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Plano da Escolta
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caso de engajar combate. Esses fatores limitavam o tempo em que um Grupo
de caça poderia permanecer junto aos bombardeiros sobre a Alemanha, a
cerca de 30 minutos, ou 100 milhas de penetração. Então, esperava-se que
um outro Grupo de caças chegasse para substituir o anterior. Assim, a
escolta numa penetração profunda, lembrava uma corrida de revezamento,
com algumas unidades movendo-se em direção aos bombardeiros e outras
retornando às suas bases após terem passado algum tempo na escolta.
Resumindo, na realidade os aliados teriam no máximo 140 caças de cada vez,
escoltando os bombardeiros, ou seja, apenas a sexta parte de toda a força
disponível.
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bombardeiros. Esse arranjo significaria que na maior parte do tempo, boa
parte da formação de bombardeiros não teria escolta alguma próxima, ou
seja, em caso de ataque, não haveria caças próximos e os bombardeiros
teriam que utilizar seu poder de fogo defensivo, de modo a conter os
ataques.
Precisamente às 07:50 horas, os bombardeiros da 8ª Força Aérea da
USAAF começaram a decolar de suas bases, no leste da Inglaterra. Uma
vez no ar, eles formavam inicialmente os Grupos, que depois formariam os
Grupos de Combate. Quando os Grupos de Combate cruzassem a costa
inglesa, em local e hora previstos, eles formariam as Divisões. Às 10:35 a
vanguarda da Divisão que liderava o ataque, a 1ª, cruzou a costa holandesa,
cerca de três horas após os primeiros bombardeiros terem decolado.
Conforme eles entravam em formação, os bombardeiros já ficavam
sob os feixes dos radares alemães de longo alcance, Mammut e
Wassermann, instalados na Holanda e na Bélgica. Eles passavam então,
relatórios às centrais de controle da caça, de onde a defesa aérea dos céus
da Alemanha era controlada. Essa ação, acionaria três grandes centros de
controle: a 3ª Divisão de Caça próximo a Arnhein na Holanda, a 2ª Divisão
de Caça em Stade próxima a Hamburgo e a 1ª Divisão de Caça em Döberitz
próxima a Berlim.
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inimigos com forte escolta de caça. Entretanto, a enorme distância dos
alvos na Alemanha, significava que essa campanha era muito diferente. Os
defensores tinham tempo suficiente para se agruparem e podiam organizar
muito melhor suas ações do que os caças da RAF. Durante a Batalha da
Inglaterra, os bombardeiros alemães levavam apenas trinta minutos para
alcançar Londres, um de seus alvos mais distantes. Em 1944, os
bombardeiros americanos levavam não menos que quatro horas, sobre
território hostil, antes que alcançassem seus alvos na Alemanha. Em
contraste com as nervosas decolagens de 1940, os controladores da caça
alemã tinham tempo suficiente para preparar sua tática e direcionar os
caças em posição adequada. Certamente, este foi o que aconteceu no dia 6
de março de 1944.
Nos aeródromos da Alemanha, Holanda, Bélgica e norte da França, as
unidades de caça foram levadas a diferentes estados de alerta, até que os
pilotos estivessem dentro dos cockpits, amarrados e aguardando ordem
para decolar. Conforme a força de ataque penetrava na Holanda, os
controladores alemães avaliavam que o alvo deste dia estaria localizado no
norte da Alemanha.
Neste dia, a Luftwaffe dispunha apenas de pouco mais de 900 caças
disponíveis para defesa do Reich. Os caça-pesados eram bimotores Me 110 e
410, especialmente armados para derrubar os bombardeiros com seus
pesados canhões e foguetes ar-ar de 21 cm. Além desses, havia cerca de
600 Me 109 e Fw 190, caças monomotores e 200 caças noturnos Me 110 e
Ju 88, que poderiam auxiliar nas operações diurnas.
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da Alemanha. Embora os caças bimotores possuíssem raio de ação suficiente
para alcançarem qualquer local da Alemanha, essas grandes e pouco
manobráveis aeronaves, sofreriam enormes perdas caso fossem atacadas
pela escolta aliada, e por isso, a ação dessas aeronaves ficou limitada a
combates na região a leste de uma linha que unia as cidades de Bremen,
Kassel e Frankfurt. Os caças noturnos, mais lentos devido ao peso de seus
equipamentos extras (radares e antenas), só seriam empregados contra
aeronaves solitárias e com problemas.
O fato dos bombardeiros estarem acompanhados de escolta,
representou um problema sério para os pilotos de caça alemães. A solução
encontrada foi a utilização de ataques em massa, sobre julgando
numericamente a escolta, num determinado lugar e hora. E mais, de modo a
reduzir a efetividade do fogo das metralhadoras dos bombardeiros, o
ataque seria realizado pela frente da formação, procedimento este que
requeria uma cuidadosa orientação dos controladores de terra, bem como
uma habilidosa tática no ar, por parte do líder da formação.
Às 11:00 horas, sete minutos após o bombardeiro líder ter cruzado a
costa holandesa, a primeira unidade de caça alemã decolou: 107 Me 109 e
Fw 190 dos JG 1, 11 e 54. Uma vez no ar, esses caças se juntaram em grupos
de 25 a 30 aeronaves, e começaram a subir para a altitude determinada,
quando então dirigiram-se para Lake Steinhuder, próximo a Hanover, local
designado para a interceptação. Embora esse grande Grupo fosse duas
vezes maior do que aquele liderado pelo famoso Douglas Bader durante a
Batalha da Inglaterra em 1940, ele não sofreria dos mesmos problemas
então encontrados. Inicialmente, a formação americana ocupava um volume
muito maior do que o ocupado pelos bombardeiros da Luftwaffe em 1940.
Depois, os caças atacariam as formações pela frente. Esses dois fatores
impediriam que os caças da escolta pudessem realizar ações conjuntas.
A escolta dos bombardeiros, durante a parte inicial da penetração,
era realizada por 140 P-47 dos Grupos de Caça Nº 56, 78 e 353. Embora
numericamente superiores, a escolta não tinha vantagem. Os pilotos alemães
focariam seu ataque nos bombardeiros, e até o último instante, a escolta
não saberia aonde o ataque seria realizado. Como dito anteriormente,
metade da escolta estava concentrada das formações que iam à frente, com
o restante distribuído pelo resto da força,
Logo que a vanguarda da força atacante cruzou a costa holandesa, o
B-17 Pathfinder equipado com radar de superfície, que ia à frente da
formação, apresentou problemas no equipamento. Como resultado, a
formação que liderava a força tomou um rumo ligeiramente errado, mais
para o sul do que a rota planejada, com o restante da formação seguindo-o.
Após voarem cerca de 20 milhas num rumo errado, o líder descobriu o erro,
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tomando agora um rumo mais para o norte, de modo a compensar o engano
cometido, mas agora, esse erro já se propagava. O Grupo Nº 13, que voava
no meio da leva, estava a alguns minutos da costa holandesa, quando perdeu
contato com o grupo que ia à sua frente, o Nº 4. Ignorando o desvio
cometido pelos bombardeiros a sua frente, o Grupo Nº 13 manteve seu
curso, opção esta que iria lhe custar caro.
Vetorados pelos controladores da 3ª Divisão de Caças em Stade, o
líder da formação de caças da Luftwaffe vislumbrou a formação americana
às 11:55. Os controladores de terra tinham realizado um belo trabalho, pois
os atacantes estavam exatamente á frente dos defensores, mas longe o
suficiente para que os caças defensores pudessem realizar pequenas
correções de rumo, de modo a alinhá-los com a leva atacante. Essa formação
americana contava com apenas oito caças como escolta. Era o Grupo Nº 13.
Os P-47, ao verem os caças da Luftwffe se aproximando, tentaram
interceptar os atacantes, mas os Me 109 e os Fw 190, simplesmente os
ignorou, focados nos bombardeiros. Eles se encontraram à 21 mil pés, sobre
a pequena cidade alemã de Haselünne, próxima a fronteira holandesa.
Um ataque frontal contra os bombardeiros, exigia um elevado grau de
perícia de um piloto de caça, para ser bem sucedido. A velocidade relativa
era de aproximadamente 200 jardas por segundo, e por isso os pilotos de
caça tinha menos do que meio segundo para atirar de uma distância de 500
jardas, antes que tivessem que puxar o manche para evitar uma colisão. Para
pilotos experientes, como o Hauptmann Anton Hackl, o maior ás entre os
pilotos dos Fw 190 do III/JG 11, aquele dia seria diferente. Para um
experiente piloto, meio segundo de fogo, era suficiente para derrubar um
quadrimotor, com toda certeza. O grande perigo desse tipo de ataque, era
quando os caças passavam pela formação e eram alvejados pelos artilheiros
de ré.
O ataque durou menos do que um minuto. Então, quase que em câmera
lenta, uma sucessão de mortalmente feridos bombardeiros começaram a
sair de formação. O Grupo Nº 13, voava em duas formações, separadas
entre si de uma milha. A formação B, era constituída de 36 bombardeiros
pertencentes aos Grupos Nº 100 e 390, e o grupo que voava mais embaixo,
constituído de 16 bombardeiros, foi quem mais sofreu. Todas as seis
aeronaves da esquadrilha mais alta foram abatidos; duas das seis da
esquadrilha intermediária também, assim como, duas das quatro da
esquadrilha inferior.
Após o passe de ataque inicial, os caças alemães dividiram-se em
elementos (duas aeronaves) ou esquadrilhas (quatro aeronaves), realizaram
uma longa curva e retornaram para um novo ataque. Alguns ultrapassaram os
bombardeiros, aceleraram e posicionaram-se para um novo ataque frontal,
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outros atacaram de ré, e outros mergulharam em busca dos bombardeiros
que haviam abandonado a formação e tentavam escapar em direção ao oeste.
A partir do momento em que os caças alemães foram vistos, o Grupo
Nº 13 chamava desesperadamente por auxílio através do rádio. O Coronel
Hub Zemke, comandante do Grupo de Caças Nº 56, que liderava aqueles oito
P-47, conseguiu chegar junto aos bombardeiros, no exato momento que o
Oberleutnant Wolfgang Kretschmer da JG 1 alinhava-se para realizar um
segundo ataque. Zenke vislumbrou aquele solitário Focke Wulf abaixo de sua
aeronave e ordenou que uma de suas esquadrilhas permanecesse naquela
altitude para cobri-lo, enquanto mergulhava com seus outros quatro caças
para atacar aquele alemão.
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evitar a escolta, ao mesmo tempo em que uma segunda formação de caças
alemães posicionava-se para engajar os atacantes. De seus postos de
comando em Döberitz, próximo a Berlim, os controladores do JG1
agrupavam seus caças disponíveis naquela região da Alemanha. Esses caças,
eram os 42 Me 110 e 410 do II e do III Gruppen da Zerstörergeschwader
26 e do I e II Gruppen da ZG 76, que tinham como escolta 70 Me 109 e Fw
190 do I, II e IV Gruppen da JG 3, do I Gruppen da JG 302 e do
Sturmstaffel 1.
Esses caças atacariam dois grupos de Fortalezas Voadoras,
compostas de 51 aeronaves do 91º e 381º Grupo de Bombardeiros e de 61 do
401º e 457º Grupo, esta última voando a algumas milhas à direita do
primeiro. Mas essas duas formações, por estarem à frente dos demais
bombardeiros, eram protegidas por 80 caças Mustangs P-51 do 4º e do 354º
Grupo de Caças.
O P-47 Thunderbolt
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Conforme os Me 110 e 410 surgiam por detrás da formação de
bombardeiros, outros Mustangs os atacavam, realizando um excelente
trabalho de cobertura, abatendo rapidamente 14 caças alemães. Mas por
trás desses caças pesados, chegou a força de ataque principal, que era
constituída de 70 caças monomotores Me 109 e Fw 190. A velocidade
relativa era muito elevada, algo em torno dos 800 km/h, e tudo acontecia
muito rapidamente. Os combates duraram aproximadamente dez minutos, e
graças ao esforço dos Mustangs, as perdas sofridas foram muito menores
do que as do primeiro ataque, com apenas sete bombardeiros abatidos ou
forçados a abandonar a formação e abatidos em seguida.
Passava pouco das 13:00 horas, e as unidades atacantes estavam
posicionando-se para iniciar a corrida de bombardeio. Defendendo Berlim,
estava a 1ª Divisão da Flak (antiaérea), composta dos Regimentos Nº 22, 53,
126 e 172, com mais de 400 armas, desde os famosos 88 , passando pelos
105 e chegando aos 128mm. Conforme as formações de bombardeiros
aproximavam-se da capital alemã, entravam no inferno da antiaérea
enquanto que os caças alemães se retiravam.
Aproximando-se do alvo, os bombardeiros dividiram-se em três
grupos e alinharam-se para a corrida de bombardeio. Os primeiros a
sentirem a fúria da antiaérea foram os tripulantes da B-17 da 1ª Divisão de
Bombardeiros. A flak estava extremamente pesada neste dia, com os
projéteis explodindo à várias altitudes e extremamente densos.
Exatamente nesta hora, a meteorologia interveio e protegeu o alvo
primário, muito mais do que a flak poderia fazer. Inicialmente, parecia que
os bombardeiros líderes poderiam realizar uma corrida visual através dos
buracos existentes nas nuvens, mas no momento crítico, os pontos a serem
visados estavam encobertos, mas já tarde de mais para utilizar o ataque por
radar. Nenhuma aeronave da 1ª Divisão atingiu o alvo primário, lançando suas
bombas nos subúrbios de Berlim, mais precisamente em Köpenick e
Weissensee, que não estavam cobertos por nuvens.
Estória similar aconteceu com os bombardeios da 3ª Divisão, pois seu
alvo primário, Klein Machnow, foi perdido e eles atacaram os subúrbios de
Steglitz e Zehlendorf.
Apenas alguns bombardeiros B-24 da 2ª Divisão, a última a atacar,
atingiu seu alvo principal, a fábrica de motores aeronáutica da Daimler-Benz
em Genshagen. Os demais atacaram seu alvo secundário. A antiaérea abateu
apenas 4 bombardeiros, mas muitos foram atingidos pelos disparos,
forçando-os a abandonar a formação. Cerca da metade dos bombardeiros
que alcançaram Berlim foram atingidos pela flak.
Conforme os bombardeiros saíam da zona da antiaérea, alguns caças
monomotores alemães tentaram ataca-los, juntamente com 14 caças
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bimotores noturnos Me-110 da NJG 5, mas a escolta americana rapidamente
tomou conta da situação, afastando os Me-110, e abatendo dez.
Substituídos por Thunderbolts recém-chegados, os Mustangs
dirigiram-se para a Inglaterra, não sem antes abater um solitário Me-109,
pilotado pelo Oberleutnant Gerhard Loos, comandante da JG 54, e um dos
grandes ases alemães, então com 92 vitórias.
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e um pela flak. Das aeronaves americanas que penetraram no espaço aéreo
alemão, um bombardeiro em cada dez e um caça em cada 75, foi abatido.
Numa ação deste tipo, caça versus bombardeiro, era normal que as
perdas ficassem concentradas em algumas unidades, e nesta missão, eram
todas unidades que voavam em B-17. A unidade mais atingida foi o 100º
Grupo de Bombardeios, que perdeu 15 das suas 36 aeronaves que cruzaram a
costa holandesa, com a maioria das perdas acontecendo próximo a
Haselünne. O 95º Grupo de Bombardeios, que juntamente com o 100º Grupo,
compunham o Grupo 13B, perdeu 8 aeronaves. O 388º Grupo de
Bombardeiros perdeu sete aeronaves e o 91º perdeu seis. Esses quatro
grupos, perderam juntos, mais da metade de todos os bombardeiros que não
retornaram da missão. As demais 33 aeronaves perdidas, foram distribuídas
quase que uniformemente pelos demais 19 Grupos, sendo que seis Grupos
não sofreram perda alguma.
Em termos de pessoal, 701 homens não retornaram imediatamente da
missão. Desses, 229 foram mortos ou considerados desaparecidos em ação e
411 foram feitos prisioneiros. Treze caíram na Holanda, estabeleceram
contato com a Resistência e escaparam de serem capturados. Oito caíram no
Mar do Norte e foram salvos pelo Serviço de Busca e Salvamento da RAF.
Finalmente, os 40 homens, que estavam a bordo das quatro aeronaves que
aterrisaram na Suécia, após alguns meses, foram repatriados.
Neste dia, a Luftwaffe realizou 528 saídas de caças, dos quais,
sessenta e dois foram abatidos e 13 danificados, sendo que os caças
bimotores foram os que tiveram perdas. A NJG 5 perdeu 10 de seus 14
caças Me-110; a Zerstörergeschwader 26 perdeu 11 de seus 18 caças entre
Me-110 e Me-410. Em termos de pessoal, a Luftwaffe perdeu 42
tripulantes, incluindo dois grandes ases. Vinte e três tripulantes ficaram
feridos.
A tentativa de cortar a produção dos três alvos primários em Berlim,
foi um fracasso. Nenhum dos objetivos foi atingido efetivamente, somente
a fábrica de motores em Genshagen foi realmente atingida, por apenas um
quarto das aeronaves a ela destinada, e mesmo assim com as bombas caindo
muito espalhadas.
Por outro ponto de vista, pode-se dizer que o ataque a Berlim foi um
sucesso, pois provou ser possível daqui para frente, atacar qualquer alvo na
Alemanha, independentemente das defesas, à luz do dia, com escolta.
A 8ª Força Aérea da USAAF, rapidamente tirou lições dessa missão.
Dois dias depois, ela enviou 539 bombardeiros novamente para Berlim,
repetindo a missão no dia 9, com 490 bombardeiros e no dia 22 com 657,
sendo que nesses dias, as nuvens não esconderam a capital alemã. No total,
durante o mês de março, a 8ª e a 9ª Forças Aéreas do USAAF na
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Inglaterra e a 15ª Força Aérea da USAAF na Itália, lançaram 18 grandes
ataques contra alvos em territórios em territórios dominados pela
Alemanha, perdendo apenas, entre bombardeiros e caças, pouco mais de 400
aeronaves, e graças a logística e ao treinamento de tripulações, essas
perdas foram rapidamente repostas.
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