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CÂMARA DOS DEPUTADOS

LIDERANÇA DO PARTIDO POPULAR SOCIALISTA – PPS

PROJETO DE LEI N.º 1.825-A, DE 2007


(Do Senado Federal)

Assessor Técnico: Seme Fares.

Resumo: Estabelece a obrigatoriedade de uso do equipamento suplementar de retenção em veículos


(Air Bag).

Principais Pontos:

O texto original do presente Projeto de Lei, de autoria do Senado Federal, altera o Código
de Trânsito com o intuito de obrigar que todos os carros novos comercializados no País tenham o
equipamento de air bag (ou bolsa inflável) frontal para o condutor e o passageiro do banco dianteiro (ou
também conhecido como “air bag duplo frontal”).
A proposição estabelece que será o CONTRAN (Conselho Nacional de Trânsito) o órgão
responsável por estabelecer um cronograma progressivo para a implantação dessa obrigatoriedade
para os veículos comercializados no Brasil. Após decorridos 5 anos da primeira definição do CONTRAN,
a exigência do equipamento de air bag será estendida para todos os veículos comercializados no Brasil.
A exigência estabelecida neste PL não atingirá os veículos produzidos no Brasil e
destinados à exportação, que devem seguir somente, como é o habitual, as normas exigidas pelo país
importador.
O SUBSTITUTIVO DA COMISSÃO DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, INDÚSTRIA E
COMÉRCIO (CDEIC) – A única diferença entre este Substitutivo e o PL 1.825/2008 repousa no que
tange ao cronograma de implantação. De acordo com o Substitutivo da CDEIC, os air bags deverão ser
incorporados aos veículos destinados ao mercado nacional no prazo de até 3 anos após a publicação da
lei. Em outras palavras, o início da obrigatoriedade não dependeria de uma resolução do CONTRAN e se
estenderia a todos os veículos em um período mais curto.
O PL 25/2003, de autoria do Deputado Roberto Guoveia, apensado ao PL 1.825/2007,
estabelece, para o cronograma de implantação, 30% para o primeiro ano de vigência da lei, 50% para o
terceiro ano e, finalmente, 100% para o quinto ano, considerando para o cálculo da percentagem o total
produzido separadamente por cada fabricante instalado no Brasil.

Avaliação crítica:

No Brasil, os acidentes de trânsito são uma das principais causas de mortes violentas. Indubitavelmente,
a solucão desse problema passa necessariamente por uma campanha de conscientização de motoristas
e disponibilização de rodovias e estradas em condições melhores de tráfego.

Contudo, um aspecto fundamental para a minoração dessas estatísticas é a disponibilização de veículos


automotores, pelo menos os novos, com a adoção de melhores e mais equipamentos de segurança.

Pelo proposto neste PL, os veículos novos comercializados no Brasil terão como equipamentos
obrigatórios bolsas infláveis (ou equipamento suplementar de retenção ou, ainda, air bag frontal) para o
condutor e o passageiro do banco dianteiro (air bag duplo).

Se por um lado tal medida poderá impactar no preço final dos veículos automotores, por outro,
aumentará de forma significativa a segurança passiva (relativa à diminuição das consequencias do
acidente automotivo) dos veículos. O objetivo do air bag é minimizar a possibilidade de ferimentos
em uma colizão veicular. Isso porque, em uma colizão, o movimento do veículo é interrompido
abruptamente, enquanto seus ocupantes continuam se deslocando, mesmo com o uso do cinto de

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segurança. Assim, o air bag absorve e amortece o impacto do corpo dos ocupantes de maneira uniforme,
ao invés de permitir que eles se choquem contra o volante e o painel (no caso dos air bags frontais). Os
air bags, no entanto – é importante salientar – não substituem os cintos de segurança, e sim, os
complementam. Ademais, os air bags exigem um cuidado especial no transporte de bebês no banco
dianteiro.
Além disso, gastos paralelos ocasionados por acidentes veiculares, como atendimento
médico-hospitalar e de reabilitação, serão minorados. Segundo recente estudo realizado pelo Cesvi
(Centro de Experimentação e Segurança Viária), o uso efetivo do air bag entre 2001 e 2007 poderia ter
salvo a vida de 3.426 pessoas, evitado o ferimento de outras 71.047 e poupado R$ 2,2 bilhões, gastos
com perdas humanas e materiais.
Como forma de aliviar os impactos financeiros dessa medida para o consumidor final de
veículos automotores, que sofrem com um orçamento já limitado na maior parte das vezes, é preciso que
o governo federal adote a isenção do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) dos equipamentos de
air bag (hoje em 5%) e mesmo do II (Imposto de Importação) (hoje em 18%), uma vez que atualmente
esses dispositivos são importados.
De todo modo, estima-se que, com a extensão do air bag para todos os veículos
comercializados no Brasil, seu preço final caia, em consequencia de uma possível instalação de fábricas
do produto no País. Em resumo, o aumento na escala de produção, para algo em torno de dois milhões
de pares/ano, no mínimo, incentivaria a nacionalização e o barateamento do air bag.
De autoria do Deputado Cláudio Magrão (PPS/SP), o PL 1.806/2007 é bastante mais
abrangente que a proposição em tela (vale lembrar que este PL tramita em separado ao PL 1.825/07).
Nele, além do air bag, são estabelecidos como equipamentos obrigatórios de segurança nos veículos o
cinto de segurança retrátil e o freio antitravamento (ABS). Este PL prevê, também, um cronograma
sistemático de implantação desses equipamentos, independente de uma iniciativa do CONTRAN.
Como está no PL, o CONTRAN poderá definir o cronograma quando achar melhor
conveniente. Em outros termos, a implantação do estabelecido na presente proposição dependerá
exclusivamente de uma definição do CONTRAN. Desse modo, sugerimos a APROVAÇÃO do PL 1825
com emendas que preveem, no próprio texto legal, um cronograma de implantação da obrigatoriedade
dos air bags.
É o parecer.
Brasília, 16 de fevereiro de 2009.

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