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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO


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PRO e E S S O: Te - 02.457/06
PROCESSOSANEXADOS TC - 03.360/04
00.211/05 e 03.360/04
Administração direta municipal. PRESTAÇÃODE
CONTAS ANUAL do PREFEITO MUNICIPAL DE
LASTRO, Sr. JOSÉ VIVALDO DINIZ, exercícío de
2005. PARECERFAVORÁVELÀ APROVAÇÃODAS
CONTAS; determinação para formalizar processo
apartado concernente à contratação do médico
Pedro Abrantes de Oliveira, para aprofundamento
da matéria pela DIAPG; assinação do prazo de 60
(sessenta) dias ao Prefeito para que reponha à
conta do FUNDEF,com recursos de outras contas,
o valor dos recursos transferidos para outras
finalidades; comunicação ao INSS acerca da
declaração emitida pela Secretaria da Receita
Federal - agência de Sousa - que trata de
parcelamento de débito com o INSS, contendo
informações divergentes; determinação ao gestor
para que faça o registro da dívida municipal nas
contas dos exercícios seguintes, bem como
observe com rigor as normas e princípios que
regem a Administração Pública.

1. RELATÓRIO
1.01. O PROCESSO TC-02.457/06 corresponde à PRESTAÇÃO DE CONTAS ANUAL (PCA),
relativa ao exercício de 2005, apresentada pelo PREFEITO do MUNICÍPIO de LASTRO,
Senhor JOSÉ VIVALDO DlNIZ, sobre a qual o órgão de instrução deste Tribunal,
emitiu relatório de fls. 1.873 a 1.884, com as colocações e observações principais a
seguir resumidas:
1.1.01. A Prestação de Contas foi entregue no prazo legal e instruída em
conformidade com a RN-TC-99/97.
1.1.02. Houve atraso no envio a este Tribunal da Lei de Diretrizes Orçamentárias LDO
e demais demonstrativos exigidos.
1.1.03. A Lei orçamentária anual (LOA) estimou a receita e fixou a despesa em
R$3.445.025,00 e autorizou abertura de créditos adicionais suplementares em
25% da despesa fixada.
1.1.04. As Leis de nOs. 224/05, 225/05, 235 e 239/05 autorizaram abertura de
créditos adicionais especiais no montante de R$297.345,00 e a de nO.
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1.1.05. Os créditos adicionais suplementares e especiais foram devidamente


autorizados e com fonte de recurso para atender as despesas deles
decorrentes.
1.1.06. RECEITA ORÇAMENTÁRIA TOTAL ARRECADADA - R$4.020.671,39 -- superior
em 16,71% à prevista no orçamento para o exercício e em 12,82% a de
2004.
1.1.07. A receita tributária arrecadada total representou 170,67% da prevista.
Ressalta-se que a arrecadação do IPTU atingiu apenas 35,50% do previsto.
1.1.08. DESPESA ORÇAMENTÁRIA TOTAL REALIZADA - R$3.997.843,55 - superior
em 13,83% a fixada no orçamento e em 25,37% a do exercício de 2004.
1.1.09. A diferença entre receitas e despesas resultou superávit, o equivalente a
0,57% da receita arrecadada.
1.1.10. Receita extra-orçamentária registrada, representada por "restos a pagar" e
outras receitas, foi de R$317.559,59.
1.1.11. Despesa extra-orçamentária somou R$104.221,51, estando representada por
"outras despesas".
1.1.12. Repasse ao Poder Legislativo inferior (R$206.301,00) ao fixado no orçamento
(R$220.000,00) e dentro do limite (8%) estabelecido no Art. 29-A, inciso I, da
Constituição Federal.
1.1.13. DESPESAS CONDICIONADAS:
1.1.13.1. Manutenção e Desenvolvimento do Ensino CMDE): 26,68%
das Receitas de Impostos mais Transferências, atendendo ao
limite constitucional (25%).
1.1.13.2. Ações e Serviços Públicos de Saúde (SAÚDE): 16,71%,
atendendo o percentual exigido para o exercício (15,00%), das
receitas de impostos e transferências.
1.1.13.3. Remuneração e Valorização do Magistério (RVM) - 62,78%
dos recursos do FUNDEF, atendendo ao limite mínimo exigido
(60%). Ocorreu diferença de R$3.289,48 entre valores de cheques
debitados na conta 7.670-8 - FUNDEF e os registrados, bem como
houve diferença a menor no valor R$22.057,57, no saldo da conta
deste fundo; foram utilizadas diversas contas bancárias para
movimentação destes recursos, contrariando o disposto no art. 3°.
da Lei nO. 9.424/96 e, dificultando a análise destes gastos.
1.1.13.4. Pessoal (Poder Executivo): 44,56% da Receita Corrente Líquida
(RCL) dos últimos doze meses, estando dentro do limite máximo
exigido de 54%. Adicionado as despesas com pessoal do Poder
Legislativo (2,33%), o total destes gastos atingiu 48,73%, não
ultrapassando o limite de 60% fixado na Lei de Responsabilidade

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1.1.14. As despesas não licitadas somaram R$58.882,66 correspondentes a 1,47% da


despesa orçamentária.
1.1.15. Foram realizados pagamentos via tesouraria - caixa de até R$4.152,00.
1.1.16. De acordo com a PCA, os recursos de convênio somaram R$196.370,00,
sendo R$166.400,00 de origem federal e R$29.970,00 estadual.
1.1.17. Despesas com obras e serviços de engenharia importaram em R$96.060,20, o
equivalente a 2,40% da despesa orçamentária. Quando da inspeção "in loco"
verificou-se inexistência de fiscalização nas obras públicas, visto que os
boletins de medição são elaborados pelo engenheiro responsável técnico da
empresa contratada e não por engenheiro fiscal do município.
1.1.18. Normalidade na remuneração do Prefeito e Vice Prefeito.
1.1.19. O balanço orçamentário apresenta superávit equivalente a 0,57% da receita
orçamentária arrecadada.
1.1.20. O balanço patrimonial apresenta superávit financeiro, no valor de
R$142.038,39.
1.1.21. O balanço financeiro registra saldo para o exercício seguinte de
R$426.414,28, depositado 99,98% em bancos.
1.1.22. A dívida municipal registrada em sua totalidade flutuante, somou
R$877.429,97, e correspondeu a 21,82% da receita total arrecadada, ressalta-
se no entanto, que não houve registro da dívida fundada do município,
representada pela dívida junto ao INSS da ordem de R$2.715.089,10.
1.1.23. Não houve alienação de ativos, no exercício.
1.1.24. Os Relatórios Resumidos de Execução Orçamentária - REO, do 1°. ao 6°.
bimestres foram publicados e encaminhados no prazo regulamentar a este
Tribunal, contendo todos os demonstrativos previstos na Portaria nO.
44112003, todavia apresentando divergência em relação às informações
contidas na prestação de contas e no SAGRES.
1.1.25. Os Relatórios de Gestão Fiscal - RGF do 10. e 20. semestres foram publicados
e encaminhados no prazo legal, contendo todos os demonstrativos previstos
na Portaria nO. 441/2003, todavia apresentando divergência nas informações
em relação à prestação de contas e ao SAGRES.
1.1.26. Quando da realização de diligência "in loco" verificou-se:
1.1.26.1. Apropriação indébita previdenciária, relativa às contribuições dos
servidores, no valor de R$99.654,59.
1.1.26.2. Locação de veículo para o Gabinete do Prefeito caracterizando
prática nociva ao princípio da economicidade - o veículo refere-se a
uma Picape, cabine dupla, motor 2.8, turbo diesel, cuja despesa no
exercício de 2005 foi de R$31.200,00 e no exercício seguinte atingiu
(R$42.300,OO)somando R$73.500,OO,o que daria paraJd~Uirir um
. veí:o dess~ara o município. f!&1 o-: ~
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1.1.26.3. Não comprovação do envio dos balancetes à Câmara Municipal.
1.1.26.4. Pagamento indevido, no valor de R$32.807,50, ao médico, Pedro
Abrantes de Oliveira, por desobediência à carga horária estabelecida
para o Programa Saúde da Família - PSF, haja vista que foram
realizados dois contratos com mencionado médico, o primeiro com
jornada de 20 horas semanais e o segundo com 12 horas, no
período noturno das quartas, quintas e sextas-feiras, todavia
conforme estabelecido nas Portarias GM/MS nOs. 2.332/2001,
648/2006, bem como o declarado pela Secretária de Saúde do
município, a jornada é de 40 horas semanais para o médico do
Programa Saúde da Família. Além disso, o referido médico também
presta serviços nas cidades de Sousa, São Francisco e Santa Cruz, o
que chega a uma jornada de 88 horas semanais, ou seja, 12 horas
por dia durante os sete dias da semana.
01.02. Notificado, o interessado veio aos autos e apresentou defesa e documentos
(fls. 1.801 a 2.404), analisados pelo órgão técnico de instrução deste Tribunal, que
entendeu:
01.02.1. afastadas as irregularidades quanto à: a) atraso no envio da Lei de
Diretrizes Orçamentárias - LDO; b) diferença no valor de R$3.289,48, entre
valores de cheques debitados na conta 7.670-8 do FUNDEF e aqueles
registrados no SAGRES;
01.02.2. retificados para R$76.478,96, o total das despesas pagas via tesouraria;
para R$77.190,39, o montante relativo à apropriação indébita
previdenciária; e, para R$32.507,64, o total dos gastos com recurso do
FUNDEF não comprovados.
01.02.3. inalteradas as demais irregularidades.
01.03. Solicitado o pronunciamento do Ministério Público junto ao Tribunal, este, por meio
do Parecer nO. 1.628/2007 (fls. 2.251 a 2.258), da lavra da Procuradora ISABELLA
BARBOSA MARINHO FALCÃO, opinou pela emissão de parecer contrário à aprovação
das contas prestadas e atendimento parcial às disposições da Lei de
Responsabilidade Fiscal; aplicação de multa; imputação de débito ao gestor, por
despesas não comprovadas; recomendação ao gestor para guardar estrita
observância aos termos da Lei de Responsabilidade Fiscal e aos princípios que regem
a Administração Pública; e, seja oficiado ao INSS acerca das irregularidades
previdenciárias.
01.04. O Processo foi retirado na pauta do dia 27.02.2008, para que fosse notificado o
Prefeito acerca do aumento na proposta de imputação feita pela Auditoria, relativa à
transferência indevida com recursos do FUNDEF.
01.05. O órgão técnico de instrução manteve seu posicionamento

finalidade de recursos~UNDEF' ~ de R$32.507,64. ;fL


anterior pelo desvio de

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2. VOTO DO RELATOR
Quanto aos gastos na contratação do médico Pedro Abrantes de Oliveira que
estaria desobedecendo à carga horária estabelecida para o Programa de Saúde da Família -
a matéria também envolve acumulação irregular de cargos públicos; o caso requer maior
aprofundamento, inclusive quanto à comprovação ou não da efetiva prestação de serviços,
devendo portanto ser apurada em autos apartados, sem prejuízo da análise da presente
Prestação de Contas.
A irregularidade quanto às despesas não licitadas, no valor de R$ R$58.882,66,
com aquisição de medicamentos e material escolar, correspondentes a 1,47% da despesa
orçamentária, deve ser relevada dada a pequena monta desta despesa, sem prejuízo de
recomendação ao gestor para estrita observância da legislação pertinente.
Com relação ao não recolhimento de contribuições previdenciárias, no valor de
R$77.190,39, a irregularidade não deve ser considerada para efeito de reprovação das
contas, mas deve-se comunicar o fato ao INSS, em virtude de ter sido trazida aos autos
declaração da Secretaria da Receita Federal - agência de Sousa - acerca de parcelamento de
débito com o INSS, todavia contendo as seguintes incoerências:
./ inicialmente declara, para fins de prova junto a este Tribunal, que o Poder
Executivo do Município de Lastro realizou parcelamento especial;
./ no parágrafo seguinte afirma ser as contribuições patronais e dos servidores,
referentes ao período de 01/2005 a 09/2005, e terem sido declaradas
espontaneamente pelo represente legal do Poder Legislativo do Município de
Lastro;
./ no quadro demonstrativo constam parcelas relativas aos meses de janeiro a
dezembro/2005, enquanto anteriormente foi mencionado o período de janeiro
a setembro/2005;
./ e, finalmente declara terem sido anexados os relatórios do Sistema de
Cobrança para comprovação da veracidade das informações, todavia tais
relatórios não foram anexados.
Ademais, a Lei nO. 11.196/2005, mencionada na declaração, em seu Art. 96 §3° dispõe que
somente os débitos, com vencimento até 31 de dezembro de 2004, provenientes de
contribuições descontadas dos segurados empregado, poderão ser parcelados, o que não é o
caso ora analisado que trata de contribuições dos servidores no exercício de 2005.

Feita esta observação, ao final da instrução remanesceram as seguintes


irregularidades:
I. Quanto à Gestão Fiscal:
>- Incompatibilidade de informações entre os Relatórios de Execução Orç
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11. Quanto à Gestão Geral:
~ Diferença a menor de R$32.S07,64 entre o saldo contábil e o apurado na conta do
FUNDEF, decorrente de pagamento de despesas não compatíveis com a finalidade do
fundo, cujo valor deve retornar à conta do referido fundo; e, utilização de diversas
contas bancárias para movimentação destes recursos, contrariando o disposto no art.
30. da Lei nO. 9.424/96.
~ Ausência de registro da dívida fundada municipal.
~ Realização de pagamentos por tesouraria, totalizando R$76.478,96, contrariando
disposto na Resolução Normativa RN - TC- 04/2004 que veda o pagamento de
despesa acima de R$300,00 através do caixa.
~ Ausência de fiscalização das obras do Município, constatando-se a inexistência de
controle interno; boletim de medição assinado, exclusivamente pelo engenheiro
responsável da empresa contratada.
~ Não comprovação do envio dos balancetes à Câmara Municipal.
~ Locação de veículo para o Gabinete do Prefeito, caracterizando prática nociva ao
princípio da economicidade, visto que o município poderia ter adquirido veículo
similar com o total despendido com aluguel.
Pelo exposto, o Relator vota pelo (a):
01. Emissão de parecer favorável à aprovação das contas de gestão do Prefeito,
JOSE VIVALDO DINIZ, exercício de 2005, considerando que foram atendidas
parcialmente as exigências da Lei de Responsabilidade Fiscal.
02 .. Assinar o prazo de 60 (sessenta) dias ao Prefeito mencionado no item anterior
para que reponha à conta do FUNDEF o valor R$32.S07,64, com recursos de
outras contas.
03. Determinação para formalizar processo apartado concernente à contratação do
médico Pedro Abrantes de Oliveira e encaminhamento à DIAPG para
aprofundamento da matéria.
04. Comunicação ao INSS acerca da declaração emitida pela Secretaria da Receita
Federal - agência de Sousa - que trata de parcelamento de débito com o INSS,
contendo informações divergentes.
05. Determinação ao gestor para que faça o registro da dívida municipal nas contas
dos exercícios seguintes, bem como observe com rigor as normas e princípios
que regem a Administração Pública.
3. PARECER DO TRIBUNAL
Vistos, relatados e discutidos os autos do PROCESSO TC-02.457/06, os
MEMBROS do TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA PARAÍBA (TCE-Pb), na
sessão realizada nesta data decidem, à unanimidade:
01 Emitir e encaminhar ao julgamento da CÂMARA DE VEREADORESDO
MUNICÍPIO DE LASTRO, este PARECER favorável à aprovação das
TRIBUNAL
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02. Prolatar Acórdão para:
02.1. declarar o atendimento parcial às eXlgencias da Lei de
Responsabilidade Fiscal, em virtude da constatação de
incompatibilidade de informações entre os Relatórios de
Execução Orçamentária e de Gestão Fiscal e a Prestação de
Contas.
02.2. Assinar o prazo de 60 (sessenta) dias ao Prefeito mencionado
no item anterior para que reponha à conta do FUNDEF o valor
R$32.507,64, com recursosde outras contas.
02.3. Determinação para formalizar processo apartado concernente à
contratação do médico Pedro Abrantes de Oliveira e
encaminhamento à DIAPG para aprofundamento da matéria.
02.4. Comunicar ao INSS acerca da declaração emitida pela
Secretaria da Receita Federal- agência de Sousa - que trata de
parcelamento de débito com o INSS, contendo informações
divergentes.
02.5. Determinar ao gestor para que faça o registro da dívida
municipal nas contas dos exercícios seguintes, bem como
observe com rigor as normas e princípios que regem a
Administração Públt .
Publique-se, 'I1t. e-se egistre-se.
Sala das Sessões do TCE- 'b PIe ário Ministro João Agripino.
João A 5S0 ,2 de "ulh de 2008.

Ana TeresaNóbrega
Procuradora Geral do Ministério Públicojunto ao Tribunal

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