Você está na página 1de 5

'ublicado no D. O. E.

Em,-d2] 04 I ,c Cj

1Secretaria
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
.

PROCESSO N° 02401/06 FI. 1/5

ADMINISTRAÇÃO INDIRETA MUNICIPAL.


Instituto de Previdência dos Servidores
Municipais de São Sebastião de Lagoa de
Roça. Prestação de Contas Anuais, exercício
de 2005. Julga-se regular com ressalvas.
Aplica-se multa. Emitem-se recomendações,
representação e determinação.

ACÓRDÃO APL TC Iff,l 12009


1.RELATÓRIO

Examina-se a prestação de contas anual do Instituto de Previdência dos Servidores do


Município de São Sebastião de Lagoa de Roça- IPSM, relativa ao exercício financeiro de 2005, de
responsabilidade da Sra. Maria Francisca de Farias.

A Auditoria, após a análise da documentação encaminhada, emitiu o relatório de fls.


130/136, evidenciando os seguintes aspectos da gestão:

1. a prestação de contas foi encaminhada ao Tribunal dentro do prazo legal, em


conformidade com a Resolução RN TC 07/97;
2. o orçamento para o exercício em análise apresentou estimativa de receita no montante
de R$452.087,13;
3. a receita arrecadada, toda de natureza corrente, foi de R$ 355.990,42, sendo
composta pela receita de contribuição - segurados (R$ 142.801.33) e patronal (R$
156.074,13), receita patrimonial (R$ 45.300,76), receita da dívida ativa (R$ 11.442,05)
e receita tributária (R$ 372,15). É de se registrar que o Instituto contabilizou nesta
categoria retenções de IR, quando o correto seria como receita extra-orçamentária;
4. a despesa realizada foi de R$ 291.792,00, sendo que 99,43% desse valor se refere à
despesas correntes, e 0,57% de despesa de capital. As despesas correntes foram
representadas por aposentadorias e reformas (82,29%), pensões (9,46%), outros
benefícios previdenciários (1,72%) e serviços de terceiros - pessoa física (0,11%) e
jurídica (4,33%). Não houve retenção e recolhimento do ISS e do INSS nos
pagamentos feitos a este título;
5. como resultado da execução orçamentária, observou-se a ocorrência de déficit, no
valor de R$ 234.677,04; déficit este decorrente da falta de contabilização no balanço
orçamentário de receitas de contribuições;
6. de acordo com balanço financeiro, o Instituto mobilizou recursos, no exercício, no
montante de R$ 461.738,93, sendo R$ 57.114,96 proveniente de receita orçamentária,~
e R$ 404.622,06 de saldo do exercício anterior. Quanto às aplicações, o Instituto
destinou R$ 291.792,00 para pagamento de despesas orçamentárias e R$ 468.808,58,
foi registrado como saldo para o exercício seguinte, totalizando R$ 760.614,39; o que
demonstra uma situação esdrúxula na contabilidade, ou seja, o lado do ativo nã"#

acss

/
PROCESSO N° 02401/06 FI. 2/5

com o lado do passivo. Tal ocorrência se deve mais uma vez a erro na confecção do
balanço, aonde se deixou de escriturar as receitas de contribuições, no total de R$
298.875,46;
7. o Balanço Patrimonial apresentou um ativo de R$ 847.592,72, não havendo registro de
dívida no passivo. A dívida ativa contabilizada se refere à dívida da Prefeitura e da
Câmara para com o Instituto. No entanto, conforme as NT 49/05 e 515/05 da STN, tais
dívidas deveriam ser contabilizadas no ativo e passivo compensado, para melhor
acompanhamento e controle.

Por fim, apontou as seguintes irregularidades:

De responsabilidade do Chefe do Poder Executivo, Sr. Ramalho Alves Bezerra

1. adequação da lei previdenciária municipal à legislação federal, no tocante às alíquotas de


contribuição, somente a partir de junho, o levou ao recolhimento abaixo do legal entre os
meses de janeiro a maio de 2005; e
2. repasses irregulares das contribuições previdenciárias ao Instituto.

De responsabilidade da Gestora do Instituto, Sra. Maria Francisca de Farias

1. adequação da lei previdenciária municipal à legislação federal, no tocante às alíquotas de


contribuição, somente a partir de junho, o levou ao recolhimento abaixo do legal entre os
meses de janeiro a maio de 2005;
2. falta de contabilização das receitas de contribuição, parte patronal, nos balancetes mensais;
3. contabilização de IR retido na fonte como receita tributária;
4. anexos 1, 2,10,12,13,14,15 e 17 da PCA incorretamente elaborados, em decorrência da não
contabilização das receitas das contribuições patronais e do registro errôneo das retenções de
IR como receitas tributárias;
5. realização de despesas com serviços de terceiros sem o pagamento das obrigações patronais
e nem retenção e recolhimento do INSS, bem como do ISS;
6. balanços orçamentário e financeiro incorretamente elaborados;
7. não repasse do IRRF, contabilizado inclusive erroneamente como receita tributária;
8. contabilização no ativo permanente do balanço patrimonial das dívidas da Prefeitura e da
Câmara para com o Instituto, contrariando as NT 49/05 e 515/05 da STN;
9. falta de controle da dívida da Prefeitura para com o órgão previdenciário;
10. não apresentação da avaliação atuarial para o exercício de 2005, descumprindo a Lei nO
9.717/98 e a Portaria MPAS nO4.992/99; e
11. situação irregular do Instituto em relação a alguns critérios avaliados pelo MPAS;
12. face ao não enquadramento do Instituto dentro de várias exigências da legislação
previdenciária em vigor, esta auditoria entende que a existência do mesmo deve ser ~
repensada, como forma de garantir o futuro dos seus segurados.

Em virtude das irregularidades indicadas, a Presidente do Instituto e o Prefeito foram


regularmente notificados, apresentando, a gestora, defesa de fls. 142/179.

acss
PROCESSO TC N° 02401/06 FI. 3/5

Analisando a defesa apresentada, a Auditoria concluiu que ainda permanecem as


seguintes irregularidades:

1. alíquotas de contribuição abaixo da dos servidores da União, entre os meses de


janeiro a maio de 2005;
2. realização de despesas com serviços de terceiros sem o pagamento das
obrigações patronais e nem retenção e recolhimento do INSS;
3. contabilização no ativo permanente do balanço patrimonial das dívidas da
Prefeitura e da Câmara para com o Instituto, contrariando as NT 49/05 e 515/05 da
STN;
4. falta de controle da dívida da Prefeitura para com o órgão previdenciário;
5. não apresentação da avaliação atuarial para o exercício de 2005, descumprindo a
Lei nO9.717/98 e a Portaria MPAS nO4.992/99; e
6. situação irregular do Instituto em relação a alguns critérios avaliados pelo MPAS.

Instado a se pronunciar, o Ministério Público junto ao TCE/PB emitiu o Parecer nO


137/2009, opinando pela:

a) Irregularidade da vertente prestação de contas;


b) Aplicação de multa legal a Sra. Maria Francisca de Farias;
c) Comunicação à Receita Federal do Brasil dos fatos relacionados às
contribuições previdenciárias federais para as providências a seu cargo;
d) Notificação do atual gestor do IPM de São Sebastião de Lagoa de Roça para
regularização da situação do Instituto junto ao Ministério da Previdência
Social;
e) Remessa de cópia dos presentes autos à Procuradoria Geral de Justiça para
as providências penais que entender cabíveis.

É o relatório, informando que os interessados foram regularmente notificado para esta


sessão de julgamento.

2. PROPOSTA DE DECISÃO DO RELATOR

No tocante às alíquotas de contribuições inferiores aos dos servidores da União, a


irregularidade, que no entendimento do Relator é de responsabilidade do Prefeito, foi corrigida com a
edição da Lei Municipal n° 280/05. Assim como também é de responsabilidade do Prefeito os repasses

Ay
regulares das contribuições previdenciárias e falta de controle da dívida da Prefeitura para com o órgão
previdenciário. Relator entende que a irregularidade deve ser objeto de verificação na sua prestação de

I"
contas.
No que diz respeito à elaboração do balanço patrimonial em desacordo com as orientações
da STN, considera, o Relator, que a responsabilidade maior pela ocorrência é do profissional
encarregado da contabilidade do Instituto.

acss
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSO TC N° 02401106 FI. 4/5

Quanto à não retenção e não recolhimento do INSS, em decorrência de pagamentos


ocorridos, a irregularidade permanece, mas não justifica a imoderada reprovação das contas, devendo
se fazer recomendações à gestora para que se proceda à retenção e recolhimento quanto devidos,
bem como representar à Receita Federal quanto à ocorrência.
Finalmente, em relação à não apresentação da avaliação atuarial para o exercício de 2005,
e situação irregular do Instituto perante o INSS, no que diz respeito a alguns critérios, o Relator
entende que são irregularidades sob a ótica do órgão previdenciário federal, mas que não maculam as
contas prestadas.
Ante o exposto, o Relator propõe ao Tribunal Pleno no sentido de que se aprove com
ressalvas a prestação de contas do Instituto de Previdência dos Servidores do Município de São
Sebastião de Lagoa de Roça - IPSM, relativa ao exercício financeiro de 2005, de responsabilidade da
Sra. Maria Francisca de Farias, com aplicação de multa pessoal de R$ 500,00, em decorrência das
falhas ocorridas, com recomendação à gestora para tome medidas visando a não repetição das
mesmas, comunicando à Receita Federal do Brasil acerca da ausência de retenção e recolhimento de
INSS relativa à contratação de prestadores de serviços. Recomende ao Chefe do Poder Executivo e a
Gestor(a) do Instituto no sentido de envidar esforços visando o cumprimento dos requisitos
constitucionais e legais de funcionamento do referido sistema previdenciário. Por fim, que seja
determinado à Auditoria que verifique, quando da análise das prestações de contas da Prefeitura e da
Câmara Municipal, exercício de 2008, se ainda persiste a irregularidade relativa ao não repasse ao
Instituto das contribuições previdenciárias de forma regular e a falta de controle da dívida previdenciária
(prefeitura).

É a proposta.

3. DECISÃO DO TRIBUNAL PLENO

Vistos, relatados e discutidos os autos do Processo TC nO 02401/065, ACORDAM os


membros integrantes do Tribunal de Contas do Estado da Paraíba, na sessão de julgamento, por
unanimidade de votos, acatando a proposta de decisão do Relator, em:

1) JULGAR REGULAR com RESSALVAS a prestação de contas do Instituto de Previdência dos


Servidores Municipais de São Sebastião de Lagoa de Roça - IPSM, relativa ao exercício financeiro
de 2005, de responsabilidade da Presidente, Sra. Maria Francisca de Farias;

2) Aplicar multa a Sra. Maria Francisca de Farias, em seu valor de R$ 500,00 (quinhentos reais), em
virtude das irregularidades e falhas constatadas pela Auditoria, com fundamento no art. 71, VIII, da
CF, e 56, 11 da LCE 18/93; assinando-lhe o prazo de 60 (sessenta) dias, a partir da publicação
deste ato, para recolhimento voluntário ao erário estadual, à conta do Fundo de Fiscalização
Orçamentária e Financeira Municipal, sob pena de cobrança executiva, desde logo recomendada,
conforme o disposto no art. 71, § 4° da Constituição do Estado da Paraíba;

3) Recomendar a alual Presidente do Inslituto para lome medidas visando a não repetição das ~
ocorrências verificadas;

acss
I
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSO TC N° 02401/06 FI. 5/5

4) Representar à Receita Federal do Brasil acerca da ausência de retenção e recolhimento de INSS


relativo à contratação de prestadores de serviços;

5) Recomendar ao Chefe do Poder Executivo e a(o) Gestor(a) do Instituto no sentido de envidar


esforços visando o cumprimento dos requisitos constitucionais e legais de funcionamento do
referido sistema previdenciário; e

6) Determinar à Auditoria que verifique, quando da análise das prestações de contas da Prefeitura e
da Câmara Municipal, exercício de 2008, se ainda persiste a irregularidade relativa ao não repasse
ao Instituto das contribuições previdenciárias e a falta de controle da dívida previdenciária
(Prefeitura).

Publique-se, intime-se e cumpra-se.


Sala das Sessões do TCE-PB - Plenário Ministro
João Pessoa, 11 de março de 2

~ffii:!~odrigues Catão
em sxercíclo

;1
in
Audit
'1'

nio Cláudio S'


Relator
j)_~
I ~~Te~sa
C\ "
Nóbreg;
Procuradora Geral do
Ministério Público junto ao TCE·PB

acss

Você também pode gostar