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CHARLES RICHET
A GRANDE ESPERANÇA
PRIMEIRA PARTE
LIVRO I
LIVRO II
LIVRO III
LIVRO I
O mundo habitual
LIVRO II
O Inabitual
CAPÍTULO I - O Inabitual na biologia
CAPÍTULO II - O Inabitual no conhecimento
CAPÍTULO III - O Inabitual no mundo material
CAPÍTULO IV – Discussão
Conclusão
Notas de Rodapé
PRIMEIRA PARTE
LIVRO I
II
Sabemos perfeitamente, não por que, mas como nasceste. Duas pequeninas
células microscópicas encontraram-se um dia (ou antes uma noite) numa úmida e
sombria caverna e tu és o resultado dessa união silenciosa.
Ora não havia senão uma célula fêmea entre cem milhões de células machos que
turbilhonavam em redor dela. O pequeno macho que teve o privilégio de penetrar a
célula fêmea, foste tu !Sim!já eras tu. De tal forma eras tu que nada mais poderia
modificar tua forma e tua evolução.
Mais tarde cresceste, tomaste a forma de embrião, de feto, de homem. Adquiriste
hábitos, ganhaste teu pão, procuraste ser amado ou amar; sentiste a sede de prazeres, de
amores, de dinheiro ou de glória. As duas células, depois de unidas para formar um ente
humano, seguiram uma rota longa e complicada.
Mas se um outro dos dez milhões de machos que volitavam em redor da célula
fêmea tivesse tido mais apetite, se tivesse mostrado mais ágil ou mais vigoroso, não
mais serias tu quem alcançaria a inefável felicidade de desenvolver-se: seria teu irmão
quem teria nascido. Portanto, bem vês que ro momento fatídico do teu nascimento
podiam ter nascido milhares de seres diferentes de ti.
Na verdade, tu és o resultado de um acaso prodigioso, porque nada poderia fazer
prever que essa célula macho fosse a privilegiada, e certamente no teu ponto de vista
pessoal é muito interessante, mas no ponto de vista geral, que tenha sido tu ou um dos
milhares dos teus possíveis irmãos, isso nada significa. Para a humanidade imensa,
nenhuma importância haveria se tivesse nascido um de teus irmãos, sendo um pouco
maior ou menor do que tu, com o nariz mais longo ou mais curto.
III