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C:\Assessor\PLENO\Secretaria\SES- 2005-01992-06-.doc
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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
Processo Te n° 01992/06
RELATÓRIO
Após exame da documentação pertinente, o órgão de instrução desta Corte emitiu o relatório
de fls. 2711279 dos autos, com as seguintes considerações:
1- A atual estrutura da Secretaria foi criada através da Lei nO 1.353, de 29/11/1955 todavia, a Lei
Complementar n° 67, de 07 de julho de 2005, que definiu a Estrutura Organizacional Básica do Poder
Executivo, estabeleceu a sua competência e alterou a sua nomenclatura para Secretaria de Estado da
Saúde, com as seguintes finalidades:
3 - Na Unidade Orçamentária em exame foram realizadas somente despesas correntes que totalizaram
R$ 77.485.914,84, superior em 15,80% do valor orçado, sendo que 84,56% destas despesas se
referiram a gastos no elemento de despesas 11- Vencimentos e Vantagens Fixas (R$ 65.520.520,65) e
14,78% foram registradas no elemento de despesa 13 - Obrigações Patronais;
Processo Te nO 01992/06
5 - Do confronto entre receitas e despesas extra-orçamentárias constata-se que ambas as contas
apresentaram o mesmo saldo, de R$1.176.l27,01 demonstrando equilíbrio, bem como que toda a
receita extra-orçamentária foi quitada dentro do exercício;
6- Além desses aspectos, a Unidade Técnica constatou algumas irregularidades, que após apresentação
de defesa, se mantiveram as seguintes:
A pedido do Ministério Público Especial, a Auditoria realizou inspeção "in loco" para levantar
dados acerca do real número de servidores lotados nesta Secretaria, cedidos ou postos à disposição de
órgãos e repartições públicas e concluiu, através no seu relatório às fls. 850/854, conforme tabela
abaixo:
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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
Processo Te n° 01992/06
haja vista a permanência exígua do Sr. Paulo Roberto Galdino Cavalcanti à frente
da Secretaria;
3) Recomendação ao atual titular da pasta, no sentido de cumprir
fidedignamente, os preceitos da Carta Magna e demais legislações
dispositivas sobre a gestão pública e seus decursivos deveres.
VOTO DO RELATOR
Antes de proferir o voto, gostaria de aproveitar a oportunidade para tecer alguns comentários
sobre a questão da análise de contas do setor de saúde sob a administração do Estado.
As unidades orçamentárias acima estão sendo analisadas separadamente, sendo que me tocou a
do Gabinete do Secretário, geralmente confundido como Secretaria da Saúde e o Fundo Estadual de
Saúde que, por sua vez, é também confundido com o órgão gestor da política de saúde do Estado I.
Com esta observação, quero expressar que, no meu sentir, a análise destas contas referentes a
despesas com saúde deveriam ser alocadas a um só relator e ainda, deveriam ser relatadas de uma só
sentada, pois entendo que só assim poderíamos ter a noção global sobre a eficácia e a eficiência dos
gastos com a saúde por parte do Governo do Estado. Neste norte é que trago a apreciação desta Corte
de Contas, em uma só sentada, tanto a Prestação de Contas do Gabinete do Secretario com também do
FESEP que relatarei logo a seguir.
Pela sua complexidade e pela sua importância, informo, por oportuno que tramita neste
Tribunal o processo TC n" 5783/03, com o objetivo de se fazer uma analise mais detalhada
relativamente às questões suscitadas em matéria de pessoal.
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1 Foram também relatados por este Relator as Contas do Complexo de Saúde de Guarabira e do Complexo de
Saúde de Cajazeiras, e o Processo do Hospital de Traumas foi também distribuído para este Relator (Processo
Te 02614/06)
Processo Te nO 01992/06
Antes de adentrarmos aos aspectos contábeis levantados pela Auditoria, vejamos o que
informou a Secretaria de Saúde a respeito do que lhe compete pela legislação em vigor, como gestor
da política estadual de saúde pública.
1) VIGILÂNCIA EPIDEMILÓGICA
1.1 TUBERCULOSE
1.1.1 - Programa de Controle da Tuberculose, com a cobertura de 78, I % das Unidades de Saúde;
1.1.2 - Tratamento Supervisionado em Tuberculose 44,8% da Unidades de Saúde da Família
1.1.3 Redução de casos, 2005 em relação a 2004, em 49,0% (até 31.06.2005, fls 08, sendo que o
casos de Tubercolose no Estado de 2002 a 2005 se apresentam conforme Quadro I a
seguir:
QUADRO I
Variação
Ano Estado Ministério
Estado Ministério Período
130,27
2005 1515 1515 126,99% 101,68% 108,84%
%
1.2 - ESQUISTOSSOMOSE
QUADRO 2
Casos Variação
Ano Notificados Confirmados
Confirmados
Notificados Confirmados
(Min. Saúde). Estado Periodo Ano Ministério Periodo Periodo
2005 308 175 238 43,02% 63,51% \ 67,57% 91,19% 57,76% 261,54%
\
Processo Te n° 01992/06
Também foi apresentada uma tabela com os casos notificados e confirmados de 2002 a
2005, que de igual forma comparei com os dados do Ministério da Saúde, e neste caso, creio
que os dados estatísticos merecem no mínimo uma apreciação mais acurada, pois o Estado
informa que dos 303 casos confirmados em 2002, estes caíram para 175 em 2005, já o
Ministério, informa que em 2002 foram 91 e em 2005 passaram para 238 casos. Do ponto de
vista estatísticos estes números, tanto da Secretaria quanto do Ministério, indicam fortes
inconsistências.
1.3 - HEPATITE VIRAL
QUADRO 3
Casos
Ano
Confinnado Confinnado
No combate a esta virose, verifica-se que os números do Estado são mais homogêneos que os
do Ministério e apresentam uma variação negativa de 28,70% para o período, contra o índice positivo
de 31,38% pelos dados ministeriais. Sobre estes últimos, tenho como impossível que em 2003 tenham
sido registrados 1838 casos, em 2004 esse número cai para 947, para em 2005 chegar aos 2.022 casos
confirmados.
1.4 - RUBÉOLA
QUADRO 4
Casos
Processo Te n° 01992/06
Neste caso, os dados indicam quedas no Estado praticamente de 100% e pelo Ministério de
15%, embora que, mais uma vez se verifique inconsistência nos dados, tendo em vista que em 2005
foram registrados apenas 2 casos pelo Estado e o Ministério aponta para 495 casos confirmados.
Acredito que esteja havendo deficiência no fluxo de informações, pois os casos notificados, em 2005,
pelo Estado (469) são praticamente os casos dados como confirmados pelo Ministério (495).
1.5 - AIDS
Não foram disponibilizados os dados pelo sistema nacional na data do relatório, no entanto em
diligência, pessoal, à Secretaria, o quadro incorporando os dados de 2005 é:
QUADRO 5
Variação
Ano Estado Ministério
Estado Ministério Período
Mais uma vez há dados inconsistentes entre as duas fontes, no entanto, em ambas se
analisarmos o período de 2002 a 2005 houve um crescimento, no Estado de 46,63% e no Ministério de
20,55%. Vale observar que neste caso os dados para o exercício de 2005 são coincidentes em 305
casos.
1.6 -HANSENIASE
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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
Processo Te n° 01992/06
QUADRO 6
Variação
Ano Estado Ministério
Estado Ministério Período
Mais uma vez os dados se apresentam inconsistentes e/ou conflitantes, no entanto, percebe-se,
pelas duas fontes, o percentual comparado ano a ano e de tendência crescente. Vale analisar os dados
apresentados pelo Estado nos anos de 2004 e 2005, onde o número de casos saiu de 783 para 1.493, o
que me leva, mesmo à distância e com conhecimento apenas do relatório, a compreender que estes
dados são irreais, devendo haver falhas nas estatísticas dos anos anteriores, pois em 2005 ao que tudo
indica houve um acerto nas duas bases de dados, pois os número são coincidentes em 1.493 casos.
2) ATENÇÃO BÁSICA
Quanto aos demais aspectos da atenção básica de saúde pública informaram ainda que:
• Foram instalados 8 Comitês Regionais de Prevenção a Morte Materna;
• Certificação de 215 Municípios nas ações de Vigilância Saúde, correspondendo a
96,40% de sua totalidade;
• Qualificação de Óbitos por Causas Mal Definidas em 2001 era de 44,1 %, caindo em
2004 para 29,4%, (não foi apresentando o dado de 2005);
• Campanhas de Vacinação com 100% das metas atingidas;
Os dados não foram apresentados anualmente, o que impossibilita uma análise quantitativa da
evolução das ações, apenas é dado conhecer a situação em 2002 e 2005 conforme a tabela a seguir.
QUADRO 7
Processo Te n° 01992/06
Conforme o informado, a cobertura com o Programa da Saúde na Família é de 100%, ou seja,
está presente em todos os municípios. Como a quantidade total de equipes é de 1.134 equipes,
concluímos que para uma população de 3.500.000 habitantes, que, agrupadas em famílias de 5
pessoas, indica que para cada equipe toca o quinhão de 618 famílias, número que me parece excessivo
para um atendimento proposto pelo programa. A meu ver, caberia ao Tribunal, nas próximas
prestações de contas, um aprofundamento neste estudo.
Informa o relatório que foram criados em Patos (2) e em Pedro Regis (1) Postos de Coleta
do Programa de Triagem Neonatal.
Foram adquiridos equipamentos hospitalares para assistência a gestação de alto risco e dos
serviços de rede para o Hospital Santa Filomena em Monteiro e hospitais em Cajazeiras e Patos;
4) HEMORREDE
QUADRO 8
Quantidade
Cidades
Coletas Transfusões Coletas Transfusões
18.913 34.275
João Pessoa 38,34% 54,77%
15.333 19.295
Campina Grande 31,08% 30,83%
4.004 1.716
Patos 8,12% 2,74%
2.532 1.914
Guarabira 5,13% 3,06%
2.244 1.997
Souza 4,55% 3,19%
1.557 916
Cajazeiras 3,16% 1,46%
Processo Te nO 01992/06
Piancó 789 403
1,60% 0,64%
Destes dados, extrai-se que João Pessoa e Campina Grande, respondem em conjunto, por 69%
e 81% dos casos de coletas e transfusões, percentuais que indicam da importância das políticas
públicas de saúde nestes municípios para o conjunto da população do Estado, impondo ao gestor de
saúde do Estado e destes municípios uma completa integração no que diz respeito às suas ações por
refletirem diretamente no conjunto da população residente em outros municípios.
Os atendimentos ocorreram apenas nas cidades de João Pessoa e Campina Grande, a partir dos
seus hemocentros, conforme os dados abaixo demonstrados:
QUADRO 9
Secretaria
ATENDIMENTOS TOTAL
5) - CENTRAL DE TRANSPLANTES
Os atendimentos foram:
Processo Te n° 01992/06
QUADRO 10
ATENDIMENTOS TOTAL
Córnea 144
Rim 7
Válvula
Fígado 10
Coração 3
Quanto à cobertura do Cartão SUS nos 223 municípios apresenta dados estatísticos sobre o
número de municípios e qual o percentual de cobertura da população conforme dados a seguir, não se
podendo concluir qual o percentual da população que já detêm o Cartão SUS. Aqui, mais uma
vez.cabe recomendar que nas próximas análises de prestação de contas este seja um dos assuntos a ser
melhor pesquisado, pois, a adoção do cartão é um passo importante no sentido de se acabar a tão
conhecida duplicidade de atendimentos e o conhecimento "passeio" dos pacientes no sistema de saúde
estatal.
QUADRO 11
MUNiCípIOS
Cobertura
Quantidade Percentual
74 33,18% 100
35 15,70% 99-90
36 16,14% 89-80
25 11,21% 79-70
19 8,52% 69-60
15 6,73% 59-50
7 3,14% 49-40
6 2,69% 39-30
1 0,45% 23,16
223
Processo Te nO 01992/06
Constam ainda, demonstrativos (fls. 20) dos gastos com obras e reformas em diversos prédios
da Secretaria que totalizaram a importância de R$ 2.266.133,08, correspondendo a 2,92% do valor
gasto pela unidade orçamentária Gabinete da Secretaria e a 0,77% do orçamento total da Secretaria de
Estado da Saúde.
8) VIGILÂNCIA SANITÁRIAlAGEVISA
9) MEDICAMENTOS EXCEPCIONAIS
Apenas como argumento, para justificar estas preocupações e ainda demonstrar a necessidade
de que seja criado um sistema com início, meio e fim no que diz respeito a este item, vejamos o que
diz o relatório da Secretaria.
A quantidade de itens adquiridos de março a novembro foi de 129 itens, não havendo maiores
detalhes sobre quantidades e tipos de itens adquiridos.
o
gasto foi de R$ 21.754.658,42 no ano, (média mensal de R$ 1.812.888,20). Valendo
observar que esta despesa é maior que a de 213 municípios do nosso Estado, o que remete, no meu
entender, a necessidade que tem nosso Tribunal de melhor se preparar para fiscalizar este tipo de
despesa, não apenas no Estados mais, em todos os municípios sob sua jurisdição.
Como reforço para a tese, a grosso modo, chamo a atenção que, para uma população de 3,5
milhões de habitantes, o gasto per capta do Estado com medicamentos é de R$ 6,21, por habitante.
Nos municípios que tenho sido relator, tenho apresentado sempre este indicador "Gasto per capta com
Medicamentos" que é em média de R$ 26,55. Portanto, se somarmos os gastos per capta do Estado
com o dos municípios chegamos a um valor de R$ 32,86 por habitante e ao se multiplicar pela
população concluímos que o gasto com medicamento no Estado, compreendendo Estado e municípios,
poderá ser de 115 milhões de reais por ano, que, pela sua magnitude, está a reclamar melhor atenção
de nossa parte, inclusive com capacitação da Auditoria neste particular e ainda pesquisa nacional, nas
demais unidades federadas, de modo que se possa fazer urna análise '\omparativa das despesas.
Quanto à irregularidade apontada no item "d", afirmando que "há incoerência quanto às
informações e dados contidos no Relatório de Atividades e os gastos realizados através da SES",
deixo de acatar esta alegações por entender que foi atendida a determinação deste Tribunal contida na
Resolução RN TC N' 08/2004 (art. 2°, inciso IV, "b"), que orienta no sentido de ser encaminhado o
Relatório detalhado com as atividades desenvolvidas, afinal, bem pelo contrário, é prerrogativa do
Secretário de Saúde a política e gestão das ações de saúde pública no Estado, e estas ações
obrigatoriamente devem ser informadas a este Tribunal quando da prestação de contas, como foi
efetivamente feito.
Assim, por todo o exposto e considerando as conclusões a que chegou o órgão de instrução,
restando irregularidades inerentes a contratação e disponibilização de pessoal, voto no sentido de que
os membros do Egrégio Tribunal de Contas do Estado da Paraíba:
1 - Julgue regular a Prestação de Contas da gestão do Sr. Paulo Roberto Galdino Cavalcanti e Julgue
regular com ressalvas a Prestação de Contas da gestão do Sr. Reginaldo Tavares de Albuquerque,
resguardando a análise das questões relativas à gestão de pessoal para os autos da inspeção especial
(Processo TC N° 5783/03), visto que mesmo que se julgue irregulares as contratações, a
responsabilidade também cairá sobre gestores da Secretaria de exercícios passados;
2 - Recomende ao atual gestor, se ainda não ocorrida, providências no sentido de corrigir as falhas
aqui apontadas, notadamente no que diz respeito à fidedignidade e consistência de dados estatísticos,
bem. como na melhoria do sistema de quantificação, aqflÍsição, guarda e distribuição dos
medicamentos. \
Processo Te nO 01992/06
3 - Recomende ao atual titular da pasta, no sentido de cumprir os preceitos constitucionais e demais
legislações dispositivas sobre a gestão pública; e,
4 - Por fim, que este Pleno determine ao Órgão Auditor que, nas análises das prestações de contas
dos exercícios vindouros, sejam aprofundadas suas diligências nos aspectos ora levantados, sem
prejuízo de outros que julgue necessários, de forma que se avance na metodologia de análise da
prestação de contas além dos seus aspectos meramente formais, para os aspectos de eficácia, eficiência
e efetividade, conforme preceitua a Lei de Responsabilidade Fiscal.
É o voto.
DO PEDIDO DE VISTAS
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