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Natureza x cultura:
Todos os homens são dotados do mesmo equipamento anatômico, mas a utilização do mesmo, ao invés
de ser determinada geneticamente (todas as formigas de uma mesma espécie, usam seus membros
uniformemente), depende de um aprendizado e este consiste na cópia de padrões que fazem parte da
herança cultural do grupo;
O conceito de cultura:
O conceito de cultura é uma preocupação intensa, atualmente, em diversas áreas do pensamento
humano, no entanto, a Antropologia é a área por excelência de debate sobre esta questão. Edward
Tylor: cultura é todo complexo que inclui conhecimento, crença, arte, moral, lei, costume e quaisquer
outras capacidades e hábitos adquiridos pelo homem na condição de membro da sociedade;
Cultura como um conjunto de normas:
No sentido antropológico, portanto, a cultura é um conjunto de regras que nos diz como o mundo pode e
deve ser classificado. Ela, como os textos teatrais, não pode prever completamente como iremos nos
sentir em cada papel que devemos ou temos necessariamente que desempenhar, mas indica maneiras
gerais e exemplos de como pessoas que viveram antes de nós o desempenharam. Apresentada assim, a
cultura parece ser um bom instrumento para compreender as diferenças entre os homens e as
sociedades. Elas não seriam dadas de uma vez por todas, por meio de um roteiro geográfico ou de uma
raça, como diziam os estudiosos do passado, mas em diferentes configurações ou relações que cada
sociedade estabelece no decorrer de sua história;
A cultura condiciona nossa visão de mundo:
O conceito de cultura, ou, a cultura como conceito, então, permite uma perspectiva mais consciente de
nós mesmos. Precisamente, diz que não há homens sem cultura e permite comparar culturas e
configurações culturais como entidades iguais, deixando de estabelecer hierarquias em que,
inevitavelmente, existiriam sociedades superiores e inferiores. Em outras palavras, a cultura permite
traduzir melhor a diferença entre nós e os outros e, assim fazendo, resgatar a nossa humanidade no
outro e a do outro em nós mesmos;
O olhar dos pioneiros da Antropologia:
No século XIX, antropólogos estudam culturas “exóticas” buscando descrever seus hábitos, costumes e
sua forma de ver o mundo (cosmovisão). No entanto, eles não iam ao campo, não eram os antropólogos
que experimentavam diretamente o dia a dia dos grupos “selvagens”. Eram enviados viajantes, pessoas
comuns que eram deslocados para essas “tribos” e ali ficavam por certo tempo, registrando tudo que
viam e ouviam, a fim de entregar este material aos antropólogos que, aí sim, analisavam estes relatos,
desenvolvendo suas teorias sobre as diferentes culturas. Esta é a denominada “antropologia de
gabinete”. Essa Antropologia era marcada por concepções evolucionistas, entre as quais, a ideia de que
os povos evoluíam de um estágio primitivo (selvageria) até o mais evoluído (civilização). Várias
concepções sobre povos diferentes dos europeus eram influenciadas também pelas ideias de
determinismo biológico (teorias que atribuíam capacidades inatas à “raças” ou a outros grupos
humanos) e determinismo geográfico (crença de que as diferenças do ambiente físico, condicionariam a
diversidade cultural). As diferenças existentes entre os homens, portanto, não podem ser explicadas em
termos de limitações que lhes são impostas pelo seu aparato biológico ou pelo seu meio ambiente. A
grande qualidade da espécie humana foi a de romper com suas próprias limitações: um animal frágil,
provido de insignificante força física, dominou toda a natureza e se transformou no mais temível dos
predadores. Sem asas, dominou os ares, sem guelras ou membranas próprias, conquistou os mares.
Tudo isto porque difere dos outros animais por ser o único que possui cultura. (Laraia, Roque. Cultura:
um conceito antropológico.14. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2001;
A Antropologia contemporânea e o princípio da alteridade:
Na segunda metade do século XIX, esta “metodologia” é questionada, afinal, como falar sobre uma
cultura que nunca se viu? Como descrever eventos que nunca se vivenciou? Assim, cunha-se a prática
etnográfica que é a metodologia característica da antropologia até os dias de hoje: o próprio antropólogo
vai ao campo, entra no grupo, vivencia esta cultura diferente, deixa-se fazer parte deste dia a dia,
registra esta vivência, retorna para sua própria cultura e finaliza seu trabalho de escrita que é o registro
final desta experiência. A prática etnográfica consiste em “impregnar-se dos temas de uma sociedade,
de seus ideais, de suas angústias. O etnógrafo é aquele que deve ser capaz de viver nele mesmo a
tendência principal da cultura que estuda” (LAPLANTINE, François. Aprender Antropologia.) Para tal, faz-
se necessário o exercício da alteridade, ou seja, a postura de apreender a visão do outro na plenitude de
seu significado. Alteridade pressupõe a valorização da diversidade, da diferença;
Etnocentrismo:
Não é nada fácil vivenciar outra cultura diferente da nossa. Por quê? Não sentimos nossa cultura como
uma construção específica de hábitos e costumes: pensamos que nossos hábitos e nossa forma de ver o
mundo, devem ser os mesmos para todos! Naturalizamos nossos costumes e achamos o do outro
“diferente”. Diferente de quê? Qual é o padrão “normal” segundo o qual analisamos o “diferente”? Essa
postura é chamada de etnocentrismo, “uma visão do mundo em que o nosso próprio grupo é tomado
como centro de tudo e todos os outros são pensados e sentidos através dos nossos valores, nossos
modelos, nossas definições do que é a existência. No plano intelectual, pode ser visto como a dificuldade
de pensarmos a diferença; no plano afetivo, como sentimentos de estranheza, medo, hostilidade etc.
(ROCHA, Everardo. O que é etnocentrismo?) Este autor chama nossa atenção, ao analisar o
etnocentrismo, para a questão do choque cultural. De um lado, conhecemos o "nosso" grupo, que come
igual, veste igual, gosta de coisas parecidas, conhece problemas do mesmo tipo, acredita nos mesmos
deuses, casa igual, mora no mesmo estilo, distribui o poder da mesma forma, empresta à vida
significados em comum e procede, por muitas maneiras, semelhantemente. Aí então de repente,
deparamos-nos com um "outro", o grupo do "diferente" que, às vezes, nem sequer faz coisas como as
nossas ou quando as faz é de forma tal que não reconhecemos como possíveis. E, mais grave ainda,
este “outro" também sobrevive à sua maneira, gosta dela, também está no mundo e, ainda que
diferente, também existe. Decorre, então, do etnocentrismo procedimentos preconceituosos e
intolerantes, que não reconhecem o outro dentro dos limites que sua cultura estabelece;
Relativismo cultural:
O coordenador do curso de medicina da Universidade Federal da Bahia (UFBA) atribuiu aos alunos a
responsabilidade pela nota baixa que o curso atingiu no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes
(Enade) de 2007. O curso integra a lista de 17 instituições do país que serão supervisionadas pelo
Ministério da Educação (MEC). Na opinião do coordenador, o professor Antônio Natalino Manta Dantas, o
resultado ruim é por causa do “baixo QI [coeficiente de inteligência] dos alunos.
HYPERLINK "http://netokops.wordpress.com/2008/05/03/causar-incomodos-e-intrinseco-a-
verdade/"
Em entrevista ao jornal ‘Folha de S.Paulo’ desta quarta-feira (30), Dantas, que é baiano, disse também
que:
- “O baiano toca berimbau porque só tem uma corda. Se tivesse mais [cordas], não conseguiria”.
Procurado pelo G1, o coordenador reafirmou as declarações sobre o desempenho dos estudantes.
- “O QI dos alunos de medicina é baixo sim. Como vou dizer que eles têm QI alto se eles foram mal em
uma prova que o resto do Brasil foi bem? Que eu saiba, não houve boicote à prova do ENADE. Então
eles [os alunos] mesmos se submeteram à vergonha nacional”, diz o professor Dantas.
“A nota foi péssima e já é a segunda vez que isso acontece. Na primeira edição do ENADE os estudantes
também tiveram nota muito ruim”, afirma Dantas.
Segundo ele, a faculdade não é a responsável pelos resultados ruins. “Temos um corpo docente muito
qualificado com 90% dos professores com mestrado ou doutorado. Além disso, temos boa
infraestrutura”, diz.
As notas se devem à inferioridade intelectual dos alunos, diz Antônio Dantas.
Para Dantas, os resultados do Enade mostram a inferioridade dos alunos de medicina da UFBA com
relação aos estudantes de outras faculdades de medicina do país.“Eles são piores. As pessoas não
gostam de admitir que são inferiores. Mas eu acho que admitir que somos piores é uma questão de
humildade e só assim poderemos melhorar”, avalia o coordenador do curso.
Questionado sobre quais medidas pretende tomar a partir de agora, o coordenador do curso foi enfático:
- “O que a gente pode fazer para melhorar a capacidade cognitiva das pessoas? Não tenho como mudar
a genética. A prova do ENADE não foi ruim. Ruins são os nossos alunos”, diz o coordenador, que
acrescenta que os estudantes do curso de direito da UFBA tiraram nota 5 (nota máxima) no Enade de
2006. “Realmente eu não entendo porque os alunos de medicina não conseguem esse desempenho”,
diz.
O coordenador do curso de medicina da UFBA estaria inspirado nas concepções positivistas, (neste
caso o Darwinismo Social), para explicar as diferenças cognitivas entre os estudantes?; Justifique.
É possível afirmar que as características biológicas e sociais determinariam a superioridade de alguns
estudantes e a inferioridade de outros? Explique.
Questão objetiva:
No pensamento sociológico, a concepção evolucionista do positivismo expressa:
I.Uma visão hierarquizada das sociedades;
II. A crença em uma origem cultural especifica dos grupos sociais;
III. Uma forma adequada de compreensão da diversidade social e cultural;
IV. Uma sucessão de fases ou estágios de desenvolvimento cultural;
V. A compreensão das sociedades informada pela teoria evolucionista.
Marque uma letra a seguir que demonstra quais são as afirmativas anteriores que podem ser
consideradas INCORRETAS.
a) I ; II e V
b) I e V
c) II e IV
d) III e IV
e) II e III
1. Émile Durkheim:
Criador da Escola sociológica francesa, com ele tem início a sociologia científica;
2. Fatos sociais:
Fatos sociais são maneiras de agir, pensar e sentir que apresentam a característica marcante de existir
fora da consciência individual. Estes tipos de conduta ou de pensamento não são apenas exteriores aos
indivíduos, são também gerais na extensão de toda sociedade conhecida e dada, são dotados de um
poder imperativo e coercitivo que constitui características intrínsecas de tais fatos. Para Durkheim, a
sociedade, como todo organismo, apresenta estados normais e patológicos (saudáveis e doentios);
2.1. Fato social normal:
É normal o fato que não extrapola os limites dos acontecimentos mais gerais de uma determinada
sociedade e que refletem os valores e as condutas aceitas pela maior parte da população;
2.2. Fato social patológico:
É todo fato, fatos que extrapolam os limites aceitos pela consciência coletiva vigente em uma
sociedade, é o comportamento tido com desviante. O que é normal varia de sociedade para sociedade;
3. Consciência coletiva:
É o conjunto de crenças, sentimentos e valores aceitos pela média dos membros de uma sociedade;
4. Anomia:
É a ausência, desintegração ou inversão das normas vigentes em uma sociedade, neste caso, a
consciência “perde” os parâmetros de julgamento da realidade. Ela vai acontecer em momentos
extremos, tais como: guerras, desastres ecológicos, econômicos etc. A este sistema Durkheim chama:
“consciência coletiva”.
5. Divisão do trabalho social:
É a organização da sociedade em diferentes funções, exercidas pelos indivíduos ou grupos de indivíduos.
Nas sociedades mais simples, predomina a divisão social do trabalho baseada, principalmente, em
critérios biológicos de sexo e idade. Essa divisão parece decorrer de uma extensão analógica das
diferenças naturais de funções entre membros de um grupo. Durkheim classifica a forma de
solidariedade social deste tipo de sociedade como solidariedade mecânica. Nas sociedades mais
complexas, em especial quando tem início o desenvolvimento da agricultura, a sedentarização e o
sistema de propriedade privada, surge uma divisão social mais complexa, com a criação de novas
funções sociais. A indústria foi o sistema produtivo que mais desenvolveu a divisão social do trabalho,
criando uma imensa gama de funções e atribuições diferenciadas. Durkheim classifica a forma de
solidariedade social deste tipo de sociedade como solidariedade orgânica. Observação: a divisão social
do trabalho, implica sempre uma divisão não só de funções, mas, também, de privilégios, regalias e
poder.
Bibliografia básica:
1. COSTA, Cristina. Sociologia: introdução à ciência da sociedade. São Paulo: Moderna, 1997.
Capítulo 5.
Sugestão de filme para atividade complementar ou oficina:
“Blade Runner” (1982)”
Sinopse: O filme ilustra uma visão negra e futurística de Los Angeles em novembro de 2019, período
em que a humanidade inicia sua colonização espacial. Para isso, cria seres geneticamente alterados, os
replicantes, para serem utilizados em tarefas pesadas, perigosas ou degradantes nas novas colônias.
Fabricados pela Tyrell Corporation como sendo "mais humanos que os humanos", os modelos Nexus-6
são fisicamente idênticos aos humanos, porém mais fortes e ágeis. Devido a problemas de instabilidade
emocional, grande agressividade e reduzida empatia, os replicantes têm um período de vida limitado há
quatro anos. Após um motim, a presença dos replicantes na Terra é proibida, sendo criada uma força
policial especial, os Blade Runners, para os caçá-los e matá-los.
A história é ambientada em Los Angeles. O clima quente e ensolarado é substituído por uma metrópole
de formas e cores sinistras, na qual uma superpopulação se amontoa em arranha-céus decadentes,
corroídos por uma incessante chuva ácida que teima em cair. É nesse decadente planeta Terra que vive
o detetive Deckard, interpretado por Harrison Ford. Ele é convocado por seus superiores a realizar um
último trabalho. Exterminar ("aposentar" é o termo técnico) quatro androides desertores, chamados de
Replicantes, que fugiram à cidade após uma rebelião em um sistema estelar. O detalhe é que essa
geração de androides é o mais próximo que os humanos chegaram da perfeição robótica. Além de serem
dotados de grande inteligência, agilidade e força física, os replicantes têm um objetivo a ser alcançado:
a busca por mais tempo de vida
Partindo desta visão, Marx estabelece o conceito de dialética materialista: no conceito Marxista, o termo
materialismo refere-se à teoria filosófica preocupada em destacar a importância dos seres objetivos (os
homens) como elementos constitutivos da realidade do mundo. O que é Dialética? Dialética é o modo de
pensarmos as contradições da realidade, de pensarmos as diferenças sociais e, consequentemente, a
transformação permanente da realidade – a realidade dialética. Princípios básicos da dialética: tudo se
relaciona; tudo se transforma; mudanças qualitativas; luta dos contrários: Tese - Antítese – Síntese. A
aplicação das teses fundamentais do materialismo dialético à realidade social deu origem a concepção
materialista da história. Segundo esta concepção, o entendimento da realidade da vida, só é possível a
medida que conheçamos o modo de produção da sociedade – modo de produção é aqui entendido como
a maneira pela qual os homens obtêm seus meios de existência material. É através do modo de
produção que conhecemos uma sociedade em sua especificidade histórica e social. Não é a consciência
que determina a vida material, mas a vida material que determina a consciência. A partir do modo de
produção, é possível identificar as diferenças históricas e as relações sociais presentes em cada época
determinada. Na história, podemos distinguir pelo menos cinco grandes modos de produção: primitivo; o
regime asiático; escravatura; servidão (feudal) e a capitalista.
Questão discursiva:
Leia o caso abaixo e responda as questões propostas:
O papel da mídia. Quando os jornalistas são questionados, eles respondem de fato: “nenhuma pressão é
feita sobre mim, escrevo o que quero”. E isso é verdade. Apenas deveríamos acrescentar que, se eles
assumissem posições contrárias às normas dominantes, não escreveriam mais seus editoriais. Não se
trata de uma regra absoluta, é claro. Eu mesmo sou publicado na mídia norte-americana. Os Estados
Unidos não são um país totalitário. (...) Com certo exagero, nos países totalitários, o Estado decide a
linha a ser seguida e todos devem-se conformar. As sociedades democráticas funcionam de outra forma:
a linha jamais é anunciada como tal; ela é subliminar. Realizamos, de certa forma, uma “lavagem
cerebral em liberdade”. Na grande mídia, mesmo os debates mais apaixonados se situam na esfera dos
parâmetros implicitamente consentidos — o que mantém na marginalidade muitos pontos de vista
contrários. Revista Le Monde Diplomatique Brasil, ago. 2007 - (trecho de entrevista com Noam
Chomsky).
1. O texto acima faz referência a dois importantes conceitos marxistas: ideologia e alienação. Defina
cada um deles;
2. Mostre como eles se apresentam e se relacionam no texto acima;
Questão de múltipla escolha:
1. De acordo com a teoria de Karl Marx, a desigualdade social se explica pela (s):
a) Distribuição de riqueza de acordo com esforço de cada um no desempenho de seu trabalho;
b) Divisão da sociedade em classes sociais, decorrente da separação entre proprietários e não
proprietários dos meios de produção;
c) Diferenças de inteligência e habilidades inatas dos indivíduos, determinadas biologicamente;
d) Apropriação das condições de trabalho pelos homens mais capazes em contexto histórico, marcado
pela igualdade de oportunidades;
e) Incapacidade da classe proletária de lutar por seus direitos.