo pode-se citar o modo pelo qual os alunos são avaliados pelos
professores, sendo que a grande maioria continua utilizando os mesmos recursos, a avaliação,
o trabalho e a atividade. Esquecem-se eles que o aluno ao freqüentar a escola e a sala de aula,
pode-se avaliá-lo também através de sua participação ou outras tarefas que denotem o
aprendizado do educando. Nesse caso, sem querer dar uma receita pronta, cabe ao professor
ser mais criativo na utilização de técnicas que visem avaliar o processo ensino-aprendizado.
Voltamos a verificar as práticas do ensino tradicional impregnadas nos entrevistados
quando perguntamos como eles vêem os alunos. Respostas como essas que dizem que o
aluno não aprende porque não quer, ou que os alunos são preguiçosos e que a culpa deles
não aprenderem está neles mesmos, nos levam a perguntar: os professores não fazem parte
de todo esse processo? Será que eles não se vêem como agentes transformadores da
sociedade?
Quanto às soluções para melhorar o processo ensino-aprendizagem a maioria dos
docentes afirmaram que a melhoria nos salários e nas qualificações seria suficiente. No
entanto, alguns dos entrevistados falaram que a solução seria dar liberdade para o aluno fazer
e aprender o quiser, revelando dessa forma, uma perspectiva na formação dos professores que
Candau (2005, apud MELO e URBANETZ, 2008) chamam de centrada na dimensão humana.
Nessa perspectiva, "cabe ao educador ser mediador nesse processo de crescimento, que deve
ser pleno, ou seja, intelectual e emocional (p.137)". Nesse caso, nos parece que essa
perspectiva busca meios de promover o crescimento pessoal do aluno se esquecendo de outro
sujeito atuante em todo esse processo: o professor.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesse trabalho procuramos tratar, embora brevemente, da formação dos professores
no Brasil, que pelo nosso entendimento, necessita de investimentos que visem à capacitação
dos professores envolvido no processo ensino-aprendizagem. Tratamos também, de forma
geral, das metodologias de ensino e das práticas dos professores em sala de aula. De forma
particular, fizemos uma breve análise das metodologias e práticas utilizadas por um grupo de
docentes do município de São Domingos do Araguaia-PA.
Nesse contexto, faremos nossas considerações finais a partir de uma pequena analise
da trajetória da educação escolar brasileira, que até aqui tem se mostrado insuficiente para
qualificar e humanizar tanto alunos quanto professores.
Ao longo de toda a trajetória da educação escolar brasileira, bem pouco tem sido o seu
comprometimento/envolvimento com processos voltados para romper com a estrutura social
existente no Brasil.
Ainda hoje, muito pouco se avançou em relação à educação que foi introduzida nos
nossos currículos escolares nas primeiras décadas do século passado. E por conta disso,
bastante incomum é encontrarmos professores que dispensam em suas aulas técnicas em que
utilizam as novas tecnologias como recursos para melhorar o processo ensino-aprendizado.
A falta desses aparatos pelos docentes e a não seleção dos conteúdos, bem como a
forma como eles tem sido trabalhados, não apresentam nenhuma significação para alunos e
alunas (nos referimos aqui à teoria da aprendizagem significativa citada por LAKOMY, 2008).
São informações que por não contribuírem para uma compreensão crítica do mundo,
tornam-se inúteis, sobretudo para os discentes trabalhadores que freqüentam a escola pública.
Acreditamos que seja fundamental uma prática educacional que tenha mais criticidade e que
aceite a inclusão de recursos digitais não como algo inacessível a boa parte dos alunos, mas
como um bem que veio somar conhecimentos a uma nova prática. Por isso, devemos ter
consciência de que nossos alunos, em especial aqueles que freqüentam escolas públicas e são
oriundos de classes populares, são pessoas vivas, dotadas de uma história, de uma cultura e,
evidentemente, de uma especialidade. Torna-se necessário que o educando deixe de ser
passivo e se torne ativo, tendo assim, uma visão holística e crítica da sociedade e do espaço o
qual passa a fazer transformações.
Nesse sentido, se o espaço geográfico é produto, condição e meio de reprodução das
relações sociais, nada mais justo do que utilizarmos o próprio espaço vivido, percebido e
concebido por nossos alunos como ponto de partida de nossas reflexões em sala de aula. O
saber que eles trazem não pode continuar sendo desprezado como alguns docentes o fazem.
Desse modo, acreditamos que a partir do resgate dessa "bagagem" de conhecimentos
é que podemos, efetivamente, tornar o ensino mais significativo, gestando dessa forma, uma
escola que humanize e produza cidadãos.
Nessas condições, a escola, mais precisamente a pública, responsável que é pela
educação formal e sistematizada das crianças, jovens e adultos oriundos das camadas
populares e por isso mesmo historicamente excluído, precisa perder o ranço autoritário e
elitista que lhe tem sido característico.É imoral que nossas escolas, na forma de organizar seus
currículos e nos modos de selecionar e transmitir os diferentes conteúdos programáticos
continue excluindo os saberes que vem sendo produzidos na cotidianidade dos que a ela
acorrem.
Assim, concordamos com as palavras de Freire (1994, p.35) que nos diz:
... As dificuldades diminuiriam se a escola levasse em consideração a cultura dos oprimidos,
sua linguagem, sua forma eficiente de fazer contas, seu saber fragmentário do mundo de onde
transitamos, até o saber mais sistematizado que a escola trabalhar. Obviamente esta não é a
tarefa a ser cumprida pela escola dominante, mas tarefa a ser realizada na escola de classe
dominada; entre nós, agora por educadores e educadoras progressistas que vivem a coerência
entre seu discurso e sua prática.
Portanto, é necessário que essa nova prática que pretendemos, contribua na
construção da plena cidadania, possibilitando ao aluno as condições teóricas para que ele
compreenda de forma crítica a realidade e possa participar ativamente das transformações que
se fazem necessárias na sociedade.
6. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
FORESTI, M. C. P. Porto. Sobre prática pedagógica, planejamento e metodologia
de ensino: a articulação necessária. (200?). Disponível em www.franca.unesp.br/. Acessado
em 10/07/2008.
FREIRE. P. Pedagogia do oprimido. 10 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1994.
LAKOMY, Ana Maria. Teorias cognitivas da aprendizagem. 2 ed. ver. e atual.- Curitiba:
Ibpex, 2008.
MELO. Alessandro de; URBANETZ. S. Terezinha. Fundamentos de didática. Curitiba: Ibpex,
2008.
ROMANOWSKI. J. Paulin. Formação e profissionalização docente. 3 ed. ver. e atual. –
Curitiba: Ibpex, 2007.
Fonte: http://www.webartigos.com/articles/18961/1/NOVAS-PERSPECTIVAS-EM-
METODOLOGIA-DE-ENSINO-E-PRATICA-DOCENTE/pagina1.html#ixzz1KeR1hhQk

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