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conhecimento
em construção
UFSM chega à Quarta Colônia

Ano II - Número 5
Maio de 2009
sumário .txt Canecas à vista
carta ao leitor
Universidade plural e
A Comissão Pró-canecas, que apoia a substituição dos copos descartá-
4 entrevista veis no Restaurante Universitário (RU), já obteve conquistas. No segundo se- democrática?
Paulo Burmann e Felipe Müller falam à .txt sobre suas propostas
para a UFSM nos próximos quatro anos.
Por: Luciana Rosa
mestre, as canecas já devem ser vistas no lugar dos copos descartáveis.
Segundo a chefe do setor administrativo do RU, Dione Pittella Siqueira,
10 mil canecas foram encomendadas por licitação. Elas serão usadas na unidade
do campus, na do centro e na que está sendo construída. Três máquinas de lava-
N este ano, a UFSM tem mais di-
versidade. O sistema de cotas
aplicado no último vestibular
permitiu o acesso dos grupos excluídos ao
ensino superior. As Ações Afirmativas e o
gem devem ter a licitação publicada até o final de maio.
O Programa de Educação Tutorial (PET) e o Comitê Ambiental da Casa REUNI estão dando um importante passo
do Estudante Universitário (CEU II) compõem a comissão, que tem o apoio do rumo à expansão da educação – esfera que
Diretório Central dos Estudantes (DCE). vem tentando inverter seu quadro, num
geral 8 país onde cerca de 14 milhões de brasilei-
ros são analfabetos.
Como funciona o setor de vigilância da Universidade e que mudan-
Se “o saber é poder” de Francis
ças o REUNI traz à área de segurança.
Por: Milena Jaenisch e Saul Pranke Poluição eleitoral Bacon for considerado, a educação insere-
se como um pilar fundamental na constru-
A comunidade universitária já deve ter reparado que estamos em perío- ção da cidadania e, consequentemente, na
do eleitoral. O que tem saltado muito aos olhos são as estratégias de divulgação
11 comIncidência de dentro para fora 12 de cada chapa. Além dos tradicionais panfletos, folders e faixas, a eleição para a
luta pelos direitos de cada um.
A expansão das universidades
A polêmica da passagem estudantil e os benefícios aos Pesquisas da UFSM auxiliam agricultores no reitoria dos próximos quatro anos trouxe muitas bandeirolas (estilo àquelas de traz expectativas a uma parcela sem acesso
alunos em Santa Maria e em Pelotas. aumento da produção de arroz com baixo festas juninas) nos prédios, bandeiras nos canteiros (como se fossem flores) e à educação, e que agora está sendo incluída
Por: Larissa Drabeski custo. banners gigantes. Se o objetivo é tornar os candidatos conhecidos, parece que no campo do conhecimento. A informa-
funcionou. ção leva também o desenvolvimento eco-
Por: Paula Pötter Toda essa poluição visual, nômico a regiões mais pobres. A chegada
13 de fora para dentro entretanto, pode gerar efeito con-
trário: em tempos de “responsa-
de uma nova unidade da UFSM à sede da
Falta de funcionários e poucos doadores: a transfe- Quarta Colônia de imigração italiana traz
bilidade ecológica”, esse excesso mais chances de crescimento a uma comu-
rência das doações do Hospital Universitário para de material não é mera poluição? nidade essencialmente rural.
o Hemocentro e seus impasses. Inclusive, quem vai limpar tudo No entanto, a escolha de uma ci-
Por: Murilo Matias depois do dia 16 de junho? Os ca- dade em vez de outra ainda não foi devida-
bos eleitorais ou os funcionários mente esclarecida por algumas fontes que

CAPA 14 da Universidade – sob as ordens


do ex-candidato e novo reitor?
se recusaram a falar à .txt ou que pediram
para o gravador ser desligado – e não fo-
19 categorias À margem esquerda do Rio Jacuí será inaugurada Foto: Marcelo de Franceschi ram poucas.
As mudanças na eleição para rei- nova unidade de ensino superior da UFSM. Enquanto o ensino superior é
tor: o voto paritário como opção Por: Gabrielli Dala Vechia e Juliana Frazzon democratizado, é imprescindível destacar
democrática.
Voto à distância uma condição lastimável existente no país:
a do analfabeto político. Já disse Bertold
Por: Letícia De La Rue Os alunos que andam pelo campus da UFSM já se acostumaram às inú- Bretch que o pior analfabeto é o analfabeto
meras propagandas das chapas concorrentes à reitoria. As eleições, que se apro- político. Quando o brasileiro estufa o pei-
ximam, deixam uma dúvida: os alunos da educação à distância (EAD), que não to e diz que odeia política ou não lembra
veem toda essa propaganda diariamente, votarão? em quem votou na última eleição, não está
20 cultura cultura 22 Os mais de 3.200 estudantes da EAD não receberam a devida atenção,
segundo o membro da Comissão de Consulta à Comunidade e professor do Cur-
sendo cúmplice dos escândalos no Con-
A arte dramática ultrapassa o arco da UFSM e leva os Muitas histórias para ver e contar na trajetó- gresso?
so de Desenho Industrial, Luiz Antonio dos Santos Neto. Na editoria Categorias Não é preciso ir longe. O que
atores formados pela Instituição aos palcos do mundo. ria do Ciclo de Cinema Histórico. você confere uma matéria sobre o voto paritário na UFSM.
Por: Gabriela Loureiro você espera da Universidade nos próximos
Por: Felipe Viero De acordo com a coordenadora do EAD, professora Cleuza Maria Alon- quatro anos? Pense bem, conheça os can-
so, é necessário que sejam colocadas urnas nas cidades-pólos. Como estudantes
24 perfil da Instituição, os alunos do EAD também não teriam direito ao voto? O que os
didatos a reitor, analise suas propostas e
participe. Exija do futuro reitor todas as
Dos cálculos à madeira: conheça o cientista econômico “seu Darcy” que trocou os números pela mar- candidatos à reitoria pensam sobre isso? promessas feitas durante a campanha. De-
cenaria pende de você, leitor e eleitor, exercer um

.txt
Por: Charles Almeida direito democrático com consciência de
seus atos.
expediente .txt Sarah Quines
Revista Laboratório do 5º semestre de Jornalismo UFSM Endereço: Campus UFSM, prédio 21, sala 5234
Edição: Sarah Quines Telefone: (55) 3220 8811
Sub-Edição: Luiz Henrique Coletto Impressão: Imprensa Universitária
Diagramação: Maiara Alvarez, Paolla Wanglon, Rafael Salles e Endereço: Av. Roraima, 1000
Andressa Quadro Data de fechamento: 5 de novembro de 2008
Revisão: João Pedro Amaral, Laura Gheller e Marcelo de Franceschi. Tiragem: 500 exemplares
Professor Responsável: Jorge Castegnaro - DRT/RS: 5458 .txt Maio de 2009 5
Arte de Capa: Rafael Salles redacao.txt@gmail.com

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entrevista .txt

HÁ VAGA PARA REITOR


Texto:
Luciana Rosa
Imagens:
N o dia 16 de junho a Universidade vai às
urnas para escolher seu novo reitor. São
dois os candidatos a ocupar a vaga: Pau-
lo Burmann, professor titular do departamento de
Odontologia da UFSM e coordenador do Programa
em todos os níveis de ensino, pesquisa e extensão. Em
alguns locais da universidade nós já temos essa exce-
lência, mas temos que levar a outros locais da Institui-
ção, por isso o complemento do lema da campanha é
para que a Universidade ouça a voz das minorias.
FM: Bom, um dos pontos que nos levaram a composi-
ção com o professor Lima foi justamente essa situação
que estava acontecendo na Universidade, de pessoas
forçar o compromisso com a qualidade, da forma como
isso vai acontecer.
FM: Todas essas medidas estão sendo tomadas. A pri-
meira questão é com relação à infraestrutura física.
Felipe Müller
uma universidade de ponta a ponta. O tema da cam- que estavam usando a fundação e a Universidade não Você está vendo que a Universidade está um canteiro
Marcelo De de Pós-graduação em Ciências Odontológicas; e Fe- panha é exatamente para que nós possamos cuidar dos para o bem da Instituição, mas em beneficio próprio. de obras, nós estamos fazendo toda a preparação para Nascido na cidade
Franceschi lipe Müller, atual vice-reitor, doutor em Engenharia alunos, dos estudantes, dos professores, dos técnicos Claro que é muito ruim para qualquer Instituição ter receber esses estudantes que vão estar gradativamente de Taquara, na
Elétrica pela Universidade de Campinas. administrativos que fazem toda essa engrenagem. Nós o seu nome associado a este tipo de escândalo, mas eu chegando. Não chegam seis, sete mil de uma só vez, vão
Ambos conversaram com a equipe da .txt e queremos implantar esse tema com muita coragem, acho que nós tivemos muita tranquilidade, sempre es- chegar ao longo de cinco anos. Todos os centros que
região nordeste do
contaram quais são seus planos para administrar a muita experiência, aproveitando o trânsito que temos tivemos à disposição das pessoas, colocamos a nossa têm essa expansão estão recebendo aporte de recursos, Rio Grande do
Paulo UFSM a partir de 2010 em todas as esferas ministeriais, pois muitas coisas se cara à tapa na mídia em diversos momentos. E isso é estão fazendo as adequações necessárias, sejam elas de Sul, Felipe é casado
Burmann consegue através desse conhecimento da dinâmica da importante para mostrar para às pessoas que não de- laboratório, de sala de aula, de espaço para docentes, há 15 anos com a
.txt: Explique a relação entre seu slogan de campa- administração pública para que nós não cometamos er- víamos nada para ninguém. Tivemos a oportunidade e isso já está acontecendo. Foram 35 milhões de reais
Mesmo com família nha e sua proposta de governo. ros, nem desacertos num processo de gestão. o momento de ‘fazer a limpa’ e fizemos, não tivemos aplicados nessa estruturação, tanto de equipamentos
professora do Centro
natural de Santa Paulo Burmann: Nós temos uma visão muito clara de medo de enfrentar esse desafio e não tivemos medo de quanto de obras. de Artes e Letras,
Maria, foi na que precisamos de uma reforma profunda na adminis- .txt: Como o senhor pretende reestruturar a boa recuperar a imagem da Universidade. Gisela Reis Bian-
cidade de Catuípe, tração da instituição. Existem funções dentro da UFSM imagem da UFSM perante a opinião pública diante .txt: Como ficaria a situação da FATEC durante o calana, com quem
que estão sendo ocupadas pelas mesmas pessoas há dos arranhões sofridos em função do caso FATEC? .txt: Quais medidas o senhor pretende adotar para seu mandato como reitor?
interior do estado, muito tempo, carregando os vícios de gestão. Consti- PB: Isso é um grande desafio. Mas todas as ações da que ocorra uma implantação qualitativa do REUNI PB: As fundações têm o tamanho que a Universidade
tem duas filhas
que nasceu Paulo tuindo um modelo ultrapassado para uma instituição Universidade devem apontar para um compromisso na UFSM? quer que elas tenham. Então, nós temos que procurar pequenas. Quando
Burmann. O candi- que deve continuamente estar atualizada. Apostamos para o resgate da credibilidade da Instituição. Não há PB: Nós temos um prazo de quatro anos agora para desenvolver dentro da Universidade um processo de não está atuando
dato tem três filhos então, no Movimento por uma Nova UFSM, que se dúvida de que a Instituição foi arranhada por esse epi- implantação do REUNI. O orçamento está garantido gestão em que os recursos do orçamento da instituição na administração
pretende um modelo democrático de gestão. Propõe- sódio. Eu diria que a comunidade de Santa Maria so- até 2011. Evidentemente que nós esperamos que o go- possam ser administrados de forma independente das
do casamento de se um modelo de administração democrático em todos freu o impacto desse processo, e olhe que não foi por verno, a partir de 2011, continue enviando um volu- fundações. Há situações, no entanto, em que não tem
da Universidade,
25 nos com Elaine os níveis, em todas as instâncias do ensino superior que falta de aviso. Nas eleições de 2005, muito antes disso, me de recursos suficientes para que se possa continuar outra forma de se administrar, que não seja através da Felipe gosta de ficar
Burmann. Nas deve orientar as principais decisões ao longo do pro- nós já vínhamos apontando que havia problemas na atendendo àquilo que o REUNI propõe. O REUNI foi fundação, especialmente aquelas que envolvem a pres- em casa cozinhando
horas de folga, o cesso de gestão da Universidade. gestão e na relação da fundação com a Universidade, aprovado com pouca discussão, com pouquíssimo pla- tação de serviços. E aí vou entrar com um parênteses, para sua família ou
Felipe Müller: A Universidade de Ponta a Ponta é mais ou da Universidade com as fundações. Nós temos um nejamento. E talvez esse seja um fator que comprometa prestação de serviço que a universidade tenha vocação
professor universitá- do que um slogan, é um tema de campanha. Nós quere- compromisso agora de trabalhar no sentido de recupe- o seu desempenho e a qualidade da sua implantação. para isso e onde fundamentalmente não haja concor-
aventurando-se de
rio gosta de viajar e mos que a primeira parte desse tema de campanha seja rar a credibilidade com ações que envolvam a responsa- Além de ampliar a oportunidade de acesso ao ensino rência com a iniciativa privada. Então, é nesse aspecto jipe pelas trilhas da
praticar esportes. uma universidade de ponta, que ela tenha excelência bilidade, que envolvam o respeito às decisões coletivas, superior público, gratuito e de qualidade, é preciso re- que é importante que a gente tenha a clareza de que o região.

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tamanho da fundação, quem define, somos nós. longo prazo para atender à crescente demanda desses ter um reflexo pedagógico, ela tem que servir como Ensino Superior, o PEIES, tem mais de dez anos. Ele
FM: A FATEC que tem que tomar essa decisão de se estudantes. um modelo. Então, logicamente, nós estamos muito foi muito criticado no início e hoje tem uma aceitação
extinguir ou não. Ela é um meio que está credenciado preocupados com tudo isso que está acontecendo na bastante grande. Quanto ao ENEM, nós precisamos
junto à Universidade para funcionar como uma fun- .txt: Como o senhor pensa a ampliação infraestru- infraestrutura do próprio campus da UFSM e na infra- primeiro olhar como esse exame vai ser feito no novo
dação de apoio, e, volto a ressaltar, que essa noção de tural da Universidade? estrutura das unidades descentralizadas. Simplesmente formato, nós temos uma história de vestibular que nos
apoio deve servir a Universidade e não se servir dela, PB: Toda a questão da infraestrutura demanda plane- foi contratado pessoal através de concursos públicos e permite aguardar um pouquinho. Então, nós temos que
isso é muito importante. Na medida em que as funda- jamento, nós estamos vivendo esse problema [grandes colocado lá, mas essas pessoas precisam de um treina- trabalhar talvez com uma mistura do ENEM com al-
ções deixarem de ser necessárias para a Universidade filas no Restaurante Universitário] porque isso não foi mento, de uma capacitação adequada ao desempenho gumas características que vão selecionar os alunos da
e nós possamos resolver as situações com o orçamen- planejado. Então essa é uma das nossas críticas. Nós so- de sua função. nossa Instituição. Mas é uma discussão que tem que ser
to interno, com autonomia financeira e administrativa mos críticos do REUNI e não contrários a ele. A nossa FM: Em primeiro lugar, eu acho que a qualidade não levada a partir desse primeiro exame, para nós anali-
da universidade, elas serão descartadas, esse é o nosso crítica é justamente no sentido de que não houve um se perde, pois nós temos essas condições de recursos sarmos os resultados dele e fazermos uma projeção de
ideal. planejamento adequado para nós recebermos toda essa humanos e financeiros para fazer a expansão. O que futuro com uma discussão ampla na comunidade.
.txt: O Programa de Ações Afirmativas deverá per- demanda que estamos recebendo. Por que as obras não nós podemos dizer é que a experiência já nos mostra
manecer durante o seu mandato? E como o senhor estão andando no ritmo que deveriam estar? Porque como essas unidades vêm mudando a realidade da re- .txt: O senhor tem conhecimento sobre as condi-
pretende prover a permanência desses estudantes não houve planejamento; Porque não há controle ad- gião em que foram implantadas. Os responsáveis pela ções financeiras da UFSM e se essas serão suficien-
na Instituição? ministrativo sobre o andamento dessas obras. implantação dessas unidades são pessoas altamente tes para cumprir suas propostas de campanha?
PB: O Programa de Ações Afirmativas, antes de ser FM: Sendo que nós fazemos parte de uma administra- engajadas, que estão trabalhando completamente inse- PB: O governo já vem acenando com um aumento de
uma política do governo, é uma convicção pessoal. Nós ção, não podemos negar isso, estamos incumbidos de ridas na comunidade, já se estruturando para organizar investimento no ensino superior. Então nós temos cla-
temos uma proposta de gestão que prevê a inclusão em dar continuidade a uma série de obras, a uma série de programas de pós-graduação. Então, essa experiência ro que sempre vai faltar recurso, porque no momento
todos os níveis. Logicamente, temos uma preocupação ações. A universidade melhorou, se nós olharmos todos nos deixa muito tranquilos com relação à expansão, em que nós resolvermos algumas demandas nós já va-
muito grande com a implantação das políticas de ações os índices dos últimos três anos. A questão do Restau- pois fazia quinze anos que a Universidade não tinha a mos ter outras. E isso, como eu disse, deve estar atrela-
afirmativas. Há imperfeições no modelo, mas que com rante Universitário (RU) é bastante peculiar, porque oportunidade de sofrer uma expansão com essa garan- do a um planejamento em relação ao crescimento, em
todas essas imperfeições ele traz consigo um avanço. nós entramos em 2005 e o RU servia, em média, 1.800 tia de recursos. relação a como nós queremos crescer. O que nós deve-
O que nós precisamos fazer é tornar essas ações mais refeições por dia. Hoje nós estamos chegando a 5.000 mos resolver com relação ao orçamento, num primeiro
eficientes, através de um maior planejamento, seja com refeições por dia, sem nenhum aumento no número .txt: Como o senhor encara a proposta de atrelar o momento, é a questão local, é um problema interno da
relação ao vestibular, seja quanto à estrutura física da de estudantes dentro da Universidade. Então, só isso processo seletivo da Universidade ao ENEM? Instituição. O que não significa dizer que não devamos
Universidade. já é reflexo da melhoria de qualidade do restaurante. PB: Isso tem que ser analisado com muita cautela. A continuar lutando para aumentar as verbas da educa-
FM:O Programa de Ações Afirmativas é um programa Um novo Restaurante Universitário está sendo feito, a Universidade tem um sistema de ingresso que foi cons- ção.
dinâmico, ele é um processo previsto para dez anos. O obra é prevista para terminar em julho. Os primeiros truído ao longo dos anos. Desde a fundação da institui- FM: O pacto que foi feito para implantação do CES-
Programa tem uma comissão de acompanhamento que estudantes do REUNI vão chegar em agosto, quando o ção, seu sistema de ingresso já passou por uma refor- NORS, que é o nosso centro em Frederico Westphalen
vai permitir que seja aprimorado a cada rodada. Nós restaurante já deverá estar finalizado. Está tudo dentro mulação importante, no momento em que se instituiu e Palmeira das Missões, e dos cinco campi na UNI-
tivemos algumas situações judiciais esse ano, em rela- do previsto para que esses estudantes que chegam já o PEIES em 1995. Isso foi um avanço significativo, PAMPA, nunca apresentou uma situação em que fosse
ção ao ponto de corte, etc. Essas situações serão ana- tenham uma estrutura que possa recebê-los de maneira voltado para um processo mais justo, mais equilibra- diminuído o repasse de recursos pelo Governo Federal.
lisados agora, com as novas estatísticas, para que haja adequada. do, que não avalia o aluno apenas naquele momento Muito pelo contrário, muitas vezes o recurso chegava
um aprimoramento continuo. Com relação à perma- da prova. E agora, com essa proposta do Ministério da antes do que nós estávamos esperando. Então, eu não
nência dos alunos cotistas, a primeira coisa que a nossa .txt: Como o senhor vê a expansão da UFSM, com Educação, nós precisamos estudar uma forma que não tenho nenhum receio de que esse programa, eu digo
administração fala é que no momento em que eles en- relação as suas unidades descentralizadas? Quais descarte o modelo vigente e que ao mesmo tempo pos- que é um programa de Estado, não é um programa de
traram na universidade, eles são alunos da UFSM. Não os riscos que a qualidade do ensino na UFSM corre sa ser incrementado, possa ser melhorado com aquilo governo, não é porque partido A, B ou C está no go-
importa a forma pela qual entraram na Universidade. tendo que gerenciar tantas outras unidades? que o governo está propondo, ou seja, a utilização das verno, está dentro de um plano plurianual do governo.
O que nós estamos preparando é uma reorganização da PB: Corremos um risco sim, na medida em que a Uni- provas do ENEM associadas ao modelo vigente da Então, todo o orçamento está dentro desse plano e nós
Pró-reitoria de Assuntos Estudantis e da moradia estu- versidade não proporciona a infraestrutura adequada Universidade. não temos nenhuma situação de descrença quanto ao
dantil para receber esses alunos, mas ao mesmo tempo, para o desenvolvimento desse projeto. Além de você FM: A Universidade é pioneira em formas alternativas repasse desses recursos para que possamos fazer a ex-
nós estamos trabalhando com uma série de ações de viabilizar, de você construir, essa construção tem que de acesso. Nosso Programa Especial de Ingresso ao pansão com tranquilidade. .txt

> do eleitor da Universidade. Não se pode admitir sa, e em muitos deles, existem ações Pergunta enviada pelo vigilante da Biblio- temos que fazer um resgate da credi- a operação Rodin todas as nossas
que exista uma relação truncada, vio- de integração com a comunidade. Nós teca Central, Laerte Luiz Fontoura, aos bilidade para que consigamos traduzir ações foram no sentido de esclarecer
Pergunta enviada pelo acadêmico do 8º lenta com os estudantes. A democra- estamos com duas propostas dentro candidatos a reitor: Como o novo reitor em nossa gestão o anseio de toda a a situação. Nós tivemos a tristeza de
semestre de Economia, Vinício Rossato, cia, o espaço e o diálogo vão ser uma do nosso plano de gestão que é a cria- manterá a credibilidade perante o população que é a transparência em estar lá nesse momento da Univer-
ao candidato Paulo Burmann: Quais as constante. Pode ser até que a gente ção de projetos de extensão em tecno- corpo de funcionários técnico-adminis- todas as ações da gestão, inclusive sidade, mas também a felicidade de
ações que o senhor pretende tomar não concorde em algumas teses, mas logias sociais e um projeto do Núcleo trativos depois de ter vários nomes da orçamentárias. É fundamental que a fazer as ações que foram necessárias,
para melhorar a relação entre a Reito- que nós vamos poder sentar, discutir e de Cultura e Arte a partir da obtenção Administração Central da Universida- comunidade saiba como o orçamento como a demissão de alguns cargos,
ria e o Movimento Estudantil? conversar para chegar a uma conclu- de um teatro qualificado [no centro de de envolvidos no escândalo da FATEC? da Universidade vem sendo gerencia- afastamento de alguns docentes. Esta
PB: Esse tipo de ação não terá espaço são que agrade a coletividade, eu não convenções que está sendo construí- PB:O processo resultante da operação do, principalmente aquele proveniente foi a postura da administração atual.
na nossa gestão [Durante a votação tenho dúvida disso. do no bosque da Universidade]. Outra Rodin está nas mãos da Justiça e nós de recursos próprios, que ainda tem Com relação à eleição que se aproxi-
do REUNI, houve uma ocupação do ideia diz respeito ao aproveitamento temos que confiar nos trâmites legais. uma ligação com a fundação. Mesmo ma, ela tem uma situação bastante
hall da reitoria por alunos do movi- Pergunta enviada pela professora do curso dos espaços que temos no centro da Nós participamos das discussões e com todo o episódio que resultou na diferenciada e ninguém tem garantia
mento estudantil contrários à assi- de Comunicação Social, Rosane Rosa, ao cidade, pretendemos criar um espaço apresentamos à comunidade os pro- operação Rodin, a gestão orçamen- em qualquer cargo da Instituição, até
natura do projeto]. Eu fui estudante, candidato Felipe Müller: Por que a UFSM de integração [nos prédios que serão blemas que poderiam advir da forma tária ainda é pouco transparente, e por que a eleição não está ganha. Por
a professora Martha foi estudante, não tem um programa institucionaliza- desocupados pelos cursos, os quais de como a gestão das fundações vi- esclarecer isso é fundamental para enquanto, não podemos definir como
não faz muito tempo e a gente não do de ações dentro das comunidades serão transferidos para o campus em nha sendo executada. Mas, a partir do que haja um controle social sobre a será essa relação Administração Cen-
esquece disso. Como é importante carentes de Santa Maria? Camobi] da comunidade, onde ela momento em que o Ministério Público Universidade. tral/Reitoria, pois os cargos só serão
estabelecer um canal de ligação dos FM: Nós temos hoje na Universidade possa participar de atividades artísti- assumiu a situação, nós temos que FM: Quando veio a tona o escândalo definidos em 2010.
estudantes, que são o grande objetivo cerca de 700 projetos de extensão e cas e culturais, de mostras, oficinas, esperar o resultado dessa investiga- da FATEC, nós presidiamos o Conse-
da Instituição, eles são a razão de ser em torno de 2.000 projetos de pesqui- apresentações teatrais. ção. A partir desses resultados, nós lho Superior da Fundação. E durante

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geral Exigências do edital 56/09 .txt

Crescimento com
O setor de vigilância faz uma inves-
tigação prévia das ocorrências e, depois, • Observar a movimentação de indivíduos suspeitos nas imedi-
encaminha-as para os órgãos competentes: ações do Posto, adotando as medidas de segurança conforme ori-

segurança
Polícia Civil ou Polícia Federal. A Civil é entação recebida da Administração, bem como as que entenderem
acionada em casos como brigas, assaltos ou oportunas;
furtos de objetos; já a Federal é chamada • Comunicar à área de segurança da Administração, todo aconteci-
quando o ocorrido envolve o patrimônio mento entendido como irregular e que possa vir a representar risco
da Instituição. Romeu, vigilante da UFSM para o patrimônio da Administração;
há 17 anos, afirma que o número de furtos
• Colaborar com as Polícias Civil e Militar nas ocorrências de or-
tem diminuído gradativamente e que a vig-
A expansão que ocorre ilância trabalha para chegar ao índice zero.
dem policial dentro das instalações da Administração, facilitando,
na UFSM se reflete no o melhor possível, a atuação daquelas, inclusive na indicação de
testemunhas presenciais de eventual acontecimento;
sistema de Vigilância. • Proibir o ingresso de vendedores, ambulantes e assemelhados às
A Segurança Patrimonial e o serviço
Texto: Milena Jaenisch e Saul Pranke da COPSIA instalações, sem que estes estejam devida e previamente autoriza-
dos pela Administração ou responsável pela instalação;
Em todos os casos em que ocorre • A arma deverá ser utilizada somente em legítima defesa, própria
furto ou dano grave ao patrimônio da Uni- ou de terceiros, e na salvaguarda do patrimônio da Administração,

O
versidade, pode ocorrer uma sindicância após esgotados todos os outros meios para a solução de eventual
sistema de vigilância da UFSM e, se necessário, um inquérito para a averi-
terá o seu quadro incrementado problema.
guação das responsabilidades. Nesse ponto,
no segundo semestre deste ano. atua a Comissão Permanente de Sindicân-
Devido ao Programa de Reestruturação Fonte: edital revogado pela PRA.
cia e Inquérito Administrativo - COPSIA,
e Expansão das Universidades Federais formada por sete servidores e vinculada di-
(REUNI), a estrutura da Universidade pas- retamente à Reitoria. Ela é responsável pela sabilizado, caso se comprove a falta de um limite maior: sessenta dias, com a pos-
sará por uma adaptação para atender à nova realização de sindicâncias no âmbito da cuidado com a guarda do objeto da ação. sibilidade de mais sessenta dias.
demanda de alunos, com a contratação de Reitoria e pelos Processos Administrativos A ação da Polícia Federal pode resultar em Segundo João Hélvio Righi de Ol-
mais vigilantes. Disciplinares (PAD’s) vindos dos Centros um processo na Justiça Federal. iveira, doze sindicâncias ou inquéritos já
O Pregão Eletrônico número 56/09 de Ensino e das Unidades Administrativas. A sindicância desenvolvida pela foram iniciados em 2009. Uma média de
(veja o quadro na página 9) para a con- O primeiro procedimento quando COPSIA apura os responsáveis e pode 75% dos inquéritos anuais ocorrem em
tratação de uma empresa prestadora do há um caso de dano ao patrimônio é comu- encaminhar o caso para um PAD. Esse virtude de roubos patrimoniais. No último
serviço nos campi da UFSM em Santa Mar- nicar à vigilância, que aciona a Polícia Fe- processo é realizado por três pessoas que ano, chegaram vinte e quatro processos à
ia, Frederico Westphalen e Palmeira das deral para o registro da ocorrência. A Polí- investigam os possíveis culpados identifi- COPSIA. Por haver apenas sete compo-
Missões seria realizado no dia 6 de maio cia Federal investiga o caso e tenta identi- cados pela sindicância e os apontam para nentes na comissão, muitos processos ain-
de 2009. No entanto, ele foi revogado pela ficar os responsáveis. Segundo o chefe da uma possível sanção administrativa. As da aguardam execução. O gráfico a seguir
Pró-Reitoria de Administração (PRA) no COPSIA, João Hélvio Righi de Oliveira, o sindicâncias têm um prazo de trinta dias mostra a diferença entre número de pro-

Foto: Marcelo de Franceschi


dia 29 de abril, devido à nova regulamen- servidor ou o docente que responde pelo para sua execução, cuja prorrogação pode cessos instaurados e encerrados ano a ano
tação prevista. Uma portaria será lançada zelo do material também pode ser respon- ocorrer pelo mesmo prazo. Já os PAD’s têm desde 2006.
e abordará os novos valores limites para a
contratação de serviços de vigilância, pre-
vistos pelo Ministério de Planejamento,
Orçamento e Gestão.
O diretor da Divisão de Serviços
Gerais (DSG), Luis Sérgio Giacomini,
afirma que a licitação visa a aumentar o Controle dos acessos e identificação das pessoas são as principais funções da
número de postos de vigilância: serão vigilância no HUSM.
criados nove diurnos e quinze noturnos,
conforme o edital. A empresa vencedora
da concorrência pública atuará com a Vig- eletrônica, a qual engloba as câmeras de também fixa, além do monitoramento feito
illare, atual empresa prestadora do serviço. monitoramento e o sistema de alarmes. através de câmeras e do sistema de alarmes.
Ela tem contrato com a UFSM desde 24 Embora utilizem uniformes diferenciados, Mesmo com essa estrutura, são registradas,
de junho de 2005, o qual já foi renovado tanto os vigilantes concursados, quanto em média, dez ocorrências mensais na Pró-
por três vezes. Esse tipo de contrato tem a os terceirizados, têm a mesma função. No Reitoria de Infraestrutura. Os casos mais
duração de um ano, com a possível pror- total, existem 105 vigilantes, incluindo ho- frequentes de denúncia são os de pessoas
rogação por mais quatro anos. mens e mulheres, que trabalham na área suspeitas dentro da Universidade.
do campus da UFSM, nos prédios da zona Já no Hospital Universitário, onde o
urbana da Instituição, e ainda no Museu público não é o estudantil, a organização da
Funcionamento do sistema de Gama d’Eça. vigilância é diferenciada. Os vigilantes que
vigilância O chefe do setor de vigilância da atuam no HUSM não trabalham armados e
UFSM, Romeu Lemes, afirma que o mé- precisam de habilitações mais específicas,
O sistema de segurança da UFSM todo de trabalho consiste em rondas as- como ensino médio completo, certificado
é dividido entre a vigilância orgânica, que sistemáticas (em horários e itinerários de formação técnica específica e treina-
compreende os vigilantes, e a vigilância variados), vigia móvel – com viaturas – e mento periódico em defesa pessoal.

8 .txt Maio de 2009 .txt Maio de 2009 9


Foto: Marcelo de Franceschi
Alguns moradores da Casa do comIncidência .txt
Estudante falaram à .txt so-
bre a situação de segurança
no campus da UFSM: Passagem estudantil em
“A segurança é bem precária
aqui na Casa do Estudante.
Há muitos desconhecidos que
Santa Maria e Pelotas
passam por aqui, ocorrem Na prática, o benefício
muitos furtos. Nos varais só se atinge de forma diferente
pode colocar a roupa de dia. À
noite não dá. Assim como as os estudantes da UFSM e
janelas têm que ser bem fecha- da UFPel.
das. Principalmente nos finais Texto: Larissa Drabeski
de semana e nos feriados, cir-
culam mais pessoas e acabam
causando transtornos para
quem mora na Casa.”
Evandro Tatim da Silva
O séias dos Santos Oliveira e Paulo
Moreira de Lima embarcam no
mesmo ônibus no centro da ci-
dade. O destino é o campus da UFSM.
Os dois utilizam esse meio de transporte
Foto: João Pedro Wizniewsky

com desconto ou gratuidade altera o valor meia passagem aos estudantes. Entretanto,
estudante do 1º semestre do Curso
Técnico em Paisagismo. diariamente, enfrentam o mesmo tempo final do cálculo. a Universidade tem um campus situado
de viagem e as mesmas condições de trân- Ainda segundo Maffini, quem numa cidade vizinha, Capão do Leão. Os
sito. A diferença está quando passam na ro- acaba pagando a diferença são os mora- estudantes que se deslocam do centro de
leta. Oséias é estudante, faz doutorado em dores da periferia. O fato é que nem todos Pelotas para esse campus reclamam da lo-
“Há muita facilidade de en- Educação, e paga meia passagem. Já Paulo, os trabalhadores da cidade recebem o vale- tação nos ônibus e do valor da passagem.
trar aqui, não tem algo que desloca-se até a universidade para trabalhar transporte. Marina Schneid Alves faz o trajeto
impeça. Acho que é média a e não tem direito ao passe estudantil (re- – Eu não sou contra a meia pas- Pelotas-Capão do Leão diariamente de
vigilância do campus. Acho cebe vale-transporte). sagem. Eu acho que a meia passagem deve ônibus. Ela reclama do preço da passagem,
suficiente, mas a forma que a O benefício da meia passagem, utili- ser revista. que é de R$1,75, o que significa para ela
vigilância atua não é adequa- zado por Oséias, é regulamentado por uma Ele aponta duas alternativas: um um custo médio mensal de 70 reais. Por ser
da. Teria que ter mais rondas. lei municipal. Por não se tratar de uma le- subsídio para a passagem, talvez por parte classificada pela legislação estadual como
O que mais acontece é arrom- gislação nacional, os benefícios concedidos da Universidade, ou um benefício baseado linha metropolitana, o desconto concedido
bamento de porta ou janela. aos estudantes variam de uma cidade para na análise socioeconômica, que seria con- aos estudantes é de apenas 10%. O trans-
Janela é mais fácil de abrir, outra. Cidades como Santa Maria e Pelotas cedido apenas às pessoas com renda fami- porte dentro do município de Pelotas, que
principalmente no térreo. No oferecem desconto de 50% aos estudantes, liar menor. oferece 50% de desconto aos estudantes, é
apartamento número 11, ac- do ensino fundamental ao ensino superior. O Diretório Central dos Estudantes pouco utilizado pelos universitários. Ma-
Paulo, embora não tenha direito à (DCE) da UFSM é favorável ao desconto rina também contesta a lotação dos ônibus
onteceu esses tempos: arrom- meia passagem, acredita que a existência para estudante e defende que deveria ser que vão até o campus:
baram a porta e levaram o do benefício é positiva. Oséias considera adotado em todas as cidades. O coordena- – Chega a ser ridícula a quantidade
computador.” fundamental para a locomoção dos estu- dor de Formação Política e representante de gente que colocam no ônibus.
Alex Becker dantes, uma vez que a maioria não está em- do DCE no Conselho Municipal de Trans- Pela legislação, é permitida a circu-
acadêmico do 3º semestre do Curso pregada. portes, Cleber Petró, acredita que as pes- lação dos ônibus com até 100% da capaci-
Pedestres e motoristas podem ser acompanhados pelas câmeras de vigilância, de Matemática. – É um auxílio financeiro e uma va- soas que pagam a passagem inteira também dade de pessoas sentadas. Por exemplo, se
caso demonstrem comportamento suspeito. lorização também. são beneficiadas: o ônibus tem 50 assentos, ele pode trafegar
O benefício concedido aos estu- – A maior parte dos trabalhadores com mais 50 pessoas em pé. No caso dos
“Furtos não são muito fre- dantes gera controvérsias. O presidente tem filhos que, ou estão na universidade, ônibus dessa linha, que têm em média 56
O Processo Administrativo Disciplinar (PAD) engloba a Sin- quentes. Lembro de dois ar- da Associação de Transportes Urbanos de ou fazem ensino médio, e os secundaristas lugares, a lotação total seria de 112 pes-
dicância e o Inquérito Administrativo. A Sindicância é um processo rombamentos no início do ano. Santa Maria (ATU), Luis Fernando Ma- também são beneficiados pela meia pas- soas.
investigativo que não possui apresentação de defesa, pois não há Durante à noite também acho ffini, estima que de 21% a 22% de quem se sagem. O responsável pela fiscalização da
uma formalização de acusação. Já o Inquértio Administrativo en- desloca de ônibus na cidade paga metade O secretário municipal de Trân- linha é o coordenador da Fundação Esta-
tranquilo. A vigilância cumpre
volve a materialidade do fato, assim como o denunciante e o de- da tarifa. Entretanto, ele defende que o sito, Transporte e Mobilidade Urbana de dual de Planejamento Metropolitano e Re-
nunciado. bem o seu trabalho, mas acho
benefício seja revisto, pois afirma que se- Santa Maria, Sérgio Renato de Medeiros, gional (Metroplan), Danilo Rossi Landó.
que tinha que ter mais controle ria um dos responsáveis por onerar a pas- concorda que o passe estudantil encarece Ele afirma que as condições estão de acor-
As sanções administrativas previstas pelo Estatuto dos Servi- do pessoal que vem de fora no sagem. o preço da tarifa, mas ainda assim defende do com a lei.
dores Públicos Civis da União – Lei Federal número 8.112/90 – são: final de semana que fica com A afirmação é baseada na forma de o benefício: – Aqui a gente só fiscaliza. Para
advertência, notificação, suspensão e exoneração, entre outras. música alta, fazendo baderna. calcular o indicativo da tarifa, que serve de – Eu sou a favor que se dê o descon- mudar isso, teria que modificar a lei.
Mas brigas ou assaltos, nunca base para o prefeito decretar o seu valor. to ao aluno, porque é um investimento do Com o objetivo de modificar
presenciei.” No método, os custos das transportadoras poder público numa coisa muito séria, que a lei, o DCE da UFPel encaminhou um
Luciele Silva são divididos pelo número de passageiros. é o ensino. documento ao Ministério Público Fede-
Os telefones para acionar a vigilância são: 3220 8360, 3220 8183 e acadêmica do 3º semestre do Curso Nessa fórmula, é utilizado o sistema de pas- Para os estudantes da Universidade ral. Umas das solicitações é que a linha
de Filosofia. sageiro equivalente, ou seja, se o estudante Federal de Pelotas (UFPel), o principal de- Pelotas-Capão do Leão seja tratada como
9626 2727. .txt paga meia passagem, ele é considerado bate quando se trata do transporte coletivo um transporte peculiar, com lotação menor
meio passageiro. Assim, cada passageiro é outro. Há uma lei municipal que garante a e desconto de 50% para os estudantes..txt

10 .txt Maio de 2009 .txt Maio de 2009 11


de dentro para fora .txt de fora para dentro .txt
Informação a serviço do
produtor de arroz Um ano com poucos motivos

Foto: João Pedro Wizniewsky


Pesquisa da UFSM busca alternativas para melhorar o manejo na lavoura de arroz na região.
Texto: Paula Pötter para se comemorar
É poca de plantio, clima, pragas, tivas para aumentar a produção e reduzir o contribuição dos produtores ajuda a man- Resultado de uma parceria entre Estado, União e Prefeitura,
momento certo de irrigar e vários seu custo não devem prejudicar o meio am- ter a pesquisa junto às necessidades da la- o Hemocentro de Santa Maria sofre com poucos doadores e
outros fatores influenciam na capa- biente. Determinou-se que a água utilizada voura.
Um exemplo disso é o novo cam-
com promessas não cumpridas.
cidade de produção da lavoura. O consu- no cultivo do arroz só pode ser devolvida
midor geralmente não tem ideia da quan- à natureza após 30 dias. Antes disso, ela po de pesquisa ao qual o grupo vem se Texto: Murilo Matias

A
tidade de fatores necessários para que o ainda teria substâncias que contaminam o dedicando, relacionado ao manejo pós- queda nas doações já chega a 50% O fato de três esferas públicas es- de 40 a 45 doadores diários, enquanto que
arroz chegue à prateleira do supermercado. ambiente. A descoberta já é recomendada a colheita. Fica no local uma sobra de oito a desde a transferência das doações tarem envolvidas no gerenciamento cria no Hemocentro trabalha-se com a metade
A quantidade produzida, por exemplo, in- todos os produtores de arroz do estado. dez mil quilos de palha após a colheita do de sangue do Hospital Universitá- entraves que dificultam o desenvolvimento do antigo número, ou seja, cerca de 20 a 25
fluencia diretamente no preço do produto Marchezan considera o diálogo com arroz, e até a época de semear novamente, rio (HUSM) para o Hemocentro. O prédio do Hemoentro. Zanoni comenta essa reali- doadores por dia. Uma queda de 50% nas
que chega ao consumidor. Professores do os produtores indispensável para a conti- a palha não se decompõe. É preciso encon- que abriga o órgão é considerado de difícil dade: “O contrato que diz para o Hemocen- doações causa a escassez de tipagens de
departamento de Fitotecnia do Centro de nuidade da pesquisa, que não deve termi- trar soluções para o que fazer com a sobra. localização e acesso – está situado na Ala- tro suprir muitas cidades exige a participa- sangue menos comuns, como as negativas.
Ciências Rurais (CCR) da UFSM pesqui- nar na publicação de um artigo. Na maioria Existem máquinas e técnicas que são usadas meda Buenos Aires – e apresenta uma si- ção do estado pra tornar exequível o que se O principal problema está relacionado à
sam para encontrar alternativas para essas das vezes, as pessoas que poderiam se bene- para resolver o problema. O que a pesquisa nalização deficiente. Além disso, o Hemo- pretende. Esse contrato venceu em março falta de plaquetas, apesar de não faltar san-
variantes. As pesquisas concentram-se ficiar das descobertas não leem esse tipo de quer determinar, sobretudo, é qual dessas centro sofre com a falta de funcionários, o e está em fase de renovação. Nós estamos gue para situações de cirurgia ou reposição
principalmente na produção de arroz vi- publicação. Segundo o professor, é preciso alternativas é a melhor e mais rentável para que inviabiliza a ideia inicial do projeto de acertando os detalhes do que falhou no pri- em acidentados, por exemplo (entenda
sando a aumentar a produção e reduzir os “decodificar esse artigo, transformá-lo de o produtor. atender a toda a região. meiro ano para tentar corrigir”. A atual con- como o sangue é processado após a coleta
custos. uma forma mais simples e mais compreen- O professor lembra que é mui- A realidade era para ser bem dife- juntura faz com que o órgão atenda apenas na ilustração).
Aumentar a produção e manter o sível”. Assim ele tenta passar as informações to importante que exista credibilidade na rente. Inaugurado em 5 de abril de 2008, o ao HUSM, não chegando nem próximo à Desde 5 de maio de 2008, data de
custo baixo é essencial para a sobrevivên- coletadas com as pesquisas para os agricul- relação com o produtor, “se tu não tiveres Hemocentro (Hemorgs – RS) de Santa Ma- expectativa de prestar serviços a mais de 50 abertura do Hemocentro, até o dia 27 de
cia dos produtores. O problema é que eles tores através de encontros realizados a cada crédito, por melhor que seja essa informa- ria foi projetado para ser um pólo centrali- cidades da região. abril deste ano, os doadores em Santa Ma-
não estão organizados como outros setores dois anos e de participações em feiras e em ção, ela vai custar a ser absorvida e a ser zador, que atenderia a mais de 50 cidades A reportagem entrou em contato ria ficaram na casa de 3.966 pessoas. A fim
que conseguem influenciar no preço de seminários sobre o tema. utilizada”. Ao conquistar a confiança dos da região. Ainda era necessário transferir as com a FEPPS, mas até o fechamento da de complementar as doações que são reali-
seu produto – por exemplo, o setor auto- Na conversa com os produtores, agricultores, eles acabam testando essas doações de sangue do Hospital Universitá- edição não houve resposta por parte da ins- zadas em Santa Maria, a equipe do Hemo-
mobilístico – então quem acaba colocan- não se transmite apenas informação, mas descobertas. Geralmente o teste aconte- rio, onde não se contava com uma estrutura tituição quanto ao não envio dos funcioná- centro realiza coletas em cidades vizinhas,
do o preço no arroz é o mercado. O valor, também, escutam-se as suas necessidades. ce em um pequeno trecho da lavoura, por adequada, para um novo local. rios previstos no contrato. destacando um efetivo para ir a esses locais
muitas vezes, “é bom para o consumidor Muitas vezes, o que o pesquisador consi- segurança; se a informação estiver correta, Apesar da deficiência quanto à loca- em finais de semana. O resultado dessas
porque é baixo, mas não é bom para o pro- dera importante, na prática não tem tanto ela passa a ser usada no ano seguinte, e o lização e a questões de logística (transporte ações tem sido muito importante na obten-
dutor”, esclarece Enio Marchezan, um dos impacto quanto outros problemas. Logo, a pesquisador ganha credibilidade. .txt de insumos do HUSM para o Hemocentro, ção de um certo equilíbrio entre a “produ-
professores responsáveis pela pesquisa. transporte do sangue coletado), a maior O sangue doado passa por um proces- ção” e a demanda de sangue.
Foto: João Pedro Wizniewsky so chamado fracionamento no qual é di-
A época de semear é importantíssi- dificuldade pela qual passa o Hemocentro Outro ponto que dificulta um maior
ma para a relação de maior produção e me- vidido em:
está vinculada ao quadro de funcionários. número de doações é o horário de funcio-
Concentrado de Hemácias - duração
lhor preço. As pesquisas já determinaram Atualmente a equipe conta com cerca de 30 namento do Hemocentro. O órgão perma-
de 35 dias
que semear cedo dentro da época recomen- pessoas, sendo cerca de 20 profissionais ad- Plasma - duração de 1 ano nece aberto aos doadores seis horas diárias,
dada é fundamental, porque semeando tar- vindos do HUSM e o restante pertencente Plaquetas - duração de 5 dias três pela manhã e três pela tarde, não abrin-
de expõe-se a lavoura a mais pragas e, con- ao efetivo cedido pela prefeitura. O Estado, do aos finais de semana e feriados, o que
Crioprecipitado - duração de 1 ano
sequentemente, o custo torna-se mais alto, através da Fundação Estadual de Produção impossibilita que um número significativo
devido ao dinheiro gasto para combater as e Pesquisa em Saúde (FEPPS) deveria estar de potenciais doadores se dirijam ao local.
pragas. Alguns produtores, entretanto, des- presente no Hemocentro com pelo menos O resultado do primeiro ano de
consideram a recomendação e continuam 15 funcionários, mas até o momento não funcionamento do Hemocentro traz mais
semeando tarde. encaminhou nenhum profissional. Quadro das doações problemas a serem resolvidos do que bons
O “arroz vermelho” é a erva dani- O chefe do serviço hemoterápico resultados. O órgão necessita de uma equi-
nha que mais prejudica a lavoura de arroz do HUSM e diretor técnico do laboratório As perdas nas doações chegam a pe de funcionários mais numerosa e de um
na nossa região. Descobriu-se recentemen- do Hemocentro, Zanoni Segala, reconhece 50%. A enfermeira chefe do Hemocentro, planejamento que permita a superação do
te que a soja pode ser uma grande aliada no os problemas atuais, mas defende a mu- Roseliane dos Reis, analisa a questão: “A fa- atual quadro. Por sua vez, a população pre-
combate a essa praga, ao revezar a planta- dança: “É mais oneroso, mas se existe um cilidade que tinha o doador indo ao HUSM cisa entender seu papel dentro desse con-
ção de arroz e de soja na mesma área – pro- prédio construído e que está há 10 anos pa- era decisiva. Aqui [no Hemocentro] tem texto, aumentando o número de doações
cesso conhecido como rotação de cultura. rado por falta de estrutura, e nossas antigas que se ter passagem de ônibus, não é um para que, dessa forma, incentive a melhoria
Os pesquisadores da Universidade tentam locações careciam de espaço físico, a mu- lugar bem sinalizado, não é de fácil acesso. dos serviços prestados pelo Hemocentro.
determinar agora qual tipo de soja adapta- dança se justifica . É claro que se fossemos A própria identificação do Hemocentro é .txt
se melhor a nossa região. construir hoje não faríamos desse tamanho, complicada. Esses fatores estão prejudican-
Outra preocupação dos pesquisa- nem nessa posição, mas não fomos nós que do bastante as doações”.
dores é com a sustentabilidade. As alterna- Colheita da soja faz parte das pesquisas para eliminar o “arroz vermelho”. construímos”. A média de doações no HUSM era

12 .txt Maio de 2009 .txt Maio de 2009 13


capa
O Centro Cultural Bom
Conselho vai abrigar,
provisoriamente, o
.txt

A hora e a vez de A
campus da UFSM em
Silveira Martins. exemplo do que aconteceu na segunda metade de 2005,
quando ocorreu a implantação do Centro de Educação
Superior Norte (CESNORS), a Universidade Federal de
Santa Maria (UFSM) está em processo de fundação de uma nova
unidade de ensino externa a sua cidade de origem. Enquanto os

Silveira Martins
municípios de Frederico Westphalen e Palmeira das Missões se
tornaram sede do nono centro da UFSM, o CESNORS, a cidade
de Silveira Martins se prepara para receber a Unidade Descentra-
lizada de Ensino Superior de Silveira Martins (UDESSM).
Os procedimentos vêm desde o ano passado, quando
o Ministério da Educação (MEC) sinalizou a possibilidade da
A rotina bucólica de Silveira Martins está com os dias contados. criação de uma unidade de extensão da UFSM por meio do Pla-
no de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais, o
Um dos principais municípios com imigração italiana da Quarta REUNI. A proposta de alocar tal unidade em cidades pertencen-
tes à Quarta Colônia foi concebida devido à constatação de que
Colônia se prepara para receber a primeira unidade descentralizada a UFSM não afetava a região do seu entorno, que vem sofrendo
de ensino da UFSM. uma recessão econômica constante nos últimos anos.
A escolha dos municípios se baseou em critérios geo-
Texto: Gabrielli Dala gráficos e históricos, chegando à solução de se criar uma unida-
Vechia e Juliana Frazzon de de ensino em cada margem do Rio Jacuí: “na margem direi-
ta, escolheu-se Agudo, por ser sede da colônia alemã de Santo
Ângelo e reproduzir as dificuldades das cidades ao redor; e na
margem esquerda, Silveira Martins, por ser sede da Quarta Colô-
nia de imigração italiana e também condensar as características
dos municípios ao redor”, explica o Pró-Reitor de Graduação da
UFSM Jorge Cunha.

Mapa da região da Quarta Colônia



A negociação entre a Universidade e o município de
Agudo não foi adiante. Enquanto que Silveira Martins recebeu a
extensão por ter apresentado uma melhor proposta do que a de
Agudo. A proposta escolhida culminou com a assinatura de um
acordo de cooperação entre as duas instâncias, ainda em dezem-
bro do ano passado, que incluía a cessão de parte de um prédio
para as salas de aula.
O campus de Silveira Martins vai funcionar no Centro
Foto: Juliana Frazzon

Cultural Bom Conselho, prédio de 1908 que já foi sede do único


colégio de ensino médio da cidade, de mesmo nome. Atualmen-
te, os 2.660 m² são ocupados pelo museu municipal, o sindicato
dos trabalhadores rurais, a EMATER, o telecentro, a Secretaria de
Turismo, Cultura e Eventos, a Secretaria de Saúde e Assistência
Social e a Biblioteca Municipal. A partir do mês de agosto, mais
200 acadêmicos também vão dividir este espaço. Para recebê-los,
a Prefeitura da cidade está concluindo uma série de reformas que
destinam onze salas à UFSM.

14 .txt Maio de 2009 .txt Maio de 2009 15


O vice-prefeito de Silveira Martins, Alguns meses antes

Foto: Juliana Frazzon


Foto: Juliana Frazzon
do vestibular, adesi-
Dair Dellamea, afirma que, além das mudan-
vos já ‘propagande-
ças prediais de infraestrutura, avaliadas em
avam’ a instalação
cerca de R$ 200.000,00, os gastos com a ma- do campus da UFSM
nutenção posterior também ficam a cargo do em Silveira Martins.
município: “limpeza, água, esgoto, luz, tudo
isso ficou com a Prefeitura”, afirma Dair.
A cedência, no entanto, é tempo-
rária, já que a cidade doou um terreno para
que a UFSM construa suas próprias instala-
ções. Por ora, serão construídos dois prédios
que somam 2.275 m², com custo previsto
de R$ 2,5 milhões. Os prazos iniciais mar-
cavam a abertura de licitação para o mês de
março e o começo das obras para abril, mas
ainda não foi iniciado o processo licitatório.
Tiago Hoppe, engenheiro da Pró-reitoria de
Infraestrutura da UFSM, credita o atraso ao
acúmulo de projetos trazidos pelo REUNI.
A perspectiva, agora, é de que a licitação seja
aberta no mês de julho e a construção inicie
no mês seguinte.

Vice-prefeito de Silveira Martins, Dair Dellamea, diante do prédio em obras.

Expectativas dos novos cursos


“Ver para crer”
na sede da Quarta Colônia
A rotina trazida pela implantação de
um campus federal de ensino supe-
a ideia com o tempo; aqui é terra de gringo,
as pessoas têm que ver para crer”. Com um
Lorenci e Iara Pereira, contudo, também de-
monstram preocupação de que não serão os

O
rior (que há quase 50 anos mudou discurso otimista semelhante, Jorge Cunha cidadãos locais os investidores nem mesmo projeto de um novo campus em ram a evasão de muita gente, principalmente conseguem agregar valor ao seu produto e
a lógica de Santa Maria) ainda não trouxe compara as trajetórias de Santa Maria e Ca- os beneficiados desse processo de desenvol- Silveira Martins foi planejado para os pequenos proprietários, que não tiveram podem vendê-lo para fora.
mudanças a Silveira Martins. Quem visita a cequi para exemplificar os impactos positivos vimento. Para Iara, pelo fato de a população atender às demandas que se mos- acesso ao novo padrão tecnológico. A demanda dos cursos não superou
cidade tem a impressão de que retrocedeu no que a Universidade pode trazer: “na segunda ser majoritariamente idosa, “não vão ser os travam fundamentais, pois havia um empo- Com o tempo, o pacote tecnológi- a expectativa, já pessimista. Não houve mais
tempo e se deslocou no espaço. É como se os metade dos anos 50, Cacequi era uma cida- moradores de Silveira Martins que vão inves- brecimento visível dessa região, o que passou co também prejudicou os produtores rurais. de um candidato por vaga em geral. As vagas
imigrantes italianos tivessem trazido um pe- de de entroncamento férreo tão importante tir na cidade; não se quer fazer e também não a ser chamado de ‘desvitalização territorial’. Foi preciso comprar insumos industriais e, à serão preenchidas através de outros proces-
daço da Europa do século XIX e incrustado quanto Santa Maria, e para cá veio a UFSM. se quer que alguém faça”. Já Carmen destaca Isso porque os cérebros mais competentes medida que crescem mais aceleradamente do sos de seleção, a fim de que cada curso com-
na região central do estado. Desapareceu a via férrea. Agora, comparem a inexistência de serviços básicos e de ônibus buscavam riqueza e renda em outros lugares. que o preço do produto agrícola, a rentabi- plete sua capacidade de 50 alunos. Para que
O Produto Interno Bruto (PIB) essas duas cidades”. que liguem as cidades da Quarta Colônia: Assim, a Universidade resolveu fixar esse pes- lidade dos produtores vai sendo reduzida, o isso não volte a ocorrer, a ideia da Comissão
do município está entre os 15 piores do Rio Já entre os moradores, a questão “quando organizamos caminhadas, não po- soal na região e revitalizá-la. “Silveira Martins que gera a falência e provoca o processo de de Implantação do novo campus é de que
Grande Sul, sendo que os 2.500 habitantes não é consensual. Milton Bunhoto, proprie- demos passar por aqui no horário do almoço, é, hoje, da forma como a gente pensou, uma êxodo rural. haja maior publicidade dos cursos a partir do
estão, quase na totalidade, ligados à agricultu- tário do ponto de táxi, acredita que a necessi- porque os restaurantes só abrem aos finais de universidade com um viés muito forte para O que sobrou no campo foi o gran- segundo semestre deste ano. As estratégias
ra. Não existem restaurantes diários, pensões, dade exigida pela demanda vai fazer com que semana”. a questão da revitalização do espaço rural”, de empresário capitalista, que produz soja, previstas são: divulgar a nova unidade nos
provedores de internet, tampouco imobiliá- Silveira Martins cresça economicamente: “al- segundo José Lannes de Mello, membro da arroz e outros produtos em grande quantida- meios de comunicação e também visitar as
rias. guém vai ter que se mexer e fazer”. A super- Comissão Responsável pela Elaboração do de; e uma parcela significativa de pequenos escolas de ensino médio da Quarta Colônia.
A vinda de um campus da UFSM visora do Colégio Bom Conselho, Carmen Projeto, da Coordenação do Projeto e da Co- agricultores familiares tentando se defender Sandro Souza, policial militar e ves-
para Silveira Martins, portanto, é encarada Tondolo, além de ressaltar as expectativas missão de Implantação do novo campus em dessa tecnologia. Também há um número tibulando inscrito no tecnólogo de Gestão
pelas autoridades, tanto locais quanto da Uni- dos alunos da única escola de ensino médio Silveira Martins. considerável de aposentados que estão no Ambiental, afirma que a UDESSM “tem uma
versidade, como um impulso ao desenvolvi- da cidade, também afirma que tem notado o O empobrecimento decorreu, in- campo, e por isso uma grande parte da renda boa aceitação por parte dos moradores e uma
mento econômico da região. Dair Dellamea aumento na procura por casas para alugar. clusive, da Revolução Verde, que ocorreu no agrícola hoje vem de aposentadoria. expectativa bem grande por parte da comu-
afirma que a prefeitura aposta nas melhorias As proprietárias da única pousada Brasil na década de 60 e implicou a introdu- A tentativa dos cursos é a de po- nidade em geral e do comércio”. O policial es-
que o campus pode trazer à cidade, devido do município também creem na fórmula que ção de novas máquinas e sementes e novos tencializar o espaço rural dominado pela colheu o curso de Gestão Ambiental porque
ao aumento no fluxo de pessoas. Contudo, relaciona o aumento do fluxo de pessoas na inseticidas e adubos. As novas tecnologias pequena propriedade familiar, que está hoje o considera interessante, além de estar ligado
faz uma ressalva: “a comunidade vai adotar cidade com crescimento econômico. Carmen aumentaram a escala de produção e ocasiona- desvitalizada. Desse modo, as propriedades a sua área de atuação.

16 .txt Maio de 2009 .txt Maio de 2009 17


Foto: Juliana Frazzon

categorias .txt

Foto: Marcelo de Franceschi


Reunião da Comissão de Consulta,
formada por representantes dos
três segmentos da UFSM.

Eleição
Sem provas e com
projetos U
ma inovação do projeto pedagó-
gico que será implantado no cam-
pus de Silveira Martins é que ele
paritária
garante
não seguirá o método tradicional de ensi-
no. O aluno não precisar provar o conheci-
mento adquirido através de uma prova. Ele
entra em um projeto e define o problema
a ser resolvido na área do conhecimento

a democracia?
que escolheu. A partir disso, os conteúdos
necessários são definidos de modo multi-
disciplinar.
A metodologia de aprendizagem por
projetos foi escolhida para regrar os quatro Texto: Letícia de la Rue
tecnólogos por possibilitar a formação de
um egresso capaz de problematizar. Esse

I
Sala de aula método é utilizado em poucas instituições mpossível não notar a quantidade de cartazes espalhados pelo o corpo docente e os demais 30% para as outras categorias deve ser
em reformas de ensino superior do Brasil e tem formado campus. Banners e bandeirolas foram fixados na entrada de obedecida. O Colégio Eleitoral, formado pelos três conselhos su-
profissionais bastante capacitados. Os tec- vários prédios. Nem os canteiros, cujas flores adornam o espa- periores da Universidade (o Universitário; o de Ensino, Pesquisa e
nólogos formam um sujeito operacional, ço, foram poupados. O motivo de toda essa propaganda tem nome. Extensão; e o de Curadores) faz a escolha dos candidatos. Ele tam-
contrapondo-se ao perfil do estudante de Nome e cargo. O cargo é de reitor, e o nome será definido no dia 16 de bém elabora, depois da consulta, uma lista tríplice com os nomes

Os cursos da UDESSM
um curso de bacharelado. .txt junho deste ano pela comunidade acadêmica da UFSM. A consulta dos candidatos, respeitando as exigências do Estatuto. A ‘consulta
paritária, novidade nessa eleição, é o meio pelo qual o futuro reitor informal’ foi instituída como opção ao modelo do Estatuto, pois a
será escolhido. eleição paritária permite que todos os segmentos da instituição se
No caso do voto paritário, cada um dos segmentos (alunos, manifestem de uma forma igualitária.
Curso Superior de Tecnologia em a habilidade nas relações interpesso- Curso Superior de Tecnologia em docentes e servidores técnico-administrativos) tem peso de 1/3 na Depois de computados os votos, a Comissão de Consulta
Agronegócio ais, na comunicação e no trabalho em Gestão de Turismo votação. Na última consulta, em 2005, o peso de cada categoria era envia o resultado para uma Comissão Eleitoral, formada por mem-
equipe. Além disso, espírito de lideran- de 30%, e os docentes e servidores aposentados tinham direito aos bros do Conselho Universitário, que por sua vez envia o resultado
O tecnólogo em Agronegó- ça e poder de argumentação, busca por O egresso do curso tecnólogo 10% restantes. Neste ano, os aposentados também estão aptos a votar, para o Colégio Eleitoral. Cabe, então, ao Colégio Eleitoral homolo-
cio é um profissional atento às novas informações e tomada de decisões em em Gestão de Turismo atua no plane- mas seus votos serão computados no percentual de sua categoria. Os gar o resultado, elaborar a lista tríplice com o nome dos candidatos
tecnologias que colaborem com o de- contextos socioeconômicos, políticos jamento e no desenvolvimento da ati- alunos da Educação à Distância (EAD) podem votar apenas em uma e enviar o resultado à Brasília. A palavra final é dada pelo ministro da
senvolvimento de negócios na agro- e culturais distintos. vidade turística nos segmentos público urna localizada no prédio da reitoria da UFSM. Educação, Fernando Haddad.
Uma Comissão de Consulta à Comunidade Acadêmica foi Sobre a alternativa ao modelo que consta no Estatuto da
pecuária, preferencialmente em micro e privado; também atua no gerencia-
criada para organizar e conduzir o processo eleitoral. A Comissão é UFSM, o professor Carlos Alberto Pires afirma: “a consulta paritá-
e pequenas propriedades, a partir do Curso Superior de Tecnologia em mento de políticas públicas e de ativi-
formada por três representantes das três entidades representativas da ria é feita por um acordo de cavalheiros que ocorre no interior do
domínio de processos de gestão e de Gestão Ambiental dades de comercialização, e na promo- UFSM: Associação dos Servidores da UFSM (ASSUFSM), Diretó-
formação de redes produtivas no setor. ção dos serviços relativos à atividade. A Conselho Universitário, e que deverá ser homologada pelo Colégio
rio Central dos Estudantes (DCE) e Seção Sindical dos Docentes da Eleitoral”. Segundo o acordo, o Colégio Eleitoral referenda a decisão
O egresso do tecnólogo em identificação dos potenciais turísticos UFSM (SEDUFSM). da maioria da comunidade universitária, e coloca o candidato mais
Curso Superior de Tecnologia em Processos Ambientais deve ser um regionais, considerando a diversidade O estudante de História Pedro Silveira, membro da Comis- votado em primeiro lugar na lista tríplice a ser enviada para Brasí-
Processos Gerenciais profissional que planeje, analise, in- cultural e os aspectos socioambientais são de Consulta e do DCE, afirma que: “em todo o Brasil, o movimen- lia. O Colégio Eleitoral deve, ainda, indicar um terceiro nome para
terprete, controle, proponha, promova para o desenvolvimento local e regio- to estudantil, dos professores e dos funcionários vem pautando isso, completar a lista.
O tecnólogo em Processos Ge- e gerencie intervenções nos proces- nal, constituem atividade relevante para que a universidade seja mais democrática, para que o método Contudo, existe a possibilidade de o Colégio Eleitoral dis-
renciais elaborar e implementar méto- sos ambientais, atuando no segmento desse profissional. de escolha dos dirigentes se dê por eleições justas”. Assim também é cordar do resultado da consulta, elaborando a lista tríplice de acordo
a opinião do servidor técnico-administrativo Eloiz Guimarães Cris- com o seu entendimento. O professor Carlos Alberto Pires afirma
dos e técnicas de gestão na formação junto com equipes multidisciplinares,
tiano, membro da Comissão Eleitoral e da ASSUFSM, que vê o voto que isso seria uma quebra do compromisso assumido, ou seja, do
e organização empresarial, especifi- com o objetivo de identificar, minimi-
paritário como um importante avanço para a Instituição. ‘acordo de cavalheiros’. O servidor Eloiz Cristiano acrescenta que
camente nos processos de comercia- zar e prevenir o impacto ambiental. São Carga horária: 2.430 horas Como bandeira máxima, as duas categorias defendem o voto
lização, suprimento, armazenamento, requisitos à atuação desse tecnólogo o Período de duração: três anos “poderia ser elaborada a lista tríplice sem a consulta, mas ela é feita
universal. Em contrapartida, a categoria dos docentes, segundo coloca para que o processo se torne mais democrático e transparente. Se o
movimentação de materiais e geren- conhecimento da legislação ambiental (seis semestres) o professor do Departamento de Geociências (membro da Comissão Colégio fizesse isso, seria um retrocesso”.
ciamento de recursos financeiros e hu- e a aplicação das normas de segurança, Turno: diurno de Consulta e da SEDUFSM), Carlos Alberto Pires, defende que “em O coordenador do curso de Desenho Industrial e mem-
manos. Também são requisitos impor- de saúde e de qualidade. Número de vagas (por curso): 50 relação à democratização do processo de escolha nas universidades, bro da Comissão Eleitoral, Luiz Antônio dos Santos Neto, relata
tantes na formação desse profissional nossa opinião é de que o voto deva ser paritário, não universal”. que “vale o resultado do processo ocorrido no Colégio Eleitoral,
por força de lei”. Numa eleição em que a divulgação das chapas tem
Alternativa ao Estatuto da UFSM sido intensa, resta saber se a “vontade popular” será respeitada pelo
Conforme o Estatuto, a porcentagem de 70% dos votos para Colégio Eleitoral da Instituição. .txt

18 .txt Maio de 2009 .txt Maio de 2009 19


cultura O grupo Vagabundos do Infinito já
.txt

Do Caixa Preta aos palcos afora


levou seus espetáculos para várias
cidades do Rio Grande do Sul. Um
deles é Vida acordada.

ao Paraná para participar do 18º Festival


Alunos do curso de Artes Cênicas da UFSM tomam iniciativa de criar grupos de Curitiba, no qual participam artistas do
Brasil inteiro com vários tipos de linguagem
de Teatro durante o curso para apresentações de espetáculos fora do campus.
e conceitos de dramaturgia.
Texto: Gabriela Loureiro O Teatro Camaleão também ministrará,
a partir de agosto até dezembro deste ano, o
Curso Livre de Teatro para interessados que

F azer exercícios para respiração e Grupo Platoon Uma das integrantes do Platoon, Aline Da sejam iniciados ou não nas Artes Cênicas.
entonação, interpretar textos para Esse é o caso do grupo Platoon, criado em Luz, é formada em Direção pelo curso de No curso, serão ensinados exercícios de
teatro, concentrar-se para unir corpo 2004 e coordenado pelo diretor de teatro Artes Cênicas da UFSM e se sente realizada aquecimento e conscientização corporal,
e mente na mesma atividade, construir per- Mário Ilha. Na época, alguns estudantes de com seu trabalho no grupo: “Desde 2004, jogos teatrais e improvisação para ampliar a
sonagens, improvisar... Não é fácil ser ator. Artes Cênicas interessados em arte circense eu trabalho com clown. Eu particularmente capacidade perceptiva do corpo.
Mais difícil ainda é ser estudante e ator se juntaram para trabalhar com acrobacias, gosto muito de trabalhar com criança, a pu-
ao mesmo tempo. Porém, a situação fica malabarismo, malabares com fogo e clown reza infantil é linda, você vê no olho dela se Vagabundos do Infinito
realmente exaustiva quando se produzem (interpretação de palhaço). Para isso, os inte- ela está gostando do espetáculo. O público
espetáculos além dos exigidos pelo curso. grantes do grupo buscaram um treinamento infantil é o mais sincero.” Outra aliança criada no CAL é o grupo de
Alguns alunos de Artes Cênicas da fora da Universidade. Alguns deles, inclusi- O projeto Malabariando rodou por escolas pesquisa em Teatro Vagabundos do Infinito,
UFSM fazem tudo isso ao mesmo tempo ve, fizeram um curso com o Grupo Tholl, a de Santa Maria e região em 2007 e 2008 e já orientado pelo professor Paulo Márcio. O
para ter mais experiência em dramaturgia Trupe Circense de Pelotas. foi finalizado. O atual projeto chama-se Ener- grupo foi criado em 2005 a partir de uma
ainda durante a faculdade. Eles se unem em Inicialmente, o Platoon começou a gias da Imaginação e, assim como o anterior, pesquisa realizada pelo professor e outros
grupos de Teatro e caem na estrada para montar esquetes (uma espécie de minies- é financiado por Lei de Incentivo à Cultura. Foto: Divulgação alunos em 2004, informalmente intitulada
levar seus espetáculos criados no Centro de petáculo), a participar de feiras e a animar Dessa forma, o projeto foi patrocinado por “Uma relação da preparação xamânica com a
Artes e Letras (CAL) pelo Rio Grande do aniversários infantis. Em 2006 , o grupo uma única empresa através de benefícios Eduardo Okamoto, na época professor da grantes do grupo, Luciana Oliveira, explica, preparação do ator”.
Sul afora e para onde mais for possível. levou o espetáculo Evolution Circus para o fiscais. UFSM , incentivou-os a formar o grupo e “por exemplo, o meu monólogo, no qual eu Há três anos, o grupo apresenta seis
Como os alunos precisam produzir espe- VII Rosário Em Cena, um festival de Teatro O Platoon, então, apresenta-se em cidades a apresentar seus espetáculos em outros interpreto um palestrante, o meu orientador espetáculos (quatro monólogos e duas peças
táculos durante sua formação acadêmica, em Rosário do Sul, e recebeu o prêmio do nas quais a empresa possui uma sede e reúne lugares além do Teatro Caixa Preta. indicou que eu fosse para um universo de coletivas) em diversos eventos e festivais. Os
eles acabam se unindo e colaborando nos Júri Popular. crianças de várias escolas da cidade em um Para o professor Okamoto, essa experi- oradores, professores e pastores.” vagabundos do infinito já rodaram por Porto
espetáculos de outros colegas ao mesmo Um ano depois, o grupo fez o projeto Ma- único ginásio. Depois do espetáculo, que ência é fundamental para a aprendizagem A observação e imitação permanecem no Alegre, Dom Pedrito, Rosário do Sul, Vargi-
tempo. Assim, formam-se elencos mutáveis labariando, financiado por Lei de Incentivo à continua sendo O circo do maluquinho, são do aluno: “Os atores nem sempre poderão repertório do ator para que ele possa utilizá- nha (MG) e já apresentaram e participaram
que vão se transformando ao longo dos Cultura e idealizado para atender às crianças selecionadas algumas crianças para partici- contar com os professores. Assim, mais las em outros espetáculos. “Diferentemente de festivais nativos, como o Santa Cena. Ao
anos. Na maioria das vezes, os grupos vão carentes. Através dele, o grupo leva o teatro parem da oficina de arte circense. que repetir as soluções encontradas pelos da visão convencional que as pessoas têm menos um prêmio de melhor ator, dentre
se dissipando, mas, em certos momentos, a áreas com dificuldades de acesso à cultura. O trabalho desenvolvido pelo grupo não seus mestres, eles devem estar aptos para de um espetáculo, na qual a peça começa do outros, foi ganho em todos os festivais nos
criam-se grupos formalizados de atores que O espetáculo do projeto foi O circo do Malu- somente anima crianças muitas vezes da encontrar soluções para os seus problemas, zero, na Mímesis, pressupõe-se que o ator já quais o grupo compareceu.
vão trabalhar em determinados espetáculos quinho e era apresentado em escolas públicas zona rural, que não teriam acesso à arte cir- nas suas circunstâncias. Nesse sentido, o tenha um repertório que possa ser utiliza- O grupo se baseia, sobretudo, nas obras
juntos. da periferia, além de oferecer uma oficina de cense senão pelo Platoon. Ele também ajuda grupo de teatro é importante porque pessoas do. Então o espetáculo pode ser criado em do escritor e antropólogo Carlos Castaneda
arte circense aos pequenos. na formação e desenvolvimento profissional que partilham de experiências comuns menos tempo porque o ator já tem as ações para seus estudos e espetáculos. Sua prática
de seus integrantes. podem buscar juntas soluções criativas para orgânicas e o diretor pode só organizar essas é basicamente um trabalho que envolve so-
O espetáculo Uma Estória Abensonhada “Aqui no CAL, você apresenta basica-
Foto: Divulgação/ Francieli Rebelatto

os problemas da criação; isso, claro, sem ações e formar um novo espetáculo”. nhos lúcidos e outras vertentes interligadas.
do Teatro Camaleão participou do 18º mente para o público acadêmico. Com a hierarquias”. O Teatro Camaleão agora concentra suas “É todo um trabalho de descondicionamen-
Festival de Curitiba formação de grupos de teatro, você pode Orientados pelo professor Okamoto, os energias para apresentar o espetáculo Uma to e um trabalho energético sobre si mesmo,
começar a sair da academia e apresentar integrantes do Teatro Camaleão utilizaram Estória Abensonhada, criado pelos atores e sobre as suas interações durante a vida, com
seus espetáculos para o público que você uma metodologia teatral chamada Mímesis baseado em um conto do escritor moçambi- a memória, que inclui visualização e um
realmente quer atingir, um público teatreiro, Corpórea. O método busca observar as cano Mia Couto e na Mímesis Corpórea. A trabalho respiratório”, explica Paulo Márcio.
mas não um grupo com formação acadêmica ações cotidianas das pessoas e codificá-las intenção do espetáculo é mostrar a impor- Muitos egressos formados em Artes Cêni-
em teatro”, justifica Aline. para imitação. tância dos pequenos detalhes da vida que cas pela UFSM montam grupos de teatro em
“Nós entramos em contato com pessoas, normalmente passam despercebidos. várias regiões do Brasil, como o grupo Santa
Teatro Camaleão filmamos, tiramos fotos, entrevistamos e, a Com o trabalho desenvolvido no grupo, Víscera, que tem conquistado visibilidade
partir do que as pessoas falam e a maneira os integrantes evoluem como atores e seres em São Paulo, e também o grupo de pesqui-
Outro grupo de teatro gerado no CAL é o como elas agem, nós vamos para a sala de humanos. “É incrível, nós começamos a sa Cia Buffa de Teatro, em Salvador.
Teatro Camaleão, formalizado em 2007 por ensaio e buscamos imitar essa qualidade de apurar um pouco mais essa observação das É cada vez mais frequente a formação de
três alunos agora formados em Interpretação voz, de corpo, tendo como base do trabalho pessoas, então, nós estamos conversando grupos de Teatro dentro da UFSM que saem
no curso de Artes Cênicas. Enquanto os essas ações cotidianas que depois em outro com alguém e de repente ela olha para o Santa Maria afora em busca de oportunida-
três produziam seus monólogos, eles foram momento podem ser teatralizadas e coloca- lado e nós percebemos que tudo aquilo que des, devido ao restrito mercado de trabalho
percebendo uma certa sincronia entre si e das em cena”, explica Eduardo Colombo, um ela falou ou quis falar está naquele olhar, é da área. Com suas bagagens repletas de figu-
chegaram à conclusão de que seria interes- dos integrantes do grupo. comovente”, conta Eduardo. rino e empenho, os atores do CAL também
sante continuarem apresentando espetácu- Na Mímesis, o ator busca o universo da Atualmente, os atores do Teatro Cama- levam cultura por onde passam e deixam em
los juntos. personagem que interpretará para observa- leão buscam espetáculos para se apresentar seus rastros o nome da UFSM como referên-
No caso do Teatro Camaleão, o professor ção, codificação e imitação. Uma das inte- em todo o país. Em março, eles viajaram cia de formação em Teatro. .txt

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cultura .txt
Filmes e Sangue no Calor; Lágrimas no Frio e da Cidade, de 1931, e a de Vivien Leigh, em ciclo, exibir um ou dois filmes brasileiros”.
por um quarto, Sessões Especiais de Política, E o vento levou, de 1939. Esse ano, por exemplo, já foram exibidos
que não estava previsto inicialmente. No Além disso, essa mesma comissão alguns filmes nacionais, como Dona Flor e
ano de 2006, além de mais quatro Ciclos, foi organizadora do Ciclo possui histórias que seus dois maridos, de 1976, e O pagador de
lançado o primeiro livro, Uma história a cada poderiam render outro livro. Em determi- promessas, de 1962.
filme, indo ao encontro do planejamento nados dias de exibição foram preparadas Agora em 2009, quando o projeto chega
inicial. Mas os Ciclos não pararam por aí. apresentações, nas quais membros dessa ao seu quinto ano, uma pergunta que surge
(confira quais foram os Ciclos já exibidos no equipe caracterizavam-se de acordo com está relacionada ao seu futuro. O projeto
quadro que está logo abaixo). o filme em questão. Desse modo, em Nos possui uma previsão de ser concluído ou
Sob a Coordenação Geral do Professor tempos do Faroeste houve um embate entre ele continuará fazendo parte da agenda da
Konrad e a Organização Geral de Maccari xerife e meliantes, em pleno auditório do UFSM e da cidade de Santa Maria? Alexan-
e de Camila dos Santos, os Ciclos possuem CCSH, e em A biografia como ela é..., Bob dre Maccari afirma que a proposta inicial
ainda uma comissão. Essa equipe conta Dylan foi interpretado por Maccari. (Veja o era organizar ciclos durante o período de
com a participação de alunos de diferentes quadro abaixo). três anos, mas que, com o envolvimento de
cursos, com professores e inclusive com A exibição de filmes de épocas variadas, outros membros na equipe, a ideia passou à
egressos da UFSM e é responsável pela esco- bem como de produções de Hollywood e manutenção do Ciclo com novas pessoas na
lha dos temas, pela seleção dos filmes e pela de outras regiões constituem e essência do equipe organizadora, prolongando-o indefi-
consolidação do projeto. projeto. Mostrando diferentes faces da cine- nidamente. O mesmo é dito pelo professor

A história do
matografia, abrange um público mais vasto, Diorge, o qual afirma esperar que o projeto
Muitas histórias além de cada filme atraído justamente por essa base sobre a qual “seja de vida longa”.
Em relação às temáticas, elas têm ele se estrutura. O professor Diorge Konrad Desse modo, estão planejados para esse
sido bem variadas. Houve Ciclos como Ao afirma que existe "uma opção preferencial ano o lançamento de mais dois livros, um re-
som da história, com importantes musicais pelo chamado cinema de arte ou autoral, lacionado às exibições de 2007, que não foi

Ciclo de Cinema
que marcaram época e embalaram gerações; mas [o Ciclo] não é excludente em relação lançado no ano passado, e um relacionado às
Umas épocas e certas revoluções, que trouxe aos blockbusters, até porque alguns daqueles exibições de 2008. Além dos dois Ciclos que
obras que tinham como pano de fundo filmes tornam-se também sucesso de público já ocorreram nesse semestre, Mulheres à Bei-
batalhas ou revoluções; e Para viver e ver um e são exibidos em salas comerciais”. ra de uma Sessão de Cinema e Crenças, Fé e
grande amor, em que os amores represen- Outro ponto que caracteriza os Ciclos Obsessões Religiosas, outros são aguardados
Texto: Felipe Viero específica. Cada exibição é seguida por tados na grande tela eram o tema central. é a presença constante de filmes nacionais. para os próximos meses (confira o quadro
comentários feitos por um ou mais convida- Filmes de importantes diretores, como Em relação a isso, Maccari afirma que “nós abaixo). Dando continuidade, assim, a um

D esde a sua criação, o cinema passou dos que têm alguma relação com o assunto Michelangelo Antonioni, Ingmar Bergman, sempre pensamos em valorizar o cinema na- projeto que sempre se valeu do cinema para
a se constituir como uma das abordado pelo filme ou se interessam pelo Martin Scorsese e Woody Allen também já cional, tanto que produzimos um ciclo só de romper as barreiras do tempo e do espaço e
mais expressivas manifestações da cinema de um modo geral. Faz parte do foram exibidos, além de atuações memorá- cinema brasileiro, voltado para a história do para mostrar que a história não está apenas
sociedade, criando representações, interna- projeto, também, a publicação de livros veis, como a de Charles Chaplin, em Luzes Brasil, mas a ideia é sempre, dependendo do nos livros. .txt
cionalizando a cultura e produzindo grandes contendo artigos relacionados às exibições e
paixões. aos comentários posteriores a elas.
Mesmo com o acesso à sétima arte cada As primeiras edições do Ciclo de Cinema O HISTÓRICO DO CICLO O CICLO NA REDE
vez mais facilitado, pelo desenvolvimento Histórico foram planejadas no final de 2004 Para quem não foi ao ciclo no dia em que Bob Maccari Dylan estava lá, ou perdeu um
de novas tecnologias, muitos filmes são e produzidas em 2005. O local escolhido Além dos ciclos produzidos em 2006, tam- verdadeiro embate entre xerife e facínoras, no Youtube existe um documentário que foi
deixados de lado por não serem o sucesso, para sediá-los foi o auditório do Centro bém já estiveram no auditório do CCSH, apresentado e premiado no Salão de Extensão da Universidade Federal do Rio Grande do
ou blockbuster, do momento e tornam-se de Ciências Sociais e Humanas (CCSH), por ordem de exibição: Sul (UFRGS) em 2008 e que mostra imagens como essas. Basta acessar o Youtube (www.
raros em locadoras de vídeo ou em salas de localizado no antigo prédio da Reitoria. youtube.com) e buscar “Ciclo de Cinema Histórico”.
exibição comercial. Sobre essa escolha, Maccari afirma que ela A História de caso com a máfia;
Com o objetivo de popularizar as produ- não foi feita de modo aleatório, afinal “a ideia
Intolerância e resistência;
ções antigas ou contemporâneas, “hollywoo- inicial foi justamente fazer o Ciclo no centro,
dianas” ou não e analisá-las sob um ponto de ocupando o auditório, para proporcionar Relíquias cinematográficas da antiguidade;
vista histórico e social, foi criado o Ciclo de tanto aos acadêmicos quanto à comunidade Dos tomos às telas;
Cinema Histórico. santa-mariense a oportunidade de participar Animados pela história;
do Ciclo”. O professor Diorge também vê Nos tempos do Faroeste;
O cinema sob outras lentes da mesma forma positiva essa proposta de Ao som da história;
popularizar o cinema, embora considere que AS SESSÕES CONTINUAM EM 2009...
O Brasil em close-up; Iniciou no dia 11 de maio, e terá continuidade até o mês de julho, o Ciclo Sessões D Segunda
Os Ciclos de Cinema Histórico fazem o fato do projeto ser realizado na universida-
de “ainda murada” acabe “dando acesso mais Mundos do trabalho... e do cinema; Guerra, que aborda filmes ligados à Segunda Guerra Mundial.
parte de um projeto de extensão do curso de
à comunidade acadêmica do que à santa- Umas épocas e certas revoluções; Para o segundo semestre, são aguardados “Cronicamente Encarcerados”, tratando de assun-
História da Universidade Federal de Santa
mariense ou de integrantes de movimentos Lugares do Cinema, espaços da história; tos como obsessões e solidão, e “O Futuro é História”, que se propõe a traçar um histórico da
Maria (UFSM). Eles foram idealizados
sociais e de outras instituições”. 40 anos de sonhos e de barricadas; ficção científica.
pelo então acadêmico desse curso, Alexan-
Tendo como parceiros iniciais o curso Outras informações podem ser obtidas no Departamento de História (3220-9226) ou na
dre Maccari Ferreira, sob a orientação do Para viver e ver um grande amor;
de História, o MILA e o CCSH, o primeiro Assessoria de Comunicação do CCSH (3220-9218).
professor do Departamento de História e do A biografia como ela é...
Mestrado em Integração Latino Americana Ciclo ocorreu em maio de 2005 e reuniu fil-
mes sob o título Latinos em Lugar Qualquer. Por caminhos incertos; MOTIVAÇÃO EXTRA
(MILA), Diorge Alceno Konrad.
Ele foi seguido por mais dois, que também Excluídos do ocidente; Lembrando que os Ciclos de Cinema Histórico, mediante um limite de faltas, conferem
O projeto consiste na exibição gratuita de
filmes agrupados a partir de uma temática estavam planejados, Grandes Guerras e... Mulheres à beira de uma sessão de cinema; ao participante um certificado. Ele possui uma carga horária determinada, a qual pode ser
Crenças, fé e obsessões religiosas; validada como Atividade Complementar de Graduação (ACG).

22 .txt Maio de 2009 .txt Maio de 2009 23


perfil .txt

Darcy,
o marceneiro
Cientista econômico que op-
tou pelo ofício da marcenaria
tem feito a diferença no De-

Foto: João Pedro Wizniewsky


senho Industrial
Texto: Charles Almeida

C ada aluno que passa o cumprimen-


ta, muitos interrompem o barulho
da serra para pedir orientações,
outros querem saber como estão os proje-
tos.
Assim se passa o dia a dia na mar-
cenaria do prédio anexo ao Centro de Artes
e Letras – prédio 40 do campus – onde o
marceneiro Darcy Augusto Wiethan dedi-
ca-se a auxiliar os acadêmicos do curso de
Desenho Industrial - Projeto de Produto. O
envolvimento de “seu Darcy” é perceptível
pelo modo atencioso como trata os alunos, Darcy, 49 anos, atento na execução dos projetos dos acadêmicos de Desenho
apontando caminhos que viabilizam as
proposições dos acadêmicos. mo com a atividade profissional, “seu Dar- vai além da fabricação dos móveis, formas e
Seu talento profissional e sua cor- cy” não abandonou os estudos e devido às modelos encaminhados pelos alunos: auxil-
dialidade geraram, recentemente, uma mo- boas notas no ensino fundamental cursou ia na formação dos graduandos, conciliando
bilização dos alunos do Desenho. O fun- o ensino médio no Colégio Marista Santa a teoria “bem trabalhada em sala de aula” –
cionário foi protagonista do movimento Maria, com bolsa de estudos. Em 1980, in- como ressalta – com a prática da montagem
“Fica Darcy”, quando estava para retornar gressou no curso de Ciências Econômicas das peças. Aspectos como estrutura, peso,
à marcenaria geral da Universidade e os da UFSM, graduando-se em 1985. Mesmo medidas, detalhes em cantos de mobílias
acadêmicos lutaram por sua permanência com o diploma de economista na mão, ele são analisados a cada novo projeto. Para
no Curso. Do episódio, ele não quer fazer optou pela profissão de marceneiro e con- atender às necessidades dos alunos, muitas
comentários, apenas admite ficar lison- tinuou trabalhando na empresa familiar. vezes ele tem que recorrer à internet. “Seu
jeado com o carinho demonstrado pelos Em 1994, após aprovação em con- Darcy” conta sorridente que “as novidades
alunos. curso público – o último para sua atividade no setor são pesquisadas no Google”.
Bruna Casali da Silva, aluna do 7º profissional, como gosta de frisar – ingres- O funcionário não se sente à von-
semestre de Desenho Industrial, reconhece sou no quadro de funcionários da UFSM. tade para falar de algum projeto que o tenha
o trabalho do funcionário. “O ‘seu Darcy’ “Seu Darcy” passou a trabalhar na con- marcado ou exigido mais empenho e pes-
dá dicas de construção, de projetação, de fecção de móveis como mesas, armários e quisa. Relutante, destaca o modelo de um
funcionamento. Antes a gente encaminha- quadros-murais na marcenaria da antiga sapato cujo salto era removível, trabalho de
va os projetos para serem feitos fora e não Prefeitura da Cidade Universitária – hoje conclusão de curso de uma acadêmica, no
podia acompanhar o desenvolvimento de- Pró-Reitoria de Infraestrutura. Seu deta- ano passado. Dos projetos em andamento,
les, fazer ajustes era difícil. Ele aumentou lhismo na fabricação das peças de mobí- apresenta a proposta encaminhada pelos
nosso poder de criação”. lia chamou a atenção do professor Luiz professores com a temática “gavetas”. São
Casado com Pedrolina e pai da Antônio dos Santos Neto, coordenador do móveis de variados formatos e proposições,
mestranda em fonoaudiologia, Fernanda, curso de Desenho Industrial. Em fevereiro idealizados pelos acadêmicos e executados
“seu Darcy” é natural de Santa Maria, cresci- de 2008, o docente convidou o marceneiro pelo funcionário.
do no Bairro Medianeira. Ele começou os para auxiliar os alunos de graduação nas A dedicação e a atenção às particularidades
trabalhos no ramo de marcenaria aos 14 tarefas que envolvessem protótipos de ma- são aspectos que fazem de Darcy um au-
anos, em uma empresa pertencente à sua deira. Foi então que ele se mudou para o têntico artista, cuja riqueza da obra está na
família. As primeiras instruções sobre seu CAL. cordialidade com que transmite seus co-
ofício teve com seu irmão mais velho. Mes- Em suas atividades, “seu Darcy” nhecimentos. .txt

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