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Tal conclusão, todavia, não significa que a concessionária deva indenizar sempre e em
qualquer caso em que o particular sofra um dano, mas apenas de que este está
dispensado de provar a culpa daquela. Inexiste em nosso ordenamento jurídico,
portanto, a teoria do risco administrativo total.
Muito se tem discutido recentemente pela
Bandeira de Melo, in Curso de Direito Administrativo, 21ª edição, São Paulo, editora
Malheiros, ano 2006, página 968, assim leciona:
"Em síntese: se o Estado, devendo agir, por imposição legal, não agiu ou o fez
deficientemente, comportando-se abaixo dos padrões legais que normalmente
deveriam caracterizá-lo, responde por esta incúria, negligência ou deficiência, que
traduzem um ilícito ensejador do dano não evitado quando, de direito, devia sê-lo.
Também não o socorre eventual incúria em ajustar-se aos padrões devidos.
Reversamente, descabe responsabilizá-lo se, inobstante atuação compatível com as
possibilidades de um serviço normalmente organizado e eficiente, não lhe foi possível
impedir o evento danoso gerado por força (humana ou material) alheia".
In casu, em que pese todo o pavor e o sofrimento pelos quais passaram os apelados
durante o assalto ao ônibus em que viajavam, tenho que a empresa apelante não pode
ser responsabilizada.
Data venia, mesmo que o ônibus em que viajavam os apelados estivesse equipado
com equipamentos de segurança e o motorista atento, o roubo, infelizmente, teria
ocorrido.
Conforme informado pelos próprios apelados na inicial, "após efetuada a parada,
adentraram ao veículo três meliantes armados, dois deles, de pistola, e o terceiro com
uma escopeta calibre 12, arma de alto poder de fogo", de modo que não seria possível
esperar que o motorista da empresa apelante pudesse ter reagido ou tentado impedir o
ocorrido.
Ante o exposto, o MPGO é pelo não acolhimento dos pedidos feitos na inicial.