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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSO TC N.O 06918/07

Objeto: Recurso de Revisão


Relator: Auditor Renato Sérgio Santiago Melo
Impetrante: Maria de Lourdes Sousa
Advogado: Antonio Remígio da Silva Júnior

EMENTA: PODER LEGISLATIVO MUNICIPAL - PRESTAÇÃO DE


CONTAS ANUAIS - PRESIDENTE DE CÂMARA DE VEREADORES -
ORDENADOR DE DESPESAS- IRREGULARIDADE - IMPUTAÇÃO DE
DÉBITO - FIXAÇÃO DE PRAZO PARA RECOLHIMENTO -
RECOMENDAÇÕES - INTERPOSIÇÃO DE RECURSO DE REVISÃO -
REMÉDIO JURÍDICO ESTABELECIDO NO ART. 31, INCISO IV,
C/C O ART. 35, AMBOS DA LEI COMPLEMENTAR ESTADUAL
N.o 18/93 - Não enquadramento do instrumento recursal nas
hipóteses de cabimento previstas nos incisos I a lII, do art. 35, da
Lei Orgânica do TCE/PB - Ausência dos pressupostos processuais
específicos - Remédio jurídico que não reúne condições de
admissibilidade. Não conhecimento. Remessa dos autos à
Corregedoria da Corte.

f"\~\,./I'U"\V APL - TC - Sj>Jl /08

Vistos, relatados e discutidos o RECURSO DE REVISÃO interposto pela ex-Presidenta da


Câmara Municipal de A GUIAR/PB, SRA. MARIA DE LOURDES SOUSA, em face da decisão
desta Corte de Contas, consubstanciada no ACÓRDÃO APL - TC - 181/07, de 28 de março
de 2007, publicado no Diário Oficial do Estado de 20 de abril do mesmo ano, acordam, por
unanimidade, os Conselheiros integrantes do TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA
PARAÍBA, com a declaração de impedimento do Conselheiro Fábio Túlio Filgueiras Nogueira,
em sessão plenária realizada nesta data, na conformidade da proposta de decisão do relator
a seguir, em:

1) NÃO TOMAR conhecimento do recurso, tendo em vista o não atendimento de quaisquer


das exigências previstas nos incisos I a lII, do art. 35, da Lei Complementar Estadual
n.o 18/93.

2) REMETER os autos do presente processo à Corregedoria deste Tribunal para as


providências que se fizerem necessárias.

Presente ao julgamento o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas


Publique-se, registre-se e intime-se.
TCE - Plenário Ministro João Agripino

João Pessoa, o6' de ~~iJ1/v de 2008


TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSOTC N.o 06918/07

Auditor enato Sergio ~Wa~~lo


Relator

Presente: --<' --t~


Representante do .. rio Público Especial
I
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSOTC N.o 06918/07

Este Tribunal, ao analisar as Contas da Presidenta da Câmara Municipal de Aguiar/PB,


Sra. Maria de Lourdes Sousa, relativas ao exercício financeiro de 2005, em sessão plenária
realizada em 28 de março de 2007, mediante o ACÓRDÃO APL - TC - 181/07, fls. 82/86,
publicado no Diário Oficial do Estado datado de 20 de abril do mesmo ano, fi. 89, decidiu:
a) julgar irregulares as referidas contas; b) imputar débito à responsável, no valor de
R$ 3.600,00 (três mil e seiscentos reais); c) fixar prazo para recolhimento voluntário da
dívida; e d) enviar recomendações.

A referida deliberação teve como base a irregularidade concernente ao excesso de subsídios


percebidos pela ora recorrente, haja vista que a Resolução n.O 04/2004, emanada do próprio
Poder Legislativo do Município de Aguiar/PB, fixou os subsídios do Presidente daquela
Edilidade para a legislatura 2005/2008 em até R$ 1.500,00, sem atribuir qualquer parcela
adicional. Entretanto, a supracitada autoridade recebeu mensalmente a quantia de
R$ 1.800,00, fato que ocasionou o excesso apurado no montante de R$ 3.600,00.

Não resignada, a Sra. Maria de Lourdes Sousa interpôs, em 13 de novembro de 2007,


recurso de revisão. A referida peça processual está encartada às fls. 03/89, onde a
interessada alegou, sumariamente, que o cargo de Chefe do Poder Legislativo adiciona
outras atividades e responsabilidades distintas das desempenhadas pelos demais
Vereadores, não sendo justo, portanto, a fixação de mesma remuneração para o Presidente
da Câmara Municipal.

Ademais, mencionou que, ante a omissão contida na referida resolução, adotou os valores
previstos no art. 2° da Lei Municipal n.? 350/2000, que definiu a remuneração dos membros
do Parlamento Mirim para a legislatura 2001/2004, inclusive a da Chefia da Câmara
Municipal, que correspondia a, no mínimo, 100% dos valores pagos aos demais edis.
Finalizando, ressaltou que a Lei Municipal n.? 423/2006 definiu os novos subsídios para os
Vereadores, a partir do exercício financeiro de 2007, bem como convalidou as despesas com
os subsídios daqueles agentes políticos relativas ao primeiro biênio da atual legislatura
municipal.

Em seguida, os técnicos da Divisão de Auditoria da Gestão Municipal IV - DIAGM IV, ao


esquadrinharem a peça recursal apresentada, emitiram o relatório de fls. 92/93, onde
mencionaram que o ocorrido somente se justificaria no caso de omissão de norma fixando os
valores a serem recebidos pelos Membros do Poder Legislativo da Comuna, situação que não
aconteceu no caso em análise, devido à existência da Resolução n,o 04/2004.

Instado a se pronunciar, o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas, através do parecer


de fls. 95/97, entendeu que a remuneração fixada para os ocupantes de cargos eletivos deve
observar o grau de responsabilidade, os requisitos para sua investidura e as peculiar" des
da função. Além disso, mencionou que, no caso sub examine, a omissão da remu ração
diferenciada para o Chefe do Poder Legislativo Municipal deverá ser suprida pe tili a ~o,~·

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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSO TC N.O 06918/07

por analogia, do art. 2° da Lei Municipal n.o 350/2000, que atribuiu uma verba de
representação correspondente a 100% do valor do subsídio conferido individualmente aos
Vereadores. Por derradeiro, opinou, pelo conhecimento e provimento do recurso, com vistas
ao julgamento regular das contas e da desconstituição da imputação de débito.

Solicitação de pauta, conforme fls. 98/99 dos autos.

É o relatório.

PROPOSTA DE DECISÃO

O recurso de revisão contra decisão do Tribunal de Contas é remédio jurídico - remedium


juris - que tem sua aplicação própria indicada no art. 31, inciso IV, c/c o art. 35, da Lei
Complementar Estadual n.O 18, de 13 de julho de 1993 (Lei Orgânica do TCE/PB), sendo o
meio pelo qual o responsável, seus sucessores, ou o Ministério Público junto ao Tribunal,
dentro do prazo de 05 (cinco) anos, interpõe pedido, a fim de obter a correção de todo e
qualquer erro ou engano apurado.

In limine, evidencia-se que o recurso interposto pela ex-Presidenta da Câmara Municipal de


Aguiar/PB, Sra. Maria de Lourdes Sousa, atende aos pressupostos processuais genéricos de
legitimidade e tempestividade, notadamente, diante do dilatado período para sua
interposição (cinco anos). Entrementes, ao compulsar a referida peça recursal, constata-se
que ela não atende quaisquer dos requisitos ou pressupostos processuais específicos
estabelecidos nos incisos I a IH, do art. 35, da Lei Orgânica do TCE/PB - LOTCE/PB,
in verbis.

Art. 35. De decisão definitiva caberá recurso de revisão ao Plenário, sem


efeito suspensivo, interposto por escrito, uma só vez, pelo responsável, seus
sucessores, ou pelo Ministério Público junto ao Tribunal, dentro do prazo de
cinco anos, contados na forma prevista no inciso II do art. 30 desta lei, e
fundar-se-á:

I - em erro de cálculo nas contas;

II - em falsidade ou insuficiência de documentos em que se tenha


fundamentado a decisão recorrida;

III - na superveniência de documentos novos com eficácia sobre a prova


produzida.

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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSOTC N.o 06918/07

Ex posltis, proponho que o Tribunal de Contas do Estado da Paraíba:

1) NÃO TOME CONHECIMENTO do recurso, tendo em vista o não atendimento de quaisquer


das exigências previstas nos incisos I a III, do art. 35, da Lei Complementar Estadual
n.o 18/93.

2) REMETA os os do presente processo à Corregedoria deste Tribunal para as


providências q e se fiz em necessárias.

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