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EB23
Orvil em Acção
Acção
Era uma vez uma menina chamada Orvil. Tinha cabelos loiros, olhos azuis e um
sorriso engraçado.
Vivia numa casa muito velha com os seus pais, perto de uma floresta. Era uma
família pobre, mas honesta.
Contudo, Orvil sonhava em ter uma casa e, principalmente, em ler um livro, por
mais pequeno que ele fosse.
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Então, a bruxa, repentinamente, vê o livro de Orvil e deu um pulo pela janela da
casa. Assim disse, com uma voz fraca, a Orvil:
- Dá cá esse livro!
- Ele é meu!
Então, a bruxa olhou para trás e viu chover livros iguais ao dela. A bruxa deu
um salto muito alto dizendo:
Apanhou um, dois, três, …., mil, …., mil e cem ou sei lá quantos livros…
Depois, Orvil foi buscar um pau como varinha mágica e tornou-se bruxa.
Orvil, que era agora uma bruxa, pensou que podia mudar a sua vida. Podia ter a
casa grande com que sempre sonhara e os livros que sempre desejara.
Com o feitiço pronto, rapidamente o lançou sobre a sua casa pequena e velha.
Mas, surpresa das surpresas, a sua casa não aumentou, nem ficou mais bonita. Pelo
contrário, a casa diminuiu e ficou ainda mais velha.
Orvil ficou muito desiludida e começou a ler novamente o livro de feitiços, para
perceber o que é que tinha corrido mal. Tinha-se esquecido de um ingrediente: uma
lágrima de Dragão!
Orvil lembrou-se da floresta que existia perto de sua casa e foi à procura de uma
gruta.
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Enquanto andava pela floresta, encontrou os animais e perguntou à raposa:
Orvil aceitou a ajuda. Caminharam horas sem a encontrar, até que a Orvil disse:
Montou na sua vassoura mágica e foi até lá. Quando chegou, tirou do bolso uma
cebola e foi ter com o dragão. De mansinho, entrou e encostou a cebola ao nariz dele,
que começou a chorar. Pegou, rapidamente, num frasco de cristal irlandês e apanhou a
lágrima, que era transparente e brilhava como as estrelas.
Então, Orvil avistou um lago pequeno de água muito azul. Decidiu descer e ir
beber água.
Com pena dela, ele aparece e começa a chorar também. Orvil repara que caem
imensas lágrimas de Dragão. Pega, então, noutro frasco e recolhe muitas gotinhas
brilhantes e transparentes.
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Finalmente, o Dragão regressa à sua gruta e Orvil volta ao seu caldeirão, mas
quando vai juntar as lágrimas…
- Bum…!
A casa da Orvil voltou a ser o que era antes, pequena e velha. Mas, sem cor, ou
melhor, estava tudo numa só cor. A floresta, o céu, o chão…tudo estava cinzenta.
Orvil, triste e preocupada com o que aconteceu, foi buscar o livro dos “Feitiços
e Poções” para arranjar uma maneira de resolver este problema.
Depois de desfolhar o livro, durante mais de uma hora, encontrou a poção que
revertia esta situação: tinha de encontrar o início do arco-íris, trazer um pouco do seu
pó mágico e espalhá-lo em cima das nuvens antes das primeiras chuvas.
Só que o arco-íris também estava cinzento, o que tornava mais difícil encontrá-
lo.
- Sim, estou completamente desolada! Sou uma bruxa trapalhona e fiz com que
todo o mundo ficasse cinzento. Agora, tenho de encontrar o início do arco-íris para
tentar solucionar o mal que provoquei.
- Sabes?! Onde?
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- Resisti porque sou o duende Arco-Íris e nada me faz perder as cores. Só eu te
posso ajudar a tornares o mundo novamente colorido. Leva este pó mágico e coloca-o,
rapidamente, nas nuvens antes das primeiras chuvas.
Orvil correu apressadamente para casa, pegou na sua vassoura mágica e voou
até às nuvens, espalhando, rapidamente, o pó sobre elas.
Assim que terminou, começou a chover e, lentamente, tudo foi ganhando cor.
- Calma! Aqui tens o pó da cor direita! Terás de o colocar por cima da água e da
terra de todo o mundo.
- Eu sei que estás muito cansada. Por isso, dou-te estes sapatos de cristal que te
ajudarão a ser mais rápida que uma flecha. Ao bateres três vezes com eles, o pó
espalhar-se-á rapidamente. Tem cuidado e boa sorte!
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Orvil ficou desesperada, irritada e angustiada. Caminhou até à gruta do
dragão, mas este não sabia como ajudar… estava sem ideias!
Orvil estava com uma grande dor de cabeça e o seu cérebro não funcionava.
- Eu sei como te ajudar! – disse uma rara criatura, que era meio cavalo e meio
homem. Era um centauro!
- Sabes onde posso encontrar o Mago Lendário? É que os meus sapatos, que
tinham por missão levar-me até lá, partiram durante a viagem.
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- Podes levar-me até lá? – pediu Orvil.
- Neste momento não, pois tenho várias tarefas a resolver. – respondeu a bruxa,
atarefada – mas vou chamar o guardião Chaparreco que te conduzirá até lá.
Encantado, mas depararam-se com um problema: teriam que escolher entre três
portas. Qual das portas iria escolher Orvil?
Orvil teve que raciocinar muito bem e, então, ela teve uma excelente ideia,
lembrou-se de utilizar uns pozinhos mágicos que lhe tinham sido dados pelo dragão.
Ela só os deveria utilizar em caso de emergência e aquilo era uma verdadeira
emergência!
Com o chapéu vermelho na cabeça e ainda muito confusa, olhou com atenção
para as três portas. A primeira era de aspecto antigo, pesada e com um batente
ferrugento. A do meio era a mais bonita de todas e tinha um batente de cristal. A
última era uma porta florida e só tinha uma campainha.
Muito decidida, Orvil resolveu então atirar os pozinhos. Mas, não é que eles
caíram no chapéu? Ela é que não tinha confiado nele… mas seria este chapéu a
indicar-lhe o caminho?
Com uma grande pirueta e com os pozinhos a brilhar, o chapéu levantou voo e
ficou pendurado na parede como se esta tivesse cola. Orvil aproximou-se do chapéu. Ao
tentar tirá-lo, reparou que ele, afinal, estava pendurado no batente de uma porta de
cristal…
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Orvil entrou e viu uma grande sala completamente vazia. Mal pôs um pé no
chão, ouviu-se um grande estrondo e caiu desamparada.
Orvil avançou. Encontrou uns grandes arbustos e bonitas flores a rodear algo.
No centro da roda estava um livro velho e com um aspecto misterioso. Pegou nele. Na
capa estava escrito “Regras do Labirinto do Bosque Encantado”.
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Deixou-se guiar pela intenção. Era um caminho muito acidentado, o sol escaldava…
Orvil chegou junto do riacho rapidamente, mas… Catrapum! Tropeçou numa rocha.
- Estou a sonhar?
Orvil pestanejava e esfregava os seus olhos. Ela não queria acreditar. Ao cair, a
rocha em que tropeçou deixou à vista uma porta de madeira.
“Por que é que estou aqui? Estou cansada e cheia de fome. Já não sei o que
fazer. Quero ir embora.”, pensou Orvil.
Foi aí que reparou numa flor aparentemente normal, no meio de tantas flores
metálicas. Quando se ia a aproximar, tropeçou numa pedra e deu de caras com essa
linda flor. Tocou nela e ela transformou-se numa flor metálica, com o número 2
marcado numa das suas folhas. Percebeu então que era o 2º ícone e guardou-o na sua
mochila. Depois, cansada e com fome, sentou-se na relva do jardim. Comeu as bagas
que tinha guardado, deitou-se e adormeceu logo.
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No momento seguinte, tudo à sua volta parecia crescer. Mas não era verdade.
Ela é que estava a diminuir.
Como o susto, caiu para trás e, por azar, caiu dentro de um túnel. Queria
agarrar-se e voltar para cima, mas o túnel era liso, sem nenhum tipo de pega. Desistiu e
deixou-se levar. Quando chegou lá abaixo, reparou em duas grutas à sua frente. Qual
haveria de escolher? Optou pela da esquerda. Foi mesmo azar! Nessa gruta havia um
abismo, em que ela caiu. Tentava subir, mas em vão. Depois de muito pensar, lembrou-
se que se sobrepusesse os ícones que tinha, podia subir. Como eles eram mágicos, Orvil
fez com que eles crescessem e subiu. Recolheu-os e voltou atrás, desta vez indo pela
gruta da direita. Nessa gruta, não só estava uma passagem para o jardim, como o 3º
ícone: uma pedra em forma de maçã com o número 3 gravado. Saiu pela passagem e
voltou ao seu tamanho normal. Continuou em frente, pensando que o mais difícil havia
passado. Mas enganava-se. O pior estava para vir. Avistou um pomar e foi lá tirar
algumas frutas. Continuou a caminhar e, de repente, começou a ver fumo vermelho à
sua volta e, assustada, correu para trás, mas foi contra algo… ou alguém.
- A sério? Então poderá ser-me útil! Sou Orvil, uma bruxa, mas não sou
malvada e ando à procura dos ícones para chegar ao castelo. Poderia dar-mo?
- Não. Só se adivinhar as perguntas que lhe farei. E, se falhar, nem que seja
uma, ficará aqui para sempre.
- Está bem.
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- Primeira: “ A árvore é que nos fornece esse produto, aquece as lareiras quando
chega o frio!”
- A madeira!
- O metal!
- A pedra!
Cansada, adormeceu.
No dia seguinte, acordou com alguém a chamar por ela. Quem seria?
Ficou assustada. De onde é que teria aquilo saído? Pensou, pensou, mas tinha
de ser rápida se não queria ser apanhada. Lembrou-se que tinha o livro na sua mochila
e poderia falar um pouco sobre esta zona onde ela
estava e dos seus perigos. “ Esta zona é perigosa, mas tens de te lembrar: se
queres o furacão passar, os ícones vais ter de usar. Com cuidado nele vais entrar e os
ícones correctamente encaixar.”
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Entrou e, à sua frente, viu uma sala sem cor, à excepção de uma jarra de vidro.
À primeira vista, Orvil não sabia como fazer. Mas depois pensou:
“ Então, se a minha flor tem cor e aquilo é uma jarra, talvez tenha algo a ver
com ela.
Pegou então nela e colocou-a na jarra. A sala ficou com cor. A flor desapareceu
com a jarra.
Orvil viu-se então numa sala gélida e, para cúmulo, escura. Tacteou e descobriu
uma lareira. Mas não avistou nenhum tipo de fósforo ou lume a que pegar fogo. A
tremer de frio, lembrou-se da acendalha. Tirou-a da mochila e atirou-a para a fogueira.
Magicamente a lareira pegou fogo. A sala ficou quente e iluminada. Ao longe avistou
um monte de chapéus e sapatos e, no centro, um enorme baú. Queria ir até ao baú, mas
não conseguia. Era impossível passar por todos aqueles sapatos e chapéus. Sentou-se
num canto da sala e retirou o livro. Ao pegar nele, reparou que o furacão brilhava.
Pegou no frasco e, sem querer, ele caiu no chão e partiu-se, libertando o furacão. O
furacão foi pela sala e limpou tudo, deixando apenas o baú. Depois, desapareceu. Orvil
aproximou-se do baú e viu que era duro. Não o conseguia abrir. Até que se lembrou da
pedra. Pegou nela e atirou-a contra o baú. Ela partiu-se e o baú abriu. Dentro do baú
havia o livro das poções, a página rasgada e um bilhete. O bilhete dizia:
Talvez te estejas a perguntar quem sou eu. Eu sou a rainha deste castelo. A
tua verdadeira mãe. Quando abrires este bilhete, dirige-te à próxima sala. Eu estarei
lá.” Estupefacta, pegou no livro e na parte rasgada e guardou-os sem os ler. Dirigiu-se
à sala. Lá estava uma senhora alta, de cabelo loiro, olhos verdes, um longo vestido
branco e uma coroa na cabeça. Ao ver Orvil, ela sorriu.
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- Espere – disse Orvil – mas…você é a minha mãe? E quem era a senhora que
estava a
“ fingir” ser a minha mãe? E quem me roubou o livro? Porque tive de vir aqui?
- Vou responder a tudo – disse a senhora – o meu nome é Christal. Quando eras
pequena, este castelo ruiu e eu e tu conseguimos escapar, mas o teu pai não.
Então deixei-te ao cuidado da Emma. Fui eu quem te tirou o livro, para
chegares até mim. A partir de agora, esta é a tua casa. Bem-vinda.
- Obrigado… mãe – disse Orvil – deixa-me pensar, porque isto é tudo o que eu
queria ter, mas ia deixar tudo para trás.
- Christal…, quer dizer, mãe – começou Orvil – eu decidi que eu ficarei aqui,
mas com a condição de chamar a minha antiga família.
- Muito obrigado, - disse Orvil com um sorriso. – Afinal isto é tudo o que eu
sempre quis.
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