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3.

2 Palavra e constituinte de palavra

Uma das razões pelas quais os falantes têm um léxico passivo'


e aprendemrapidamente e sem esforço palavras novas deve-se ao
muitas palavras terem elementos comuns.

Atentemosnaspalavrasdo QuadroI:
Quadro I

Consideremos a primeira palavra da coluna A, o nome norma. As

ras palavras das colunas B, C, D e E têm em comum uma'

norma, a unidade norm-, e distinguem-se pelos elementos -ai, -iza1; -

e -mente. Estes elementos encontram-se em muitas outras palavras:

nhecemos
utilizar, ridicularizar,'
-ai em adjectivos -idade como
em nomes
floral, como
cerebral,' dignidade, -izar : em ..~

em advérbios como claramente, provavelmente. Por isso, dado o

inventado cutra, se nos dessem as palavras igualmente ~ ".'--

cutralizar; cutralidade,

significando 'propriedade relativa a cutra , cutralizar um verbo,


cando 'tomar cutral' ; cutralidade um nome significando "

tiva a cutral' e cutralmente um advérbio significando


f Na tradição estruturalista
europeia,o tenDO'morfema' Os elementos a negro no Quadro I são unidades'
estava reservado exclusiva- que os linguistas baptizaram com o nome de modernas 7 .Tal
menteaoselementosmínimos
com significado estritamente --~ ~ ~- --~~-~- -"'- ..-: ~~,1_- ':_~""-+:~n" roA""."""" ,~~ -~~
gramatical, utilizando-se o
tenDO'lexema' para os ele- ficado indissoluvelmente ligado a uma toffila fónica;
mentosmínimoscom signifi- palavras, o resultado da combinação de morfemas não
cado extragramatical. A
tradiçãoamericana,que aca- palavras mas sim palavras.
bou por se impor, utiliza o
tenDO'morfema' para todos No Quadro I encontramos dois tipos de modernas: radicais e
os elementosmínimos com
significado,sejaele gramati-
radicais são os morfemas que, numa palavra simples, como ,.',
cal ou lexical. determinam o significado da palavra. Em palavras simples, os
formam sozinhos a palavra como em flor, ou surgem ,.~~'-'

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gramaticais como em claro (ver adiante 3.3.); por esta razão, os
~ 1independentes 8.Pelo con- 8 Alguns radicais eruditos
comportam-se como formas
os afixos surgem sempre associados a radicais, pelo que se lhes presas,uma vez que se combi-
formas presas ou dependentes. Os afixos que se seguemao radi- nam obrigatoriamente com
, 'sufixos, enquanto os que precedem o radical recebem o outros radicais para formar
compostos (ver Processos de
de prefixos 9. No Quadro I, apenas ocorriam afixos sufixais; no formação de novas palavras);
repare-se em exemplos como
[ apresentam-seafixos prefixais: arborícola (arbor- (árvore) +-
cola (cultivador, habitante»,
Quadro 11 omnívoro (omni- (todo) + -
voro (comedor», uníssono
(uni- (um) + -sono (que soa»,
formadas a partir de radicais
latinos, e em exemplos como
bibliófilo (biblio- (livro) + -
filo (amigo», hipopótamo
(hipo- (cavalo) + -potamo
(rio», xenófobo (xeno-
(estrangeiro) + -lobo (ini-
migo», formadas a partir de
radicais gregos.

9 Por convenção, os morfemas


que não constituem por si só
palavras, são antecedidos ou
seguidos de um traço, con-
soante a posição que ocupam
relativamente aos morfemas
com que se podem combinar.
~que surgem nos Quadros I e 11transmitem informação de natu-
Assim, são antecedidos de um
lexical, i.e, têm um significado extragramatical, como acontece com traço os sufixos e os radicais
~ ~~ radicais. É este tipo de afixos, denominados derivacionais, que eruditos que ocorrem à direita
de outros radicais; são segui-
quando formamos novas palavras (ver 3.4.). Como veremos dos por um traço os prefixos e
a generalidade dos radicais.
a língua portuguesa usa igualmente sufixos que transmitem signi-
~, , gramaticais, i.e., sufixos tlexionais.

muitas palavras formadas por mais do que um morfema, um dos


,~ a ter em conta ao analisar uma palavra é a sua estrutura interna,
a forma como estão organizados os morfemas que a constituem. Por
.~ --'-'.-n~ um dos aspectos a ter em conta ao analisar uma palavra é
\ de constituintes.
, a palavra normalmente, que consta do Quadro I, sabe-
intuitivamente que ela é complexa, reconhecendonela o radical norm-,
'"",,- --"-~"~---1 -al e o sufixo adverbial -mente. Uma vez que os advér-
em -mente se formam a partir de adjectivos (e não de nomes, por
.~'- como o mostra a impossibilidade de formas como *normamente,
, somos levados a concluir que norm- se combina directa-
~ com -al, para formar o adjectivo normal que, por sua vez, se com-
directamente com -mente, para formar o advérbio normalmente.
""', a estrutura interna desta palavra pode representar-se de uma das
maneiras seguintes, que são equivalentes:

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os sufixos flexionais, um certo número de radi-

léxico mental um sem número de formas e de palavras


-combinação de elementos já conhecidos. Ou seja,
nos encontramOSequipados para construir palavras
já conhecemose para reconhecerformas de pala-
, identificar os morfemas que as

que formam constantemente palavras conformes com as

, e nas reanálises infantis de


Voufazer a minha lete (por reaná-
.+ -lete), O boneco tem dois bigos (por reanálise
"- + -bigo) ilustram.

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3.3 Flexão

Como se sabe,o
ceitos gramaticais como os de número, género, pessoa e
estesmodernas, .
que transmitem outros tantos valores gramaticais. Assim,
como gato, as várias combinações possíveis das categorias
género originam as formas gato (masculino, singular), gatos'
plural), gata (feminino, singular), gatas (feminino, plural).
Continuando com o mesmo exemplo, as quatro formas não
palavras distintas do item gato, antes são formas flexionadas da
palavra, contrariamente ao que o .~ -~

afixos derivacionais, em que se obtêm palavras diferentes


norma, normal, normalizar, normalmente,
ção anterior). .

sentam uma entrada para cada item, independentemente do


,. ~, ~. ~

sentado na forma dita não marcada que corresponde, no caso


minantes, quantificadores, nomes e adjectivos, à forma r '~-
e, no caso dos verbos, à forma infinitiva não flexionada.
Em Português, ,

tificadores, nomes,
e género (ver Quadros m e N). Existe ainda flexão de .
diminutivo (casa/casarão/casinha;
grande/grandão/grandinho)
e
grau superlativo absoluto (por isso mesmo dito sintético) nos
(belolbelíssimo,correcto/correctíssimo),sendoos restantes~ -,
vos expressospor processossintácticos,i.e., pela combinaçãode --
vras (mais belo do que/tão belo com% menosbelo/muito belolbelo,
Quantoaosverbos,flexionam em tempo, aspectoII e modo, ,
11Simplificadamente,a cate- transmitidos por um único moderna (ver Quadro V), e em pessoae .
goriagramatical'aspecto'diz
valoresigualmenteexpressospor um úni~o moderna (ver QuadroVI).
respeito ao tipo de situação
denotada por uma palavra A distinção ternlÍnológica .
(e.g., estática vs dinâmica,
como saber vs pedalar), à os tempos verbais formados através de processosflexionais, que'
suaduração(e.g.,pontual vs
durativo,comoabro vs estou tram indicados no Quadro V, e os que são formados por processos
a abrir), e ao ponto de refe- ticos, i.e., através de perífrases que incluem um ou mais'
rência adoptadopara a des-
crever (e.g., acabado vs e um verbo principal ou copulativo (compare-se fizera com tinha
inacabado, como comi vs faço com tenho feito, farei com terei feito). Também ~~ " ~ .
comia)(Ver capítulo6).
(entre activa e passiva, como em comeu vs foi comido), muitos ...
aspectuais (e.g., está a comer muito, anda a comer muito, etc), -
(e.g., tenho de sai!; posso sair) e mesmo temporais (como em vou
são asseguradosem Português por processos sintácticos e ~,..-,.,

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Poroposição às categorias nominais e aos verbos, preposições,conjunções,
interjeições e advérbios 12não flexionarn, dizendo-se por isso que se trata '" Alguns advérbios graduá-
veis aceitam superlativo abso-
de classesde palavras invariáveis.
luto sintético idêntico ao dos
adjectivos, como é o caso de
Recordemos agoraasaltemânciasde númeroe géneromaisprodutivasem muitíssimo, pouquíssimo; no
Portuguêscontemporâneo,que se apresentam
nos QuadrosIII e IV: caso dos advérbios graduáveis
terminados em -mente,forma-
-se o superlativo absoluto sin-
Quadro III -Número tético do adjectivo e só depois
se combina esta forma com
FORMA SINGULAR TERMINADA FORMA SINGULAR TERMINADA -mente, como em curiosissi-
mamente,estranhissimamente.
EM VOGAL OU DITONGO EM CONSOANTE (DISTINTA DE -/13)
13Com os nomes e adjectivos
temlinados em -I, as altemân-
014 / -s 0 / -es cias singular/plural são as
seguintes:
mesa I mesa~ abdómen / abdómen~ (a) palavras terminadas em
-ai, -el, -01 e -ul e oxítonos
rede / rede~ professor/ professor~ temlinados em -il: -l/-is,
como em animal/animais,
javali / Javali~ inglês / ingles~
papel/papéis. anzol/anzóis,
aluno / aluno~ capataz/ capataz~ azul/azuis; canil/canis,
funil/funis, villvis;
peru / peru~ (b) paroxítonos terminados
em -il: -il/-eis, como em
manhã / manhã~ fácillfáceis, fóssillfósseis,
útil/úteis.
bem / ben~
14O símbolo representao cha-
jardim / jardin~
mado morferna zero. Quando
som / son~ a realização de uma categoria
gramatical dada flexional-
atum / atun~ mente numa língua não cor-
responde a um morfema
pai / pai~ foneticamente realizado, diz-
-se que ela é asseguradapelo
mau/ mau~ moderna zero: é o que acon-
tece com a categoria número
lei / lei~ em Português, em que o sin-
chapéu / chapéu~ gular, por oposição ao plural,
não tem realizaçãofonética
boi / boi~ própria.

mãe / mãe~ 15 A altemância de número


mais produtiva para os nomes
mão / mão~15
e adjectivos terminados em
-ão é -ão/-ões. Todos os
aumentativos e a generalidade
das novas palavras terminadas
em -ão que entram na língua
formam deste modo o plural:
casarão/casarões, par-
valhão/parvalhões; ião/ iões,
televisão/televisões.

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Quanto à flexão verbal, ela organiza-se em três paradigmas (as
ções), indicados
minada vogal temática.
pela -~ Assim, verbos terminados ". em -qr --

primeira conjugação, verbos terminados em -gr à segunda e verbos


nados em -ir à terceira.

À combinação de um radical verbal com a respectiva vogal


chama-se tema verbal; assim, o tema de cantar é canta-, o de
bebe-, o de partir é parti-.

Como o Quadro V mostra, um só morfema codifica a informação


tempo, aspecto e modo:

Quadro V -Flexão de Tempo,Aspectoe Modo

16Como se sabe,estetempo
simples caiu em desuso em
Português contemporâneo,
sendosubstituídopelo mais-
-que-perfeitocomposto, for-
mado pelo imperfeito do
indicativo do verbo auxiliar
ter e pelo particípio passado
doutroverbo,como em tinha
comidoem vez de comera.

A organização dos tempos verbais do Quadro V reflecte a ideia de


todos os tempos simples se formam a partir de três temas:

(a) o tema do presente -a partir do presentedo indicativo


o imperfeito do indicativo, o presentedo conjuntivo e " ;

~O
(b) o tema do pretérito -do pretérito perfeito do indicativo formam-
-se o mais-que perfeito do indicativo, o imperfeito do conjuntivo
e o futuro do conjuntivo;

(c) o tema do infinitivo -do infinitivo não flexionado formam-se o


futuro do indicativo, o condicional, o infinitivo flexionado, o
gerúndio e o particípio passado.

VI, apresenta-se a realização morfológicá das informações de


~~--1. cada tempo verbal, i.e., a desinência que identifica a

o número:

Quadro VI -Flexão de Pessoae Número

17 Como se sabe, a segunda


pessoa do plural apenasse uti-
liza nos dialectos setentrionais
do Português Europeu, não
sendo já usada nem nos dia-
lectos centro-meridionais do
PE, nem no Portugês brasi-
leiro nem em algumas
variantes africanas do
tleX10naIS regulares mais produtivos atinge-se

Português.
Durante uma certa fase do processo de aquisição da linguagem, a

.Sim-Sim (1999: capo 2)], as crian-

~ todos os itens tlexionáveis nos paradigmas regulares mais produ-

.É por esta razão que,

, as crianças produzem formas como papeles, cor deles, pãos ou fazi,

,fazerei ou reanalisam o género de certos itens, como no exemplo real a

." ~n " maioria dos nomes tenninados em -a são do género

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feminino em Português);regularizaçõesanálogascaracterizam
falantesque aprendemPortuguêscomo língua segundaou estrangeira.

A integração de fonnas nos paradigmas regulares mais produtivos


riza igualmente os falantes adultos, sobretudoos que não dominam
culta. Por vezes, esta regularização estende-seigualmente a camadas
falam a nonna culta, levàndo a prever que geraçõesfuturas venham
essafonna regularizada como pertencenteà língua; é provavelmente --
caminho que seguirá ~ fonna da segundapessoado singular do -r.
feito, o único tempo verbal em que, como se pode observar no Quadro
desinência de pessoa e número não se realiza através do morfema -s,
cada vez mais falantes produzem como *dissestes,*fizestes.

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resultam de empréstimos de outras línguas. De facto, considerando
o período posterior à fundação da nacionalidade, são empréstimos:

(10) (a) do Francês (= galicismos) palavras como constata!; dama,


lhe, envelope, garagem, restaurante,.

(b) do Inglês (= anglicismos) itens como bife, clube, futebol,


slogan, snobe,.
(c) do Italiano (= italianismos) muitos termos de navegação

palavras
piloto) e de
como música cicerone (como e piza;
cantata, maestro, ópera),

(d) do Espanhol (= hispanismos) itens como airoso,


moreno,naipe,novilho,tasca,'
(e) do Alemão (= germanismos) palavras como arranja/;
frete, frota, jardim, quartzo,.
(1) de línguas ameríndias (da América central e do Sul) termos
fauna e flora (como abacate, ananás, chocolate), para além
itens como canibal, canoa, furacão, pampa;

(g) de línguas africanas palavras como banana, batuque,


girafa, macaco, musseque,'
(h) de línguas asiáticas itens como bengala, bule, caqui, chá,
pagode.
Quanto mais antigos são os empréstimos, tanto mais eles estão
estrutura fonológica e ao sistema ortográfico da língua que os
Provavelmente a maioria de nós não tem consciência de que ~
bengala, jardim, frota, macaco ou piloto, importadas para o Português
Idade Média e no período dos Descobrimentos, são empréstimos. Mas
hesitaçõesde pronúncia e de escrita que temos perante empréstimos
pila, slogan, snobe, anteriormente referidos, ou controlo, «croissant»,
maquilhagem, sanduíche, uísque, as dúvidas quanto à flexão de --,,--
como cachecol ou «haZZ»,mostram que os falantes ainda não'
integralmente tais itens, i.e., que ainda não lhes concederamnacionalidade
portuguesa de pleno direito.

Outro processo de alargamento do léxico através da criação de novas pala-


vras é a abreviação, processo que consiste em eliminar uma sequência
mais ou menos longa do final da palavra. São exemplos deste tipo foto (por
«fotografia»), metro (por «metropolitano»), otorrino (por «otorrinolarin-
gologista»), porno (por «pornográfico»), prof (por «professor»). Um caso
particular de abreviação são as siglas, que têm por domínio combinações
de palavras que designam uma entidade, como BD (por «banda dese-

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«disco compacto», mantendo a ordem da expressão em
«Companhia de Caminhos de Ferro Portugueses»), OUA
Unidade Africana»), UE (por «União Europeia»).

com laser (formado a partir da expressão,inglesa «light


, ~timulated .e.missionof radiation»), ONU (formado a par-

«l2aís ~fricano de língua Qficial l2°rtuguesa»), radar


partir da expressão inglesa «mdio detection ~nd ranging»),
.-da expressãoinglesa «~und Mvigation ranging»),
! important l2erson»);a este
acronímia.

-do processo de mistura se podem criar novas palavras,


, aleatória (i.e., sem motivação morfológica) de partes de
palavras, como acontece com os itens cavaquistão (uma
de «Cavaco» e da terminação de nomes de países como
-franglês (uma combinação de «fu!ncês» e «in~»), motel
resultante da combinação de «illQtor ho~»), portinhol
': «espanhQ1»).

é outro dos processos de criação de novas palavras. Os


combinações de palavras «cristalizadas», em geral de cate-
(como água-furtada, fim de semana, malmequel; navio
'saca-rolhas, vaivém) ou adjectival (como azul bebé,
cor de rosa), embora possam ter como elementos consti-
-, ~---~ e advérbios 18. 18Os compostos (não erudi-
tos) de categoriaverbal são
formados há mais tempo, os elementos constituintes
em pequeno número
em Português. Destaquem-se
.~ .como aconteceu com aguar-
de entre eles combinações dos
advérbios bem/mal com ver-
pernalta ou pontapé, com um só acento de palavra e com
bos, como bendize/; benfaze/;
~" Neste tipo de compostos, a perda de autonomia acentual maldize/:
.'. ..~ a supressão de sílabas ou vogais das palavras

inicialmente está em geral refIectida na grafia, que os

só palavra.

em que os elementos constituintes preservam a autonomia


.: ":palavra, como acontece em
contudo, e como os três exemplos
grafia pode não reflectir a autonomia dos elementos consti-

ora com autonomia gráfica de cada elemento.

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Outro processo de formação de novas palavras muito produtivo
versão. Através deste processo, obtém-se uma nova palavra de
diferente de outra já existente, sem qualquer alteração na
muito frequente a conversão de formas intinitivas de verbos (=
nomes (= N) (vejam-se os exemplos vai comerv
~ o Ql!1m:N,vai mv ~ um mN), assim como a
bais participiais em adjectivos (= A) e a destes em nomes
exemplos tem .(Ql..i4Qv~ tão .(Ql..i4QA~ o .(Ql..i4QN,tem sentidov
sentidoA ~ um sentidoN).

Como já foi referido na secção 3.2, pela combinação de um

tema verbal (a forma derivante) com afixos derivacionais (i.e.,

fixos
Este processo
ou sufixos morfológico,
que têm significado
denominado lexical)derivação,
formam-se permite

bos a partir de adjectivos, nomes e verbos (casos de

nomes a partir igualmente de adjectivos, nomes ou verbos

nominalização) e adjectivos a partir de adjectivos, nomes ou

(casos de adjectivização). Os quadros VII, VIII e IX ilustram,


vamente, os processos derivacionais de verbalização, , ,

adjectivização:

Quadro VII -Verbalização

Os sufixos -ar e -izar são muito produtivos em Português.Assim,


verbos formados na nossa língua usam centralmente estes dois'
como exemplificam as palavras clonar (forma derivante: clone),
(forma derivante: fax), digitalizar (forma derivante: digital).

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Quadro VIII -Norninalização

Quadro IX -Adjectivização

nos quadros VII, VIII e IX, enquanto a derivação


~~ =-, da forma derivante (i.e., a pala-

a mesma categoria da forma derivante), o mesmo não


por sufixação. Assim, se alguns sufixos se com-

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portam
nominal -ado), muitos outros alteram a categoria da forma
(vejam-se os exemplos do sufixo verbal -ar, do sufixo nominal
sufixo adjectival -veZ).

Um caso particular de derivação,


processode nominalização sobre radicais verbais que envolve
sufixos, como em cantarv ~J cantoN' chorarv ~ choroN e
perdaN. De um modo geral, assume-seque os nomes concretos
derivante dos verbos correspondentes(como emfaxN
plantarv), ao passo que os nomes abstractos são formados por
regressiva a partir dos verbos correspondentes (para além dos
acima, considerem-se igualmente os pares embarcarv ~ --
ganharv ~ ganhoN).

Finalmente existe um terceiro processo derivacional que se


da derivação quer da derivação regressiva por consistir na
palavras por recurso simultâneo a prefixação e sufixação. Este
denominado parassíntese (ou circunfixação) origina!
(a- + terr( a) + -ar), embarcar (em- + barc( o) + -ar),
pobr( e) + -ecer); note-se que em nenhum destes casos dIspõe a
formas como *terrarv ou *aterraN' *barcarv ou *embarcoN' ,"
ou *empobreA' pelo que é necessário supor que aos radicais terr( a),
e pobr( e) se juntaram simultaneamente um prefixo e um sufixo.

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