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ARQUITETURA E AMBIENTE:
À GUIZA DE INTRODUÇÃO
Este ensaio não pretende ser outra coisa senão um ponto de partida. Seu objetivo é
iniciar a sistematização de um conjunto de referências históricas, teóricas,
metodológicas e empíricas que vêm sendo discutidas e aplicadas nos exercícios do
ateliê de projeto ambiental urbano. Conforme poderá ser facilmente verificado, a
abordagem se apoia decisivamente no enfoque desenvolvido por Rubén Pesci e
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Centro de Estudios y Proyectos del Ambiente em sua busca de alternativas projetuais
para a construção da cidade sustentável, e nas investigações sobre morfologia urbana
e percepção ambiental levadas a cabo por Lineu Castello e o Grupo de Pesquisa em
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Percepção Ambiental e Desenho Urbano da UFRGS . Para tanto, o texto faz
referências a variados autores, na busca de uma fundamentação teórica mais ampla.
A disciplina de ateliê, em uma das ênfases que vem sendo experimentadas ao longo
dos últimos quatro anos, orientada pelo autor e pelo professor arquiteto Paul Dieter
Nygaard, privilegia trabalhar as ações de planejamento, desenho e gestão da cidade a
partir de um enfoque ambiental. E ai começam as dúvidas, e os muitos problemas de
método.
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O trabalho de Pesci e Fundación CEPA inicia-se por volta de 1974/76, tratando, mais especificamente, do conceito de
interfaces urbanas, e das metodologias de projetação no sentido da busca da cidade sustentável. A bibliografia é
fartamente referida ao longo do corpus deste e dos capítulos seguintes.
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A trajetória de Castello e do Grupo de Pesquisa em Percepção Ambiental e Desenho Urbano da UFRGS (do qual este autor
toma parte), que inicia-se em meados da década de oitenta, é assinalada ao longo deste e dos capítulos seguintes, quando
o leitor encontrará referências bibliográficas específicas.
arquitetura da urbanidade: quadro teórico incompleto 2
ambientais, na cidade ou fora dela (se ainda for possível pensar em questões
ambientais que não afetem de algum modo a vida humana/urbana) se avultam diante
da inoperância consentida da política tradicional e da falência dos paradigmas
científicos disciplinares.
Maurice Cerasi (1977), duas décadas atrás, já denunciava este vazio. E esboçava
uma abordagem transdisciplinar para a construção de uma arquitetura no sentido da
paisagem - das formas e da cultura - transformada pelo desejo e pela ação do
homem. A este enfoque conceitual Cerasi chamou de arquitetura-ambiente.
Este ensaio procura começar a entender esta lição, que não é outra que a de
recuperar a responsabilidade compartilhada da Arquitetura e do Urbanismo, entre as
vários campos disciplinares que debruçam-se sobre o espaço, na construção de um
ambiente gerador de lugares social e culturalmente significativos, o que passa por
uma reflexão projetual quanto aos métodos e as tecnologias com capacidade de
resposta à dialética conservação-desenvolvimento.
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QUADRO TEÓRICO:
REFERÊNCIAS PARA LEITURA
arquitetura da urbanidade: quadro teórico incompleto 3
D
iálogos imaginários entre Marco Polo, o navegador veneziano, e o imperador
mongol Kublai Kahn servem de estrutura narrativa para que Italo Calvino
(1991) construa os muitos e insinuantes cenários das suas “Cidades
Invisíveis”. Instigante obra da literatura contemporânea, o livro do escritor
italiano tem despertado a atenção de diferentes estudiosos da questão urbana, em
distintos campos disciplinares, que se deixam seduzir com os variados relatos das
viagens de Marco Polo, interpretando-os como descrições simbólicas de distintos
estados da cidade atual (Canevacci, 1995; Del Rio, 1991; Pesci, 1985; entre outros).
A metáfora De fato, a “multidão” de signos que se desvelam a cada relato, expressam, no sentido
urbana metafórico, os muitos aspectos de uma “cidade real”- a “Veneza” do século XIII - a
de Italo Calvino
qual Marco Polo nega-se a descrever em termos concretos.
Por isso mesmo, para decodificar as metáforas criadas por seu interlocutor, o
imperador constrói um sistema de explicação, ao mesmo tempo, modelo do qual
declinar todas as cidades possíveis e uma espécie de “teoria geral”, através da qual
se pode contemplar as diferentes interpretações clássicas que descrevem a cidade
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em termos “cósmicos”, “mecânicos” ou “orgânicos”
Ainda que a resposta de Calvino, através do personagem Marco Polo, apele para a
ironia - Marco reconstrói o modelo, mas partindo de uma cidade formada apenas
pelas “exceções” - o que está subjacente é uma teoria geral da cidade, ao mesmo
tempo descritiva e preditiva, na medida em que variando-se as exceções e
aproximações ao modelo, poder-se-ia definir “todas as cidades possíveis”.
A tradução de O arquiteto e ambientalista argentino Rubén Pesci, por exemplo, vale-se de uma
Rubén Pesci perspectiva semelhante, elegendo três das metáforas de Calvino para emblematizar
os distintos estados de conflitualidade ambiental que coexistem nas grandes cidades
contemporâneas, tomando-as como imagens paradigmáticas da configuração urbana
atual.
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Sobre as abordagens teóricas clássicas da cidade, ver Lynch (1985).
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Tradução livre do autor, a partir da edição original em espanhol de 1985. As demais citações seguem a mesma sistemática.
Grifo também do autor.
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A metáfora. a
Este quadro de sobreposições, que se poderia tentar traduzir com a noção de
tradução, megapaisagem, na qual os valores da urbanidade cotidiana encontram-se submetidos
e a cidade real à avassaladora lógica metropolitana, revela-se em situações típicas: estruturas
urbanas que, dentro da estrutura global da cidade, se caracterizam, entre outros
fatores, pela complexidade funcional, simbólica e perceptiva; pelo entrelaçamento de
seus diferentes componentes morfológicos; pela sua excepcionalidade e/ou extensão;
pela grande atratividade que geram em termos de fluxos urbanos; e na sintaxe
complexa em relação ao tecido urbano nos quais se inserem ou se articulam, etc.
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denotando seu caráter trouvé no interior do sistema urbano-metropolitano.
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No sentido emprestado de Rowe e Koetter (1981:147).
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Na perspectiva de Virilio (1993,1996).
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A noção a que se vai recorrer para amalgamar e identificar tão díspares recortes na
configuração da cidade contemporânea se define no sentido de interface complexa.
Ou seja, situações de interfaces urbanas/metropolitanas onde se possa identificar
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fatos urbanos que se desenham e/ou refletem-se nos vários aspectos mencionados
preliminarmente, provocando um contraponto à paisagem razoavelmente homogênea
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característica da cidade tradicional figurativa .
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Refere-se a “maquina de morar” preconizada por Le Corbusier, emblematizada na Unidade de Habitação de Marselha e
mitificada pela tradição moderna na arquitetura. Ver além do próprio Le Corbusier, entre outros, Benévolo(1980, 1981,
1983), Frampton (1991), Kopp (1990), etc.
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A temática “megaestrutural” é fascinante. Banhan (1978) apresenta um completo estudo teórico-histórico sobre o tema
“megaestrutura” na arquitetura tradicional e moderna.
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Na acepção de Rossi (1982): situações sociais ou materiais que incidem sobre a estrutura urbana, caracterizadas por maior
ou menor transitoriedade ou permanência.
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Na perspectiva ensaiada por Comas (1986a,1986b,1993): a cidade figurativa é representativa das relações tradicionais entre
os elementos morfológicos da estrutura urbana: lote, edificação, rua, quarteirão, praça, etc., caracterizando um padrão
fundo-figura específico, em oposição ao preconizado pelo urbanismo moderno de corte corbusiano.
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É importante mencionar, na construção da teoria e da metodologia de interfaces, além de Rubén Pesci, vários outros
pesquisadores ligados a Fundación CEPA. Correndo o risco de omitir involuntariamente nomes importantes, cabe citar a
Omar Accatolli, Jorge Perez, Mario Rabey, Mario Robirosa, Daniel Pini e Artenio Abba, entre outros. Entre os documentos
bibliográficos disponíveis sobre o tema, destaquem-se os trabalhos da Fundación CEPA (1984;1987), de Rubén Pesci
(1985), e de Jorge Perez,1995).
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Ver Fundación CEPA, 1987. O estudo originou-se em 1983, no âmbito do programa Man and the Biosphere, da UNESCO,
como aporte metodológico ao Proyecto de Ecología Urbana Aplicada al Sistema Urbano Pampeano, na região de La Plata,
Argentina.
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A seqüência de autores não obedece qualquer critério cronológico, e sim um encadeamento de conceitos e pontos de vista,
subjetivos na perspectiva do autor.
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Ver a Carta de Atenas (Le Corbusier,1989, ed. orig. 1943) e, em termos gerais, Frampton (1991) e Kopp (1990).
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Sobre as contribuições da sociologia urbana americana ver Park (1980), Cabral (1982), Delle Donne (1979) e Schnore
(1976), entre outros.
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Sobre os modelos da economia urbana ver, por exemplo, Delle Donne (1979), De la Torre (1974) e Carrion (1981)
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Sobre o conceito de região, constitui-se em um bom roteiro para familiarizar-se ao tema, o trabalho de Breitbach (1988).
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Kevin Lynch Os estudos levados a cabo por Kevin Lynch (destacadamente 1975, 1976, 1982,
1985) avançam significativamente na sistematização dos aportes teóricos e
metodológicos aos processos ambientais, bem como das técnicas de investigação e
projeto urbano.
Canais
Nós
Limites
Distritos
Representação esquemática
da estrutura visual se uma cidade,
Marcos Referenciais
utilizando as categorias lyncheanas
(baseado em Lynch, 1982)
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f
o
r
m
a
u
r
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A pesquisa teve, ainda, uma continuidade junto a área de Navegantes (Castello et al,
1989), no sentido de validar e consolidar o quadro metodológico então em
construção.
Aldo Rossi e a No campo da morfologia urbana, Aldo Rossi (1982), arquiteto e teórico italiano, aborda
morfologia a estrutura urbana a partir de uma perspectiva fortemente apoiada na estudo histórico
histórica
da configuração sócio-espacial da cidade tradicional italiana e da arquitetura
resultante deste processo. Descreve, neste sentido, duas categorias elementares,
caracterizando-as ao mesmo tempo em termos de oposição e complementariedade,
quais sejam:
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Sobre o racionalismo italiano, ou tendenza, ver, por exemplo, Framptom (1991) e Cejka (1995).
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Esta dualidade é marcante na construção do pensamento urbanístico moderno e está didaticamente detalhada na antologia
O Urbanismo: Utopias e Realidade (Choay,1979).
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Árvore e Em um ensaio antológico muitas vezes republicado (1988), A City is Not a Tree,
semigrelha Alexander inscreve-se na crítica ao urbanismo moderno que concebe a estrutura da
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cidade funcional em forma de árvore . Neste artigo, de grande repercussão nos
meios acadêmicos, o autor demonstra que a cidade tradicional - atemporal em seu
modelo de configuração e culturalmente contextualizada - estrutura-se através de
relações sócio-espaciais bem mais complexas, à maneira de uma semi-grelha
(semilatice).
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Para elucidar as noções de memória e profecia, Rowe analisa os projetos contemporâneos da Chancelaria Real de Asplund
e da cidade radiosa de Le Corbusier, ressaltando as relações de escala e composição (Rowe e Koetter,1991:)
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A teoria de Alexander, compilada em uma espécie de manifesto doutrinário, é exaustivamente desenvolvida em uma trilogia
formada por El Modo Intemporal de Construir/A Timeless Way to Built (1981), Una Lenguage de Patrones/A Pattern
Language (1982), e Urbanismo y Participación/The Oregon Experience (1978), tratando, respectivamente, da construção
teórica, do método e da aplicação concreta.
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Entre os exemplos acionados está o caso de Brasília, projeto de Lúcio Costa (1956). Ver Costa (1995:283-95), que
transcreve a íntegra da Memória Descritiva do Plano Piloto.
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Regras para um O conceito central desta “nova teoria do desenho urbano” pode ser traduzido na idéia
crescimento de um processo de crescimento integral do conjunto (ou da totalidade: growing whole,
integral no original) que, de maneira bastante coerente com seus estudos anteriores, se
alicerça na aplicação mais ou menos informal de uma seqüência de sete regras para
o crescimento e estruturação do espaço urbano, cada uma delas abarcando uma
dimensão particular do processo:
O “experimento”
No sentido de demonstrar a validade de suas proposições teóricas e a capacidade de
resposta do método desenvolvido, Alexander e sua equipe elaboram um intrincado
experimento de simulação de um processo de crescimento urbano informado a partir
dos condicionantes e da relações contidas nas regras propostas.
Maurice Cerasi Outra contribuição imprescindível à abordagem integral que este ensaio procura
construir pode ser reconhecida na interpretação esboçada por Maurice Cerasi (1977)
à problemática ambiental e ao papel da arquitetura na geração do ambiente humano.
Como resposta, Cerasi trata pois de conferir aos fatos arquitetônicos e urbanos, um
status de cultura-ambiente, indo além da discussão estilística, econômica ou
tipológica que só passam a ter valor se referidas à experiência ambiental integral.
Assim como para Cerasi, só existe sentido na arquitetura (ou, mais especificamente,
na arquitetura da cidade) quando esta é entendida como paisagem cultural que se
reflete na apropriação individual do cotidiano e na memória coletiva dos espaços
públicos e monumentos; para Certeau, a percepção do ambiente se orienta pelos
mesmos mecanismos de valoração cultural: o objeto casa só se torna morada no ato
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Um exercício baseado no experimento de Alexander vêm sendo conduzido, com orientação do autor e dos professores
Moema de Castro Debiagi, arquiteta, e Eber Pires Marzulo, sociólogo,, com os alunos da disciplina ARQ 02.001 - Teorias
Sobre o Espaço Urbano, do Curso de Graduação em Arquitetura e Urbanismo da UFRGS. Neste caso, as regras são
definidas pelo coletivo dos estudantes a partir da hipótese fundacional de uma cidade imaginária. A atividade objetiva
ampliar a compreensão das diferentes abordagens teóricas que fazem parte do escopo da disciplina.
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Ou, aplicando este ponto de vista aos diferentes espaços da cidade, o mercado
vivifica no ato da troca; a praça e o largo, no ato do encontro; as instituições públicas,
no ato cívico e na ação política. Em sua soma, o lugar deixa de ser apenas coleção
de objetos arquitetônicos para se tornar cidade através do ato coletivo.
Herman Abordagem que se aproxima bastante de Cerasi e Certeau, mas referida diretamente
Hertzberger à prática da arquitetura, vem sendo postulada por Herman Hertzberger (1996). O
arquiteto holandês, cuja produção profissional traz rasgos da citada corrente
estruturalista e insere-se, conforme a classificação de Cejka (1995), na modernidade
moderada, sustenta que é no “fazer arquitetônico”, ou seja, na ação projetual, que o
arquiteto encontra elementos para uma teoria da arquitetura, da cidade e do
ambiente.
Robert Venturi No caso de Robert Venturi (1978; Venturi, Scott-Brown e Izenour, 1982), prolífico
e a crítica arquiteto americano considerado por muitos como principal teórico da pós-
pós-moderna: modernidade na arquitetura (Cejka,1995, por exemplo), as relações entre a forma
a arquitetura
do feio arquitetônica, a resposta funcional e a dimensão simbólica servem de argumento para
e do comum uma sólida crítica à tradição moderna na arquitetura e no urbanismo.
Rob Krier e o
Com objetivos muito próximos aos de Venturi, mas com uma argumentação
expressionismo francamente clássica e historicista, o alemão-luxemburguês Rob Krier (1981) procede
historicista uma sistemática catalogação tipológica da morfologia dos espaços públicos, a partir
da desconstrução/transformação/combinação das categorias elementares rua e
praça. Consonante com a crítica pós-moderna aos cânones funcionalistas, Krier
destaca-se, enquanto teórico, na denúncia do esvaziamento simbólico do espaço
urbano do século XX e, como desenhador urbano, em projetos de rasgos historicistas
enriquecidos por uma postura individual que o aproxima de um expressionismo tardio
(Cejka,1995:40).
Lugar como A questão dos significados da morfologia física da arquitetura e da cidade é, também,
signo cultural: objeto na abordagem de Kenneth Frampton (1988), que aponta relações entre forma
a abordagem urbana e identidade cultural. Para denotar uma “arquitetura de resistência” em termos
de de coerência e significação cultural, vale-se de uma série de oposições,
Kenneth
Frampton irreconciliáveis no seu entender, embora fugindo de uma interpretação maniqueista:
E a noção de cidade como sistema de interfaces, que serve de eixo condutor para
este esboço teórico, ao menos a priori parece capaz de desenhar a articulação das
variadas abordagens. Por isso mesmo, é o ponto de partida à sistematização que este
ensaio se impõe. O quadro da página seguinte procura roteirizar, a modo de síntese,
*
os principais conceitos trabalhados pelos principais autores citados .
*
Em um amistoso contato via fax, datado de 20 de janeiro de 1997, já citado na apresentação deste livro, Rubén Pesci, ao
comentar a versão preliminar de alguns dos capítulos, critica a eventual correspondência entre a noção de interface e os
autores citados, considerando-a forçada e fazendo notar que “muitas semelhanças são somente isso (semelhanças)”. Devo
concordar com alguma ressalva. É certo que as articulações entre o conceito de interface e as variadas noções referidas
aos distintos autores não esgotam o tema e são apenas um artifício intelectual - totalmente subjetivo, no caso presente - na
construção da abordagem. Reconheço, obviamente, que os endereços teóricos (e mesmo ideológicos) acionados são
muitas vezes divergentes. Ainda assim, o vis-à-vis entre os vários enfoques, tendo como eixo de discussão a cidade como
sistema de interfaces, tem se mostrado um interessante momento didático, tanto que novos autores e outras abordagens
vem se somando à reflexão de ateliê, trazidos pelos estudantes, seja em função de investigação própria, seja por simples
preferência pessoal em relação ao trabalho de arquitetos modernos e contemporâneos (nota do autor).
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Krier • Praça;
• rua;
• combinações entre praças e/ou ruas.
Frampton • Oposição entre “espaço” e “lugar”.
Hillier e Hanson • Categorização social do espaço;
• modos de apropriação do espaço.
Virilio • velocidade;
• instantaneidade.
Castello • percepção, fruição e apropriação;
• arquitetura do território.
Panizzi • tensão entre cidade “legal” versus cidade “ilegal”.
Aurores citados: principais conceitos e categorias
3
PONTOS INCONCLUSOS
“A
arquitetura funciona porque comunica” ensina Umberto Eco (1976).
Talvez se pudesse precisar que a arquitetura se completa quando
comunica, isto é, quando realiza sua função simbólica, dotando os
espaços da cidade de significados particulares, tal qual as marcas
de um roteiro às práticas sociais cotidianas.
E, como advertência final, importa dizer que esta coleção de obras e autores
foi acontecendo, ao longo do tempo, em função das demandas de ateliê e dos
trabalhos de investigação desenvolvidos em um intervalo de, pelo menos, dez
anos passados. E isso reflete muito claramente as preocupações acadêmicas,
as opções teóricas e a não-neutralidade do seu autor frente a temática
examinada.
Pois, como sabiamente ensina Raymond Aron, “... nossa consciência política
é e não pode deixar de ser consciência histórica”.