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vítimas não denunciassem a vio- Max Nunes, do município parai- Justiça em liberdade. nas com idades entre seis e 18 de Manaus. As meninas que so- convívio familiar. O problema é
lência sofrida. E depois dessa sé- bano de Mamanguape. A lentidão da Justiça também
PRÁTICA CORRIQUEIRA anos. Quase todas são vítimas de freram exploração sexual infan- que a casa da menina fica em
rie de brutalidades, quem per- contribui para o sofrimento das NA ASSISTÊNCIA A violência sexual. No outro sobra- til têm mais dificuldade para se Mulungu, município a 300km de
deu a liberdade não foi o agres- Manacapuru A HISTÓRIA QUE SE crianças e adolescentes. Sem do, a instituição realiza ativida- adaptar às regras. Guarabira. Como a cidadezinha
sor, mas sim as meninas abusa- O caso da amazonense Janaína, REPETE É A PALAVRA uma prioridade para os casos de VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA des pedagógicas para outras 300 Outro problema nos abrigos é natal de Renata não tem nenhum
das por ele. Agenor está livre. Sua de 12 anos, é exemplar nesse DELAS (VÍTIMAS) abuso e exploração sexual contra garotas em situação de risco. a institucionalização das crian- abrigo próximo, ela foi levada
mulher, a dona-de-casa Maria da sentido. A menina começou a CONTRA A DELES meninos e meninas, os agresso- SEXUAL. Apesar da atenção às crianças e ças e adolescentes. A tarefa de para a Comunidade Talita. “Já fui
Luz, 39 anos, teve que sair de ca- ser violentada pelo pai aos 6 (AGRESSORES). MAS res ficam livres e fazem das suas adolescentes, a Casa Mamãe restabelecer laços em uma famí- Bia, 13 anos visitar a minha mãe algumas ve-
sa aos oito meses de gravidez, ao anos, no município de Manaca- vítimas reféns do medo. A presi- ATENDIMENTO Margarida não substitui o fun- lia atingida pela violência quase Na periferia de Manaus, Bia zes, mas desanimo porque é
lado dos onze filhos do casal. Ho- puru. A denúncia veio quando DELEGADOS E JUÍZES damental: o convívio familiar. nunca é cumprida. Na entidade muito longe. Prefiro ficar no
dente do Conselho Nacional dos era agenciada por gays que a
je, as vítimas vivem espalhadas uma professora desconfiou do TÊM MEDO DE SAIR EM Direitos da Criança e do Adoles-
INSUFICIENTE E “Abrigo não é bom para nin- Raio de Luz, em Belém do Pará, chamavam de “miniputa”. abrigo”, conta Renata.
entre dois abrigos de João Pes- agressor. “Eu já não agüentava DEFESA DAS MENINAS cente (Conanda), Maria Luiza ACOLHIMENTO DIFICULDADE DE guém. Por pior que seja a situa- das 40 meninas abrigadas, três “Eles diziam assim: vai lá Diante da dificuldade de rein-
soa, enquanto o criminoso que mais. Ele prometeu parar, mas Oliveira, explica que os casos re- ção das famílias, as meninas poderiam ser adotadas. “O ECA que este cliente é teu, mini- tegrar-se às famílias ou de supe-
lhes tirou a dignidade circula à nunca parou”, desabafa a meni- Ana Lúcia Mesquita, lacionados à infância deveriam EM INSTITUIÇÕES REINTEGRAÇÃO sentem falta dos irmãos, dos aposta na reinserção familiar, púúúúta...”, conta, imitando rar os obstáculos para adoção,
seus exploradores.
vontade pela capital paraibana.
Em casos de violência sexual
na, que está protegida em um
abrigo de Manaus.
presidente do conselho
tutelar de Manacapuru,
Exploração desafia Justiça ter prioridade. "Esses processos
criminais entram numa fila lon- FAMILIAR SÃO
amigos”, lamenta a irmã Liliana
Maria Lindoso, uma das funda-
mas elas vieram de famílias
doentes. É muito difícil conse- Bia cobrava R$ 20 para
as vítimas de violência sexual fi-
cam esquecidas nos abrigos.
deixar os clientes se
em que o agressor faz parte do O crime é do pai. Mas a pena no Amazonas Se punir os autores de abuso mento à Violência Sexual contra ga. A infância passa muito rápido doras da casa assistencial. guir que elas voltem para casa “esfregarem”, afirma que não
Uma das meninas da entidade
círculo familiar, é comum as ví- está sendo cumprida pela ado- sexual é um desafio para a polí- Crianças e Adolescentes no últi- e muitos casos levam mais de 10 CONSTANTES Para os casos de violência se- em segurança”, desabafa Nahum permitia penetração e que Raio de Luz, em Belém do Pará,
timas deixarem o lar para esca- lescente. O caso foi denunciado à A MAIOR BARREIRA É A cia e para as entidades de defesa mo 18 de maio. O caso ficou co- anos para serem julgados", recla- xual, o ECA prevê duas alterna- Freitas, diretor da instituição. gastava o dinheiro já está lá há mais de cinco anos.
par do abuso. A lógica se inverte: polícia pelo conselho tutelar da ATITUDE DE dos direitos da criança, a respon- nhecido como “as meninas de 50 ma Maria Luiza. tivas anteriores ao abrigamen- No abrigo paraense, as regras comprando lanches e balas. “Por causa da idade, elas já nem
sem determinações legais para cidade. Janaína passou por um sabilização dos exploradores é centavos”: cinco garotas com Dos 27 estados brasileiros, to: a retirada do agressor de ca- são cumpridas com atenção. Há Com corpo de criança, poderiam mais ficar aqui. A gen-
CONIVÊNCIA ASSUMIDA
tirar os criminosos de casa ou exame pericial que recolheu es- praticamente inexistente. Os ali- idades entre 9 e 12 anos recebiam apenas três têm varas especiali- sociedade que protege sa ou a colocação da criança em uma rotina de horários para Bia ainda não ficou te abre exceção porque não há
assegurar a prisão preventiva
deles, famílias inteiras precisam
ser alojadas em abrigos para es-
capar da violência. Tornam-se
prisioneiras ao passo que abu-
perma do agressor do corpo dela.
Mas, enviado a Manaus, onde se-
riam feitos testes mais detalha-
dos, o material estragou por falta
de acondicionamento adequa-
PELA FAMÍLIA. COMO NA
DÚVIDA TEMOS QUE
ABSOLVER OS
ACUSADOS, ISSO
ATRAPALHA MUITO
ciadores e os homens que fazem
programa com crianças e adoles-
centes se valem da posição social
e do poder econômico superior
ao das vítimas para impedir que
moedas para fazer sexo com mo-
radores da cidade de Itaobim. Os
crimes ocorreram entre 1998 e
1999, a sentença saiu em 2006 e
até hoje nenhum dos explorado-
zadas em crimes contra crianças
e adolescentes: Bahia, Ceará e
Pernambuco. Os dados foram le-
vantados pela defensora pública
Hélia Barbosa, que atua em Sal-
1
criança é encaminhada por
A abusadores e explorado-
res esconde as vítimas
em abrigos — lugares
sem placa na porta, afastados
do centro das cidades, com ho-
uma família substituta. Mas,
com 22 anos de experiência no
atendimento às vítimas, irmã
Liliana diz que essas determi-
nações raramente são seguidas.
acordar, almoçar, brincar e to-
mar banho. No dia em que a re-
portagem esteve no local, as
meninas haviam ido ao dentista
e todas estavam com os cabelos
menstruada. Quando
crescer, quer namorar
empresário e virar delegada.
“Vou prender quem faz
programa com criança”,
planeja.
opções de lugar para essas crian-
ças”, afirma o diretor Nahum
Freitas. Ele cita o caso de Paula,
uma menina de 15 anos que vive
ali há seis anos e que, durante
sadores e exploradores ficam li- do. Na delegacia, a mãe e os vizi- os processos sigam adiante. Eles res foi preso. vador. A advogada verificou que a dia pela Justiça e pelos rários rígidos e entrada contro- “No lugar de onde vêm, essas presos com os mesmos elásticos esse período, nunca recebeu vi-
vres e, muitas vezes, impunes. nhos testemunharam em favor só são presos no caso excepcio- Autor da sentença, o juiz Nean- criação de uma vara especializa- conselhos tutelares ao abrigo lada por vigias. Estão mais para meninas são consideradas ga- coloridos. Na hora do almoço, sita de parentes. “Outro dia, ela
Max Nunes, Mamãe Margarida, em
“Procurei o Creas e o conselho do agressor. Disseram que ele era juiz do município nal de serem flagrados em prostí- derson Martins Ramos conta que, da reduziu em até três vezes o colégios internos do que para rotas-problema, ninguém as comiam sem fazer algazarra. queria se matar. Dizia que nin-
tutelar, mas tinha que ir sempre um excelente pai. “O caso dela é bulos ou motéis. durante o processo, apenas uma Manaus. Mas a instituição casas de família. Mas é ali que as quer. Um absurdo, porque elas Nos quartos, sobre as camas, guém no mundo se importava
paraibano de ❛❛ tempo de espera por uma respos- só tem capacidade
escondido. Quando ele desco- revoltante. O abusador não pas- Mamanguape A impunidade de um grupo de das vítimas manteve o depoimen- ta judicial. "Antes os casos fica- crianças e adolescentes crescem é que são as vítimas.” dezenas de bichos de pelúcia com ela. O que eu posso fazer?
para atender 40 vítimas.
briu que eu estava buscando sou um dia sequer na cadeia”, in- exploradores sexuais em Minas to inicial. Na pequena cidade mi- vam parados por até seis anos. até que a Justiça decida o desti- Por causa dessas distorções, enfileirados davam a impressão Me preocupo em dar autono-
ajuda, chegou em casa com dois digna-se a conselheira tutelar Gerais motivou um protesto do neira, circulam boatos de que as Hoje os julgamentos levam, em no deles. Almoçam em refeitó- o abrigo passa a ser regra, e não de jamais terem sido usados pa- mia, porque a família, ela já per-
facões e colocou embaixo do Ana Lúcia Mesquita. Comitê Nacional de Enfrenta- famílias das outras meninas fo- média, de um a dois anos." rios coletivos, ficam sem festas exceção. Lá, meninos e meninas ra brincadeiras. deu”, afirma.
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4. Garotas da estrada apontado como crítico pelos agentes que Conteúdo especial:
5. Encruzilhada do sexo das estradas da cidade,como faziam essas duas adolescentes Veja a galeria:
Na BR-116, conhecida como Rio/Bahia, a trabalham no combate à exploração sexual. O Entrevista com o promotor de Defesa Cortado por quatro importantes rodovias estaduais,o em uma tarde de setembro.Outro foco de exploração sexual Galeria de fotos dos abrigos visitados
prostituição ocorre à beira da estrada. As baixo índice de desenvolvimento humano dos da Infância e da Juventude do Rio município de Guarabira é um importante pólo econômico é o município de Mamanguape,cortado pela BR-101,uma
municípios (IDH) e a pobreza da população Grande do Norte Manoel Onofre Neto das mais movimentadas do país.Além de baterem ponto na
meninas ficam no acostamento oferecendo da região do brejo paraibano.A prosperidade e o grande
programas para os caminhoneiros. O trecho da levam as adolescentes a fazer dos programas um Leia mais na internet: trânsito de caminhões tornam o ambiente propício à margem da rodovia,garotas circulam pelos postos de
estrada que passa no Vale do Jequitinhonha é meio de ganhar dinheiro. Legislação completa acerca da exploração sexual.Meninas saem de municípios próximos, gasolina da cidade,onde realizam programa com
violência sexual caminhoneiros em troca de dinheiro ou comida.
como Mari,Sapé ou Piripituba,para vender o corpo na beira
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