Você está na página 1de 7

14_ENSAIO_Ronaldo.

qxd 6/1/05 21:22 Page 1

1 V. 1 N. 1 | P. 181 - 187 | MAIO 2005 : 181

CREATIVE COMMONS, MÍDIA E AS TRANSFORMAÇÕES


RECENTES DO DIREITO DA PROPRIEDADE INTELECTUAL

Ronaldo Lemos

C oordeno no Brasil o projeto


Creative Commons. O nome é
complicado. “Commons”, em
inglês, significa pedaço de terra dedicada
ao uso comum. Por exemplo, em Boston
definem nossa identidade. É assim que
maracatu vira mangue-bit e o brega se
transforma em tecnobrega. É esse tipo de
liberdade criativa, de acesso, diálogo e
transformação da cultura que o Creative
existe o “Boston Common”, a praça cen- Commons quer ampliar.
tral da cidade. No Brasil, não há tradução A grande promessa da Internet era
perfeita para o termo, com exceção do exatamente esta: romper com as barrei-
Nordeste. Lá se fala na “solta”, lugar onde ras entre produtor e consumidor da cul-
o gado é criado livremente, por qualquer tura, entre público e artista. Criar um
um. Esse tipo de engenho lingüístico território neutro, aberto, que tornasse o
torna possível um processo de tropicaliza- indivíduo o centro da informação. Um
ção do nome projeto. Do mesmo modo território em que não necessariamente
que o rap “Whoomp! There it is” no Brasil seria preciso reproduzir o modelo de
virou “utererê”, talvez o Creative concentração da mídia que predominou
Commons ganhe um apelido brasileiro. O em todo o século XX. Em outras pala-
Ministro Gilberto Gil já se refere a ele vras, tornar a cultura um produto da
como “licença criativa”, um primeiro sinal interação entre todos, permitindo a
de transformação. qualquer um participar criativamente na
Essa característica de transformar sua constituição. Substituir o broadcast
criativamente elementos culturais, nossos puro pela comunicação de um para
e de outras culturas, é um dos fatores que todos. Interatividade, descentralização e
14_ENSAIO_Ronaldo.qxd 6/1/05 21:22 Page 2

182 : CREATIVE COMMONS, MÍDIA E AS TRANSFORMAÇÕES RONALDO LEMOS

democratização simbólica. distribuição chamado Internet.


A esperança e a expectativa conti- A evolução do poder dos detentores
nuam, mas cada vez mais distantes. A de conteúdo foi rápida, dramática e está
Internet a cada dia espelha mais as con- longe ainda de se encerrar.Tudo começou
centrações existentes na mídia tradicio- com o inocente Audio Home Reording
nal. Reunir pessoas com o compromisso Act (AHRA), de longe o texto legal mais
de reafirmar sua crença na possibilidade razoável dessa nova geração de mudanças,
de uma cultura livre e participativa e em mas que obrigava os fabricantes de equi-
uma transformação democrática das pamentos de gravação digital (basicamen-
mídias é uma das principais característi- te fitas DATs e Mini-Discs) a implemen-
cas do Creative Commons. Fazem parte tar medidas de proteção tecnológica nos
deste grupo desde os Beastie Boys até o seus produtos, impedindo a cópia seriada.
antropólogo Marshall Sahlins. Resultado: nem as fitas DAT nem os
Dentre as razões para o surgimento Mini-Discs deslancharam no mercado.
do Creative Commons estão as mudan- Em seguida vieram duas dramáticas
ças na regulamentação do direito autoral decisões judiciais: a que condenou o site
que contradizem a tradição construída MP3.com e a que julgou o Napster ilegal.
nos séculos XIX e XX. Se, durante todo Ambas foram coroadas com a aprovação,
o século XX, a propriedade intelectual logo em seguida, do DMCA (Digital
de um modo ou de outro atendia a um Millennium Copyright Act), um bricola-
equilíbrio entre os direitos autorais e os ge legislativo que regula desde a respon-
interesses da sociedade, a partir da déca- sabilidade dos provedores da Internet por
da de 90 esse balanço foi rompido. O violação de direitos autorais, até a crimi-
que se chamava “direitos autorais” pas- nalização de qualquer ato que contribua
sou a ser encarado como “propriedade com a quebra de medidas eletrônicas de
intelectual”, absoluta, apresentando proteção a direitos autorais (como a crip-
cada vez mais restrições. tografia que protege DVDs ou CDs que
Nesse sentido, o que mudou? são vendidos com sistema anticópia).
Mudou que a partir da década de 90, Com poucos anos de existência, o
com o advento da tecnologia digital e da DMCA gerou um extenso folclore de
Internet, pela primeira vez na história os abusos, que vão desde ameaças legais ao
detentores de conteúdo começaram a Professor Edward Felten de Princeton
vencer a disputa. Sob o argumento da por publicar um estudo sobre a cripto-
“pirataria digital”, pela primeira vez a grafia dos CDs anticópia, até a prisão do
indústria de conteúdo começou a preva- programador russo Dmitri Sklyarov por
lecer. A lei se tornou o principal instru- criar um sistema que permitia a leitura
mento de mudança, e sucessivas altera- de eBooks no sistema operacional Linux.
ções na lei dos Estados Unidos amplia- E mais, a partir de 2000 os principais
ram de modo inédito o poder dos deten- detentores de conteúdo pressionaram
tores conteúdo vis a vis o novo canal de para a aprovação de uma nova lei chamada
14_ENSAIO_Ronaldo.qxd 6/1/05 21:22 Page 3

1 V. 1 N. 1 | P. 181 - 187 | MAIO 2005 : 183

CBDTPA (Consumer Broadband na violação de direitos autorais (um grava-


Digital Television Promotion Act) que dor de arquivos digitais, um provedor de
obrigaria qualquer aparelho eletrônico, conteúdo on-line, um servidor que per-
seja ele qual for, a sair de fábrica com mite o download ou upload de conteú-
medidas de proteção tecnológica. Isso do) passa a correr o risco de ser respon-
significa: computadores deixariam de sabilizado pela violação de direitos auto-
executar instruções de seus donos, se rais. A conseqüência: necessidade de se
estas conflitassem com os direitos de reunir com a indústria de conteúdo para
determinados detentores de conteúdo. certificar seu produto ou serviço de
Infelizmente o projeto do CBDTPA foi acordo com padrões técnicos a serem
abandonado temporariamente. estabelecidos por essa mesma indústria,
Infelizmente porque um projeto previamente. Em outras palavras: a
muito mais severo foi proposto em seu indústria de conteúdo ganha poderes
lugar, o chamado INDUCE Act. Por para ditar os padrões técnicos a serem
meio deste dispositivo legal, qualquer aplicados a equipamentos e serviços on-
pessoa que direta ou indiretamente con- line, como forma de impedir a potencial
tribua para a violação de um direito auto- violação de direitos autorais.
ral será também responsável pela viola- Para terminar, basta mencionar o
ção daquele direito. Em síntese, gravado- paradigmático Mickey Mouse Protection
res de CD e iPods, bem como qualquer Act (Sonny Bono Act), que estendeu o
equipamento, software ou serviço que prazo de proteção dos direitos autorais de
potencialmente possa ser usado para vio- 70 anos para 90 anos nos Estados Unidos,
lar direitos de autor, tornam-se ilegais. tudo porque Mickey Mouse, criado em
São duas as intenções do INDUCE 1928, cairia em domínio público em
Act: a primeira, revogar a derrota dos 1998. Com isto, não só o Mickey Mouse
estúdios de Hollywood no caso Sony, pelo continua com a Disney, mas filmes como
qual esta obteve o direito de comerciali- The Jazz Singer, os poemas de Robert
zar o videocassete. Isto porque ficou deci- Frost, o acervo de George Gershwin,
dido que qualquer tecnologia que prove dentre outros, continuam privados. Em
ter usos substancialmente legítimos não síntese, a sociedade foi expropriada de
pode ser considerada em si ilegal. Com um repertório significativo de obras a que
base nesse princípio, serviços como o teria direito, em nome da proteção de um
Grokster e outras redes de compartilha- interesse privado específico.
mento peer to peer descentralizadas obti- Várias razões explicam essas sucessi-
veram decisões judiciais autorizando a vas derrotas em detrimento do canal e
continuidade de seu funcionamento. em favor dos detentores de conteúdo.
A segunda intenção do INDUCE Act Uma delas é que a Internet não possui
é que, a partir de sua aprovação, qual- um interesse econômico único a ela sub-
quer produto ou serviço tecnológico que jacente. Sua arquitetura é constituída de
de alguma forma possa contribuir para a um conjunto de agentes econômicos,
14_ENSAIO_Ronaldo.qxd 6/1/05 21:22 Page 4

184 : CREATIVE COMMONS, MÍDIA E AS TRANSFORMAÇÕES RONALDO LEMOS

cada um com interesses próprios. Desse O mote é trazer de volta a possibili-


modo, é muito mais difícil uma represen- dade natural de compartilhamento das
tação unívoca. idéias, que se esvai com as recentes modi-
Todas essas mudanças legais levaram a ficações na legislação.Tudo para garantir a
uma ampliação sem precedentes históri- existência de um universo cultural
cos dos direitos da propriedade intelec- comum com obras livres para serem aces-
tual. Isto traz vários problemas. Em pri- sadas, compartilhadas, redistribuídas e, se
meiro lugar, deturpam a razão própria de o autor permitir, também modificadas.
existir do direito autoral: incentivar a O esforço para a democratização da
criação de novas obras, remunerando os mídia no século XXI vai ocorrer não com
autores, e maximizar a circulação das relação ao acesso à infra-estrutura das
obras na sociedade. Ambos objetivos são telecomunicações, mas sim no plano dos
contrariados, pois tais mudanças prote- conteúdos que circulam sobre esses
gem muito mais os intermediários do que canais. Nas décadas de 70 e 80, fazia sen-
os autores, já que reduzem canais e tido o foco dos esforços de democratiza-
aumentam os custos de circulação das ção se concentrar na batalha (malsucedi-
obras. Com as transformações dos últi- da) pela democratização de acesso aos
mos anos, o direito autoral está se trans- canais de televisão e rádio. Era o apogeu
formando, sobretudo, em ferramenta de da mídia de broadcast, da comunicação
entrincheiramento para salvaguardar “de um para muitos”.
modelos de negócio obsoletos e garantir O acesso à infra-estrutura continua
que a Internet reproduza a estrutura do importante. Entretanto, não é mais o
mercado de conteúdo e mídia existente. fator crucial. Com a convergência tecno-
Nesse contexto, a proposta do lógica, o foco muda. A batalha desloca-se
Creative Commons é simples: criar um do plano físico para o plano simbólico.
universo de bens culturais que possam ser Do plano do acesso aos meios físicos,
acessados ou transformados, de acordo para o plano do conteúdo. Com a indús-
com a autorização voluntária do autor. tria de conteúdo ganhando crescente
Isto é feito mediante uma série de licen- poder, a ponto de controlar os produtos
ças de direito autoral que funcionam e serviços que podem ser oferecidos
como uma caixa de ferramentas para o pelas novas mídias, cria-se nada menos
criador. Por meio delas, um autor de um que uma reserva de mercado dentro de
filme ou canção pode dizer ao mundo que quaisquer novas mídias digitais, a ser
ele não se importa com alguns usos do ocupada pela mesma indústria que viu
trabalho dele, enquanto mantém reserva- seu apogeu no século XX. Em síntese,
dos todos os outros direitos autorais sobre cria-se um mecanismo jurídico para evi-
a obra. A força motriz da iniciativa é tar a transformação da estrutura do mer-
voluntária: só participa do Creative cado de conteúdo.
Commons quem quiser, só autoriza A discussão sobre o acesso ao conteú-
alguns usos da obra quem quer. do importa muito ao Brasil, mesmo que
14_ENSAIO_Ronaldo.qxd 6/1/05 21:22 Page 5

1 V. 1 N. 1 | P. 181 - 187 | MAIO 2005 : 185

nosso país seja assolado de modo tão pro- batendo de frente com seu principal
fundo pela exclusão digital. O acesso a estandarte: Hollywood. Basta verificar
computadores é pequeno, mas o acesso a na produção chinesa recente filmes
outros aparelhos como celulares e televi- como Hero e House of the flying dag-
são é amplo. Só aqueles já são 60 milhões. gers, para notar que a intenção é compe-
A convergência tecnológica torna esses tir no mesmo nicho do melhor cinema
aparelhos os próximos meios de acesso à de ação hollywoodiano – um nicho que
informação e ao conteúdo. Por isso é pre- envolve blockbusters como Matrix e
ciso descartar rapidamente o pensamento Homem-aranha.
etapista, em que primeiro é preciso dar Entretanto, os filmes chineses tra-
computadores para a população e somen- zem diferenças importantes. Em primei-
te depois se preocupar com a democrati- ro lugar, são falados em cantonês.Todo o
zação do conteúdo. O conteúdo precisa enredo baseia-se na história da China. Os
ser descentralizado, aberto e acessível interiores, figurinos e objetos são elabo-
desde já, para que possa ser acessado seja rados de acordo com a tradição chinesa.
pelo computador, seja pelo celular ou As paisagens são chinesas (as florestas de
pela TV digital. bambu estão por toda parte). O resulta-
A população brasileira, mesmo nas do é a criação de um mercado simbólico
periferias, já integra a tecnologia digital para novos produtos culturais chineses.A
ao processo de produção cultural. O fascinação provocada pelos filmes chine-
antropólogo Hermano Vianna é responsá- ses leva o espectador a querer mais. Mais
vel pela análise do tecnobrega de Belém florestas de bambu, mais enredos sobre a
do Pará e do Forró da Amazônia, cenas China, mais cantonês, mais música chi-
culturais enormes que intensivamente nesa, mais filmes com atores chineses e
usam a tecnologia digital. Por exemplo, com diretores chineses.
os CDs tradicionais de áudio, com 10 a Em síntese, o impacto no universo
15 músicas em média, perdem cada vez simbólico global é sensível e importante.
mais espaço nos camelôs de Manaus. Os A China ganha presença nos canais tradi-
fãs do Forró da Amazônia, exigentes, cionais e impõe, com seu gigantismo, o
demandam que os CDs sejam gravados peso da sua cultura. O resultado é palpá-
em formato MP3, com pelo menos 100 vel: a China é um dos pouquíssimos paí-
músicas. Como resultado, ficou difícil ses do mundo que têm o privilégio de
encontrar CDs de áudio tradicionais na assistir mais a seus filmes locais do que
periferia de Manaus. aos filmes hollywoodianos. Ao mesmo
Um cenário como esse leva à discus- tempo, projeta sua cultura para o mundo,
são de pelo menos duas estratégias. A que descobre aos poucos uma alternativa
primeira é a seguida pela China, centra- ao cinema global norte-americano.
lizada. Nos últimos anos, a China deu-se A adoção de uma estratégia como
a tarefa de competir diretamente com a essa é pouco provável no Brasil. São
indústria cultural norte-americana, recursos demais a serem mobilizados,
14_ENSAIO_Ronaldo.qxd 6/1/05 21:22 Page 6

186 : CREATIVE COMMONS, MÍDIA E AS TRANSFORMAÇÕES RONALDO LEMOS

com um risco muito grande de insuces- que vença o melhor e mais interessante.
so e remotíssima possibilidade de Na medida em que a nova mídia é ocupa-
desencadear no curto prazo um ciclo da por produtos descentralizados, sobre-
auto-sustentável. tudo interativos (donde a importância de
Existe uma segunda estratégia mais fomentar a indústria de games no Brasil),
adequada ao País, por seu caráter descen- abundantes e livres, consolida-se um novo
tralizado. Trata-se de investir não nos paradigma. Mudam-se os gostos, mudam-
mercados tradicionais, mas de ocupar as se as demandas e os hábitos de consumo.
novas mídias digitais de forma pulveriza- Esta é uma nova estratégia econômi-
da, sistemática e intensa. Inundar o uni- ca. Tome-se o exemplo da música, que se
verso digital, enquanto ainda aberto, com desagrega a cada dia em novos produtos:
conteúdo cultural do País. Projetar a ringtones, DVDs, shows, vídeos, licencia-
nossa cultura, urbana ou tradicional, da mentos etc. Muitas vezes, permitir a dis-
favela ao rock, da praia à arquitetura tribuição de uma canção mediante uma
modernista, do maracatu ao Brazilian licença do Creative Commons é a melhor
drum’n’bass, por meio de aparelhos celu- forma de maximizar as receitas prove-
lares, da Internet, das novas TVs e rádios nientes de cada um desses produtos.
digitais. Enfim, ocupar intensamente esse Quanto mais ouvido e conhecido um
espaço simbólico novo e ainda aberto artista, maior é o consumo de produtos
com produtos bem feitos (mas nem por conexos a ele, nos mais diversos âmbitos.
isso caros), universais e locais, que cha- Neste sentido, fica cada vez mais
mem a atenção sobre nossa história, nos- claro que o valor econômico na econo-
sas imagens, nossa língua, visão e povo. mia da música reside na relação que o
Para isso, uma iniciativa como o artista tem com seu público. Dois exem-
Creative Commons é importante. Por seu plos paradigmáticos disso foram postos
caráter eminentemente internacional (já em prática pelas bandas The Darkness e
são 10 os países em que o projeto opera, Marillion. A primeira, com a venda de
incluindo França, Itália, Alemanha, produtos por meio do seu site, que vão
Holanda e Japão, e até o final de 2005 a desde camisetas a faixas-bônus, obteve
previsão é de que mais 40 se juntem ao recursos suficientes para a produção de
grupo), o projeto facilita a projeção da um novo álbum antes mesmo de as
cultura nacional de forma estratégica. novas músicas estarem compostas.
Com a projeção global da nossa cultura, Ainda mais emblemático foi o mon-
cria-se demanda. Demanda pela nossa tante de US$1.358.000 (um milhão,
música, história, língua, olhar e imagem. trezentos e cinqüenta e oito mil dólares)
Trata-se de uma oportunidade efêmera. obtido pela banda neozelandesa
Ela só existe enquanto a captura das novas Marillion com as vendas de um próximo
mídias ainda não é completa. Entretanto, álbum por meio do seu website, álbum
se bem-sucedida, contribui para manter este que sequer foi gravado. Mesmo sem
essa mídia sempre aberta. Daí em diante gravadora e fora do circuito das turnês,
14_ENSAIO_Ronaldo.qxd 6/1/05 21:23 Page 7

1 V. 1 N. 1 | P. 181 - 187 | MAIO 2005 : 187

a banda alcançou um valor duas vezes Este artigo é licenciado por uma
maior do que o necessário para a produ- licença Creative Commons:
ção do disco. O restante será destinado
ao financiamento de uma turnê nos ATRIBUIÇÃO – U SO NÃO - COMERCIAL –
Estados Unidos. Para quem acha que COMPARTILHAMENTO PELA MESMA LICENÇA 2.0
BRASIL
apenas artistas de grande porte possuem
essa chance, vale notar que a banda alemã VOCÊ PODE:
Einstuerzende Neubauten acaba de reali- • COPIAR, DISTRIBUIR, EXIBIR E EXECUTAR A OBRA;
• CRIAR OBRAS DERIVADAS.
zar o mesmo caminho, tendo vendido
seu disco antecipadamente pelo seu site. SOB AS SEGUINTES CONDIÇÕES:
Qual o papel, então, do Creative
ATRIBUIÇÃO. VOCÊ DEVE DAR CRÉDITO
Commons? Todos esses problemas não AO AUTOR ORIGINAL.
serão, obviamente, resolvidos com a sim-
ples adoção desse modelo de licencia- USO NÃO-COMERCIAL. VOCÊ NÃO PODE
UTILIZAR ESTA OBRA COM FINALIDADES
mento. Entretanto, a mera existência COMERCIAIS.
dessa iniciativa já representa um exercí-
cio nas possibilidades de pensar novos C OMPARTILHAMENTO PELA MESMA
caminhos para a mídia e para a cultura LICENÇA. SE VOCÊ ALTERAR, TRANSFOR-
MAR, OU CRIAR OUTRA OBRA COM BASE
nesta era que se digitaliza rapidamente. E NESTA, VOCÊ SOMENTE PODERÁ DISTRI-
pensar esses novos caminhos é fundamen- BUIR A OBRA RESULTANTE SOB UMA
LICENÇA IDÊNTICA A ESTA.
tal, porque os desafios e o contexto atual
são diferentes daqueles do século passa- • PARA CADA NOVO USO OU DISTRIBUIÇÃO, VOCÊ
DEVE DEIXAR CLARO PARA OUTROS OS TERMOS DA
do. Também por isso, não existe a neces- LICENÇA DESTA OBRA.
sidade de reproduzirmos as estruturas de • QUALQUER UMA DESTAS CONDIÇÕES PODE SER
produção cultural nos novos meios que RENUNCIADA, DESDE QUE VOCÊ OBTENHA PERMIS-
SÃO DO AUTOR.
surgem. O Creative Commons entrega
nas mãos do indivíduo criador/artista QUALQUER DIREITO DE USO LEGÍTIMO (OU FAIR USE)
CONCEDIDO POR LEI, OU QUALQUER OUTRO DIREITO
possibilidades de realizar na prática esse PROTEGIDO PELA LEGISLAÇÃO LOCAL, NÃO SÃO EM
exercício de novas possibilidades. HIPÓTESE ALGUMA AFETADOS PELO DISPOSTO ACIMA.

Ronaldo Lemos
M ESTRE EM D IREITO PELA U NIVERSIDADE DE H ARVARD
E DOUTOR EM D IREITO PELA USP

D IRETOR DO C ENTRO DE T ECNOLOGIA E S OCIEDADE


DA E SCOLA DE D IREITO DA F UNDAÇÃO G ETÚLIO VARGAS
NO R IO DE J ANEIRO

Você também pode gostar