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Ficha Técnica
Título: Antes que seja tarde: a urgência de uma resposta negociada
entre nações para os desafios de mudança de clima - Panorama das
negociações internacionais da Convenção das Nações Unidas sobre
Mudança do Clima e do Protocolo de Quioto
Segunda Edição 2009 - Atualizada
http://www.vitaecivilis.org.br
Correspondência: Caixa Postal 1908
São Lourenço da Serra – SP – 06890-970
11. Abreviaturas 46
04
1. Apresentação
06
2. A ciência
O IPCC não deixa dúvidas. O aumento dos GEE – Gases de Efeito Estufa é
diretamente imputável às atividades humanas e o início deste aumento tem data. Ele coincide
com a queima de combustíveis fósseis a partir da era industrial. A concentração e o aumento
dos GEE na atmosfera são determinados pelo equilíbrio entre fontes das emissões
(atividades humanas e fontes naturais) e sumidouros (a remoção dos GEE pelo seu seqüestro
ou conversão em outras composições químicas pelas plantas ou absorção pelos oceanos). A
queima de combustíveis fósseis é responsável por mais de 75% das emissões de CO2.
Mudanças no uso da terra, desmatamento e degradação de florestas são responsáveis pelo
restante. A atual concentração de CO2 é superior a 388 ppm, um aumento de 9 ppm no último
ano. Durante, pelo menos, os 650.000 anos anteriores à era industrial esta concentração
variava entre 180 e 300 ppm. Sendo que nunca houve, num único período de 1.000 anos, um
aumento de 30 ppm. Entre 1990 e 2007, apenas 17 anos, o aumento foi de justamente 30
ppm. A aceleração recente é dramática e sem precedentes.
Concentração de
Concentração de Co2 no nível de Mudança em Aumento da Aumento do nível
Ano de Co2 - nível de emissões globais temperatura do mar relativo à
estabilização estabilização,
em 2050 (% de média global era pré-industrial-
estabilização incluindo GEE e
do CO2 emissões em relativo à era apenas expansão
(2005 = 379 ppm) aerossóis
2000) pré-industrial térmica
(2005 = 379 ppm)
Basta analisar a primeira linha desta tabela: se o ano de estabilização for entre 2000 e
2015, a concentração de CO2 ficará entre 350 e 400 ppm. Mas, se forem contemplados os
outros gases de efeito estufa, o nível de concentração chegará a 445 a 490 ppm. Por outro
lado, em 2050 teremos tido uma redução de 50 a 95% das emissões relativas ao ano 2000 e o
aumento da temperatura média global ficará entre 2,0 e 2,4ºC e o aumento do nível do mar
devido apenas à expansão térmica terá atingido 0,4 a 1,4m relativo à era pré-industrial. Este é
o melhor dos cenários projetados e com toda a probabilidade já está ultrapassado.
Recentemente, a NOAA registrou uma aceleração inesperada no aumento anual da
concentração de GEE e a projeção não leva em conta a contribuição do degelo dos pólos ao
aumento do nível do mar. Portanto, todo o esforço de negociação será pouco diante desse
desafio.
3. Introdução às
negociações internacionais
sobre mudanças climáticas
10
Para conhecer bem a linha do tempo das discussões e negociações sobre mudanças
climáticas é preciso levar em conta muito mais que a ciência, os riscos dos impactos e a
cronologia dos eventos.
O maior avanço das pesquisas científicas sobre clima começou durante a segunda
metade do século XX, um período que também se caracterizou por uma profunda
transformação política em nível mundial. Desde a década de 70, assistimos a um
extraordinário avanço da democracia em detrimento dos regimes ditatoriais ou autoritários.
Portugal, Grécia, Espanha, Turquia, Peru, Argentina, Uruguai, Brasil, Paraguai, Chile,
Filipinas, Coréia do Sul, Taiwan, África do Sul, Alemanha Oriental, União Soviética e até a
China, mais recentemente, dá sinais de abertura, inimagináveis 20 anos atrás. Esta
transformação foi combustível para a aceleração da cooperação entre cientistas de nações
outrora isoladas ou até mesmo inimigas, governos e organizações civis do mundo inteiro. A
pesquisa, cooperação e comunicação entre cientistas ficaram cada vez mais férteis e
frutíferas. Este mesmo período coincidiu com o aumento de acordos internacionais entre
países sobre diversos assuntos.
1972 1ª Conferência das Nações Unidas sobre o Teve como resultado uma declaração de que muitos dos
Meio Ambiente - Estocolmo problemas do planeta, particularmente a degradação
dos oceanos, da atmosfera, requerem soluções
envolvendo políticas internacionais. um alerta aos
governos de que certas atividades podem colocar o
clima em risco.
1979 1ª Conferência Mundial sobre Clima Cientistas se reúnem com o objetivo de prever os
impactos de possíveis mudanças do clima causadas por
atividades humanas.
1979 Relatório da Academia Nacional de Ciências Um relatório encomendado pela administração Carter,
dos Estados Unidos prevê um aumento médio da temperatura global entre
1,5 e 4,5ºC até 2050 e adverte que uma política de
“esperar para ver” pode ser tarde demais.
1988 Depoimento da NASA para o Senado James Hansen, climatologista da NASA, em depoimento
norte-americano sobre clima diante do Senado norte-americano, diz que o efeito
estufa já foi identificado e que já está impactando o clima.
Em 1988, registraram-se as maiores temperaturas
desde sempre.
11
1988 Conferência de Toronto sobre Mudança Embora a Conferência fosse científica e não política
do Clima pela primeira vez, pesquisadores conclamam os
governos a reduzir emissões de GEE em 20%, com
relação aos níveis de 1988 até 2005 e 50% depois disso.
1988 Criação do Painel Intergovernamental sobre A ONU cria o IPCC. A maioria dos especialistas em clima
Mudança do Clima - IPCC (sigla em inglês) passa a contribuir para os relatórios do IPCC a cada
cinco anos. A credibilidade de seus relatórios se dá
porque além de ser composto por pesquisadores
reconhecidos, o IPCC é formado por instituições
governamentais que aprovam os relatórios após análise
detalhada.
1994 UNFCCC entra em vigor Dia 21 de março de 1994, com a assinatura de 154
países.
1996 CoP-2 - Genebra, Suiça O relatório do IPCC foi aceito como base para futuras
ações.
1998 CoP-4 - Buenos Aires, Argentina Produzido o Plano de Ação de Buenos Aires, incluindo
um cronograma para um acordo sobre os detalhes
operacionais do Protocolo de Quioto até a CoP-6, bem
como ações para o fortalecimento da UNFCCC.
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2000 CoP-6 Parte 1 - Haua, Holanda Chegou-se perto de um acordo, mas as discussões
entraram em colapso devido ao cansaço e divisões
dentro da União Européia e entre a União Européia e o
Umbrella Group.
2001 CoP-6 Parte 2 - Bonn, Alemanha Um acordo negociado para as futuras discussões sobre
o Protocolo de Quioto e o aumento do uso de
sumidouros domésticos para compensar emissões dos
países do Anexo I foram marcos significativos. A CoP-6
parte 2 deixou claro os fundamentos para uma possível
ratificação do Protocolo de Quioto. Entretanto, os
conflitos nos últimos dias da Conferência revelaram que
não havia garantias de que o Protocolo seria ratificado.
2002 CoP-8 - Nova Délhi, Índia A CoP-8, em Nova Délhi, fez a ponte entre mudanças de
clima e desenvolvimento sustentável. A Declaração de
Nova Délhi conclama para ações efetivas para limitação
de emissões e redução de vulnerabilidades.
A CoP-8 não foi um sucesso, mas também não foi um
fracasso. Por um lado, os delegados não forneceram
orientações sobre o Fundo Especial para Mudanças de
Clima e, nas questões sobre o mercado de energias
limpas e efeitos adversos de mudança do clima, os
negociadores não foram conclusivos. Por outro lado, as
Partes concordaram sobre regras e procedimentos para
o MDL e forneceram orientações para o Fundo para os
Países Menos Desenvolvidos (LDCs, sigla em inglês).
2003 CoP-9 - Milão, Itália A CoP-9 não só reforçou a lacuna existente entre países
desenvolvidos e países em desenvolvimento, mas
também a falta de liderança e iniciativas entre os
negociadores e os diversos grupos de interesse.
Enquanto a complexidade das negociações se manteve
e as diferenças foram resolvidas parágrafo por
parágrafo, o número grande de eventos paralelos e o
crescente envolvimento dos diversos constituintes do
processo da UNFCCC, a demanda por ações robustas
em relação ao clima e a pressão por lideranças mais
fortes sinalizaram uma mudança positiva para as futuras
CoPs.
2004 CoP-10 - Buenos Aires, Argentina Alguns países não estavam prontos para começar
discussões sobre um regime pós-2012. Como muitas
vezes têm acontecido, o sucesso de uma CoP parece
uma ilusão até a 25ª hora. A CoP-10 não foi diferente.
Esta foi a Conferência do “se” e do “talvez”. Se os países
do Anexo I comprovassem que reduções são possíveis
e compatíveis com o desenvolvimento, se os mercados
de carbono e outras ferramentas e incentivos fossem
implantados, para que outros pudessem ver os
benefícios de participar no processo, e se os custos dos
impactos das mudanças de clima começassem a se
acumular, a comunidade internacional talvez estivesse
13
2006 CoP-12 - Nairóbi, Quênia Talvez a Conferência de Nairóbi não seja lembrada
como um marco histórico no processo da UNFCCC. No
entanto, foi um importante entreposto no caminho das
delegações. Muitos delegados manifestaram o
pensamento de que ainda era cedo para imaginar como
seria um regime pós-2012. As evidências científicas e
argumentos econômicos dizem que a janela está se
estreitando. O foco na África e nos povos mais
vulneráveis, bem como adaptação e capacitação foram
importantes elementos na construção de “confiança no
processo”. O Brasil apresentou uma proposta para
incentivos positivos para reduzir emissões oriundas de
desmatamento e da degradação de florestas (REDD)
em países em desenvolvimento.
2007 CoP-13 - Bali, Indonésia Bali foi, ao mesmo tempo, um sucesso e um fracasso
enorme. O sucesso pode ser dimensionado em função
do risco de um colapso nas negociações versus a
remoção do bloqueio dos Estados Unidos. No centro do
Mapa do Caminho de Bali estão os dois trilhos de
negociação: o recém-criado Grupo de Trabalho Ad Hoc
sobre Ação Cooperativa de Longo Prazo no âmbito da
Convenção - AWG-LCA (em inglês) e o já existente
Grupo de Trabalho Ad Hoc sobre o Protocolo de Quioto.
O trabalho dos dois é vital, mas a sua convergência,
cada um levando em consideração o trabalho do outro,
deverá formar a base para futuros acordos.
Assim, foi possível apresentar ao mundo o Mapa do
Caminho de Bali e seus “building blocks” ou eixos
temáticos: Visão Compartilhada: Ações de Mitigação
Aumentadas; Ações de Adaptação Aumentadas;
Transferência de Tecnologias e Apoio Financeiro.
Entretanto, ainda restam muitas pendências para
preparar o caminho para o período pós-2012.
14
2008 CoP-14 e CMP-4 - Poznan, Polônia AWG-LCA 4, AWG-KP 6.2, SBI 29 e SBSTA 29
Quando, no final do último dia, depois do último dia oficial da Conferência, a chefe da
delegação norte-americana disse que o seu país iria se juntar ao consenso, houve um
momento de júbilo acompanhado por euforia e distensão. Mas, mais uma vez, isso se
revelaria de curta duração. Embora as delegações pudessem voltar aos seus países para o
Natal em família, o presente que embalaram em Bali foi recebido com um misto de emoções e
críticas, alegrias e decepções. Emoção por terem escapado do pior cenário – bloqueio total do
processo. Alegrias porque não retornaram de mãos vazias – o Mapa do Caminho saiu.
Decepções porque o presente carecia de consistência – o maior de todos os objetivos, um
compromisso global, quantificado, de redução de emissões foi relegado ao status de uma
nota de rodapé. Houve progresso sim, porém o Plano de Ação de Bali deixou muito a desejar.
O mundo merecia um presente melhor.
O Plano de Ação de Bali tem cinco eixos temáticos ou “building blocks” (em inglês),
que serão comentados a seguir:
Introdução
O Bali Action Plan decidiu “lançar um processo para possibilitar uma implementação
completa, efetiva e sustentada da Convenção por meio de uma ação cooperativa de longo
prazo agora, até e além de 2012 de modo a alcançar um resultado acordado e adotar uma
decisão na COP-15.”
Comentários
Nota-se bem nesta tradução livre do Plano de Ação de Bali que os tais blocos de sustentação
(ou eixos temáticos) são referentes a ações que já deveriam ter sido tomadas há muito tempo. O
primeiro deles é “lançar um processo...”. Pois bem, a Convenção foi assinada em 1992 e o Protocolo de
Quioto em 1997. Vejamos, em seguida, que quer queiramos, quer não, este “processo” começou há
cerca de 20 anos.
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“Uma visão compartilhada para ação cooperativa de longo prazo, incluindo um objetivo global
para redução de emissões para atingir o objetivo final da Convenção, de acordo com as
provisões e princípios da Convenção e em particular com o princípio de responsabilidades
comuns, porém diferenciadas [...]”.
Comentários
Este primeiro bloco é muito importante porque nele estão incluídos dois pontos polêmicos que
geram posições conflitantes entre países-parte da Convenção. A noção de uma meta ou objetivo de
longo prazo não representa, de forma alguma, um consenso entre os países desenvolvidos nem entre
os países em desenvolvimento, como o Brasil. O princípio das responsabilidades comuns, porém
diferenciadas é interpretado de uma forma por uns e de outra forma por outros. Definir quem tem que
cortar quanto em emissões incomoda muitos.
Comentários
Este segundo bloco também inclui questões polêmicas e controversas a ponto de impedir
freqüentemente o avanço das negociações. O primeiro deles é o compromisso dos países
desenvolvidos em assumir objetivos quantificáveis, uma posição que contradiz o padrão de progresso
econômico predominante. Novamente, os interesses nacionais se sobrepõem aos interesses globais.
Além disso, nem os países desenvolvidos nem os países em desenvolvimento estão dispostos a abrir
mão do padrão de desenvolvimento predominante – predatório e míope, ignorando ou relegando a um
plano inferior, deixando assim um mundo depredado para as futuras gerações. Por fim, as florestas. A
questão das florestas é de uma só vez complexa, polêmica, econômica e emocional. Qualquer um
destes fatores gera posições extremadas e de difícil compatibilização. Há muitos lados da
complexidade em relação às florestas. Por exemplo: a medição de áreas de desmatamento envolve
tecnologias sofisticadas, fotografias de satélites, declividades de terreno, nuvens, acesso por terra para
verificação e outros fatores. As polêmicas envolvem povos indígenas, madeireiros, questões fundiárias
etc. O aspecto econômico inclui geração de renda, logísticas, exportação e licenças. As emoções em
torno das florestas são fortes porque mexem com valores como patriotismo, direitos de posse e
heranças históricas.
“Ação incrementada sobre adaptação, incluindo, entre outras coisas, a consideração de:
Comentários
Durante muito tempo, o foco maior das discussões e negociações associadas às mudanças
climáticas esteve direcionado à questão de mitigação. O raciocínio percebido foi do tipo “Vamos resolver
a questão da mitigação, reduzir as emissões e, assim, não teremos que lidar com a adaptação”. O fato é
estamos tentando, faz tempo (há anos), mitigar e os resultados são pífios. Nós nos acomodamos tanto
que quase nos cegamos ao que está acontecendo à nossa volta. As emissões de GEE continuam, aliás,
em ritmo acelerado e as mudanças climáticas já estão aí transformando o mundo. Para alguns, este
processo já é irreversível, portanto, adaptação é o caminho a seguir. Para outros, seu mundo já mudou,
mas não tanto, ou eles não conseguem ou não querem ver. E, para poucos privilegiados, as mudanças
foram pouco sentidas, até agora, e para um seleto grupo o aquecimento global e as conseqüentes
mudanças climáticas representam oportunidades, porém eticamente questionáveis. Por exemplo, a
exploração imobiliária em áreas outrora indesejáveis ou inacessíveis e exploração de recursos naturais
(leia-se combustíveis fósseis) na região ártica.
Comentários
Comentários
Agenda provisória da 30ª SBI, Agenda provisória da 30ª Agenda provisória da 8ª Agenda provisória da 8ª
Bonn, 1-10 Junho 2009 SBSTA, Bonn, 1-10 Junho 2009 AWG-KP, Bonn, 1-12 Junho 2009 AWG-LCA, Bonn, 1-12 Junho 2009
2. Questões de organização: 2. Questões de organização: 2. Questões de organização: 2. Questões de organização:
(a) Agenda de trabalho; (a) Agenda de trabalho; (a) Agenda de trabalho; (a) Agenda de trabalho;
(b) Organização das sessões de (b) Organização das sessões de (b) Organização das sessões de (b) Organização das sessões de
trabalho trabalho trabalho trabalho
3. Relatório da situação sobre 3. Programa de trabalho de 3. Propostas de emenda ao 3. Ação Cooperativa de Longo
as Comunicações Nacionais Nairobi Protocolo de Quioto e outras Prazo:
dos países do Anexo I propostas das Partes (a) Visão Compartilhada
(b) Mitigação
(c) Adaptação
(d) Desenvolvimento e transferência
de tecnologia
(e) Recursos financeiros
12. Procedimentos e
mecanismos de conformidade
15. Outros assuntos 11. Outros assuntos 5. Outros assuntos 4. Outros assuntos
16. Relatório sobre a sessão 12. Relatório sobre a sessão 6. Relatório sobre a sessão 5. Relatório sobre a sessão
6. Questões em
negociação a acompanhar
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Mecanismo de Desenvolvimento A maior parte do tempo das Partes foi dedicada à análise do documento
Limpo do Co-Chair combinando opções eliminando e retendo outras. Pouco foi
eliminado. Kuwait se opôs à inclusão de transporte aérea e terrestre e apoiou
CCS como opção de melhoria do MDL.
Após muita discussão, as Partes concluíram que novas submissões
deveriam ser feitas e levando em consideração questões legais.
As negociações formais tomam lugar nas sessões plenárias e nas reuniões do SBI e
SBSTA. A CoP também serve como Reunião das Partes – CMP (em inglês) do Protocolo de
Quioto, na qual podem participar todos os membros da Convenção, na qualidade de
observadores. Somente os signatários do Protocolo têm direito a voto na CMP. Grupos de
Trabalho são constituídos pela CoP ou pelo SBI ou SBSTA para trabalhar em questões
importantes e todas as partes podem participar. As sessões formais são regidas por normas de
procedimentos transparentes e as sessões têm tradução simultânea em todas as línguas
oficiais das Nações Unidas. Decisões são, entretanto, adotadas por consenso na CoP e na
CMP.
Na UNFCCC, a maior parte das negociações é informal, até porque é quase impossível
discutir todas as questões nas sessões plenárias com cerca de 200 países representados, sem
contar os grandes grupos de trabalho. As sessões plenárias servem para consolidar posições
que são definidas e negociadas informalmente em “grupos de contato”, “grupos de corredor”,
“não-grupos”, consultas com especialistas e oficinas de trabalho informais. Porém, estas
consultas são menos informais do que parecem porque são organizadas pelo próprio
presidente da CoP e/ou pelos chairs do SBI e SBSTA, com o objetivo de facilitar o consenso em
pequenos grupos. A maior parte deste trabalho envolve a preparação, reenquadrando e
redefinindo o texto. O Presidente também designa pessoas-chave, conhecidas como Amigos
do Chair (“Friends of the Chair”, em inglês) para presidir estes processos e facilitar o consenso.
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Entidade Detalhe
Reuniões Oficiais Órgãos da UNFCCC
? CoP
? CoP/CMP
? SBI
? SBSTA
? AWG-LCA
? AWG-KP
Reuniões Informais Idem
Outros Grupos além dos Órgãos da Por exemplo:
Convenção
?AOSIS
Grupo 77+China
?
Umbrella Group
?
OPEP
?
Coligação das Nações das Florestas Tropicais
?
União Européia
?
Reuniões das Agências das Nações Unidas
Reuniões de segmentos da sociedade Por exemplo:
civil
? BINGOs: Organizações Não-Governamentais (Comércio, Serviço
e Indústria) - Business and Industry Non-Governmental Organizations
? YENGOs: Organizações Não-Governamentais de Jovens
Admbientalistas - Youth Environmental Non-Governmental
Organizations
? TUNGOs: Sindicatos - Trade Union Non-Governmental
Organizations
? ENGOs: Organizações Não-Governamentais Ambientalistas -
Environmental Non-Governmental Organizations
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O tipo de distribuição (Geral ou Restrita) está escrito no canto superior direito da página
e cada documento tem, no seu código de identificação, o ano que foi produzido, bem como um
número seqüencial. Por exemplo, o documento FCCC/AWGLCA/2008/1 é o 1º documento da
Convenção produzido pelo Ad Hoc Working Group for Long Term Cooperative Action – Grupo
de Trabalho Ad Hoc para Ações de Cooperação de Longo Prazo, em 2008.
Sufixos são usados para identificar documentos com finalidades específicas:
Sufixo1 Significado
/INF.x Documento informativo, sem tradução e
sempre na língua original
/MISC.x Documento miscelânea sem tradução e
sem cabeçalho da UNFCCC
/ADD.x Adendo a um documento previamente
produzido.
Rev.x Revisão do novo texto de um documento
previamente produzido
Corr.x É um documento que corrige erros de um
documento existente
/TP.x Um texto técnico
/CRP.x Um documento de uso restrito dentro de
uma sala de conferência
Estados Nacionais
Somente os Estados que ratificaram a Convenção e ou o Protocolo de Quioto,
portanto Partes, podem participar respectivamente dos processos da CoP e da CoP/CMP.
Entretanto, Estados que não são Partes do Protocolo podem participar como observadores e
têm direito à palavra durante as sessões Plenárias. Da mesma forma, somente Estados
Partes do Protocolo podem deliberar nas reuniões dos órgãos subsidiários SBI e SBSTA;
outros Estados podem participar como observadores. O Protocolo de Quioto compromete
países desenvolvidos – os países incluídos no Anexo I da Convenção – a metas legalmente
vinculantes para limitar ou reduzir as suas emissões de GEE conforme listagem no Anexo B
do Protocolo.
Observadores
Qualquer país que não seja Parte do Protocolo, organizações ambientalistas não-
governamentais – ONGs, ONGs de pesquisa, outras ONGs do setor empresarial,
organizações intergovernamentais podem participar da CoP/CMP. Os observadores podem
fazer uso da palavra nas reuniões formais e apresentar propostas escritas, mas não podem
votar.
Os países em desenvolvimento não têm restrições imediatas sob a UNFCCC. Isto serve três finalidades:
? Evita restrições de crescimento porque a poluição é diretamente conectada ao crescimento industrial e países
em desenvolvimento têm potenciais significativos de crescimento. O problema é que ninguém, nem os países em
desenvolvimento, muito menos os países desenvolvidos estão dispostos a discutir modelos de desenvolvimento. O
padrão predatório predomina. Desenvolvimento sustentável não está na agenda quando se trata de metas de
emissões;
? Impede que vendam créditos de emissões aos países desenvolvidos que permitiria estes a poluir mais;
? Recebam dinheiro e tecnologias dos países desenvolvidos do Anexo II.
Convenção Protocolo
Limite das Emissões
ANEXO I ANEXO II ANEXO B Países % - base 1990
Alemanha Alemanha Alemanha 92
Austrália Austrália Austrália 108
Áustria Áustria Áustria 92
Belarus a/ Bélgica Bélgica 92
Bélgica Canadá Bulgária** 92
Bulgária a/ Comunidade Européia Canadá 94
Canadá Dinamarca Comunidade Européia 92
Comunidade Européia Espanha Croácia** 95
Croácia a/ * Estados Unidos da Dinamarca 92
Dinamarca América Eslováquia** 92
Eslováquia a/ * Finlândia Eslovênia** 92
Eslovênia * França Espanha 92
Espanha Grécia Estados Unidos da 93
Estados Unidos da Irlanda América 92
América Islândia Estônia** 100
Estônia a/ Itália Federação Russa** 92
Federação Russa a/ Japão Finlândia 92
Finlândia Luxemburgo França 92
França Noruega Grécia 94
Grécia Nova Zelândia Hungria** 92
Hungria a/ Países Baixos Irlanda 110
Irlanda Portugal Islândia 92
Islândia Reino Unido da Grã- Itália 94
Itália Bretanha e Irlanda do Japão 92
Japão Norte Letônia** 92
Letônia a/ Suécia Liechtenstein 92
Liechtenstein * Suíça Lituânia** 92
Lituânia a/ Turquia Luxemburgo 92
Luxemburgo Mônaco 101
Mônaco * Noruega 100
Noruega Nova Zelândia 92
Nova Zelândia Países Baixos 94
Países Baixos Polônia** 92
Polônia a/ Portugal 92
Portugal Reino Unido da Grã- 92
Reino Unido da Grã- Bretanha e Irlanda do 92
Bretanha e Irlanda do Norte 92
Norte República Tcheca** 92
República Tcheca a/ * Romênia** 100
Romênia a/ Suécia
Suécia Suíça
Suíça Ucrânia**
Turquia
Ucrânia a/
Bureau
Comissão
de Cumprimento
CoP
Comissão
Supervisor Artigo 6 CMP Comitê Executivo
do MDL
Grupo de Especialistas
em Transferência de
Tecnologia
Grupo Consultivo de
Especialistas dos
países não-Anexo I
AWG AWG SBSTA SBI
Bureau LCA Bureau KP Bureau Bureau
LDC
Expert
Secretariado Group
Mecanismo
IPCC Financeiro
GEF
Órgão Responsabilidades
CoP Órgão supremo da Convenção, controla a implementação da Convenção, analisa as
Comunicações Nacionais e inventários das emissões e o progresso na direção do
objetivo maior da Convenção. Reúne-se anualmente em Bonn, a não ser que um dos
países Partes da Convenção se ofereça para sediar o encontro. As responsabilidades
específicas incluem:
a) Examinar periodicamente as obrigações das Partes e os mecanismos institucionais
estabelecidos por esta Convenção;
b) Promover e facilitar o intercâmbio de informações sobre medidas adotadas pelas
Partes para enfrentar a mudança do clima e seus efeitos;
c) Facilitar, mediante solicitação de duas ou mais Partes, a coordenação de medidas
por elas adotadas para enfrentar a mudança do clima e seus efeitos;
d) Promover e orientar, de acordo com os objetivos e disposições desta Convenção, o
desenvolvimento e aperfeiçoamento periódico de metodologias, elaborar inventários
de emissões de gases de efeito estufa por fontes e de remoções por sumidouros e
avaliar a eficácia de medidas para limitar as emissões e aumentar as remoções desses
gases;
e) Avaliar os efeitos gerais das medidas adotadas, em particular, os efeitos ambientais,
econômicos e sociais; assim como seus impactos cumulativos e o grau de avanço
alcançado na consecução do objetivo da Convenção;
f) Examinar e adotar relatórios periódicos sobre a implementação da Convenção e
garantir sua publicação;
g) Fazer recomendações sobre quaisquer assuntos necessários à implementação da
Convenção;
h) Procurar mobilizar recursos financeiros em conformidade com o Artigo 4, parágrafos
3, 4 e 5 e com o Artigo 11 da Convenção;
i) Estabelecer os órgãos subsidiários considerados necessários à implementação da
Convenção;
j) Examinar relatórios apresentados por seus órgãos subsidiários e dar-lhes
orientação;
k) Definir e adotar, por consenso, suas regras de procedimento e regulamento
financeiro, bem como os de seus órgãos subsidiários;
32
Órgão Responsabilidades
CoP l) Solicitar e utilizar, conforme o caso, os serviços e a cooperação de organizações
internacionais e de organismos intergovernamentais e não governamentais
competentes, bem como as informações por eles fornecidas; e
m) Desempenhar as demais funções necessárias à consecução do objetivo da
Convenção, bem como todas as demais funções a ela atribuídas pela Convenção.
CMP A CoP serve como Reunião das Partes– CMP (em inglês) do Protocolo de Quioto. Este
órgão, CoP/CMP, reúne-se durante o mesmo período que a CoP. As responsabilidades
da CoP/CMP são para o Protocolo as mesmas que a CoP para a Convenção, incluindo:
a) Com base em todas as informações apresentadas em conformidade com as
disposições deste Protocolo, avaliar a implementação do mesmo pelas Partes, os
efeitos gerais das medidas tomadas de acordo com este Protocolo, em particular os
efeitos ambientais, econômicos e sociais, bem como os seus efeitos cumulativos e o
grau de progresso no atendimento do objetivo da Convenção;
b) Examinar periodicamente as obrigações das Partes deste Protocolo, com a devida
consideração a qualquer revisão exigida pelo Artigo 4, parágrafo 2(d), e Artigo 7,
parágrafo 2, da Convenção, à luz do seu objetivo, da experiência adquirida em sua
implementação e da evolução dos conhecimentos científicos e tecnológicos, e a esse
respeito, considerar e adotar relatórios periódicos sobre a implementação deste
Protocolo;
c) Promover e facilitar o intercâmbio de informações sobre medidas adotadas pelas
Partes para enfrentar a mudança do clima e seus efeitos, levando em conta as
diferentes circunstâncias, responsabilidades e recursos das Partes e seus respectivos
compromissos assumidos sob este Protocolo;
d) Facilitar, mediante solicitação de duas ou mais Partes, a coordenação de medidas
por elas adotadas para enfrentar a mudança do clima e seus efeitos, levando em conta
as diferentes circunstâncias, responsabilidades e capacidades das Partes e seus
respectivos compromissos assumidos sob este Protocolo;
e) Promover e orientar, em conformidade com o objetivo da Convenção e as
disposições deste Protocolo, e levando plenamente em conta as decisões pertinentes
da Conferência das Partes, o desenvolvimento e aperfeiçoamento periódico de
metodologias comparáveis para a implementação efetiva deste Protocolo, a serem
acordadas pela Conferência das Partes na qualidade de reunião das Partes deste
Protocolo;
f) Fazer recomendações sobre qualquer assunto necessário à implementação deste
Protocolo;
g) Procurar mobilizar recursos financeiros adicionais em conformidade com o Artigo 11,
parágrafo 2;
h) Estabelecer os órgãos subsidiários considerados necessários à implementação
deste Protocolo;
i) Buscar e utilizar, conforme o caso, os serviços e a cooperação das organizações
internacionais e dos organismos intergovernamentais e não-governamentais
competentes, bem como as informações por eles fornecidas; e
j) Desempenhar as demais funções necessárias à implementação deste Protocolo e
considerar qualquer atribuição resultante de uma decisão da Conferência das Partes.
AWG-LCA O AWG-LCA foi estabelecido pela CoP-13, em dezembro de 2007, em Bali, Indonésia
para ser um processo de acompanhamento do diálogo sobre ação cooperativa de
longo prazo para abordar mudança de clima amplificando a implantação da
Convenção. Este órgão subsidiário novo recebeu um mandato para inaugurar um
processo para assegurar a plena, efetiva e sustentada implementação da Convenção
por meio de ação cooperativa de longo prazo até e para além de 2012. O AWG-LCA
deve completar seu trabalho até a CoP-15, em Copenhagen, em 2009.
AWG-KP Na sua segunda sessão, o AWG-KP, em Nairóbi, novembro de 2006, adotou um
programa de trabalho para seu mandato cobrindo:
a) Análise de potenciais de mitigação e faixas de metas de redução de emissões para
países do Anexo I;
b) Análise de possíveis meios para atingir metas de mitigação;
c) Consideração de compromissos adicionais pelas Partes de Anexo I;
O AWG-KP tem mandato para relatar o status do seu trabalho em cada CMP. Seu
objetivo é completar seu trabalho e ter seus resultados adotados pela Conferência das
Partes o mais cedo possível para assegurar que não existirá nenhum vazio entre o
primeiro e segundo período de compromisso que deverá começar em 1 de janeiro de
2013.
SBSTA Fornecer à CoP conselhos sobre questões científicas, tecnológicas e metodológicas.
Trabalha em estreita colaboração com o IPCC. Promove o desenvolvimento e
transferência de tecnologias ambientalmente corretas e facilita, tecnicamente, guias
de orientação para elaboração dos inventários e Comunicações Nacionais.
a) Apresentar avaliações do estado do conhecimento científico relativo à mudança do
clima e a seus efeitos;
33
Órgão Responsabilidades
SBSTA b) Preparar avaliações científicas dos efeitos de medidas adotadas na implementação
desta Convenção;
c) Identificar tecnologias e conhecimentos técnicos inovadores, eficientes e mais
avançados, bem como prestar assessoramento sobre as formas e meios de promover
o desenvolvimento e/ou a transferência dessas tecnologias;
d) Prestar assessoramento sobre programas científicos e cooperação internacional em
pesquisa e desenvolvimento, relativos à mudança do clima, bem como sobre formas e
meios de apoiar a capacitação endógena em países em desenvolvimento; e
e) Responder a questões científicas, tecnológicas e metodológicas formuladas pela
Conferência das Partes e seus órgãos subsidiários.
SBI Oferece conselhos à CoP sobre todas as questões referentes à sua implementação:
examina as Comunicações Nacionais, os Inventários para avaliar o sucesso da
implementação da Convenção, acompanha a efetividade dos recursos financeiros
para países Não-Anexo I, e guias de orientação para os mecanismos financeiros
operados pelo GEF.
a) Examinar as informações transmitidas em conformidade com o Artigo 12, parágrafo
1, no sentido de avaliar o efeito agregado geral das medidas tomadas pelas Partes à luz
das avaliações científicas mais recentes sobre a mudança do clima;
b) Examinar as informações transmitidas em conformidade com o Artigo 12, parágrafo
2, no sentido de auxiliar a Conferência das Partes a realizar os exames requeridos no
Artigo 4, parágrafo 2, alínea (d); e
c) Auxiliar a Conferência das Partes, conforme o caso, na preparação e implementação
de suas decisões.
Bureau O trabalho da CoP e de todos órgãos subsidiários é orientado pelo Bureau que funciona
não só durante a CoP, mas também entre as suas sessões. O Bureau é o órgão
responsável por aconselhar o Presidente da CoP e CPM e por tomar decisões sobre
como o processo da UNFCCC deve ser administrado. O Bureau é também responsável
por examinar as credenciais das Partes, organizações intergovernamentais e ONGs
buscando credenciamento para participar na CoP, CMP, bem como nas reuniões dos
órgãos subsidiários, nomeadamente o Órgão Subsidiário para Implementação (SBI –
em inglês), e o Órgão Subsidiário para Apoio Científico e Tecnológico (SBSTA – em
inglês).
Secretariado O Secretariado é composto por funcionários públicos internacionais que dão apoio a
todas as instituições do processo de mudanças de clima;
a) Organizar as sessões da Conferência das Partes e dos órgãos subsidiários e
prestar-lhes os serviços necessários;
b) Reunir e transmitir os relatórios a ele apresentados;
c) Prestar assistência às Partes, em particular às Partes países em desenvolvimento;
d) Elaborar relatórios sobre suas atividades e apresentá-los à Conferência das Partes;
e
e) Garantir a necessária coordenação com os secretariados de outros organismos
internacionais pertinentes
IPCC O IPCC foi estabelecido para fornecer aos tomadores de decisão e outros interessados
em mudança de clima uma fonte objetiva de informação sobre o tema. O IPCC não
executa pesquisa e também não monitora dados ou parâmetros de mudança de clima.
Seu papel é de assessorar de forma compreensiva, objetiva, aberta e transparente a
literatura mundial científica, técnica e sócio-econômica mais atualizada pertinente à
compreensão dos riscos de mudanças de clima causadas por atividades humanas, os
impactos observados e projetados e alternativas para mitigação e adaptação. Os
relatórios do IPCC devem ser neutros com respeito a políticas, porém devem tratar
objetivamente fatores científicos, técnicos e socioeconômicos politicamente
pertinentes. Eles devem obedecer aos mais altos padrões científicos, técnicos,
excelência, abrangência geográfica e refletir um leque de visões.
MDL – Conselho O Conselho Executivo do MDL é responsável pela supervisão da operação do MDL,
revisando e preparando decisões detalhadas sobre MDL e assegurando que a sua
Executivo operação seja um sucesso. Neste contexto, o Conselho Executivo do MDL faz
recomendações referente às modalidades e procedimentos à CMP, relata as suas
atividades em cada sessão da CMP e relata sobre a distribuição de projetos regionais e
sub-regionais de MDL.
Comissão A responsabilidade da Comissão Supervisora do Artigo 6 (A6SC), estabelecida pelo
acordo de Marrakesh, é supervisionar a verificação de unidades de redução de
Supervisora emissões (ERUs – em inglês) dos projetos de implementação conjunta, relatar as
do Artigo 6 atividades de implementação conjunta à CMP, e assegurar o sucesso da
implementação do mecanismo. No final do primeiro período de compromisso a
comissão revisará e fará recomendações à CMP sobre implementação conjunta.
34
Órgão Responsabilidades
Comissão de A Comissão de Cumprimento e suas operações representam um dos mais fortes e
Cumprimento sofisticados mecanismos estabelecidos por qualquer acordo ambiental multilateral até
hoje. A principal responsabilidade da Comissão é assegurar que as Partes respeitem
seus compromissos sob o Protocolo de Quioto. A Comissão tem duas divisões: a
divisão de Facilitação e a divisão de Aplicação. A divisão de Facilitação é responsável
por orientação e assistência às Partes que possam correr o risco de não cumprir com
as suas obrigações referentes ao Protocolo. Ela promove o cumprimento das
obrigações e joga o papel de aviso prévio. A divisão de Aplicação é responsável por
assegurar que as Partes cumpram suas obrigações, o que pode envolver o uso de
sanções. A divisão operará com descrição com o objetivo de garantir correção legal e
tornará pública as sanções aplicadas.
7.9 A questão que não quer calar: O regime multilateral de negociações sobre
mudanças de clima, a UNFCCC e o Protocolo de Quioto tem data para acabar?
Também é possível deduzir pela leitura das decisões da CoP que o regime se estenderá
para além de 31 de dezembro de 2012. Por exemplo: o AWG-LCA, estabelecido pela CoP-13,
em dezembro de 2007, em Bali, Indonésia recebeu um mandato para inaugurar um processo
para assegurar a plena, efetiva e sustentada implementação da Convenção por meio de ação
cooperativa de longo prazo até e para além de 2012. O AWG-KP tem o mandato para relatar o
status do seu trabalho em cada CMP e seu objetivo é completar seu trabalho e ter seus
resultados adotados pela Conferência das Partes o mais cedo possível para assegurar que não
existirá nenhum vazio entre o primeiro e segundo período de compromisso, que deverá
começar em 1de janeiro de 2013.
Assim, somos obrigados a concluir que tanto a Convenção quanto o Protocolo não têm
data para acabar. Os países, instituições, ONGs, especialistas e cidadãos que preconizam ou
pressupõem o fim da Convenção e/ou do Protocolo o fazem sem respaldo legal e com total
desprezo pelos esforços dos governos e demais instituições oficiais e civis que tanto
contribuíram para chegarmos tão longe neste combate às mudanças climáticas.
O processo do MEM foi uma iniciativa paralela do Presidente Bush dos Estados
Unidos. Não existe unanimidade sobre a utilidade desta iniciativa, pois, muitos países
preferiam que as discussões e negociações sobre clima ficassem sempre no quadro da
UNFCCC. Nos dias 16 a 18 de abril de 2008, 17 países que respondem por cerca de 80% das
emissões globais de CO2, nomeadamente o G8 mais China, Índia, Austrália, Brasil, Indonésia,
México, África do Sul, Coréia do Sul e a União Européia se reuniram em Paris. Nesta reunião,
o Presidente Bush revelou seus planos para atacar o problema das mudanças de clima.
Os planos de Bush foram recebidos com bastante frieza e ceticismo pelos seus pares,
que na maioria esperam a sua partida para poder deliberar com o próximo ocupante da Casa
Branca. As propostas de Bush incluíam parar o crescimento das emissões de CO2 até 2025.
Ele se opôs à taxação de emissões de carbono, mas apoiou o uso de energia nuclear e das
atuais reservas de carvão. Ele também foi contra a criação de barreiras de carbono no
comércio internacional. Em geral, suas propostas enfatizaram crescimento econômico e
concertos tecnológicos.
Um acordo entre os países ricos e países pobres sobre a redução de emissões é visto
como vital para o sucesso do processo da UNFCCC. EUA, no mandato do Presidente Obama,
pretendem dar novas características e funções às negociações entre países com economias
mais relevantes, e portanto com maiores contribuições para emissão de gases de efeito
estufa. Há que se observar também os diálogos e acordos do G-20, que no processo de
enfrentamento da crise econômica-financeira global, tem servido de canal de consultas sobre
respostas governamentais em políticas de energia e de desenvolvimento e seus reflexos em
mudanças do clima.
G8
A Reunião de Cúpula do Grupo de 8 (G8) é uma reunião anual dos líderes dos oito
países desenvolvidos, nomeadamente, Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Rússia,
Reino Unido, Estado Unidos e, ainda, o Presidente da Comissão Européia. A cúpula, no
sentido mais restrito se refere apenas aos líderes, mas, na prática, a Reunião inclui também
ministros de negócios estrangeiros e finanças que se encontram antes da reunião dos líderes.
A 34ª Reunião de Cúpula do G8 aconteceu em 2008 em Hokkaido, Japão, na cidade de
Toyako entre 7 e 9 de julho sob a presidência do Primeiro Ministro Yasuo Fukuda. Em 2009, a
Cúpula do G8 foi programada para ser realizada na Itália.
?
Meio ambiente e mudanças climáticas
Desenvolvimento e África
?
Economia mundial
?
Questões políticas incluindo não-proliferação
?
37
Visão Compartilhada:
“Uma visão compartilhada para ação cooperativa de longo prazo, incluindo um
objetivo global para redução de emissões para atingir o objetivo final da Convenção, de
acordo com as provisões e princípios da Convenção e em particular com o princípio de
responsabilidades comuns, porém diferenciadas [...]”. Este objetivo global é o mais
importante elemento da Convenção. Nada o supera. Temos a obrigação de pressionar todas
as delegações na Convenção, o governo brasileiro, senadores e deputados, ONGs e todos os
cidadãos comprometidos com o combate ao aquecimento global e às mudanças climáticas a
assumir este desafio. Só assim podemos ter a confiança de que haverá um esforço global. No
caso do Brasil, é inadmissível não aceitar uma meta global ambiciosa e uma correspondente
resposta brasileira, proporcional à nossa contribuição e capacidade. Mas, em vez de tomar
seu lugar de líder, o Brasil sistematicamente resiste com argumentos carregados de fumaça.
Por outro lado, o objetivo global tem que permitir que as contas fechem. Isto é, a proposta de
redução das emissões tem ser suficiente para manter o aumento da temperatura média da
terra bem inferior a 2ºC, e que a concentração de gases de efeito estufa esteja em nível
bastante seguro (inferior a 400 ppm). De acordo com a CAN, este objetivo deve ser uma
redução mínima de 80% até 2050 e relativo às emissões de 1990. Temos no máximo 6 anos
para estabilizar a concentração de CO2 no atmosfera.
Mitigação e Adaptação
O Brasil deve considerar ações nacionais apropriadas de mitigação e adaptação por
parte de todos os países em desenvolvimento, num contexto de desenvolvimento
sustentável, apoiadas e facilitadas por tecnologia, recursos financeiros e capacitação de
forma mensurável, relatável e verificável;
acesso à informação e saber utilizá-la. Alguns países têm delegações enormes com
especialistas nas diversas matérias do seu interesse nacional. Mas, na outra ponta tem
nações com apenas um delegado e este absolutamente perdido na imensidão das questões.
Isto significa que os cidadãos do seu país, que freqüentemente é um dos menos
desenvolvidos, não têm os seus interesses representados nas negociações. Nos países em
desenvolvimento, caso do Brasil, embora tenham alguns técnicos no governo, no setor
privado e na sociedade civil bem versados no assunto, a grande maioria das pessoas não
possui conhecimento. Este vazio diz respeito tanto à ciência, às causas, aos impactos e todas
conseqüências e ações possíveis. Assim é difícil criar movimentos de pressão. Nos
chamados países do sul, aqueles que sofreram mais com os impactos das mudanças de
clima, a sociedade civil está desorganizada e despreparada para dialogar com seus
governos. Observamos em primeira mão que, além de tudo isso, com raras exceções, a
imprensa também está mal preparada e, embora bem intencionada, não consegue informar
de forma competente e contundente. Por tudo isso, uma das nossas maiores
responsabilidades e esforços deve ser compartilhar o conhecimento sobre mudanças
climáticas, por um lado, e mobilizar a sociedade, governos e empresas, por outro, para ações
urgentes.
Está prometida para esse mês a divulgação do rascunho do Plano Nacional sobre
Mudança do Clima pelo governo brasileiro. Essa versão ficará disponível para consulta
pública durante trinta dias e, em novembro, o Plano será lançado com a presença do
presidente Lula, em evento que antecede a 14ª Conferência das Partes (CoP) da Convenção-
Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), em Poznan, Polônia.
Como signatário da UNFCCC, o Brasil está em débito há pelo menos 14 anos com
esse tratado internacional, desde quando o Congresso Nacional ratificou a Convenção,
ganhando, assim, status de lei no país. Essa lei, em seu artigo 4.1 (b), obriga o país a elaborar
um plano e uma política nacional "que incluam medidas para mitigar a mudança do clima,
enfrentando as emissões antrópicas por fontes e remoções por sumidouros de todos os gases
de efeito estufa não controlados pelo Protocolo de Montreal, bem como medidas para facilitar
a adaptação adequada à mudança do clima". Nesse sentido, somente em novembro de
2007, mais uma vez às vésperas de uma CoP, o decreto nº 6.263 instituiu o Comitê
Interministerial sobre Mudança do Clima (CIM) para elaborar o Plano Nacional sobre
Mudança do Clima, cuja versão preliminar deveria estar pronta até 30 de abril de 2008.
O Brasil possui metas para várias áreas, como, por exemplo, meta de inflação, meta
de crescimento, meta de superávit primário, meta para saneamento básico, etc. O Programa
de Aceleração do Crescimento (PAC) guia-se por metas. Metas e objetivos mensuráveis são
instrumentos de controle social, de transparência, que auxiliam a governabilidade e o rumo
das políticas e das atividades sócio-econômicas. Enfim, muitos se perguntam: Por que o país
não pode ter metas relacionadas a emissões de gases de efeito estufa? Quem tem medo
desse tipo de meta? Que setores da sociedade resistem à adoção de compromissos para
limitar as emissões de gases de efeito estufa no Brasil e por quê? Teria o governo federal
estrutura capaz de envolver estados e municípios nesse desafio, assegurando uma divisão
justa, eqüitativa e efetiva das responsabilidades, limitações e reduções das emissões?
Estariam a Casa Civil, o Ministério da Agricultura, o Ministério de Minas e Energia e demais
ministérios dispostos a assumir compromisso com um plano que prevê medidas sérias de
mitigação e adaptação às mudanças climáticas a curto, médio e longo prazo? Por que
setores privados, como os do agronegócio, de indústria e de energia manifestaram-se, nas
consultas públicas para o plano nacional de mudança de clima, contra a adoção de
compromissos nacionais de mitigação de gases de efeito estufa?
Um Plano Nacional sobre Mudança do Clima sério e responsável deve ter parâmetros
(ou metas ou objetivos mensuráveis ou compromissos) para poder ser qualificado como
"plano", e não ser meramente uma declaração de intenções.
10. Fontes Consultadas
44
? A Guide to the Climate Change Conventions Process, Climate Change Secretariat, Bonn,
2002
? Bankok News Updates and Briefing Papers, TWN - Third World Network, April 2008
? Beyond Kyoto, Advancing the international effort against climate change, PEW Center on
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Mudanças de Clima,
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? Report of the Conference of the Parties on its thirteenth session, held in Bali from 3 to 15
December 2007, Bali Action Plan, FCCC/CP/2007/6/Add.1, 14 March 2008
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? The Fourth Assessment Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change, WMO e
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Working Group I, The physical science basis
Working Group II, Impacts, adaptation and vulnerability
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Synthesis report
? The Kyoto Protocol to the Convention on Climate Change, Climate Change Secretariat,
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? The UNFCCC’s Bali Roadmap: building long-term cooperative action to address climate
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? TWN Bonn New Update, Third World Network, june 2008
? TWN Briefing Paper –Note on access to technology, IPR and Climate Change, Martin Khor,
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IISD: http://www.iisd.ca/climate/
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UNFCCC: http://unfccc.int/
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