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Universidade Federal do Tocantins

Campus de Porto Nacional


Ciências Biológicas

Disciplina de Biologia Molecular

Acadêmicos: Enne Gomes, Henrique Cordeiro, Késia Abreu

Resumo referente ao seminário de Biomol

Tema: Evo-Devo

O zoólogo alemão Ernst Haeckel (1834-1919) propôs a teoria da recapitulação, que


defendia que “a ontogênese recapitula a filogênese”. Essa teoria defendi a afirmativa
que a sequência de etapas do desenvolvimento embrionário dos animais mais avançados
seria semelhante à sucessão de formas corporais que as diferentes espécies apresentaram
durante a evolução. A idéia foi logo refugada pelos evolucionistas, que não conseguiram
ver um peixe no embrião humano, nem uma tartaruga em algum estágio embrionário do
coelho. Entretanto, essa teoria marcou profundamente o estudo das relações entre o
desenvolvimento embrionário e a evolução das espécies, dando origem a uma área da
biologia que hoje é conhecida como Evo-Devo. Podemos definir Evo-devo como a
biologia evolutiva do desenvolvimento, isto é, uma abordagem comparada dos
mecanismos e sequências do desenvolvimento embrionário, de modo a iluminar como
os genes poderiam gerar novas formas, funções e comportamentos no curso temporal da
evolução.

Durante um bom tempo acreditava-se que quanto maior fosse a semelhança morfológica
entre dois táxons terminais, maior seria a semelhança genética entre eles, e vice e versa.
Porém estudos com evo-devo mudou esse conceito, mostrando que, podem existir
semelhanças genéticas entre espécies muito distintas morfologicamente. Isso porque
existem alguns genes compartilhados por vários grupos – não proximamente
aparentados segundo as filogenias – que são responsáveis por ativar partes do DNA que
irão diferenciar partes do corpo desses animais. Portanto uma espécie pode conter um
gene que está desativado e desta forma não é expresso nela, mas em outra espécie ele
está ativado. Isso as deixa morfologicamente diferentes.

Os genes mestres se repetem nas diferentes espécies de animais e codificam estruturas


importantes, como olhos, apêndices e coração. A descoberta destes genes começou com
estudos em drosófilas, em que foi isolado o gene eyeless que é responsável pela
desenvolvimento dos olhos em moscas. O eyeless corresponde ao gene aniridia,
presente nos seres humanos, e ao small eye, nos camundongos. A partir daí, concluiu-se
que a maquinaria genética que expressa os olhos não surgiu 40 vezes de forma
independente durante a evolução animal, como se pensava, mas apenas uma vez, sendo
acionada várias vezes nas diferentes espécies. Para cada um dos genes mestres existe
um homeobox (ou gene hox) responsável pelo local de surgimento da estrutura
expressa.
Desta forma, podemos dizer que não importa seu tamanho nem sua
complexidade, todos os animais são definidos a partir de um pool gênico compartilhado,
com pequenas alterações, cuja expressão diferencia-se por sua ativação ou desativação
em determinadas espécies, e por pequenas mutações que podem ocorrer durante a
história evolutiva.

EXEMPLOS

- Os segredos da multicelulariedade animal: O genoma das esponjas


Esponjas guardam importantes segredos sobre como nossa organização celular
evoluiu, isto é, como controlamos a proliferação e a diferenciação das nossas células
sem gerar processos de divisão desordenados, como o câncer. Ao comparar o genoma
da Amphimedon com o de organismos mais complexos como nós e com organismos
mais simples como o coanoflagelado unicelular Monosiga pôde-se descobrir o que é
comum e diferente entre estes organismos. Várias moléculas importantes para o controle
do ciclo celular e para a comunicação célula-célula estão presentes nos genomas desta
esponja e ausentes no genoma de Monosiga. Aparentemente o advento de organismos
mais complexos está ligado ao aparecimento de novos genes na cadeia dos animais e em
novas interações que começaram 600 milhões de anos atrás com o nosso ancestral
comum com as esponjas.

- MicroRNAs, genes Hox e costelas:


Durante o desenvolvimento, o embrião de vertebrado passa por uma etapa de
segmentação que resulta na formação dos somitos ao longo do corpo. Cada somito dará
origem a uma vértebra específica. Isto é possível por que cada somito expressa uma
combinação específica de fatores de transcrição Hox, que o confere uma identidade
singular e determina, por exemplo, que vértebra este formará. Os microRNAs (miRNA)
são responsáveis pela ”demarcação” de domínios de expressão de gene Hox e são
capazes de se ligar em sequências complementares de RNAs e regular negativamente a
expressão do gene-alvo. Estudos anteriores mostraram que o miRNA miR-196 está
localizado na vizinhança de genes Hox e que possui a capacidade de inibir a expressão
de genes Hox. A inibição do miR-196 em embriões de galinha resulta em sutil expansão
do domínio de expressão do gene Hoxb8 e também na transformação da 14 vértebra
cervical em vértebra torácica (esta passa a produzir uma costela extra).

Referência

http://www.evodevojournal.com

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