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Mário Hessel
Advogado
ÍNDICE
V) Transferência de Empregados................................................................. 15
Bibliografia................................................................................................. 26
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NOÇÕES BÁSICAS DO DIREITO DO TRABALHO
1) Definição de Empregado:
Dispõe o caput do art. 3o da CLT: Considera-se empregado toda pessoa física que prestar
serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante
salário.
Vejamos:
a) Empregado: o termo “empregado” nos remete à idéia de trabalhador, logo, protegido pelo
Direito do Trabalho. Contudo, nem todo o trabalhador pode ser considerado empregado,
como veremos a seguir.
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Além do aspecto subjetivo do animus contrahendi, a definição de empregado implica
noutro pré-requisito, desta vez objetivo, que é a pessoalidade, ou seja, o serviço prestado
a terceiro deve ser feito pessoalmente, em outras palavras, para que a relação de emprego
seja configurada, não se admite a hipótese do empregado, por iniciativa própria, se fazer
substituir-se no serviço.
“Ocasionalmente, a prestação pessoal de serviços pode ser deferida a outrem, que não o
empregado. Desde que haja pactuação expressa, o empregado, com o consentimento do
empregador, pode se fazer substituir na prestação pessoal do serviço contratado. No
entanto, quando a substituição se torna regra, passando o pretenso empregado a ser
substituído de forma permanente, não há que se falar mais em nexo empregatício. Falta a
pessoalidade do exercício. Desnatura-se o liame. O contrato perde a sua característica
típica, que é a subordinação”.
c) Não eventual: a negativa de eventual, significa que a prestação de serviços não pode ser
casual, fortuíta. Aqui, começamos a considerar os requisitos objetivos da figura do
empregado, ou seja, não é considerado empregado, a pessoa física que presta serviços de
caráter eventual, esporádico, ocasional. E o que seria trabalho eventual? Para Amauri
Mascaro, “trabalhador eventual é aquele que presta a sua atividade para múltiplos
destinatários, sem se fixar continuadamente em nenhum deles. Eventual é um subordinado
de poucas horas ou pouco tempo que vai realizar um serviço especificado, findo o qual
terminará a sua obrigação. Não é autônomo porque está sob o poder diretivo de outrem, o
destinatário do serviço, enquanto o executar. Se o serviço for prestado sem a
subordinação, será autônomo, provavelmente empreiteiro”. Por outro lado, Valentin
Carrion diz que para conceituação de eventualidade, não devemos levar em conta
somente o aspecto temporal, pois, se assim fosse, como definiríamos o professor de
escola, que leciona duas vezes por semana? Dessa forma, podemos definir trabalho
eventual como sendo aquele que não faz parte das necessidades normais da empresa, as
quais se repetem periódica e sistematicamente. Ou seja, no trabalho eventual, quando se
conclui o serviço, conclui-se a obrigação.
Jurisprudências:
“A aferição da natureza eventual dos serviços prestados há de ser feita tendo em vista os
fins normais da empresa” (Délio Maranhão). O plantonista, que trabalha na venda de
imóveis, não pode ser validamente rotulado de eventual ou de autônomo”, pois presta
serviços que decorrem precipuamente da existência da empresa vendedora de imóveis.
Inteligência e aplicação do art. 3o da CLT (TRT/SP, RO 11.084/78, Vaz da Silva. Ac. 2a T.
4253/79”.
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ser feita em diapasão com os fins normais da atividade do empregador e não com o perío-
do de tempo da prestação. Recurso a que se dá provimento, para reconhecer a existência
do vínculo de emprego. Ac. TRT 18a reg. TP (RO 1260/95, proferido em 05/12/96, DJ/GO
12/03/97, p. 61).
Jurisprudências:
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Jurisprudência:
Jurisprudências:
2) Definição de Empregador.
Não muito feliz, foi a definição de empregador, utilizada pelo art. 2o da CLT, considerando-o
como sendo a Empresa, individual ou coletiva.
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No dizer de Valentin Carrion, “empresa é o conjunto de bens materiais, imateriais e pessoais
para a obtenção de certo fim”.
Carrion complementa que: “o vocábulo ‘empresa’ é usado como pessoa física ou jurídica que
contrata, dirige e assalaria o trabalho subordinado”. Evidentemente, não podemos nos
esquecer do aspecto econômico, qual seja, assume os riscos econômicos decorrentes da
atividade a que se propõe.
Para Amauri Mascaro, deve-se levar em conta os diversos pontos de vista para a classificação
do empregador. No seu entendimento, quanto à estrutura jurídica “será uma pessoa física ou
jurídica, ambas exercendo atividade empresarial ou não. E complementa: “Há empregador em
geral (empresa) e por equiparação (profissionais liberais, instituições sem fins lucrativos
etc)”.
Também não podemos nos esquecer das pessoas jurídicas de direito público: União,
Estados, Municípios, Autarquias (conceito segundo o Novo Dicionário Aurélio da Lingua
Portuguesa: Entidade autônoma, auxiliar e descentralizada da administração pública, sujeita à
fiscalização e tutela do Estado, com patrimônio constituído de recursos próprios, e cujo fim é
executar serviços de caráter estatal ou interessantes à coletividade, como, entre outros, caixas
econômicas e institutos de previdência), Partidos Políticos, Empresas Públicas e Fundações
Públicas. Todas elas, podem ser consideradas empregadoras, desde que não tenham adotado o
regime estatutário.
Jurisprudências:
“É empregado a pessoa simples que, sem qualquer formação teológica e intitulada “obreiro
cristão”, sob a máscara de um pseudo e incipiente sacerdócio, trabalha exclusivamente para
arrecadar donativos em prol da Igreja (TRT/PR, RP 1329/92, João Oreste Dalazen, Ac. 3a T,
7817/93)”.
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“O Cartório não oficializado que não conseguir provar que o servidor possui proteção
análoga à dos funcionários públicos terá a seu favor a legislação trabalhista comum, sendo a
Justiça do Trabalho competente (TRT/SP, RO 18115/88-6, Valentin Carrion, Ac. 7a T).
A jurisprudência nesse sentido não é pacífica, todavia, a corrente majoritária vai no sentido de
não atribuir responsabilidades trabalhistas ao dono da obra. Vejamos:
Jurisprudências:
“Quando é o próprio dono da casa que a constrói, ele exerce uma atividade econômica, eis
que está aumentando o seu patrimônio, está substituindo a empresa, sendo, portanto,
empregador, tal como preconiza o art. 2o da CLT, pois assume o risco da atividade, admite e
assalaria pessoal. Relação de emprego caracterizada (TST, RR 3790/89.8, José Ajuricaba da
Costa e Silva, Ac. 2a T. 2273/90.1)”
Para Evaristo de Moraes Filho (Introdução ao direito do trabalho, São Paulo, LTr, 1978, p.
226) dispõe: “Uma vez caracterizado inequivocadamente o grupo consorcial, como
empregador único para todos os efeitos trabalhistas, a solidariedade é não somente passiva
como também ativa. As diversas empresas como que passam a ser meros departamentos do
conjunto, dentro do qual circulam livremente os empregados, com todos os direitos
adquiridos, como se fora igualmente um só contrato de trabalho. Cabe-lhes, neste sentido,
cumprir as ordens lícitas, legais e contratuais do próprio grupo (empregador único), desde que
emanadas de fonte legítima”.
Amauri Mascaro relata: “Discutível é a concepção do grupo econômico como empregador
único, afirmada por parte da doutrina mais ainda sem base legal”.
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Jurisprudência:
Conforme já estudamos, o tipo mais comum de empregado é o definido pelo art. 3o da CLT,
ou seja, a pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a
dependência deste e mediante salário.
a) Empregado rural: Tutelado pela lei 5889/73, considera-se empregado rural todo aquele
trabalhador que prestar serviços a empregador rural. O art. 2o da lei 5889/73, assim o define:
“Empregado rural é toda pessoa física que, em propriedade rural ou prédio rústico, presta
serviços de natureza não eventual a empregador rural, sob a dependência deste e mediante
salário”.
Para melhor identificação do empregado rural, vale disser que são aqueles que cuidam da
terra, cultivando-a, assim como zelam pela pecuária, o gado, os animais, etc. Também são
empregados rurais, os trabalhadores que auxiliam na administração da fazenda.
Os direitos do trabalhador rural são iguais ao do urbano, segundo o art. 7o da Carta Magna.
È possível firmar um contrato de trabalho rural por tempo determinado ou indeterminado.
Vale ressaltar que, a pessoa que presta serviço em indústria situada em propriedade rural, não
é considerado empregado rural, mas sim, regido pelas normas da CLT.
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Conforme já estudado, em nada se modifica a relação de emprego, pelo simples fato, do
empregado exercer suas atividades fora da empresa, mesmo que seja em seu domicílio.
c) Empregado aprendiz: Disciplinado pelo art. 428 da CLT, com redação dada pelo Lei
10.097/00, mencionado artigo assim determina: "Art. 428. Contrato de aprendizagem é o
contrato de trabalho especial, ajustado por escrito e por prazo determinado, em que o
empregador se compromete a assegurar ao maior de quatorze e menor de vinte e quatro
anos, inscrito em programa de aprendizagem, formação técnico-profissional metódica,
compatível com o seu desenvolvimento físico, moral e psicológico, e o aprendiz, a executar
com zelo e diligência, as tarefas necessárias a essa formação. (Idade alterada pela Medida
Provisória 251 de 14 de junho de 2005)
O art. 429 dispõe sobre os Serviços Nacionais de Aprendizagem, os quais são setorizados:
SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial e SENAC – Serviço Nacional de
Aprendizagem Comercial. Todavia, há possibilidade de outras Entidades que podem se
credenciar, a exemplo do CIEE - Centro de Integração Empresa Escola, que dispõe de um
projeto idêntico.
O art. 429, também determina que os estabelecimentos de qualquer natureza estão obrigados a
contratar entre 5% (mínimo) e 15% (máximo) dos trabalhadores existentes em cada
estabelecimento, na condição de aprendizes. Necessariamente, esses aprendizes devem estar
matriculados num dos Serviços Nacionais de Aprendizagem. O contrato de aprendizagem
abrange os menores entre 14 e 24 anos incompletos, ou seja, ao completar 24 anos, o contrato
se encerra. O contrato de aprendizagem também pode ser encerrar por outros motivos, como,
por exemplo, desempenho insuficiente ou ausência de adaptação.
O Enunciado 269 do TST, dispõe: “O empregado eleito para ocupar cargo de diretor tem o
respectivo contrato de trabalho suspenso, não se computando o tempo de serviço desse
período, salvo ser permanecer a subordinação jurídica inerente à relação de emprego”.
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e) Empregado acionista: Salvo a possibilidade do empregado deter um certo número de
ações a ponto de permitir-lhe deixar de ser subordinado, a relação de emprego não se
desconfigura pelo simples fato do empregado ser acionista de uma empresa.
Em outras palavras, não estão protegidos pela Lei 5.859/72, os diaristas intermitentes
(lavadeira, passadeira e outros), assim como aqueles que, embora trabalhem no âmbito
residencial, a prestação de serviços destina-se aos fins comerciais do patrão.
Jurisprudências:
“Empregado doméstico é aquele que presta serviços mediante exclusividade para um único
patrão. Confessando a reclamante a prestação laboral em apenas um dia por semana, não
pode ser enquadrada nesta categoria de servidores (TRT/PB, RO 395/93, Paulo Montenegro,
Ac. 12.998)”.
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O autônomo não se subordina. Ele tem a independência de gerir o seu próprio trabalho.
Jurisprudências:
Por sua vez, dispõe o art. 4o da mesma Lei: “Compreende-se como empresa de trabalho
temporário a pessoa física ou jurídica urbana, cuja atividade consiste em colocar à disposição
de outras empresas, temporariamente, trabalhadores, devidamente qualificado, por elas
remunerados e assistidos”.
Dessa forma, percebe-se que o vínculo empregatício entre o trabalhador temporário não se
forma em relação ao tomador de serviços, mas sim, em relação à empresa de trabalho
temporário, que o remunera e assisti. Daí podemos concluir que a subordinação jurídica do
trabalhador temporário será para com a empresa de trabalho temporário.
O art. 10 da mencionada lei, dispõe que o prazo de duração do trabalho temporário não poderá
exceder a 3 meses (atenção: 3 meses são diferentes de 90 dias), salvo se obtiver autorização
expedida pelo órgão local do Ministério do Trabalho.
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Jurisprudências:
Por sua vez, o art. 2o do Decreto 87.497/82 definiu estágio como sendo “as atividades de
aprendizagem social, profissional e cultural proporcionadas ao estudante pela participação
em situações reais da vida e trabalho de seu meio, sendo realizada na comunidade em geral
ou junto a pessoas jurídicas de direito público ou privado, sob responsabilidade e
coordenação da instituição de ensino”.
Os principais aspectos do estágio, segundo a Lei 6.494/77, são: a) estágio não cria vínculo
empregatício (art. 4o); b) estágio é permitido somente para alunos devidamente matriculados
(§ 1o, do art. 1o); c) a realização do estágio deve ocorrer mediante a celebração de termo de
compromisso entre o estudante e o concedente do estágio, sendo obrigatório a interveniência
da Instituição de Ensino (art. 3o); d) o estágio somente poderá ser realizado em Pessoas
Jurídicas que proporcionem condições de experiência prática em consonância com a linha de
formação do estagiário (§ 2o, art. 1o).
Vale ressaltar que a jornada de estágio a ser cumprida deve ser compatível com o horário
escolar, ou seja, a jornada do estágio não pode prejudicar o cumprimento do horário escolar
(art. 5o).
Também bastante interessante, ainda que incompatível com a atual realidade econômica, o
estágio poderá ser remunerado por meio de uma bolsa de estudos ou outra forma de
contraprestação que vier a ser combinada (art. 4o).
Jurisprudências:
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“Estágio. Desvirtuamento. O atendimento somente dos aspectos formais do contrato de
estágio não é suficiente para afastar a relação de emprego, quando a ‘estagiária’ exerce
funções burocráticas e de natureza intelectual questionável, emergindo, por um lado, a
ausência de preocupação da empresa em propiciar-lhe aprendizado complementar à parte
teoórica obtida na escola e, por outro, o escopo de usufruir de mão-de-obra mais barata.
Todavia, sendo o beneficiário dos serviços órgão da administração pública indireta –
empresa pública – não há como reconhecer a existência de contrato de trabalho válido, ante
a vedação de contratação sem a prévia aprovação em concurso público (art. 37, II, CF 88).
Ac. TRT 18a Reg. TP (RO 3788/93), Rel. Juiz Octávio José de Magalhães Drummond
Maldonado, proferido em 10/12/96, DJ/GO 01/04/97, p. 92).”
3) CONTRATO DE EXPERIÊNCIA
Nos termos da letra “c”, § 2o do art. 443 da CLT, o contrato de experiência é um contrato por
prazo determinado.
O parágrafo único do art. 445 da CLT dispõe que o contrato de experiência não poderá ser
superior a 90 dias.
Por seu turno, o art. 451 da CLT, dispõe: “O contrato de trabalho por prazo determinado que,
tácita ou expressamente, for prorrogado mais de uma vez, passará a vigorar sem determinação
de prazo.
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Em outras palavras, no caso do contrato de experiência (contrato por prazo determinado)
somente é permitido uma única prorrogação, dentro do limite de 90 dias. Ou seja, salvo
estipulação em contrário em convenções coletivas, podemos firmar, inicialmente, um contrato
de experiência por 30 dias e prorrogá-lo por mais 60 dias; ou ainda, pode-se firmar por 45
dias iniciais e prorrogá-lo por mais 45 dias. A legislação não determina a forma da sua
prorrogação, apenas que o mesmo só pode ser prorrogado uma única vez e dentro do limite
legal de 90 dias.
É de suma importância lembrar que o prazo de 90 dias não se confunde com 3 meses.
Igualmente, não se confunde com contrato de temporário (este sim está limitado a 3 meses).
V) TRANSFERÊNCIA DE EMPREGADOS
“Ao empregador é vedado transferir o empregado, sem a sua anuência, para localidade
diversa da que resultar do contrato, não se considerando transferência a que não acarretar
necessariamente a mudança do seu domicílio.
§ 1o Não estão compreendidos na proibição deste artigo os empregados que exerçam cargos
de confiança e aqueles cujos contratos tenham como condição, implícita ou explícita, a
transferência, quando esta decorra de real necessidade de serviço (red. L. 6.203/75).
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Todavia, essa anuência pode ser questionável, pois, considerando que, entre correr o risco de
perder o emprego, o empregado não tenha outra opção, senão aceitar a transferência.
A transferência que trata o “caput” do artigo 469 diz respeito somente àquela que implicar em
mudança de domicílio, ou seja, neste caso, as que implicar em mudança de município por
parte do empregado. Dentro do mesmo município o empregador arca com custos adicionais
de transporte.
Jurisprudência:
Jurisprudências:
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3830/96, em que fui relatora. Ac (unãnime) TST SBDI1 ( E RR 141.998/94.3), Relª Minª Cnéa
Moreira, DJU 01/08/97, p. 34256.”
Dispõe o art. 471 da CLT: “Ao empregado afastado do emprego, são asseguradas, por ocasião
de sua volta, todas as vantagens que, em sua ausência, tenham sido atribuídas à categoria a
que pertencia na empresa”.
Para Amauri Mascaro Nascimento (in Iniciação ao Direito do Trabalho, 29a ed, LTr, p. 251),
“não há validade científica nessa distinção” e complementa, “... contrato não se suspende.
Suspende-se sempre o trabalho, tanto nas denominadas suspensões como nas interrupções”.
Por seu turno, Valentim Carrion (in, Comentários à Consolidação das Leis do Trabalho, 28a
ed, Saraiva, p. 333) nos lembra que, tanto numa situação como noutra, as obrigações
acessórias do contrato permanecem. E exemplifica: “é o caso da obrigação de o empregado
não revelar segredo da empresa, não lhe fazer concorrência, e as demais que têm suporte
moral de abstenção (agressão física ou moral ao empregado ou ao superior, mau
procedimento, afetando o ambiente ou nome da empresa, etc)”.
Casos de interrupção;
a)Descanso Semanal Remunerado e feriados; b) Férias; c) aborto não criminoso durante duas
semanas; d) licença-paternidade; e) auxílio-doença até o 15o dia; f) greve, se houver
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pagamento dos salários; g) outros em que haja pagamento dos salários, a contagem do tempo
de serviço e o recolhimento dos encargos sociais, como por exemplo, a licença remunerada.
Há casos em que, embora a corrente majoritária, considere-os como interrupção, eles não
permitem um fácil enquadramento, são os casos dos afastamentos por acidente do trabalho
(superior a 15 dias), licença-maternidade e serviço militar.
Quanto ao afastamento para o serviço militar não há o pagamento dos salários, mas sim, o
depósito do FGTS. Quanto ao período aquisitivo de férias, o mesmo é interrompido,
retomando a sua contagem por ocasião do retorno do empregado, aproveitando o tempo do
período aquisitivo anterior ao seu afastamento.
Casos de suspensão:
Por outro lado, à luz do disposto no § 2o do art. 472 da CLT, perceberemos que a CLT
transferiu para as partes essa decisão: “Nos contratos por prazo determinado, o tempo de
afastamento, se assim acordarem as partes interessadas, não será computado na contagem do
prazo para a respectiva terminação”.
Para Amauri Mascaro Nascimento (in Iniciação ao Direito do Trabalho, 29a ed, LTr, p. 254):
“Não havendo o acordo de vontades, como sempre ocorre, mesmo suspenso o trabalho,
terminada a duração do contrato previamente fixada pelas partes, ele estará extinto, apesar
da suspensão ou interrupção”.
Jurisprudências:
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relativas aos 15 primeiros dias do afastamento são devidas pelo empregador, os dias
subsequentes serão encargos do INPS. Sendo assim, a empresa que pagou os direitos do
empregado pelo decurso do prazo do contrato de experiência não pode ser compelida a
pagar-lhe verbas que não estão sob sua responsabilidade (TST, RR 7.831/85-9, Orlando
Lobato, Ac. 1a T. 1.496/86)”.
“Sendo idêntica a função, a todo trabalho de igual valor, prestado ao mesmo empregador, na
mesma localidade, corresponderá igual salário, sem distinção de sexo, nacionalidade ou
idade.
§ 1o Trabalho de igual valor, para os fins deste capítulo, será o que for feito com igual
produtividade e com a mesma perfeição técnica, entre pessoas cuja diferença de tempo de
serviço não for superior a dois anos.
Objetivando evitar abusos e até mesmo meros caprichosos no trato das questões salariais por
parte do empregador, a legislação brasileira, seja por intermédio da Constituição Federal, seja
pelo art. 461 da CLT, estabeleceu limites e critérios para o estabelecimento de salários cujo
trabalho seja considerado de igual valor.
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Os requisitos para igualdade salarial são: a) serviços prestados para o mesmo empregador; b)
mesma localidade; c) tempo de serviço não superior a 2 anos; d) igual produtividade; e)
mesma perfeição técnica. Esses requisitos são simultâneos, ou seja, a ausência de um deles,
impossibilita a equiparação salarial.
Serviços prestados para o mesmo empregador: Não há o que se falar em igualdade salarial, se
a pretensão for comparar-se a empregados de outros empregadores.
Igual produtividade: o desempenho das atividades ou tarefas devem ser nas mesmas
quantidades.
Perfeição técnica: não basta realizar suas tarefas nas mesmas quantidades que o paradigma,
tem que haver perfeição técnica, ou seja, a mesma qualidade.
Jurisprudências:
“Em se tratando de identidade funcional, não pode a empresa argüir a prestação de serviço
em localidade diversa para isentar-se da equiparação salarial, se resta provado que, a nível
nacional, ela paga o mesmo salário aos seus empregados Ac. (unânime) TRT 1a Reg. 8a T
(RO 15758/94), Rel. Juiz João Mário de Medeiros, DO/RJ 23/10/96, p. 118)”.
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“Para se configurar a excludente prevista no § 2o do art. 461 da CLT, mister não só a
existência de quadro de carreira, como também sua homologação pelo órgão competente e a
concessão de promoções através dos critérios alternativos de antiguidade e merecimento
(TSS, RR 163.093/95.9, Milton de Moura França, Ac. 4a T)”.
“Quadro de carreira, mesmo sem homologação formal, desde que elaborado sem ofensa à
Lei não perde da eficácia como ato unilateral do empregador, ao qual, sem prejuízo,
aderiram os empregados. Ac. (unânime) TRT 22a reg. TP (RO 1735/96), Rel. Juiz Jesus
Fernandes de Oliveira, proferido em 13/12/96”.
“Equiparação salarial. Maior experiência. Maior experiência não é requisito que impede a
equiparação salarial, porque o artigo 461 da CLT não faz distinção nesse sentido. Esse
requisito deve ser demonstrado pela empresa como tendo influência na maior produtividade
ou perfeição técnica por parte da paradigma, porém não o foi. TRT 2a Reg. 3a T (RO
2003038466), Rel. Sérgio Pinto Martins, 08/07/2003”
“Equiparação salarial. CLT, arts. 5º e 461. Não tem valor jurídico a avaliação subjetiva feita
pelo empregador, ou por seus prepostos, com a finalidade de pagar salário maior a este ou a
aquele empregado, atribuindo- lhe uma identificação do tipo "A", "B", "C", ou "Sênior",
"Pleno", "Júnior", etc. Essas distinções só terão valor legal se estiverem relacionadas a
empregados com tempo na função superior a dois anos, ou maior produtividade, ou maior
perfeição técnica, ou em decorrência de quadro organizado em carreira. TRT, 2a Reg, 9a T
(RO 20020770370), Rel. Luiz Edgar Ferraz de Oliveira, 13/12/2002.”
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Previdência Social – CNPS. Essa estabilidade vai desde a nomeação até 1 (um) ano após o
término do mandato, sendo que, eventual dispensa por falta grave deverá ser comprovada
em processo judicial.
e) Gestantes: A letra b, do inciso II, do art. 10 dos Atos das Disposições Constitucionais
Transitórias da Constituição Federal de 1988, também proíbe a dispensa imotivada da
empregada gestante, desde a confirmção da gravidez até 5 (cinco) meses após o parto.
f) Membros das Comissões de Conciliação Prévia: A Lei 9.958/00 deu nova redação ao
Título VI-A da CLT e seus respectivos artigos, de tal modo que, o § 1o do art. 625-B,
vedou, salvo o cometimento de falta grave, a dispensa dos representantes dos empregados
membros da Comissão de Conciliação Prévia, titulares e suplentes, até um ano após o
final do mandato. O objetivo dessa comissão é tentar conciliar os conflitos individuais
trabalhistas.
g) Estabilidade em acordos ou convenções coletivas: Normalmente, as convenções ou
acordos coletivos determinam algum tipo de estabilidade provisória aos empregados da
respectiva categoria. Nesse sentido, encontramos: estabilidade provisória para o
empregado prestes a se aposentar; estabilidade provisória para o retorno das férias;
estabilidade provisória para o menor em idade de prestação de serviço militar, entre
outros.
Jurisprudências:
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FATO. Do exame da ultra- sonografia obstétrica apresentado não se vislumbra a
impossibilidade de estado de gravidez da reclamante à época de sua dispensa. Ademais o
documento foi expressamente mencionado na r. decisão rescindenda. Afasto a pretensão
rescisória com fulcro no inciso IX do artigo 485 do CPC. Não configurada qualquer das
causas que ensejariam o corte rescisório, a improcedência da ação é medida que se impõe.
Ac. TRT 2a Reg, T SDI, (AR 2003014819), Rel. SONIA MARIA PRINCE FRANZINI,
15/07/2003”.
“Convenção Coletiva de Trabalho é o acordo de caráter normativo, pelo qual dois ou mais
Sindicatos representativos de categorias econômicas e profissionais estipulam condições de
trabalho aplicáveis, no âmbito das respectivas representações, às relações individuais de
trabalho”.
Por convenção coletiva devemos entender como sendo um acordo entre Sindicato de
Empregadores e Sindicatos de Empregados de uma mesma categoria, respeitado a base
territorial a que pertencem. Uma vez alcançado esse acordo, a convenção coletiva passa a ser
um instrumento normativo aplicável à categoria.
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Tratando-se de categorias profissionais não organizadas em Sindicatos, nesta hipótese,
compete às Federações às negociações coletivas. E, igualmente, na ausência de Sindicatos e
Federações, as negociações serão feitas pelas Confederações.
Por seu turno, acordos coletivos são as negociações feitas entre o Sindicato dos
Trabalhadores e uma ou mais Empresas. Igualmente, o acordo coletivo, uma vez firmado, tem
natureza normativa, porém, aplicável à empresa ou empresas que o firmou.
Questões polêmicas:
Se respondermos com base no disposto no art. 620 da CLT, a resposta é afirmativa. Porém, à
luz do inciso XXVI, do art. 7o da Constituição Federal que reconhece as convenções e acordos
coletivos, sem nada mencionar sobre eventual hierarquia entre eles, a resposta já não é tão
simples assim. Isto porque, considerando as diferenças entre convenção e acordo coletivo, e,
em especial, por ser o acordo coletivo mais especifico e, em tese, mais ajustado à realidade da
Empresa e seus empregados, sobretudo, considerando o fim social de se evitar o desemprego,
poderíamos compreender que a Constituição Federal ao reconhecê-los não estabeleceu
hierarquia entre os mesmos.
Pode a convenção coletiva ou acordo coletiva estabelecer normas menos favoráveis aos
empregados do que as dispostas em lei?
Igualmente, trata-se de uma questão nada pacífica. Pois, se de um lado existe o princípio da
norma mais favorável ao trabalhador, de outro, levando-se em conta as questões políticas,
sociais e econômicas, o reconhecimento constitucional das convenções e acordos coletivos, e,
ainda, ser o Sindicato o órgão representativo das categorias profissionais e, teoricamente, o
mais próximo dos problemas sociais e econômicos da categoria, porque negar-lhe o poder de
negociar normas menos favoráveis aos trabalhadores da categoria, mas que garantam a
manutenção do emprego?!
Jurisprudências:
“Norma coletiva. Vedação de determinar questão contra a previsão de lei. A norma coletiva
não pode dispor contra a previsão da lei, no sentido de o adicional de periculosidade ser
proporcional. O reconhecimento das convenções ou acordos coletivos não pode atentar
contra o conteúdo da lei (art. 7º, XXVI, da Constituição), especialmente quando ela não
determina que o adicional de periculosidade é proporcional. TRT 2a Reg, 3a T (RO
20020406392). Rel.Sergio Pinto Martins, 02/07/2002”
“Lícita a redução do intervalo para refeições por força de convenção ou acordo coletivo. O
Ministério do Trabalho não detém o monopólio para essa autorização. Negar poderes às
entidades sindicais para convencionarem pausa inferior a uma hora equivaleria a negar
vigência à norma constitucional que reconhece a validade dos acordos e convenções e
acordos coletivos (art. 7.º, XXVI) e lhes confere autonomia para flexibilizar as regras de
duração, redução e compensação da jornada de trabalho (incisos XIII e XIV do mesmo
artigo). TRT, 2a Reg, 9a T (RO 20010836645), Rel. Wilson Fernandes, 01/02/2002”.
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“Nossa Caixa - Nosso Banco S/A - Prevalência do Acordo Coletivo. O texto constitucional
(art. 7º, XXVI) prestigia os Acordos Coletivos que, por seu caráter mais específico, devem
prevalecer sobre as Convenções, não ocorrendo violação ao princípio da aplicabilidade da
norma mais benéfica. TRT 2a Reg. 3a T (RO 20010506467), Relª Silvia Regina Pondé Galvão
Devonald, 21/08/2001”.
b) Dissídios Coletivos:
Compete aos Tribunais Regionais do Trabalho (CLT, art. 678, I, a) julgar os dissídios
coletivos.
Nos dissídios coletivos, as decisões são normativas, ou seja, a sentença normativa poderá
determinar ou alterar normas e condições de trabalho, sejam sociais ou econômicas.
Jurisprudência:
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BIBLIOGRAFIA
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Decisões Trabalhistas. Rio de Janeiro. Edições Trabalhistas, 28a edição, 1996.
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Nascimento, Amauri Mascaro. Iniciação ao Direito do Trabalho. São Paulo, Editora LTr, 29a
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Carrion, Valentim . Comentários à Consolidação das Leis do Trabalho. São Paulo. Editora
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