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FALSUM COMMITTIT, QUI VERUM TACET

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Escrevinhação n.º 751


BASTA DE FALSAS LAMENTAÇÕES
Redigido em 31 de março de 2009, quinta semana da Quaresma,
dia de São Guido e Santo Amós.

Por Dartagnan da Silva Zanela

“Examinai tudo: abraçai o que é bom”.


(1 Tessalonicenses V; 21)

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Seria o ser humano um reles acidente biológico?

Seriamos apenas mais uma etapa dentro do processo evolutivo?

São com estas perguntas que Leo TRESE inicia a sua belíssima

obra A fé explicada e com essas indagações que iniciamos este

nosso insignificante libelo.

Crer que a vida humana seja apenas um mero devir

caótico do nada ao nada não é, de modo algum, sinônimo de

apresentação de uma prova irrefutável contra o fato passível

de constatação da transcendência da vida humana. É muito mais

uma demonstração auto-evidente de desdém pelo conhecimento

acumulado sobre o assunto, não porque este tenha encontrado

uma resposta melhor para essas indagações, mas sim, porque

desconhece o que se discutiu no correr dos séculos ou

simplesmente porque não compreendeu o que estava sendo

explicado pelas pessoas que se dedicaram à meditação destas

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perguntas e, por pedantismo, não deseja admitir que não está

capacitado para entender o ponto do conto.

Por esse motivo que Santo Agostinho, em sua obra

A Trindade afirmava que se muitas pessoas não compreendem os

mistérios da vida é justamente porque o limitado olhar da

inteligência humana não é capaz de se fixar na sublime luz da

verdade. Isso se deve ao fato de que, muitas das vezes, a

alma humana não estar devidamente alimentada pelo senso de

justiça e devidamente fortalecida pela fé.

Em texto redigido por nosso indigno punho já há

algum tempo – FANÁTICO É O CIENTIFICISMO QUE TE PARIU – nós

lembramos que fé nada mais é que o ato de confiar em algo ou

em alguém. Nós, Cristãos, temos fé em Nosso Senhor, confiamos

Nele e no anuncio da Boa Nova. O Muçulmano tem plena

confiança em Alá.

Doravante, quanto aos devotos da ciência moderna

(não na ciência no sentido clássico), estes nutrem uma fé

cega e surda, uma confiança desmedida em relação aos cânones

deste credo secular, como se tudo o que eles dizem fosse

sumamente provado.

Não? Então, basta que lembremos o fato simplório

e, por essa razão mesma, desdenhado: quantas das teorias

científicas conhecidas por sua pessoa e que você presenciou

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uma demonstração? Quantas das experiências propostas pelo seu

livro de ciências do Ensino Médio você realizou para

comprovar a sua eficácia? Em vista do número que se apresenta

em sua mente, creio que fica mais do que patente que o saber

que você julga superior a tudo e a todos se edificou na base

da confiança em uma casta de pessoas de jaleco branco e tubos

de ensaio em suas mãos.

Tamanha é a força deste credo secular que

literalmente ele se faz reinante na sociedade hodierna ao

ponto de que basta a evocação da expressão “cientificamente

comprovado” ou “isso não foi cientificamente comprovado” para

se colocar um basta em toda e qualquer discussão, mesmo que a

pessoa não saiba com clareza o que é uma ciência e qual a

diferença da ciência moderna para a ciência clássica. Pior

que isso é termos de ouvir pessoas tratarem de questões de

ordem metafísica sem, ao menos, saber realmente o que seja

isso.

De mais a mais, o que é mais curioso nesta

situação é o fato de que expressões como esta são

apresentadas como um ponto final para discussões em que o

sujeito não mais consegue argumentar sobre o assunto ou

porque ele não o conhece suficientemente e, por essa razão,

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não entendeu claramente o que realmente é o objeto da sua

pretensa discussão.

Por isso mesmo, passado aproximadamente vinte e

quatro séculos, a maiêutica socrática continua, e continuará

por muitíssimo tempo, atual. Basta que indaguemos sobre os

termos centrais que ocupam as nossas discussões que com

grande espanto descobriremos que sabemos patavina alguma

sobre os assuntos que tão soberbamente discutimos com aqueles

ares circunspectos de quem edifica seu patrimônio cultural

nas sentadas diuturnas, ou não, em uma latrina lendo o

Almanaque Abril.

Basta que perguntemos simplesmente o que é

transcendência, imanência, Deus, Santidade e tradição para

vermos o quanto estamos cônscios destes temas para podermos

continuar a nos sentir autorizado a falar sobre eles

arrotando pseudo-sapiência.

É claro que há aqueles elementos que adoram dizer

que eles já estudaram (que medo) a Sagrada Escritura e que

conhecem todas (quanta pretensão) as religiões. Bem, em

primeiro lugar, você leu um livrinho de introdução sobre a

história das religiões ou procurou conhecer os seus textos

sagrados e os escritos de seus santos e místicos? Você tentou

conhecer o que significa ser Cristão Católico lendo Igreja,

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Carisma e poder do Leonardo Boff ou estudando As sete moradas

de Santa Tereza de Ávila? Você conhece o Sanātana Dharma

(popular hinduismo) pelo que é exibido pela telinha da Globo

ou pela obra O homem e seu devir segundo o Vedanta de René

Guénon?

E mais! Com qual intenção você lê (ou leu) a

Sagrada Escritura (ou qualquer texto Sacro)? Com o intento de

que ele Ilumine a sua vida, ou com a intenção de que você

iluminaria as suas laudas analisando-as? A leitura da Bíblia

é feita movida pelo desejo de conhecer-se mais como pessoa à

luz da Palavra Divina, ou para que possamos reafirmar nossa

superioridade postiça em relação aos Ensinamentos Revelados.

Perceba que estas posturas e imposturas fazem toda a

diferença no momento de rendermos nosso intelecto diante da

estrutura da realidade que nos é revelada simbolicamente

através dos textos Sagrados. Lembremos sempre que um texto

sagrado deve ser lido com o devido respeito, pois, suas

páginas, não formam um reles livrinho. E não nos esqueçamos

que estamos falando de textos Sacros, de Religiões

Tradicionais, não de seitas.

Não é à toa que o homem moderno, imerso em suas

crenças cientificistas tenha tanta dificuldade em viver uma

tradição religiosa e entender os ensinamentos que nos são

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apresentados pelos Sábios, Santos e Místicos. Como também,

não por menos que muitas pessoas imaginam que o ser humano

seja apenas um animal qualquer que, acidentalmente, sofreu um

grande salto evolutivo. Sinceramente, isso e nada para

explicar o sentido da vida humana, é a mesma coisa.

Por fim, se nossa pacóvia exposição sobre esse

assunto não ficou clara o suficiente, faço minhas as palavras

do Bispo de Hipona, presentes na obra citada linhas atrás,

quanto esse diz que: “[...] se alguém se queixar de não

compreender minha explicação, porque nunca foi capaz de

entender acerca desses assuntos, embora tratados diligente e

profundamente, faça votos no seu íntimo e dedique-se mais ao

estudo para tirar algum proveito em vez de pretender me fazer

calar com suas lamentações e censuras”.

De mais a mais, afirmar que não compreende-se

algo não é o ponto final da jornada pela procura do

conhecimento. É antes o começo de uma caminhada serena em sua

procura ou o início de uma entrega infeliz para uma

acomodação chula e sem valia que nos reduz à aquilo, nestes

casos, deseja-se ser.

Pax et bonum
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