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DISCURSO DIRETO, INDIRETO E DISCURSO INDIRETO LIVRE

Na narração, existem três formas de citar a fala (discurso) dos personagens: o discurso direto, o discurso
indireto e o discurso indireto livre.

Transformar Discurso Direto em Discurso Indireto é um exercício comum nas primeiras aulas de
redação. Não é simplesmente um exercício de reescrita, pois exige do aluno conhecimentos sobre
pontuação, tempos verbais, advérbios, pronomes demonstrativos… Esse recurso é usado quando se
quer reproduzir uma determinada fala da personagem num “momento posterior”. Veja um exemplo
simples dessa transformação:

Ex.: Carlos, todo animado, falou para sua mãe:


_ Mãe, ganhei $ 0,16 no adsense. Posso fazer uma prestação nas casas Bahia?
_ Acorda pra vida, blogueiro de meia pataca! – disse sua mãe.

Vejam agora no discurso indireto:

Carlos, todo animado, falou para sua mãe que havia ganhado $ 0,16 no adsense e se poderia fazer
uma prestação nas casas Bahia. Sua mãe, chamando-o de blogueiro de meia pataca, mandou-o
acordar pra vida.

Observe os conceitos a seguir e outros exemplos

Discurso direto: Por meio do discurso direto, reproduzem-se literalmente as palavras do personagem.
Esse tipo de citação é muito interessante, pois serve como uma espécie de comprovação figurativa
(concreta) daquilo que acabou de ser exposto (ou que ainda vai ser) pelo narrador. É como se o
personagem surgisse, por meio de suas palavras, aos olhos do leitor, comprovando os dados relatados
imparcialmente pelo narrador. O recurso gráfico utilizado para atribuir a autoria da fala a outrem, que não
o produtor do texto, são as aspas ou o travessão. O discurso direto pode ser transcrito:

a) Após dois-pontos, sem verbo dicendi (utilizado para introduzir discursos)

E, para o promotor, o processo não vem correndo como deveria: “Às vezes sinto morosidade por parte
do juiz”.

*Utilizando-se o sinal de dois-pontos, o ponto final deve sempre ficar fora das aspas, tendo em vista que
encerra todo o período (de E… até juiz).

b) Após dois-pontos, com verbo dicendi (evitável)

E o promotor disse: “Às vezes sinto morosidade por parte do juiz”.

c) Após dois-pontos, com travessão:

E Carlos, indignado, gritou:


- Onde estão todos???

d) Após ponto, sem verbo dicendi

E, para o promotor, o processo não vem correndo como deveria. “Às vezes sinto morosidade por parte do
juiz.”

* O ponto final ficou dentro das aspas pois encerrou somente o período correspondente à fala do
entrevistado (personagem).
e) Após ponto, com verbo dicendi após a citação

E, para o promotor, o processo não vem correndo como deveria. “Às vezes sinto morosidade por parte do
juiz”, declarou.

f) Integrado com a narração, sem sinal de pontuação

E, para o promotor, o processo não vem correndo como deveria, porque “Às vezes se nota morosidade
por parte do juiz”.

Discurso indireto: Por meio do discurso indireto, a fala do personagem é filtrada pela do narrador (você,
no caso). Não mais há a transcrição literal do que o personagem falou, mas a transcrição subordinada à
fala de quem escreve o texto. No discurso indireto, utiliza-se, após o verbo dicendi, a oração subordinada
(uma oração que depende da sua oração) introduzida, geralmente, pelas conjunções que e se, que podem
estar elípticas (escondidas).

Exemplos:

Fala do personagem: Eu não quero mais trabalhar.


Discurso indireto: Pedro disse que não queria mais trabalhar.

Fala do personagem: Eu não roubei nada deste lugar.


Discurso indireto: O acusado declarou à imprensa que não tinha roubado nada daquele lugar.

Você notou que, na transcrição indireta do discurso, há modificações em algumas estruturas gramaticais,
como no tempo verbal (quero, queria; roubei, tinha roubado), nos pronomes (deste, daquele), etc. Confira
a tabela de transposição do discurso direto para o indireto:

DIRETO - Enunciado em primeira ou em segunda pessoa: “Eu não confio mais na Justiça”; ” Delegado,
o senhor vai me prender?”

INDIRETO – Enunciado em terceira pessoa: O detento disse que (ele) não confiava mais na Justiça;
Logo depois, perguntou ao delegado se (ele) iria prendê-lo.

DIRETO – Verbo no presente: “Eu não confio mais na Justiça”

INDIRETO – Verbo no pretérito imperfeito do indicativo: O detento disse que não confiava mais na
Justiça.

DIRETO – Verbo no pretérito perfeito: “Eu não roubei nada”

INDIRETO – Verbo no pretérito mais-que-perfeito composto do indicativo ou no pretérito mais-que-


perfeito: O acusado defendeu-se, dizendo que não tinha roubado (que não roubara) nada

DIRETO – Verbo no futuro do presente: “Faremos justiça de qualquer maneira”

INDIRETO – Verbo no futuro do pretérito: Declararam que fariam justiça de qualquer maneira.

DIRETO – Verbo no imperativo: “Saia da delegacia”, disse o delegado ao promotor.

INDIRETO – Verbo no pretérito imperfeito do subjuntivo: O delegado ordenou ao promotor que saísse
da delegacia.

DIRETO – Pronomes este, esta, isto, esse, essa, isso: “A esta hora não responderei nada”
INDIRETO – Pronomes aquele, aquela, aquilo: O gerente da empresa tentou justificar-se, dizendo que
àquela hora não responderia nada à imprensa.

DIRETO – Advérbio aqui: “Daqui eu não saio tão cedo”

INDIRETO – Advérbio ali: O grevista certificou os policiais de que dali não sairia tão cedo..

Discurso indireto livre: Esse tipo de citação exige muita atenção do leitor, porque a fala do personagem
não é destacada pelas aspas, nem introduzida por verbo dicendi ou travessão. A fala surge de repente, no
meio da narração, como se fossem palavras do narrador. Mas, na verdade, são as palavras do personagem,
que surgem como atrevidas, sem avisar a ninguém.

Exemplo: Carolina já não sabia o que fazer. Estava desesperada, com a fome encarrapitada. Que fome!
Que faço? Mas parecia que uma luz existia…

A fala da personagem – em negrito, para que você possa enxergá-la – não foi destacada. Cabe ao leitor
atento a sua identificação.
Redundância é um vício de linguagem (palavras ou construções que deturpam, desvirtuam ou
dificultam a manifestação do pensamento).

Na escrita e fala, redundância significa a utilização desnecessária, exagerada, repetitiva de


palavras numa frase que poderia ser mais curta, pois que teria o mesmo sentido. "Inundar o
discurso com palavras, podendo ser frugal". É o mesmo que 'pleonasmo'. 

Os exemplos na linguagem comum são inúmeros e utilizados a toda a hora:

“nós estamos aqui” (estamos aqui)


"Almirante da Marinha" (só existe na Marinha)
"Deu-me a mim" (deu-me)
"dei ordem ordenando que fossem...) Dei ordem para que fossem..
"elo de ligação que faltava" (O elo que faltava)
"acabamento final" (acabamento)
"nos dias 8, 9 e 10, inclusive" (nos dias 8, 9 e 10)
"em duas metades iguais" (em duas metades)
"há anos atrás" (há anos)
"surpresa inesperada" (surpresa)
"uma poça no chão" (Uma poça)

Note que conforme o contexto, poderá a expressão ser ou não redundante. "Análise
minuciosa" será redundante em ciência mas não na utilização no dia a dia.

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