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Ah… vou te contar que a Lurdinha fodia bem, viu. Era um primor de
mocidade, aquela menina.
E pensar que nem foi difícil. Bastou uma meia-dúzia de papo no ponto de
ônibus ali pelas bandas da Cardeal Maior e ela já estava se
engalfinhando comigo por aí.
Quando passava lá na frente do bar, fazia nem me conhecer, pra não dar
nas vistas, sabe. A gente se achava quando ela descia do trabalho,
encaixada naquele tubinho azul-defunto (ela ria de se mijar todinha quando
eu botava esses nomes no azul do vestido). Ela ia por um lado da rua, eu
seguia pelo outro lado, sabe como é. E a gente se acabava em algum
daqueles quartinhos da pensão na Cardeal Maior.
Nunca vi uma apetência que nem aquela. A pequena me chegava cansada
toda do trabalho e, mal fechava a gente no quarto, me agarrava todo,
buscando os meus colhões. Dizia que só eu nesse mundo tinha colhões que
nem aqueles meus. Dizia isso justamente porque só eu que tive a
destemidez de querer algo assim com ela e que por mais que muitos
homens por aí ficassem de cara quando ela passava, eu só que fui me
aproximar pra mostrar esse intento.
A Lurdinha não dava mole pra ninguém porque ninguém chegava a dar bola
pra ela e, quando a porta de qualquer que fosse o nosso quartinho se
fechava, a Lurdinha despirocava de vez.
Belo dia, como qualquer outro dia desses aí, apareceu arrebentando a porta
do quartinho que eu estava. A Lurdinha lá, se enfiando embaixo do lençol
pra me fazer um carinho e nem viu o primeiro murro. Tomei tanta pancada,
tanta cacetada que fui enxergar com o olho esquerdo uns quatro dias
depois.
A danada ainda passa por aqui. Nem veste mais aquele vestido com o
azulado horroroso. Ainda faz nem me ver, mas agora é mais que
compreensível. Não levantaram um dedo pra ela. E ela, esperta que só, não
levanta um olhinho sequer pra ver como eu estou.