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Rede Dianova
Não há droga sem senão...
Inter-gerações
Drog@s
Saídas
Editorial
Rui Martins
Director de Comunicação
Tradicionalmente percepcionadas como escolas de crime em detrimento se consegue, ou quer, por cobro) nas prisões e do polémico Programa
do processo de reabilitação dos homens e mulheres que cometeram de Troca de Seringas piloto nos Estabelecimentos Prisionais de Lisboa
crimes, quer o sistema jurídico-penal quer os estabelecimentos prisionais e Paços de Ferreira, que redundou num fracasso total, as doenças
têm vindo a investir em mudanças necessárias que vão não só ao encontro infecciosas como as Hepatites C ou B, HIV/SIDA e Tuberculose continuam
da evolução das orientações doutrinais (integrando o código penal e.g. a ser uma realidade nos estabelecimentos prisionais, fazendo aumentar
princípios biopsicológicos, legislação especial para imputáveis entre os os custos a prazo.
16 e 21 anos, medidas substitutivas de atenuação especial da pena sem
por em causa as exigências de reprovação e prevenção do crime, medidas Por outro lado, e em termos estritamente económicos, de acordo com
de limitação dos efeitos criminógenos da prisão/contaminação do meio o Orçamento de Estado para a Justiça 2009 relativamente ao Sistema
prisional) ou dos direitos dos reclusos (civis, profissionais ou políticos), Prisional, serão investidos 4.6M€ em cuidados de saúde, 2.9M€ em
mas também às exigências da sociedade em termos de manutenção da obras de estabelecimentos prisionais e 80M€ em novos e renovados
ordem pública e da paz comunitária. estabelecimentos prisionais. Quando falha a prevenção e se instala
a crise/anomia de valores associada ao sentimento de impunidade...
Apesar destas mudanças positivas, não podemos esquecer o custo paga-se a factura, uma pesada factura para os contribuintes num ano
social, sanitário e económico que a criminalidade reveste. Segundo que se prevê económica e financeiramente já de per si debilitado.
dados estatísticos da Direcção-Geral dos Serviços Prisionais, a 31 de
Dezembro de 2007, a população prisional era de 11.587 reclusos, dos Por esperar que o investimento resulte, esta edição da EXIT foi
quais 79,5% de nacionalidade portuguesa; destes, 94% eram do sexo ao encontro de algumas das práticas inovadoras que os Serviços
masculino, 52,2% com idades entre os 25-39 anos, 30,4% com 40- Prisionais portugueses em geral e alguns Estabelecimentos Prisionais
-59 anos e 12,7% com 19-24 anos. Por tipo de crimes, num total de em particular têm logrado bons resultados com projectos piloto junto
9.260, potencialmente relacionados directa ou indirectamente com a da população reclusa.
problemática da toxicodependência, 31,4% são crimes contra as pessoas
(eg homicídios, ofensas à integridade física, violação), 27,6% crimes Este é o “princípio” que subjaz à fuga perfeita: uma ressocialização
relativos a estupefacientes (eg tráfico e consumo) e 26,5% crimes contra pedagógica e construtiva, em que o(a) recluso(a) cumpre a sua
o património (eg roubo ou furto). pena pelo crime cometido, e que direcciona o seu enfoque para o
desenvolvimento de competências e actividades que o(a) capacitarão
A nível sanitário, por força do insucesso que reveste a entrada de para um desejável regresso auspicioso à sociedade.
droga (que parece assumir-se como um rentável negócio a que não
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Estamos continuamente à procura de novas oportunidades para do mercado de trabalho. Continuam a predominar actividades
as pessoas. Ainda relativamente ao trabalho há uma coisa muito ligadas à mecânica, serralharia, cestaria, horticultura, ou neste
importante que nós ainda queremos afirmar: esse valor do trabalho momento já se abriu a formação a novas áreas, mais adequadas
só se consegue promover com intervenção de toda a sociedade e aí ao trabalho em meio livre (informática, estudo de línguas)?
as empresas são absolutamente fundamentais. O estabelecimento Dr. José Ricardo Nunes: A formação de hoje não tem a ver com a
prisional está aberto e convida as empresas, as associações empresariais, formação tradicional, do passado, da mecânica, carpintaria. Neste
os núcleos de responsabilidade social das empresas, a desenvolverem momento há já uma oferta mais diversificada de cursos de formação
projectos empresariais e de empregabilidade de reclusos dentro do profissional, e a ideia será diversificar ainda mais no futuro. O ideal será
espaço prisional. Nós temos muitos espaços que podem ser usados por ligar a formação profissional a oportunidades de contexto de trabalho. E
empresas em actividades das mesmas e que podem ser desenvolvidas mais uma vez este projecto que estamos a tentar dinamizar vai ajudar a
por reclusos dentro de estabelecimentos prisionais e que depois até que tal seja possível. Portanto, se houver oportunidades de trabalho mais
pode ser uma alavanca para a sua integração em meio livre. E temos diferenciadas, nós podemos organizar a formação prisional de modo a
já uma série de projectos, uns mais consolidados, outros menos, onde alimentar esses postos de trabalho e é nisso também que estamos
isso já acontece. Esta é uma linha estratégica de desenvolvimento da empenhados a partir daqui.
nossa parte.
Dianova: Até que ponto o ensino nas prisões deveria ter
Em relação à questão concreta da Formação Profissional como mera como conteúdos programáticos temas como a saúde, higiene,
ocupação de reclusos, eu diria que o nosso objectivo é que assim não toxicodependência e cidadania?
seja. Admito que haja casos em que não há uma verdadeira vocação para Dr. José Ricardo Nunes: Esse tipo de ensino é feito. Uma das coisas que
a formação prisional e há uma mera utilização como ocupação. Agora nós temos é o plano de combate às doenças infecto-contagiosas em
o esforço vai precisamente no sentido de desenvolver com as entidades meio prisional e uma das valências é exactamente a promoção da saúde
formadoras novas abordagens, bem como no sentido de introduzir na e a educação para a saúde e temos várias acções em todo o sistema
formação profissional que é dada módulos de formação que vão de prisional.
encontro às competências pessoais e sociais e que ajudem os reclusos
a superarem de facto, os problemas que os levaram ao estabelecimento Uma linha que vamos desenvolver ainda mais é a parceria com entidades
prisional. privadas, com associações, com IPSS, porque há muitas entidades que
muitas vezes nos batem à porta para desenvolverem acções nesse
E aí a formação prisional pode ser um instrumento para refazer a vida âmbito e o que estamos a fazer é criar um acervo e questões que
e criar uma nova dinâmica, mas melhor seria se fosse complementado merecem um melhor tratamento pelo que devem ser tratadas, quer pelo
também com esses instrumentos de aprendizagem de novas sistema prisional, quer por essas entidades que colaboram connosco.
competências. Estamos a investir genericamente no sistema. Não Realizaram-se inúmeras acções em 2008, que se encontram registadas
podemos fazê-lo da mesma forma em todos os estabelecimentos no relatório de execução do plano, pelo que uma das áreas em que
prisionais; há estabelecimentos prisionais que só têm 50 ou 60 reclusos vamos investir é nas parcerias e nos apoios a dar a essas entidades que
havendo aqui um problema de escala. Por exemplo, como se organiza trabalham connosco. Achamos isso muito importante.
formação prisional nestes casos?
Dianova: Até agora falámos do acompanhamento do recluso em
É sempre um grande esforço para se conseguir organizar uma turma, reclusão. E fora da prisão? Existem programas de apoio a ex-
tentar que haja um perfil idêntico dos reclusos, mas aí também estamos a -reclusos que lhes permitam continuar os estudos depois de
tentar trabalhar porque há um projecto que estamos a tentar desenvolver saírem da prisão, de forma a viabilizarem todo este esforço
para o ano que é de reorganização do estabelecimento prisional e das concertado entre recluso e sistema prisional na formação do
valências prisionais, de forma a criar alguma especialização por parte recluso?
dos estabelecimentos prisionais e eu penso que isso vai ajudar à Dr. José Ricardo Nunes: Eu não gostaria de falar muito nesse assunto,
dinamização de actividades e programas de uma forma mais consistente pois é da competência da DGRS. A DGRS está dentro da cadeia,
e estruturada. acompanha os reclusos durante a execução da parte privativa da
liberdade; prepara a reinserção social deles e acompanha-os a partir daí.
“A ideia é criar um sistema de evolução por fases em que os re- A nossa missão é, digamos assim, fazer a primeira parte do trabalho.
clusos, da entrada até à saída do estabelecimento prisional, vão
evoluindo de acordo com o regime, gradualmente mais próximo Dianova: Num livro provocador de Edward Bono intitulado os
da liberdade. ” “Sete Chapéus do Pensamento”, este sugere que paguemos aos
reclusos com penas longas uma pensão decente, quando forem
E é na segunda fase que teremos de investir fortemente em matéria libertados. Tal, de acordo com o autor, ajudá-los a reentrarem
de educação e de formação profissional e na última fase apostar mais na sociedade, dar-lhes-ia a noção de que tinham algo a perder
em programas de trabalho e de aproximação à vida livre e tal ainda e evitava que voltassem ao crime. Como comenta o enunciado?
vai permitir gerir melhor as ofertas formativas e as ofertas laborais de Dr. José Ricardo Nunes: Mais importante do que dar dinheiro às pessoas
modo a dar a cada recluso na fase em que se encontra, a oferta mais quando saem das cadeias é dar-lhes valores, crenças e atitudes. Acho
apropriada e mais consistente o que vai ao encontro dessa preocupação que isso é fundamental. Há uns anos atrás houve o caso de um indivíduo
de não transformar ou de evitar as actividades formativas em meras que esteve muito tempo preso, saiu e que não tinha para onde ir. E foi
actividades ocupacionais. um caso absolutamente determinante, pois esse indivíduo teve tudo
aquilo que precisava. Ou quase tudo, por isso é que o caso falhou. Esse
Dianova: Outro problema muitas vezes apontado prende-se com indivíduo teve um quarto para dormir, um alojamento para princípio
a discrepância verificada entre a formação ministrada e a oferta de vida, teve refeições disponibilizadas por uma entidade local da
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comunidade e teve um emprego. Ele saiu da cadeia, dois dias depois ele conjuntamente na promoção da reinserção social.
estava a trabalhar. Uma semana depois desapareceu. O indivíduo não Tal significa também uma política de abertura do próprio Sistema
tinha efectivamente tudo, uma vez que ao longo da execução da pena, Prisional à participação de toda a sociedade na execução de penas: uma
não conseguiu interiorizar crenças e valores que lhe permitissem depois abertura que é, digo eu, uma necessidade, pois um sistema prisional
aproveitar as oportunidades que estavam à sua espera uma vez cá fora. fechado sobre si próprio é um sistema condenado ao fracasso. O sistema
E a atitude, se calhar mais imediata a ter, depois daquele caso, era não prisional deve estabelecer pontes e articulações com a comunidade no
voltar a investir neste tipo de pessoas. sentido de favorecer a reintegração social das pessoas.
Mas eu acho que o que nós devemos perguntar é, até que ponto ter um Por outro lado, é muito importante para a comunidade saber o que se
pé-de-meia à porta da cadeia, emprego, casa, refeições é suficiente para passa no sistema prisional e colaborar com essa missão, que é uma missão
que a pessoa fique estruturada na sua vida. Se calhar é preciso trabalhar de todos, pois se não fizermos isso é a nossa própria segurança que está
interiormente com as pessoas, no sentido de ajudá-las a criar referências em risco. As sociedades transformam-se em bunkers, em ilhas isoladas e
e a treinar outro tipo de âmbitos que depois cá fora lhes permitam viver tal não pode ser. Cada recluso que saia do estabelecimento prisional sem
de acordo com as regras da comunidade. estar devidamente preparado é potencialmente o agente de novo acto
delinquente e isso pode pôr em risco qualquer pessoa. E todos temos de
A prisão é muito infantilizadora, porque há horas para tudo: para contribuir para esta tarefa que não pode ser só delegada no Estado.
levantar, para comer, há médicos, e as pessoas são infantilizadas
nessa instituição total que é a prisão. Efectivamente o nosso esforço O Sistema Prisional está aberto à colaboração de todos. Por exemplo,
e reorganização dos estabelecimentos prisionais vai no sentido de no âmbito do Projecto PGISP foi preparado um programa de gestão de
ajudar as pessoas a criarem competências, progressivamente, que lhes voluntariado que em breve será aprovado para o Sistema Prisional e vai
permitam depois cá fora, terem outro tipo de estruturação que lhes ser fortemente dinamizado em todo o sistema no próximo ano, sendo
permita, ter um emprego, um esquema de apoio, terem capacidades, este um sinal muito importante da nossa parte de abertura e de convite
ferramentas, competências que lhes permita aproveitar oportunidades. E às entidades e aos voluntários a que participem connosco nesta empresa
isso é o que fica nas pessoas. Porque o emprego evapora-se, o dinheiro de ressocialização dos reclusos.
gasta-se, muda-se de casa. Agora essas competências adquiridas ficam
dentro das pessoas e são essas competências que permitem que a pessoa Dianova: Qual a ideia central ao Pacto de Cooperação pela
aja de forma responsável. É a velha história: “não me dês peixe, ensina- Reinserção Social dos ex-reclusos?
-me a pescar”. Dr. José Ricardo Nunes: A ideia chave é este compromisso de todos. De
todos deverem participar nesta ideia de sinergia, de trabalho em rede
Dianova: Até que ponto penas mais longas costumam ou podem em torno do trabalho com delinquentes e da participação de todos os
vir a transformar criminosos de circunstância em criminosos sectores da sociedade nesta empresa. A grande aposta deste Pacto de
inveterados, dada a influência de outros reclusos? Até que ponto, Cooperação é o estabelecimento de sinergias e de redes entre todos,
determinados delitos “leves” não deveriam ser substituídos por porque se as instituições ficam isoladas, bem como o sistema prisional,
trabalho comunitário (e não absolvição total ou reclusão)? este não consegue trabalhar e não consegue melhorar.
Dr. José Ricardo Nunes: Essa é a questão da pena de prisão e das
alternativas à pena de prisão.
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Após esta avaliação devemos accionar todos os meios disponíveis para prisionais no âmbito da toxicodependência, registou uma adesão
os reclusos serem reencaminhados para o tratamento mais adequado nula. Falo do Programa Troca de Seringas. Até que ponto este
à sua personalidade e à sua dependência de substâncias e por isso não funciona como entrave aos restantes programas em meio
existem vários tipos de tratamentos no Sistema Prisional. prisional que visam combater o consumo de estupefacientes,
como sendo a Unidade Livre de Drogas?
Dianova: Que mecanismos de controlo têm vindo a ser adoptados Dr.ª Ana Gomes: O programa de troca de seringas é um programa
de forma a evitar que a droga entre nas prisões? baseado na redução de riscos e dados e nesse sentido é uma
Dr.ª Ana Gomes: Relativamente ao controle e detecção de produtos aproximação do indivíduo toxicodependente aos Serviços de Saúde.
estupefacientes, são efectuadas revistas minuciosas aos visitantes, seus Em meio prisional, este programa está a decorrer noutros
haveres e produtos a serem entregues aos reclusos. Como meio auxiliar estabelecimentos que não este não possuindo dados que me permitam
temos a máquina de raio-x. Após o contacto físico entre visitantes e avaliar a situação.
reclusos, no regresso da visita são estes revistados minuciosamente.
Dianova: Até que ponto não deveria ser feito um maior
Dianova: Como funciona todo o processo de admissão e investimento neste programa de tratamento, no sentido de
tratamento na Unidade Livre de Drogas? alargá-lo a mais estabelecimentos prisionais, tendo em conta o
Dr.ª Ana Gomes: O processo de admissão é totalmente voluntário por seu sucesso junto da comunidade prisional?
parte do recluso e este é sujeito a um processo de avaliação psicológica Dr.ª Ana Gomes: O Estabelecimento Prisional do Porto, assim como,
e no momento da entrada tem que estar totalmente abstinente de todo o Sistema Prisional está preocupado com esta questão havendo
todas as drogas, facto comprovado por análises de metabolitos na um esforço para o alargamento dos Programas Livres de Drogas.
urina. Aliás, neste momento, a nossa Unidade está num período de
remodelação para assim possibilitar maiores condições físicas e
Dianova: Quais são as grandes linhas condutoras e de força da técnicas.
ULD?
Dr.ª Ana Gomes: A Unidade Livre de Drogas é um tratamento baseado Dianova: Acha que existe pouca informação em Portugal sobre o
em comunidade terapêutica com uma abordagem cognitivo- problema do consumo de estupefacientes? E junto dos reclusos?
-comportamental e motivacional. É baseado num sistema de hierarquia Como é gerida e disponibilizada tal informação?
e tem como objectivos não só a resolução de problemas relacionados Dr.ª Ana Gomes:
com a dependência como com a delinquência. Existe, também, uma
abordagem sistémica, havendo um projecto com as famílias dos “Actualmente o problema não será a informação mas sim a
reclusos e com os ex-reclusos que frequentaram o programa. desinformação. Os nossos jovens adquirem as suas informações
sem nenhum critério o que leva a estereótipos e informações
Dianova: A ULD deve possuir uma equipa multidisciplinar, de
acompanhamento efectivo e global ao recluso em tratamento.
que são mal geridas. ”
Por que tipos de profissionais é constituído o grupo de trabalho Junto dos reclusos a informação mais sistematizada é fornecida
de uma ULD? quando estes estão inseridos em Programas Terapêuticos, havendo
Dr.ª Ana Gomes: A Unidade Livre de Drogas tem uma Equipa regida pelo também algum cuidado por parte dos Técnicos de Reeducação para os
Director e constituída por uma Psicóloga, uma Técnica de Reeducação, sensibilizar para algumas questões.
um Psiquiatra e um Sub-Chefe Principal da Guarda Prisional. Além
destes elementos, os reclusos têm acesso a todos os Serviços de Saúde
disponíveis no Estabelecimento Prisional, assim como, acesso à Escola
e ao Desporto.
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“Antes pelo contrário, o que se está a fazer é dotar estes jo- apresentadas pela DGRS para o acompanhamento destes jovens?
Dr.ª Leonor Furtado: Os jovens têm família. Uma família que lhes dê
vens de uma dupla certificação da sua formação na vertente mais ou menos apoio, mas quase todos estes jovens têm família. Mas
educativa e na vertente profissional porque o objectivo é que sempre que isso não ocorre, o que os serviços de reinserção fazem, é
estes tenham um emprego quando terminarem o cumprimento trabalhar em conjunto com as parcerias que temos na comunidade
da medida. ” e, ao abrigo da lei que temos da protecção, pedir que seja aplicado
a este jovem – se for menor de 18 anos – uma medida de protecção
E para isso terá que se apostar cada vez mais na formação profissional e que lhe permita autonomia de vida. Como seja colocá-lo numa casa,
na inserção laboral. proporcionar-lhe o arrendamento e arranjar-lhe emprego.
Dianova: Alguns destes jovens integram os Centros Educativos Há aqui uma articulação directa com os serviços que proporcionam
por más práticas ligadas ao consumo de estupefacientes. Como é protecção e o tribunal. Este é o trabalho que se faz em termos de apoio
tratado e trabalhado o tema do consumo de droga nos Centros a estes jovens. Paralelamente o que se pretende é que efectivamente
Educativos e pela própria DGRS? o jovem esteja preparado para, ao regressar à comunidade, integrar-se
Dr.ª Leonor Furtado: Felizmente, no que diz respeito à população que na mesma. Mas é preciso não esquecer que este é todo um trabalho
se encontra em Centros Educativos, não existem muitos jovens com em rede da própria comunidade. É preciso que também nestas haja
comportamentos aditivos sérios. Alguns têm consumos esporádicos respostas. Se este jovem volta para a comunidade e, no sitio onde está
ou consumos de drogas menos pesadas, mas não há um problema não tem emprego, não lhe é fornecida a possibilidade de se empregar,
verdadeiro de toxicodependência. não tem uma organização que o apoie, ao fim de 2 ou 3 meses o jovem
volta para o seu grupo de pares, para o seu comportamento anterior
Quando ocorre uma situação de um jovem que necessita de tratamento, porque não foi possível estabelecer o trabalho de rede que se desejaria.
isso é-lhe observado através de acordos que temos, quer com os
CRIs, quer com o IDT, com quem estabelecemos protocolos para “Há um trabalho muito grande em termos de investimento das
permitir o acompanhamento desses jovens. Portanto esse trabalho é redes na própria comunidade para que se possa segurar o jovem
imediatamente feito, porque nenhum jovem entra no Centro Educativo que sai. Por isso é que uma das nossas vertentes de trabalho é
sem uma avaliação psicológica e uma avaliação da sua realidade em
termos de saúde. Muitas vezes é o próprio Tribunal que obriga o jovem
a inserção laboral: ”
ao tratamento. apostar na formação profissional e apostar na capacidade de
trabalharmos com as entidades da comunidade que possam garantir
Dianova: Foi também anunciada a medida de redução dos a empregabilidade destes jovens.
Centros Educativos para 5. Qual o objectivo desta diminuição?
Dr.ª Leonor Furtado: O que aconteceu foi que ocorreu uma reforma Dianova: Reduzir a imputabilidade criminal para os 14 anos
nos Centros Educativos e a solução técnica encontrada passou pela parece-lhe uma medida razoável no combate à criminalidade
redução do número de estabelecimentos com essa finalidade numa juvenil?
lógica de concentração de unidades sem diminuir a qualidade da Dr.ª Leonor Furtado: Não, de maneira nenhuma. Porque reduzir não
intervenção técnica que se faz e proporcionando, não só melhor vai resolver o problema. Não é colocando estes jovens numa cadeia
intervenção técnica, como também racionalizando os custos e a que se vai conseguir que eles reconvertam o seu comportamento mais
qualidade de intervenção. depressa. Pelo contrário: se tivesse possibilidade de legislar, o que faria
era aumentar a idade da imputabilidade. Do trabalho que nós temos feito
Nós tínhamos Centros Educativos com um número muito limitado e do estudo dos nossos jovens, a maioria dos mesmos têm uma média
de jovens, designadamente 4, e um rácio de trabalhadores elevado. O etária de 16/18 anos. O que significa que vão cumprir a medida até aos
que é que isso significava? Que o custo desses jovens era demasiado 20/21 anos – máximo que a lei permite. Portanto, não é colocando-os na
elevado. Porque uma unidade que funciona com 10 jovens tem de ter prisão que nós conseguimos que eles reconvertam.
10 técnicos pois eles trabalham em turnos e nós temos que garantir
as folgas, o cumprimento da lei em matéria de horário de trabalho. A solução seria aumentar a idade da imputabilidade. Neste momento
Paralelamente, há custos fixos, como sejam os custos de financiamento estamos a trabalhar para ver até que ponto é possível aumentar a
com a vigilância, a alimentação, a lavandaria e são custos que estão duração das medidas educativas, e trabalhar um pouco melhor quer ao
associados ao funcionamento. nível da formação, quer da formação profissional, no sentido de se poder
capacitar mais e melhor os jovens, se em vez de se ter uma medida de
Por outro lado é evidente que a intervenção que é feita para 40 3 meses tivermos uma medida de um ano. Assim, por exemplo, pode-se
jovens, em termos de acções de formação profissional, é muito mais realizar um melhor trabalho de reconversão do comportamento. Desta
rentável e de melhor qualidade do que se forem para 4. Primeiro forma já é possível eu trabalhar este jovem de forma a proporcionar-lhe
porque é muito caro; segundo porque não é possível ter formadores uma formação profissional e permitir que com um trabalho de rede se
para quatro jovens. Por isso houve que repensar estas prioridades em possa encontrar um emprego cá fora.
função daquilo que seria a melhoria da intervenção técnica e de uma
ponderação do rácio custos/benefícios equilibrada, de forma a permitir Nós temos que ser realistas e teremos que pensar que não é pelo
uma melhor intervenção. facto de colocarmos um jovem numa cadeia, que se vai fazer a melhor
prevenção da criminalidade. Muito pelo contrário. Tendo em conta
Dianova: Alguns dos jovens que ingressam na criminalidade e de que na cadeia o jovem não é obrigado a ser educado para o direito,
seguida nos Centros Educativos não têm ou são rejeitados pela a cumprir algumas regras que enquanto jovem é obrigado a fazer – é
família. Cumprida a sua estada nos mesmos, quais as soluções essa a finalidade da intervenção tutelar educativa – muito mais depressa
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vai voltar a delinquir. Portanto não vejo que o abaixamento da idade
da imputabilidade constitua a solução adequada para o combate à “Trata-se de um conjunto de sub-projectos vasto e que encon-
criminalidade juvenil. trou na iniciativa comunitária EQUAL um apoio muito grande
que permitiu o seu desenvolvimento em 5 Estabelecimentos Pri-
sionais piloto. ”
Ao longo deste tempo, foram-se implementando estes projectos,
qualificando as pessoas e capacitando-as para intervir do ponto de vista
prisional, esbatendo as barreiras funcionais e corporativas entre o que
é o papel do guarda e dos restantes funcionários do estabelecimento
prisional, por meio de iniciativas transfuncionais que pensem o
estabelecimento prisional e o recluso como um todo, sendo este um
dos grandes ganhos do PGISP.
Global Change Dianova: E como tem sido a aceitação destes projectos nos cinco
estabelecimentos prisionais piloto?
Dianova: Em que consiste o Projecto Gerir para Inovar os Dr. Pedro das Neves: Têm tido um sucesso muito grande, quer ao nível
Serviços Prisionais? da própria integração do discurso, uma vez que os reclusos participaram
Dr. Pedro das Neves: O Projecto Gerir para Inovar os Serviços Prisionais, no desenvolvimento e no desenho de algumas das acções, numa óptica
é um projecto que nasceu em 2004 a partir de uma necessidade da de cliente; quer ao nível dos técnicos, pelo envolvimento que tiveram
própria Direcção-Geral dos Serviços Prisionais no sentido de encontrar na construção do projecto e em todo o processo formativo. Estes são
algumas práticas, por um lado ao nível da organização, por outro lado indicadores claros do impacto a nível interno e, portanto, desse ponto
da própria qualidade do serviço que é prestado em meio prisional. de vista a aceitação foi bastante grande.
Essa primeira iniciativa, que teve por base uma acção de formação
que envolveu todos os dirigentes – directores dos serviços prisionais, Neste momento, o que se está a fazer é a disseminação para outros
subdirectores – e que fez levantar todo um conjunto de questões sobre estabelecimentos prisionais nomeadamente para os prisionais
a uniformização de processos e procedimentos dos estabelecimentos “gémeos”, que em conjunto com os prisionais piloto estão a trabalhar
prisionais, mas sobretudo alguma diversidade de práticas aos mais a implementação dos projectos junto dos mesmos.
variados níveis: do envolvimento da própria comunidade, dos projectos
que desenvolve e inclusivamente da intervenção que têm com os Há de facto uma mudança comportamental e, como tal, muitas das
próprios reclusos. intervenções são trabalhadas com o recluso. Ao trabalhar com o
recluso estamos a fazê-lo de uma forma que ele valoriza e que faz
Levantada esta questão e havendo um conjunto de boas práticas com que os próprios reclusos percebam a mais-valia da participação
já no próprio sistema, começou-se a pensar que seria interessante nestas actividades como a construção do guia para a liberdade ou
haver um projecto que provocasse a uniformização de práticas e no empreendedorismo. Este é um processo progressivo onde todo
de processos e de procedimentos nos estabelecimentos, de forma a o trabalho desenvolvido começa a fazer parte da prática diária do
haver uma uniformização do sistema prisional, então constituído por estabelecimento.
55 estabelecimentos prisionais, sendo natural que se começassem a
defender alguns padrões de qualidade. Para além disso, procurou-se Cada intervenção tem critérios de participação: o projecto
que estes estabelecimentos pudessem desenvolver algumas práticas Empreendedorismo em Meio Prisional só é feito com reclusos que
diferentes e inovadoras dentro do sistema, utilizando um conjunto estão perto de finalizar a pena, para preparar a sua transição à vida
de tipologias que capacitam as pessoas do próprio estabelecimento, no exterior. Relativamente a outros projectos, aquele que acho muito
estejamos a falar de técnicos ou estejamos a falar dos reclusos, na interessante é o denominado “Um Dia na Prisão”, que leva os jovens
construção do seu caminho para o exterior e para a sua reinserção a visitarem um estabelecimento prisional. Também aqui os reclusos
social. têm de ser escolhidos com muito cuidado, pois irão partilhar as suas
experiências com os mais novos: explicar porque estão ali, qual o
Portanto, o projecto tem desde o início esta abrangência. Em momento da vida que deixaram de controlar, determinado tipo de
determinado momento surgiu a oportunidade de realizar um projecto situações.
com esta complexidade juntamente com a iniciativa comunitária Dianova: Falou-me do projecto “Um dia na prisão”. O que se
EQUAL: por um lado trabalhar do ponto de vista de criação de pretende exactamente com esta iniciativa?
novos processos, da implementação de níveis de monitorização nos Dr. Pedro das Neves: “Um Dia na Prisão” tem como principal objectivo
estabelecimentos prisionais, no desempenho dos processos a pensar sensibilizar jovens que possam ter algumas situações de risco –
a sua própria qualidade interna; e, por outro lado, abranger áreas que nomeadamente de delinquência, situações na escola – e mostrar
tenham a ver com o apoio à reinserção social, com projectos como o exactamente o que é estar preso. Isto implica um trabalho muito
Empreendedorismo em Meio Prisional, o Guia para a Liberdade em que grande de preparação dos professores, pois tem de haver um trabalho
o recluso constrói o seu próprio portofólio; ou Gestão de Voluntariado. prévio dos jovens para aquele dia: o que vai acontecer, não no sentido
de como se vai passar o dia, mas de sensibilização das questões do
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Mas trabalhar em parceria não é fácil e por isso a EQUAL investiu na Como se refere na nota de abertura da publicação, os projectos “…
formação das entidades participantes no programa e dos seus técnicos, abordaram novas formas de trabalhar em conjunto, novos programas de
através de cursos de pós-graduação organizados em cooperação com 5 formação para os agentes prisionais e de reinserção, novas intervenções
Universidades sobre “Como gerir projectos em parceria”, curso este que para os(as) (ex)reclusos(as), criando mais oportunidades para a sua
ainda hoje se mantém em algumas das Universidades participantes. reintegração social e profissional, reorganizaram-se serviços em contexto
prisional, investiu-se na comunicação interna e numa nova cultura de
Uma das ferramentas desenvolvidas a nível europeu na EQUAL – Project abertura e de partilha de conhecimento, numa gestão de qualidade,
Cycle Management – tem sido objecto de acções de disseminação, orientada para os resultados e mais focalizada na população reclusa…”.
nomeadamente, para as associações empresariais e organizações do
3º sector, através da formação de formadores e da formação dos seus Uma das grandes mais-valias identificadas pelas entidades foi a
técnicos com o objectivo de dotar as organizações com uma ferramenta abordagem focalizada na população reclusa e a cooperação desenvolvida
que lhes permita conceber, planear e implementar projectos com pelos diferentes grupos profissionais no interior dos estabelecimentos
qualidade. prisionais, ultrapassando barreiras anteriormente existentes e criando
uma nova cultura de trabalho.
Por último e não menos importante foram as competências adquiridas
on the job pelas organizações e técnicos participantes no programa. O Dianova: Qual a visão da EQUAL sobre o problema da
cumprimento dos requisitos exigidos pelo programa na implementação toxicodependência, quer na sociedade civil, quer especificamente
dos projectos obrigou as entidades e os técnicos a investirem em na sociedade prisional? Houve algum programa neste sentido, de
aprendizagens em temas tão diversificados como balanços de combate à toxicodependência?
competências, metodologias de empowerment, auto-avaliação, Dr.ª Ana Vale:
igualdade de género, trabalho em parceria.
“A toxicodependência é um dos obstáculos à integração social
A participação das Parcerias de Desenvolvimento nas redes temáticas foi e profissional das pessoas e um dos problemas que mais afecta
um dos meios mais férteis de concretização de aprendizagens, através a população reclusa. ”
da partilha de experiências e de conhecimento e da reflexão conjunta.
A sua abordagem pelos projectos EQUAL foi feita num contexto
Todos os participantes no programa são unânimes em reconhecer abrangente de integração social e profissional. Neste contexto, as
o enorme capital de competências que acumularam através da entidades que se dedicam à resolução do problema da toxicodependência
participação na EQUAL. foram chamadas a integrar as Parcerias de Desenvolvimento e a participar
na experimentação desenvolvida. Mais do que combater apenas a
Dianova: Quais os principais parceiros da EQUAL na toxicodependência os projectos preocuparam-se em experimentar
implementação, acompanhamento e realização dos programas a abordagens mais abrangentes como, por exemplo, procurar resolver os
que se propõem? problemas que levaram à toxicodependência, sensibilizar os empregadores
Dr.ª Ana Vale: Há que distinguir o nível dos projectos e o nível do para a integração profissional dos ex-toxicodependentes, etc.
programa. Ao nível dos projectos, encontramos uma grande variedade
de parceiros tais como, autarquias, organismos da Administração Pública Dianova: Na semana passada a EQUAL fez o balanço dos 8 anos.
que fazem parte do nosso sistema educativo, de formação e emprego, E agora? De que forma todo o movimento de inovação social da
associações patronais e sindicais, empregadores, IPSS, ONG, entre as EQUAL será levado a cabo? E por quem?
quais se contam as entidades representativas dos diferentes grupos mais Dr.ª Ana Vale: A continuidade do movimento de inovação social
vulneráveis da nossa sociedade (pessoas com deficiência, imigrantes, dependerá, em grande parte, das entidades e dos técnicos que nele
toxicodependentes, etc). participaram na medida em que, ao longo destes anos, tiveram a
Ao nível do programa os parceiros são fundamentalmente entidades oportunidade de compreender a importância e a necessidade do
com responsabilidades na definição e execução das diferentes políticas, investimento permanente em inovação se quiserem acompanhar as
pertencentes aos Ministérios da Educação, do Trabalho e da Solidariedade, mudanças sociais e quiserem garantir eficácia e eficiência às suas
intervenções.
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Por outro lado, estão disponíveis soluções inovadoras, em número muito farmacológica de substituição opiácea (Metadona) ou de Antagonista
significativo e em áreas muito diversificadas, que poderão ser utilizadas (Subutex).
por quem estiver interessado em melhorar as suas práticas. Estão
capacitadas entidades e técnicos para as utilizar e, ainda, para apoiar os Dianova: Até que ponto o programa Troca de Seringas, ao
que estiverem interessados em se apropriar delas. tentar resolver um problema, não estará a perpetuar outro que
é o da toxicodependência? Não terá a Reinserção Social destes
Por último, os responsáveis pela definição e execução das políticas cidadãos de passar, primeiro que tudo, pelo tratamento da sua
sociais têm ao seu dispor instrumentos, devidamente testados e toxicodependência?
validados, que lhes permitem definir novas orientações, para a acção Dr.ª Conceição Fernandes: A abordagem à toxicodependência e ao seu
e o financiamento das políticas públicas que lhes dêem mais eficácia e tratamento é um processo complexo, e muitas vezes com velocidades
eficiência e contribuam para uma melhor integração social e profissional díspares, de caso para caso. O Plano de Tratamento poderá exigir
dos grupos mais vulneráveis da nossa sociedade. metodologias de intervenção diferentes, conforme o estádio de evolução
do caso.
O objectivo
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Tema de Actualidade 15
Detectado o problema e definido o objectivo, foi então desenhada e 1. Auscultação de necessidades e expectativas dos destinatários
implementada uma estratégia de intervenção que implicou a nomeação 2. Desenho de áreas de intervenção
de pares de gestores do voluntariado em todos os Estabelecimentos 3. Recrutamento e Selecção de voluntários/as
Prisionais e a formação das equipas, capacitando-as para a implementação 4. Enquadramento e formação
de programas de Gestão do Voluntariado de acordo com as seguintes 5. Supervisão
etapas: 6. Reconhecimento
Nomear e formar gestores de voluntariado 7. Avaliação
Em cada prisão piloto foram nomeados e formados pares de gestores -Monitorização
de voluntariado (um Técnico/a e outro do Corpo da Guarda Prisional) de -Divulgação de resultados
modo a articular competências operacionais chave. -Avaliação de impacto
Elaborar e implementar a estratégia de Gestão do Voluntariado As áreas que detêm actualmente maior número de voluntários e reclusos/
Desenho da proposta de estratégia de gestão por uma equipa de inovação as apoiados/as são o apoio espiritual e religioso, as competências pessoais
que desenvolveu o Produto. Composto por um manual de procedimentos e relacionais, a cultura e arte, o desporto e estilos de vida saudáveis e a
para a gestão do voluntariado, um manual do formador de voluntários ligação com a comunidade de origem e de inserção.
e um manual do formando voluntário, este produto funcionou como
pilar da disseminação e implementação de novas práticas em todo o Se atendermos às que apresentaram maior crescimento, temos em 1º
Sistema Prisional. Ao integrar a perspectiva organizacional, a perspectiva lugar a ligação à comunidade de origem ou de inserção, que coincide
da população reclusa e a das organizações de voluntários, garantiu a com a primeira preferência da população reclusa; em 2º a cultura e a arte
participação destes stakeholders. e em 3º as competências pessoais e relacionais.
Foi assim possível implementar Programas que incluem a auscultação Os resultados alcançados nos EP Piloto traduzem uma evolução muito
de necessidades e expectativas dos destinatários, a selecção de áreas satisfatória. Claramente acima do objectivo inicial, espelham a eficácia
de intervenção a atribuir a cada voluntário tendo em conta a estratégia da estratégia seleccionada e legitimam a actual disseminação do modelo
organizacional, as expectativas da população reclusa e as aptidões dos/ em todo o país.
as voluntários/as, a angariação e selecção de voluntários, o acolhimento
e formação específica para o meio prisional, sessões de supervisão, Nota: Da parceria PGISP fazem parte o Centro de Estudos e Formação Penitenciária da
estratégias de incentivo à permanência dos/as voluntários/as incluindo o Direcção-Geral dos Serviços Prisionais (que coordena), quatro Prisões Piloto (Central
reconhecimento e a metodologia de avaliação do Programa. de Sintra, Especial de Leiria, Central de Castelo Branco e Regional de Beja), a Global
Change, a BDO e o INDEG, a Direcção-Geral da Administração e do Emprego Público e
Monitorizar Resultados o Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional.
Foram elaborados planos de actividade para cada prisão piloto e os
resultados são monitorizados trimestralmente. Do modelo de avaliação
fazem parte os indicadores “número de reclusos por Estabelecimento
Prisional apoiados por área de intervenção” e “número de voluntários
de execução com regularidade e de execução ocasional por área de
intervenção e por Estabelecimento Prisional”.
Divulgar o Progresso
Esta iniciativa privada repartirá os seus lucros com a Dianova, uma ONG
que proporciona soluções educativas a adolescentes e adultos com
problemas de comportamento e toxicodependência. Futuramente o
Parque irá adaptar os circuitos a pessoas com deficiências. Sem dúvida
um desafio de elevado nível para todos os participantes.
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intrusiva de forma a responder à complexidade acrescida que alguns deles reclusos dos Estabelecimentos Prisionais portugueses, o peso relativo
apresentam. desta problemática representa cerca de 22% do total, o que equivale a 2
mil e quinhentos reclusos por ano que contactam com o Sistema Prisional,
Estes casos são inseridos em Programas de Intervenção dirigido a condenados por crimes relacionados com a condução de veículos.
reclusos e/ou a problemáticas específicas, programas estes baseados nas
experiências da prática e suportados por um enfoque teórico, aplicados Face a este cenário preocupante, a Direcção-Geral dos Serviços Prisionais
por técnicos com formação específica, orientados para objectivos, e iniciou um Programa de Intervenção Técnica dirigido a reclusos
fortemente monitorizados/avaliados. A sua dinâmica implica uma total e condenados por esta tipologia de crimes em vários Estabelecimentos
incondicional entrega do recluso, já que no decorrer desses programas, o Prisionais do País, com representatividade face ao universo de reclusos
mesmo será repetidamente confrontado com a problemática em causa, e com dispersão equitativa por região do país, envolvendo na sua fase
compelindo-o a reavaliar-se, a reposicionar-se e a redefinir o seu papel experimental um total e 75 reclusos.
no seio da sociedade.
Tem como objectivos a Prevenção Geral do Crime, a Prevenção primária
O Álcool e Drogas e a condução de veículos da Reincidência, a Educação para o Direito e a Educação para a Cidadania,
procurando aumentar nos reclusos os seus conhecimentos sobre os
As bebidas alcoólicas, particularmente o vinho, são das mais antigas e efeitos do abuso de álcool e estupefacientes na condução, o conhecimento
mais consumidas em todo o mundo, sendo Portugal um dos países em sobre as consequências de uma condução sem habilitação legal e a
que o seu consumo, por habitante, é mais elevado. A sua ingestão não modificação do comportamento infractor na estrada.
moderada, para além das graves consequências que acarreta para a saúde,
está na base de inúmeros problemas financeiros, familiares e sociais e o Trata-se de uma metodologia de intervenção que recorre ao paradigma
seu consumo, mesmo que não excessivo, é causa, directa ou indirecta, de cognitivo-comportamental, com especial ênfase na mudança de
inúmeros acidentes de viação de que resultam milhares de vítimas. comportamentos a partir da reestruturação cognitiva de um padrão
de resposta desadequado face a uma situação/problema. Faz recurso
Devido ao efeito que provocam em grande parte dos consumidores, as a materiais e técnicas pedagógicas que visam a descentração, o
bebidas alcoólicas são muitas vezes tidas como estimulantes que activam pensamento consequencial, a empatia para com a vítima e mudança
os processos físicos e mentais. Mas a realidade é bem diferente: o álcool de atitudes com vista à alteração de comportamentos.
é, de facto, um depressor que prejudica as capacidades psicofisiológicas
mesmo se ingerido em pequenas doses. Decorre em sessões de grupo e é composto por 8 sessões com duração
média de 60 minutos, prevendo uma componente avaliativa, quer da
A acção do álcool no sistema nervoso origina efeitos nefastos que eficácia (impacto do programa nos utentes), a partir a comparação dos
prejudicam o exercício da condução: audácia incontrolada, estados de dados recolhidos numa avaliação inicial e final, quer da eficiência (ao nível
euforia, sensação de bem-estar e de optimismo, com a consequente dos procedimentos e integridade do Programa), estando previstas sessões
tendência para a sobrevalorização das próprias capacidades, quando, de follow-up após o decorrer do curso e até à libertação definitiva.
na realidade, estas já se encontram diminuídas; perda de vigilância
em relação ao meio envolvente, uma vez que sob a influência do álcool Paralelamente ou faseadamente a esta intervenção, e sempre que a
as capacidades de atenção e de concentração do condutor ficam dimensão da problemática da adição assim o justifique, após avaliação e
diminuídas; perturbação das capacidades sensoriais, particularmente as indicação médico-psicológica, os reclusos condenados por condução sob
visuais, em que a presença de álcool no sangue reduz a acuidade visual, o efeito do álcool ou de drogas serão acompanhados pela especialidade
quer para perto, quer para longe e leva à alteração dos contornos dos médica adequada, com vista ao tratamento da problemática específica
objectos, quer estáticos, quer em movimento, etc. associada ou na origem do Delito Rodoviário, através da articulação entre
os Serviços Técnicos Prisionais e as Unidades de Alcoologia do Instituto da
Por outro lado, a ingestão de bebidas alcoólicas, mesmo em pequenas Droga e Toxicodependência.
doses, pode transformar uma pequena contrariedade num problema
exacerbado e dar origem a estados de agressividade, frustração, depressão
ou outros que são, normalmente, transferidos para a condução, com
todos os riscos que isso comporta.
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Inter-Gerações
uma avaliação Pos-hoc que chegou às seguintes conclusões: repensar o seu próprio percurso.
Em função das respostas agora descritas, o Projecto teve um impacto Sugerindo uma maior e mais directiva formação dos reclusos, os
muito favorável nos Alunos, sem por um lado referirem ansiedade/ Guardas Prisionais parecem ser um pouco mais pragmáticos e até
medo que possam levar a pensar em efeitos negativos inerentes cépticos no que respeita a mudanças nos reclusos/más influências sobre
à visita, nem por outro lado paradoxalmente ter dado a ideia que a os jovens. Apesar disso salientam mudanças na percepção que alguns
vida na prisão é um tempo agradável e lazer. Muitos reflectem sobre a reclusos têm de si próprios e no facto de se mostrarem arrependidos.
privação de liberdade.
Os Directores/Chefias, à semelhança dos conselhos executivos, estão
Os Pais e outros Encarregados de Educação demonstraram, representadas em menor número e apresentam uma visão mais externa
na generalidade, ter conhecimento do Projecto em que os filhos/ salientando a dificuldade em gerir os recursos humanos (escassos).
educandos estiveram envolvidos salientando, ainda, um grande número Não obstante, consideram consensualmente o Projecto sustentável e
de benefícios decorrentes desta experiência. Salientam muitas vezes a pertinente.
aquisição de uma percepção nova da realidade associada à mudança
de comportamentos anteriores inadequados. O despoletar de emoções
fortes constitui simultaneamente, uma das maiores preocupações dos
responsáveis e um dos “motores” de mudanças surpreendentes. Na
generalidade apoiam e incentivam a continuação do Projecto.
Um dos aspectos mais peculiares a realçar nos Reclusos prende-se “Eu não gosto de ser preso. Eu nunca mais vou andar em motas
com a surpresa manifestada por constatarem a existência de jovens roubadas. Nem carros.”, Miguel
bastante novos e já conhecedores dos meandros do crime. O outro
aspecto que emerge desta avaliação relaciona-se com o impacto do “Isto está a fazer-me pensar… Está mesmo…”, Anónimo
Projecto neste grupo que, destaca como preocupação “renovada” a
educação dos próprios educandos. “Quando se vai para a prisão, para além de nós, há muitas
outras pessoas que sofrem, como por exemplo os nossos pais, os
No que concerne aos Técnicos dos EP’s salienta-se a percepção de verdadeiros amigos, filhos e por isso não é bom para ninguém.”,
mudanças nos reclusos que, através da sua contribuição para um Ana
futuro melhor destes jovens se sentiram gratificados e capazes de
Drogas
http://www.restorativejustice.org/
O Prison Fellowship International Restorative Justice Online é o portal da teoria da justiça que enfatiza o factor reparador
do dano causado ou manifestado pelo comportamento criminal, assente em três princípios: a justiça requer que se tra-
balhe para restaurar aqueles que foram vitimizados; os que foram directamente envolvidos e afectados pelo crime devem
ter oportunidade de participar na resposta desejada; e o papel do Estado é preservar a ordem pública e o da comunidade
criar a paz. Saiba mais sobre este novo paradigma da justiça a nível dos debates internacionais actuais e das reformas de
sistemas de justiça penal da actualidade.
http://www.dgsp.mj.pt/ e http://www.dgrs.mj.pt/
Nos sites da Direcção-Geral dos Serviços Prisionais e da Direcção-Geral da Reinserção Social poderá encontrar informações
diversas, desde dados estatísticos, a relatórios, legislação, passando pelos instrumentos e recursos até às medidas de
justiça penal, juvenil e cível – família, incluindo as penas privativas de liberdade às medidas na comunidade, mediação
e reparação. Poderá ainda encontrar publicações e manuais técnico-operativos, assim como oportunidades de emprego
junto destes organismos do Ministério da Justiça www.mj.gov.pt .
Saídas
The Dance of Change
Do Presidente da Society for Organizational Learning e do best seller The Fifth Discipline. Como
ultrapassar os primeiros passos da mudança organizacional? Como sustentar o momentum? Sabendo
que as organizações não podem ser bem sucedidas sem aprender a adaptar as suas atitudes e
praticar iniciativas de gestão da mudança, os autores revelam como os líderes podem antecipar os
desafios gerados pelas mudanças que as organizações terão que enfrentar, passando pela necessi-
dade de difundir a aprendizagem por toda a organização.
Autor: Peter Senge | Edição: 2007
Nicholas Bradley Publishing
O Abismo da Marca
Neumeier apresenta a primeira teoria unificada da gestão da marca – um conjunto de cinco discipli-
nas que ajudam as organizações a construir a ponte entre a estratégia e a execução da construção de
uma marca. Este livro oferece de forma simples o acesso à mais poderosa ferramenta de gestão desde
as folhas de cálculo. Como refere o autor “gerir marcas é gerir diferenças, não como elas aparecem
nas tabelas, mas como existem nas mentes das pessoas”.
Autores: Marty Neumeier | Edição: 2008
Bookman
Ficha Técnica
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