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As comunidades ou coletividades são invadidas pela ideia de que existem necessidades básicas
indiscutíveis e universais, as quais são colocadas por meio de demandas espontâneas, de
exigências de produtos e serviços. No entanto, isso é fortemente questionado pelo
institucionalismo, pois esse movimento tenta mostrar que ao longo de toda história da
humanidade, especialmente nos dias atuais, não existem necessidades básicas “naturais”,
demandas “espontâneas”, mas sim que as necessidades são produzidas e as demandas
moduladas pelos experts. As necessidades básicas, mínimas são geradas em cada sociedade e
torna-se diferente para cada segmento dela. As comunidades, os coletivos, a partir das
experiências ao longo do tempo, acumularam conhecimentos acerca de suas necessidades,
mas estes foram desqualificados com o surgimento do “saber científico”, de tal forma que os
cidadãos já não sabem mais o que precisam e não demandam o que querem, mas acreditam
que suas necessidades são as necessidades colocadas pelos experts. Até possuem a falsa
impressão de que pedem o que querem e como querem, mas, na verdade, os seus pedidos
estão modulados pelos dizeres dos experts. Nesse sentido, os coletivos estão subordinados,
dependentes dos conhecimentos dos experts, os quais possuem o poder de fazer com que as
pessoas achem que precisam e solicitam a partir do que é colocado em seus discursos
dominados pelos interesses das classes detentoras de poder. Então, os coletivos têm perdido,
têm sido destituídos do saber acerca de sua própria vida, do saber acerca de suas reais
necessidades, de seus desejos, de suas demandas, de suas limitações e das causas que
determinam estas necessidades e estas limitações. Assim, acabam perdendo de certa forma a
compreensão e o controle sobre os seus próprios recursos e sobre as formas de organização
que poderiam resolver seus problemas. Até mesmo porque, mal sabem quais são seus
verdadeiros problemas e o que é preciso para resolvê-los.
Isso quer dizer que os conhecimentos dos experts não devem ser dispensados em sua
totalidade, pois, sem dúvida, muitos podem ser valiosos, já que não são todos alienados ou
distorcidos. Mas, de qualquer forma, os conhecimentos e instrumentos acumulados pelos
experts devem ser submetidos à um processo de análise crítica, de tal forma que seja possível
separar os que são produto de interesses dos dominantes sociais daqueles que podem vir a ser
úteis ao processo de auto-análise e auto-gestao, nos quais os segmentos dominados e
explorados são protagonistas. Mas, para efetuar esse processo de auto-crítica, os experts
precisam entrar em contato direto com os coletivos que estão sofrendo o processo de auto-
análise e auto-gestão, na intenção de fazer um trabalho conjunto com base numa relação
horizontal. O trabalho conjunto consistiria em integrar os conhecimentos dos experts aos
processos de auto-análise e auto-gestão dos coletivos. A partir disso, os conhecimentos dos
experts entrarão num processo permanente de reformulação enquanto se articula aos
processos incitados nas comunidades. Assim, poderão agregar aprendizados que podem ser
úteis nos futuros movimentos autogestivos e auto-analíticos.
TIPOS DE INSTITUIÇÕES:
Isso também ocorre à nível organizacional, pois há uma força permanentemente crítica
e transformadora, que é chamada de organizante, e há uma outra força que tende à
resistência, à fixação, à imobilização, que é chamada de organizado. O famoso organograma
ou fluxograma pode ilustrar, retratar o que é chamado de organizado.
Nas civilizações e nos coletivos humanos, ou até mesmo na vida humana de uma
forma geral, há uma tendência a adquirir características históricas que comprometem esse
objetivo utópico ativo. Essas caraterísticas, que variam conforme o tempo histórico e lugar
onde se estabelecem, podem ser resumidas em três grandes situações conhecidas
mundialmente: os processos de exploração (atos da pessoa são apropriados para o bel prazer),
de dominação (impor vontades pessoais) e de mistificação (desinformação ou engano). Estas
características históricas são deformações do percurso da vida social e de suas utopias, ou
seja, da forma como uma sociedade tenta, deseja e deseja chegar a ser. Trata-se dos seus
objetivos e finalidades mais nobres. ENTÃO: Existem características históricas, moduladas pelo
tempo histórico e pelo lugar onde se estabelecem, que comprometem o percurso da vida
social e seus objetivos utópicos e, por isso, podem ser vistas como deformações/perturbações
das civilizações e coletivos humanos, os quais tem essa tendência de adquiri-las. Essas
características podem ser resumidas em três situações amplamente conhecidas no mundo: os
processos de exploração ( se apropriar da potência e dos resultados produtivos de uns por
parte de outros); dominação ( imposição da vontade de uns sobre os outro e não respeito à
vontade coletiva, compartilhada) e mistificação ( deformação de informações). Existem
diferentes configurações das utopias sociais, dependendo da sociedade. A utopia da Revolução
Francesa pode ser usada como exemplo. Sendo assim, em toda e qualquer sociedade, em seus
aspectos instituintes e organizantes, existe uma utopia, uma orientação histórica de seus
objetivos, que é desvirtuada ou comprometida por essas características adquiridas ao longo do
tempo. Geralmente essas utopias são traídas.
Como se dá a análise de uma instituição, de uma organização? Como intervir para propiciar
nas instituições e organizações a ação do instituinte e do organizante?