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Planos da Terra

Uma breve analogia entre Ciência, Arte, Filosofia e Religião.

A Ciência atual divide em camadas a atmosfera, que é a massa de ar que envolve a


nossa Casa Planetária abençoada, a Terra.
Como sabemos, o ar atmosférico é composto por vários gases, como o nitrogênio
(cerca de 80%), oxigênio (cerca de 20%) e outros gases, como o hidrogênio, o gás
carbônico, o hélio etc. (cerca de 1% no total deste conjunto).
Assim, temos a troposfera, que contém 80% da massa da atmosfera e é onde nós,
seres espirituais encarnados vivemos; temos a estratosfera, a mesosfera, a ionosfera, a
exosfera (camada mais externa que faz contato com o espaço interplanetário).
Essas camadas atmosféricas são obviamente objeto de estudo de nossos amigos da
ciência, como os climatologistas, meteorologistas, físicos e outros.
Por outro lado, partindo da superfície da Terra para o seu interior, temos a Crosta
terrestre (parte mais superficial), o Manto (camada intermediária) e o Núcleo.
Essas camadas da nossa Casa abençoada também são objetos de estudo de nossos
amigos geólogos, geógrafos e outros.
Cabe lembrar que à medida que nos aproximamos do Núcleo, em termos físicos
(reitero que em termos físicos), a temperatura tende a aumentar, chegando a cerca de
6000 graus Celsius, de acordo com a Ciência atual. A temperatura das lavas dos vulcões,
que é proveniente das camadas interiores do planeta, por exemplo, varia entre 600 e 1250
graus Celsius.
Eu não estou me preocupando em colocar referências bibliográficas para esses
conceitos científicos por que eles são comumente aprendidos na nossa educação escolar,
nos ensinos fundamental e médio, e, inclusive, há farto material para confirmação e estudo
aqui na internet.
Fazendo uma analogia da Ciência com as Religiões, estas também costumam dividir
a Terra em planos.
A Bíblia, por exemplo, faz referência ao Inferno e ao Céu. O inferno é citado
metaforicamente também como uma 'fornalha de fogo, onde há choro e ranger de dentes'
(Mateus, 13: 42). Já o Reino dos Céus é comparado a um 'tesouro escondido num campo'
(Mateus, 13: 44).
Mas também há a referência do 'Apóstolo dos gentios', Paulo de Tarso, a um
Terceiro Céu' em sua Segunda Epístola aos Coríntios (2 Coríntios 12:2-4), o que implicaria
a existência de pelo menos mais '2 Céus': o Primeiro e o Segundo, de acordo com a Bíblia.
Já a Teologia Yorubana faz menção ao Aiyé, que seria o Plano Físico, e o Orun, que é
o espaço sobrenatural (que eu chamo de Plano Astral). Não há, nessa forma de ver o
mundo, referências, que eu conheça, com o Céu e o Inferno bíblicos, mas são citados 9
espaços do Orun, sendo, 4 deles situados sob a superfície (os irmãos adeptos dos Cultos de
Nação Africana, por favor, me corrijam ou me complementem se acharem necessário).
Inclusive, o Orixá Oyá tem como atributo ser Yá Mesan Òrun, ou seja, Mãe dos 9
Orun, termo que se contraiu e se transformou em Iansã, denominação mais comumente
utilizada nos Terreiros de Umbanda.
O Pai Rivas Neto em sua obra 'Umbanda - A Proto Síntese Cósmica' - Rivas (1989),
cita o Plano Astral Superior, e o dividiu em 7 camadas, agrupadas em 3 Zonas 'Luminosas',
onde habitam os seres espirituais mais iluminados do Planeta; 1 Zona de Transição e 3
ondas 'Fracamente Iluminadas', mais próximas da superfície.
O Plano Astral inferior, na referida obra, também foi dividido em 7 camadas,
agrupadas em 3 Zonas 'Sub-Crostais Superiores', 1 Zona Transição entre 'Sombras e
Trevas' e 3 Zonas de Trevas onde habitam os seres espirituais mais insubmissos às leis do
Amor, do Altruísmo, do bem comum. Na Mitologia Guarani há menção aos anhangá,
que, de acordo com várias interpretações, seriam esses espíritos 'maus', do Astral Inferior,
que eu prefiro dizer, espíritos ainda não esclarecidos no bem, na Luz.
Na Superfície Terrestre estão, é claro, os seres espirituais reencarnados e também
muitos dos desencarnados, que ainda não têm condições de alçar planos mais superiores.
Muitos dizem que o Céu e o Inferno são estados de espírito. Não deixa de ser
verdade, porque a matéria astral é muito suscetível às formas de pensamentos e
sentimentos. Assim, podemos entender que planos onde habitam espíritos felizes e bons
sejam locais agradáveis e belos; bem como os planos onde habitam espíritos que têm suas
consciências 'pesadas' de culpas e dolos passados vão refletir esses estados de consciência.
'Na Casa do Pai há muitas moradas', cada uma mais condizente com a família
espiritual que nela habita. Por isso, é preciso estar puro como uma 'criancinha’, ou com o
'coração leve como uma pluma', para ser pesado na balança de Anúbis, de acordo com a
Mitologia Egípcia.
Imaginem, meus irmãos, um espírito como eu, vocês, os nossos Caboclos, Pretos
Velhos, Crianças e tantos outros.
O espírito tem a sua realidade própria, a realidade espiritual. Realidade espiritual
essa diferente da matéria ou da realidade material.
Entretanto, para se manifestar no plano físico material, como o que nós, seres
encarnados vivemos, o espírito vai se 'vestindo' de corpos materiais, comumente chamados
de: corpo mental, corpo astral (também chamado de perispírito e diversos outros nomes) e
o corpo etereo-fisico.
Buda, nascido em 560 AC, foi muito sábio ao revelar que a grande causa do
sofrimento humano é o apego. Eu completaria esse ensinamento como apego às coisas
materiais, ou como o Cristo ensinou, apego aos perecíveis 'tesouros da Terra' (Mateus, 6:
19-21).
Podemos perceber intuitivamente que a medida alçamos os planos mais superiores
do Astral vamos encontrar espíritos com cada vez menos apegos, e, por conseqüência,
menos materializados, ou, melhor dizendo, com corpos cada vez mais sutis.
Cabe aqui abrir uma ressalva para ressaltar que os chamados 'tesouros da Terra' são
também importantes no momento da vida planetária por que passamos. Nos Terreiros, o
Exú é quem costuma perguntar pelo nosso lado material, não é, meus irmãos? Afinal
vivemos neste mundo e é preciso ter equilíbrio. Uma coisa, por exemplo, é nós usarmos o
dinheiro, ganho honestamente, fruto de nosso trabalho, para o nosso sustento material e
de nossa família; e outra, completamente diferente, é sermos usados pelo dinheiro,
gerando a cobiça pelos bens alheios, a desonestidade, a avareza etc. O dinheiro e os outros
bens materiais são o meio e não o fim em si mesmos, não podem estar acima de nossas
vidas e da vida de nossos semelhantes.
Por curiosidade, Dante Alighieri, em sua 'Divina Comédia', descreveu o
quarto círculo do Inferno como sendo o dos pródigos e avarentos.
Bem, fazendo uma comparação, se eu, que sou um simples ser terreno, recém
egresso das sombras, sinto compaixão pelo sofrimento do meu semelhante (acredito que
muitos dos irmãos também sentem essa compaixão), agora imaginem aqueles espíritos que
citei acima, dos planos mais elevados, que têm uma condição espiritual, obviamente, muito
maior que a minha!
Surge então a necessidade da mediunidade, de se preparar médiuns no Astral.
E quem de fato são as entidades que militam na Sagrada Corrente Astral de
Umbanda?
Para Matta e Silva, em seu livro 'Umbanda de Todos Nós' Matta e Silva
(1956), essas entidades podem ser Orixás Menores, Guias ou Protetores.
As entidades nos graus de Orixás Menores e de Guias são os espíritos que habitam
as camadas mais superiores do Astral, já tiveram experiências reencarnatórias em várias
etnias e regiões. São espíritos mais 'universais’, digamos assim. Se, por uma questão de
afinidade, optaram para se manifestar na Umbanda como Caboclos, por exemplo,
mentalizam uma existência por que passaram na etnia vermelha, lembram-se das suas
antigas características culturais e físicas e conseguem se apresentar naquela forma, num
exercício de ideoplastia.
As entidades no grau de Protetores já são espíritos que habitam os planos mais
próximos à superfície. São os mais comuns nos Terreiros justamente por causa da
proximidade vibratória. Conservam geralmente o corpo astral de suas últimas
reencarnações. No caso da Umbanda podem ser de fato espíritos que em última
reencarnação foram índios, negros, que conservam corpos astrais de crianças etc. Caboclo
de Umbanda lembra que independentemente do grau da entidade, se ela de fato é de uma
ou outra etnia ou se usa uma 'roupagem fluídica', os Orixás Menores, Guias e Protetores,
querem ser vistos assim, como simples Caboclos, Pretos Velhos, Crianças etc. Estão
irmanados perante a Sagrada Corrente Astral de Umbanda, e trabalham muito. Esperam
que seus filhos façam o mesmo.
Entidade de Umbanda, de fato e de direito, não se exalta, e não gosta, não gosta
mesmo, que seus médiuns a exaltem, ou, pior, exaltem a si próprios. Trabalham no
silêncio, na simplicidade, na humildade, preferem se utilizar de nomes alegóricos,
simbólicos. Se fosse diferente disso não seriam coerentes com o que pregam.
E como o Movimento Umbandista como um todo descreve os planos da Terra? Céu
e Inferno? Orun e Aiyé? Existe o Umbral?
Pelo que eu posso perceber o Movimento Umbandista, como um culto miscigenado
que se apresenta na atualidade, fruto de um Brasil também miscigenado, dependendo da
escola umbandista, ora tende para as concepções católicas, ora, para as concepções
espíritas, ora, para as concepções africanas etc.
Mas justamente por ser tão abrangente que a Umbanda se qualifica para ser um
instrumento de união entre os povos, união entre os saberes; união do saber intuitivo com
o saber racional; união do conhecimento científico, com o religioso, artístico e filosófico.
Assim sendo, dentro dessa metodologia, quando a Ciência constata fisicamente a
existência de camadas acima e abaixo da superfície do Planeta; chega a Religião e diz que
existem também planos espirituais; a Filosofia discute as razões dessas realidades; e a Arte
transforma essas realidades em símbolos que falem à nossa alma.

(Gilson Telles)

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