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ENSAIOS DE COMPLEXIDADE

Morin defende a idéia de que para entendermos o todo, precisamos


conhecer as relações entre as partes, a complexidade, e não apenas as partes,
ele explica que a nossa educação nos ensinou a separar e isolar as coisas, ou
seja, conhecemos e estudamos as partes em busca do conhecimento do todo,
porém não estudamos as relações complexas, pois a realidade é feita de laços
e interações, a nossa educação nos ensinou coisas deterministas, que
obedecem a uma lógica mecânica, por exemplo, economistas são incapazes
de prever as crises econômicas, pois a economia se trata de uma ciência
quantitativa, que não contempla as dimensões humanas (como as paixões, a
vida, o sofrimento, os sentimentos humanos), e entretanto todas estas
dimensões humanas fazem parte da economia.

O sistema é o conjunto de partes, unidas e organizadas, não podemos


conhecer a sociedade a partir de indivíduos e grupos tomados isoladamente, é
preciso juntar as partes ao todo, e o todo às partes, um todo organizado produz
qualidades e propriedades que não existem nas partes tomadas isoladamente,
como a linguagem a cultura, as regras, as leis. O próprio sistema retroage
sobre seus indivíduos.

Uma segunda idéia é a de circularidade, formulada por Nobert Wiener,


que diz respeito ao caráter retroativo do sistema, como por exemplo o sistema
de aquecimento central, onde o apartamento que é aquecido tem um
termostato, quando a temperatura que desejamos é alcançada, o termostato
pára o aquecimento, se a temperatura não é suficiente, o termostato
desencadeia o sistema fazendo-o reaquecer, sugerindo a causalidade circular,
onde o próprio efeito volta à causa.

A terceira idéia é a de circularidade autoprodutiva, por exemplo, nós


somos o produto de um ciclo de reprodução, que produz gerações após
gerações, para continuarmos neste ciclo, é necessário que nós, que somos
produtos, nos transformemos em produtores.

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Toda sociedade é produzida pela interação entre os indivíduos, e que se
não houvesse mais indivíduos, não haveria mais sociedade, os indivíduos
produzem a sociedade, e a própria sociedade retroage sobre os indivíduos.
Somos indivíduos que estamos dentro da sociedade, mas a sociedade como
um todo está presente em nós desde o nosso nascimento, nós recebemos as
proibições, as normas, a linguagem, a presença da sociedade entre nós.
Por exemplo, o sociólogo, ele é parte de um todo social, e o todo esta dentro
dele, ele não pode ter um ponto de vista objetivo, ele tem de fazer um trabalho
de auto-análise, de auto-exame, para tentar se situar e saber que não é
proprietário de um verdadeiro conhecimento já de inicio, mas que este
conhecimento é relativo, desta forma, mesmo o conhecimento que tenta
abstrair suas induções do meio, já esta contaminado pelo meio.
A história do mundo e do pensamento ocidentais foi comandada por um
paradigma de disjunção, no qual separou-se o sujeito do conhecimento do
objeto do conhecimento. Vivemos num mundo em que é cada vez mais difícil
estabelecer ligações, para que isto seja modificado é necessária uma ruptura
do ensino, que permita juntar ao mesmo o tempo que se separa. O
conhecimento complexo conduz ao modo de pensar complexo.
Em uma sociedade extremamente complexa, a única maneira de salvaguardar
a liberdade, é que haja o sentimento vivido de comunidade e solidariedade no
interior de cada membro.

Existe uma ética de tolerância, fundada em três princípios, o primeiro foi


enunciado por Voltaire, que dizia a um adversário: "suas idéias em são
odiosas, mas morrerei pelo direito que você tem de exprimi-las", enunciando o
princípio da livre expressão. O segundo princípio esta na instituição
democrática, que permite e encoraja o conflito de idéias e o respeito às
minorias. O terceiro foi enunciado por Pascal que afirmava que "o contrário da
verdade não é um erro, mas uma verdade contrária" e Niels Bohr, que dizia "o
contrário de uma verdade profunda não é um erro, mas uma outra verdade
profunda", a par disto, embora tenhamos nossa opinião, permanecemos
tolerantes.

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REFERÊNCIAS

MORIN, Edgard. ENSAIOS DE COMPLEXIDADE, 1996. Editora Sulina.

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