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ESTRATÉGIA E

COMPETITIVIDADE
Ambiente
organizacional
Ligia Maria Fonseca Affonso

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

>> Identificar as variáveis pertinentes ao ambiente interno da organização.


>> Avaliar o contexto do ambiente externo.
>> Correlacionar a elaboração da estratégia com os diversos ambientes.

Introdução
O cenário atual exige da sociedade um constante movimento de adaptação às
mudanças sociais, políticas, econômicas e tecnológicas, que ocorrem em um
ritmo cada vez mais acelerado. Essas mudanças impactam não só as nossas
vidas, como também a vida das organizações, que buscam a todo momento
encontrar meios de sobreviver em um mercado altamente dinâmico, competitivo
e imprevisível.
Nesse sentido, gerir os negócios de acordo com os novos padrões impostos
pela globalização, com a alta competitividade, a evolução tecnológica e as
diversas influências dos ambientes interno e externo, passa a ser um desafio
diário para as organizações. Assim, conhecer essas variáveis faz-se fundamental
para a manutenção e o sucesso de qualquer negócio.
Neste capítulo, você conhecerá as variáveis existentes no ambiente interno
das organizações. Além disso, conhecerá o ambiente externo e suas variáveis.
Por fim, você verá a importância da elaboração de estratégias organizacionais
e sua relação com esses ambientes.
2 Ambiente organizacional

Ambiente interno da organização


As rápidas mudanças que vêm ocorrendo no mundo afetam a nossa vida e a
das sociedades de todo o mundo, incluindo as organizações, que necessitam
estar preparadas para se adaptar a essas mudanças. Muitas dessas mudanças
foram impulsionadas pela globalização, que ampliou os mercados, com o
livre comércio de mercadorias, e possibilitou o aumento do fluxo da infor-
mação e o livre fluxo de capital, aumentando a concorrência e influenciando
aspectos políticos, econômicos, sociais e culturais. Soma-se a isso o avanço
tecnológico, que possibilitou a criação de novas formas de trabalho e novos
meios de comunicação, alterando o ritmo com que as mudanças ocorrem.
O aumento da urbanização também contribuiu com as mudanças no mundo
dos negócios, uma vez que desencadeou novas necessidades e oportunidades
de negócios, abrindo novas frentes de trabalho.
Esse processo de rápidas transformações afeta de forma significativa as
empresas, especificamente seus modelos de gestão, suas formas de atua-
ção e seus negócios, exigindo delas, além da capacidade de adaptação, a
capacidade de responder de forma rápida às mais variadas situações. Nesse
cenário dinâmico, o planejamento torna-se ainda mais necessário, uma vez
que tentar responder às novas demandas de forma improvisada se torna
cada vez mais arriscado.

O planejamento é o processo que visa a definir os objetivos da


organização e a elaborar os planos, cujas atividades devem estar
integradas e coordenadas. Portanto, é um processo contínuo de decisões que
estão interligadas e têm como finalidade alcançar um objetivo comum, que pode
ser utilizado para alcançar uma situação futura desejada, com maior eficiência
e efetividade e melhor utilização de recursos e esforços (SOBRAL, 2013).

O planejamento é uma das funções essenciais da administração, pois evita


que situações inesperadas mudem os rumos dos acontecimentos. Dessa forma,
planejar faz-se necessário para que a empresa possa: estar preparada para
enfrentar as contínuas mudanças do ambiente; aumentar as possibilidades
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de tomada de decisões assertivas, melhorando o seu desempenho no futuro;


minimizar os riscos; aproveitar oportunidades; estabelecer com antecedência
as ações a serem executadas, ou seja, se antecipar ao futuro; coordenar as
atividades de modo integrado; prever os recursos necessários; estabelecer
as responsabilidades dento da empresa; analisar a situação; determinar
objetivos; decidir antecipadamente; atualizar e reordenar processos e metas
(OLIVEIRA, 2018).
Nesse sentido, pode-se dizer que o principal objetivo do planejamento é
criar as condições para que a empresa possa crescer de forma estável, munida
dos recursos necessários para a consecução de seus objetivos e demais fatores
internos, alinhados aos fatores e às forças do ambiente externo, incluindo o
mercado, a concorrência e os fornecedores. Assim, uma empresa que possui
um bom planejamento estratégico consegue se antecipar ao futuro com maior
segurança e se preparar para as mudanças e incertezas do mercado. Ou seja,
consegue se antecipar aos concorrentes e às mudanças bruscas no mercado
por meios de estratégias competitivas adequadas às novas situações e no
tempo certo para garantir o sucesso.
Você deve estar se perguntando por que estamos falando sobre planeja-
mento, se nosso assunto aqui é o ambiente interno e suas variáveis. Estamos
falando sobre planejamento porque seu início se dá a partir de uma análise
situacional dos ambientes interno e externo, o que permite aos planejadores
pesquisar, interpretar e sintetizar todas as informações relevantes ao negócio.
Vamos entender isso melhor.
As empresas são sistemas abertos, ou seja, recebem influências de seus
meios externo e interno, assim como também os influenciam. O ambiente
organizacional refere-se ao conjunto de informações, forças e elementos, tanto
internos quanto externos, que influenciam o desempenho da organização.
Assim, o ambiente é uma força poderosa que exerce impacto em qualquer
tipo de organização, contribuindo tanto para o seu sucesso como para o seu
insucesso. Dessa forma, faz-se necessário monitorar e analisar esse ambiente,
de modo a identificar os fatores internos e externos que podem potencializar
oportunidades e ameaças. É essa análise que permite à empresa monitorar
e refletir estrategicamente sobre o impacto do ambiente na organização
(SOBRAL; PECCI, 2013). A Figura 1, a seguir, apresenta uma representação do
ambiente organizacional.
4 Ambiente organizacional

Figura 1. Ambiente organizacional.


Fonte: Sobral e Peci (2013).

Quando falamos em ambiente interno, estamos nos referindo ao interior da


organização, como pode ser verificado na Figura 1. Esse ambiente é constituído
por variáveis que a organização consegue controlar, isto é, forças e fraque-
zas, ou pontos fortes e pontes fracos, que exercem algum tipo de impacto
no desempenho da organização e podem ser potencializados e tratados,
respectivamente. Assim, os pontos fortes são as forças que potencializam
a vantagem competitiva da organização, ao passo que os pontos fracos são
os aspectos que reduzem essa vantagem.
A análise do ambiente é um processo de monitoramento que permite à
empresa refletir estrategicamente sobre os fatores que impactam as suas
operações. Assim, analisar o ambiente interno é importante para que as orga-
nizações tenham um conhecimento mais profundo sobre as suas capacidades,
que, muitas vezes, não são consideradas ou estão ocultas. Ao mesmo tempo,
a análise possibilita que a empresa identifique aspectos mais frágeis e que
merecem maior atenção, uma vez que podem reduzir essas capacidades.
Em suma, analisar o ambiente interno é um exercício de conhecimento que
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permite à empresa traçar estratégias mais adequadas para alcançar seus


objetivos e aumentar sua competitividade (SOBRAL; PECI, 2013).
Assim, as variáveis internas podem ser identificadas em toda a organização,
como, por exemplo, nos setores financeiro, de produção, de marketing, de
recursos humanos, comercial, pesquisa e desenvolvimento, e dizem respeito a
recursos, capacidades e competências existentes no interior da organização.
Confira, a seguir, algumas variáveis existentes nesses diferentes setores que
podem ser alvo de análise (OLIVEIRA, 2018).

„„ Recursos humanos: qualidade e desempenho da força de trabalho, clima


organizacional, liderança, remuneração e benefícios, qualificação dos
trabalhadores, conhecimentos, habilidades e competências, rotativi-
dade de funcionários, índice de absenteísmo, eficácia dos processos de
recrutamento, seleção, programas de desenvolvimento e treinamento,
entre outros.
„„ Finanças: capacidade de investimento, capital de giro, contas a receber
e a pagar, liquidez e endividamento, relacionamento com instituições
financeiras, custos de produção, comercialização, lucro, liquidez, ala-
vancagem, sistema de cobrança, estrutura da área financeira, relatórios
contábeis e financeiros, fluxo de caixa, orçamentos, entre outros.
„„ Produção: capacidade instalada, tecnologia utilizada, equipamentos
e maquinários, tempo de produção, logística de entrada, qualidade
da matéria-prima, certificações de qualidade, qualidade do produto,
produtividade da produção, programação e controle da produção,
cadeia de suprimentos, entre outros.
„„ Marketing: composto de marketing da empresa (produto, preço, praça
e promoção), posicionamento de mercado, custos de marketing, pu-
blicidade, relacionamento com distribuidores, fidelidade dos clientes,
performance do sistema de distribuição, criação de novos produtos,
marca, força de vendas, preços praticados, eficiência da pesquisa de
mercado, entre outros.
„„ Comercial: força de venda, relacionamento com clientes, cumprimento
dos prazos, área de abrangência, entre outros.
„„ Pesquisa e desenvolvimento: patentes, projeto de pesquisa, capacidade
de inovação, desenvolvimento de novos produtos, entre outros.
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Pode-se destacar, ainda, as variáveis relacionadas com os aspectos organi-


zacionais, como, por exemplo, estrutura da organização, sistemas gerenciais,
operacionais e de informação, planejamentos estratégico, tático e operacional,
atitudes e comportamento da alta direção e gestores, localização, instalações
físicas, modelos de gestão, cultura organizacional, entre outros.
Em relação à abrangência dos processos, podem ser avaliados, por exemplo,
as áreas funcionais da empresa, os trabalhadores, as unidades de negócio
e a empresa com um sistema. Já em relação aos aspectos relacionados com
os níveis de controle e avaliação do sistema, pode-se avaliar o controle
da eficiência, da eficácia e da efetividade. Portanto, o ambiente interno
da organização é constituído por todos esses elementos e muitos outros,
que exercem influência na adequação da organização ao ambiente externo,
afetando o seu desempenho.

O clima organizacional refere-se à atmosfera do ambiente de traba-


lho, constituído por sentimentos, atitudes e relacionamentos entre as
pessoas e entre estas e a organização que proporcionam sensação de bem-estar,
satisfação e motivação. Já a cultura organizacional refere-se ao conjunto de
hábitos, crenças e princípios que orientam o comportamento das pessoas na
organização e suas relações, expressos por meio de normas, valores e atitudes
que devem ser compartilhados por todos na organização (SOBRAL; PECI, 2013).

Dessa forma, realizar uma análise sobre os fatores que compõem o am-
biente interno da organização é fundamental para identificar os recursos, as
capacidades e as competências que ela tem de melhor e que a diferenciam
de seus concorrentes. Ou seja, a análise permite saber quais características
organizacionais podem ser um diferencial e permitem a geração de valor não
só para a empresa, como também para os seus clientes. A análise interna
permite, ainda, que a empresa identifique quais fatores a coloca em desvan-
tagens em relação à concorrência.
É importante destacar que todos os recursos, capacidades e competências
identificados no interior da organização e que contribuem para que ela alcance
os seus objetivos estratégicos são chamados de pontos fortes. Já aqueles que
limitam ou impedem o alcance dos objetivos estratégicos são chamados de
pontos fracos. Nesse sentido, a organização deve trabalhar para maximizar
os seus pontos fortes e minimizar os seus pontos fracos.
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Vantagem competitiva refere-se a tudo o que uma empresa possui


que a torna diferente das demais, ou seja, é o diferencial que ela
possui em relação aos seus concorrentes. São exemplos de fontes de vantagem
competitiva: qualidade superior do produto ou serviço, melhor utilização de
recursos, maior produtividade e eficiência, maior lucratividade, maior valor de
mercado (ações), baixo custo de produção, patentes e liderança (PORTER, 2004).

Ambiente externo da organização


O ambiente externo é aquele que se encontra fora da organização, onde as
organizações estão inseridas e atuam. O ambiente externo engloba variáveis
que não podem ser controladas pelas organizações, ou seja, a sua existência
ou ocorrência não depende da vontade da organização. No entanto, essas
variáveis exercem impacto no desempenho da organização, de modo que
devem ser analisadas e monitoradas, permitindo à empresa se adaptar às
mudanças contínuas que ocorrem nesse ambiente. Desse modo, as organi-
zações que conseguem identificar as mudanças no ambiente externo e têm
rápida capacidade de adaptação possuem maior probabilidade de aproveitar
as oportunidades e se resguardar diante das ameaças.
A análise externa é o estudo do ambiente que cerca a empresa, a qual
permite identificar e avaliar oportunidades e ameaças. As oportunidades são
situações que podem favorecer as empresas, trazendo a elas vantagens com-
petitivas, caso bem aproveitadas. Já as ameaças são situações desfavoráveis
que dificultam ou impedem que a empresa alcance os objetivos pretendidos,
atuando como uma barreira à sua capacidade de competir (SILVA, 2013).
São exemplos de oportunidades:

„„ incentivos fiscais;
„„ aumento da demanda por produtos e serviços;
„„ surgimento de novas tecnologias;
„„ novas necessidades dos consumidores;
„„ parceria com outras empresas;
„„ queda no número de concorrentes;
„„ novos canais de vendas;
„„ queda no preço da matéria-prima.
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São exemplos de ameaças:

„„ aumento da concorrência;
„„ produtos substitutos no mercado;
„„ queda na demanda;
„„ crise econômica;
„„ desemprego;
„„ mudança no comportamento de compra;
„„ alterações em leis.

Assim, compreender esse ambiente permite que a empresa defina um


parâmetro para avaliar a sua posição no mercado em relação aos concor-
rentes, ou seja, permite avaliar a sua competitividade. Cabe destacar que
essa avaliação deve ser realizada antes da avaliação interna, uma vez que
a empresa se molda e se adapta de acordo com os aspectos externos que
a influenciam. A Figura 2, a seguir, apresenta os aspectos que compõem o
macro e o microambiente externo.

Variáveis
econômicas
MACROAMBIENTE

Variáveis Variáveis
Concorrentes
sociais tecnológicas
MICROAMBIENTE

Variáveis Variáveis
legais
Fornecedores ORGANIZAÇÃO Clientes
políticas

Agências
reguladoras
Variáveis Variáveis
demográficas culturais
Variáveis
ecológicas

Figura 2. Macro e microambiente das organizações.


Fonte: Adaptada de Chiavenato (2007).
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Observe que o ambiente externo é composto pelo macroambiente e pelo


microambiente. Assim, pode-se dividir a avaliação do ambiente externo da
seguinte forma:

„„ Fatores macroambientais: questões demográficas, econômicas, tec-


nológicas, políticas e legais.
„„ Fatores microambientais: governos, mídia, concorrentes, parceiros e
fornecedores.

O macroambiente refere-se a tudo o que cerca a empresa e que, de alguma


forma, pode afetá-la positiva ou negativamente. Nesse ambiente, estão as
variáveis que atingem não só as organizações, como também a sociedade
e suas atividades, englobando variáveis demográficas, legais, econômicas,
políticas, sociais, culturais, ambientais e tecnológicas (SOBRAL; PECI, 2013;
OLIVEIRA, 2015).

„„ Ambiente demográfico: refere-se à distribuição das pessoas em uma


sociedade considerando aspectos como idade, sexo, estado civil, renda,
entre outros atributos que determinam padrões (p. ex., consumo de
bens e serviços). Essas informações são importantes para que as em-
presas possam, além de continuar os seus negócios, descobrir novas
oportunidades. São exemplos de variáveis demográficas: taxas de
crescimento populacional, composição e distribuição populacional.
„„ Ambiente legal: refere-se às leis federais, estaduais e municipais, aos
regulamentos e às normas que podem influenciar nas decisões e no
desempenho da organização, positiva ou negativamente. São exemplos
de variáveis legais: legislações trabalhista, tributária e comercial.
„„ Ambiente político: refere-se às variáveis que podem beneficiar ou não
as empresas, como, por exemplo, políticas monetárias, tributárias, de
distribuição de renda, de relações internacionais, de estatização, de
estrutura de poder, instabilidade política, troca de governo, influência
do governo no negócio (leis e regulamentações que regem a área de
atuação da empresa), guerras, relação entre países e eleições.
„„ Ambiente econômico: refere-se às variáveis relacionadas com o sis-
tema econômico que influenciam significativamente as operações das
organizações, de modo estas necessitem ajustar constantemente as
suas estratégias. Esse é um ambiente turbulento e instável, pois, em
determinados períodos, há um crescimento acelerado da economia, ao
passo que, em outros, pode haver recessão ou, ainda, uma desacelera-
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ção de crescimento. Seja qual for a situação do momento, as empresas


são afetadas. Ao analisar o ambiente econômico, a empresa consegue
verificar se as variáveis econômicas impactam na posição do produto em
determinado mercado, sua demanda e viabilidade, participação e retorno.
São exemplos de variáveis econômicas: taxa de juros, inflação, taxa de
desemprego, mercado de capitais, poder de compra, economia local,
tributação, crescimento da indústria, taxa de importação e exportação.
„„ Ambiente social e cultural: refere-se à vida das pessoas na sociedade,
a suas crenças e valores, aos seus comportamentos, que são diversos
dentro de um mesmo país. São variáveis socioculturais: distribuição
de renda, situação socioeconômica de cada segmento da população,
situação política, nível de alfabetização, nível de escolaridade, estru-
tura educacional, mudanças no estilo de vida, atitudes de compra,
comportamento, hábitos de consumo e preocupação com a saúde,
expectativa de vida e influências culturais.
„„ Ambiente natural: refere-se aos recursos naturais dos quais a organi-
zação necessita e que são impactados por ela. A preocupação principal
está na limitação desses recursos e no impacto que a produção de um
bem gera no ambiente. Nesse contexto, a organização precisa tomar
decisões sobre como conservar os recursos naturais ou reduzir os
impactos gerados na produção e distribuição do produto ou serviço.
São exemplos de variáveis ambientais ou naturais: mudanças climá-
ticas, desastres naturais, índices de poluição, alterações na política
ambiental, impactos no ambiente, matéria-prima, desmatamento,
redução do carbono e sustentabilidade.
„„ Ambiente tecnológico: as mudanças relacionadas à tecnologia podem
atingir as empresas, criando oportunidades ou ameaças. Se a em-
presa explora a tecnologia para criar produtos e serviços, por exemplo,
pode-se dizer que essa é uma oportunidade. No entanto, quando essa
tecnologia leva a empresa a alterar a sua forma produção ou de fazer
negócio, pode-se dizer que ela está diante de uma ameaça. Por exemplo,
uma clínica de saúde cuja tecnologia não está atualizada pode perder
o seu público para outra clínica que utiliza uma tecnologia de ponta.
Assim, empresas que não utilizam a tecnologia a seu favor possuem
maior dificuldade para se manter no mercado e até mesmo sobreviver
em um ambiente competitivo. São exemplos de variáveis tecnológicas
que afetam as empresas: ciclo de vida da tecnologia, mudanças na
internet, mudanças nos aparelhos móveis, novos produtos e serviços,
tendências em P&D, avanços tecnológicos e inovação.
Ambiente organizacional 11

No microambiente ou ambiente condicionador, estão os stakeholders,


isto é, todos os atores que, de alguma forma, impactam a empresa e são
impactados por suas operações. São exemplos de stakeholders: acionistas,
clientes, empregados, concorrentes, fornecedores, comunidades, governos,
agências reguladoras, mídia e Organizações Não Governamentais (ONGs)
(SOBRAL; PECI, 2013; OLIVEIRA, 2015).
Esses são os elementos presentes no ambiente externo que exercem
impacto sobre as organizações. Assim, a análise externa é essencial para
a determinação de parâmetros para a avaliação da posição competitiva da
organização diante de seus concorrentes (SOBRAL; PECI, 2013; OLIVEIRA, 2015).

Correlação da elaboração da estratégia


com os diversos ambientes
Atualmente, manter-se no mercado competitivo é uma tarefa cada vez mais
difícil para as organizações, uma vez que são muitas as inovações e os lan-
çamentos de produtos. Dessa forma, analisar o mercado atuante do negócio
auxilia a organização a entender a sua condição e estabelecer planos estraté-
gicos capazes de garantir a sua posição diante da concorrência. É importante
destacar que as estratégias são necessárias às organizações para orientá-las
sobre como alcançar os seus objetivos, cumprir a sua missão, atingir as metas
de desempenho, ultrapassar a concorrência, alcançar vantagem competitiva
sustentável, fortalecer a sua posição de longo prazo no negócio e transformar
a sua visão estratégica em realidade (OLIVEIRA, 2018).
Dessa forma, analisar os ambientes interno e externo permite que a em-
presa trace um diagnóstico estratégico a partir dos fatores internos, cons-
tituídos por forças e fraquezas, e dos fatores externos, constituídos pelas
ameaças e oportunidades. Assim, a análise das forças e fraquezas e das
ameaças e oportunidades deve ser considerada na elaboração das estratégias
organizacionais.
A análise do ambiente é uma ferramenta importante para a empresa, no en-
tanto, nem sempre todas as informações necessárias para o seu entendimento
estão disponíveis no momento necessário. Desse modo, o administrador vive
em constante incerteza ambiental, visto que vive em um ambiente complexo
e dinâmico. Quanto maior forem as incertezas no ambiente, maior será a
necessidade de o administrador utilizar técnicas e métodos que o permitam
coletar informações e tomar decisões. Nesse sentido, os administradores
podem fazer uso da matriz SWOT, uma ferramenta que os auxilia na análise
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das variáveis controláveis e incontroláveis, isto é, na análise dos ambientes


interno externo e no planejamento estratégico do negócio (SILVA, 2013).
O termo SWOT vem do inglês e representa as iniciais das palavras strenghts
(forças), weaknesses (fraquezas), opportunities (oportunidades) e threats (ame-
aças). Em português, a matriz também é conhecida como análise FOFA (forças,
oportunidades, fraquezas, ameaças). Como o próprio nome já diz, a ideia central
da análise SWOT é avaliar os pontos fortes, os pontos fracos, as oportunidades
e as ameaças à organização e ao mercado em que ela está atuando.
A matriz SWOT é uma ferramenta simples que proporciona um maior de-
talhamento dos aspectos contidos no ambiente que cerca as empresas.
O objetivo dessa ferramenta é verificar em que posição estratégica uma
empresa se encontra em seu ramo de atuação, podendo ser utilizada por
empresas de qualquer porte que necessitem de uma análise de cenário ou
ambiente.
Cabe destacar que as oportunidades podem estar em vários setores do
mercado em que a empresa possa alcançar vantagem competitiva, como,
por exemplo, em um mercado em expansão, em um novo mercado, em um
novo segmento no mercado altamente lucrativo, nas parcerias estratégicas,
entre outros. Em contrapartida, as ameaças podem estar nas dificuldades
decorrentes de tendências ou de uma evolução desvantajosa, como, por
exemplo, nos novos concorrentes, nas guerras de preços de produtos e na
introdução de novas tecnologias no mercado (SILVA, 2013; OLIVEIRA, 2015).
Os pontos fortes ou as forças presentes no ambiente interno podem estar
na liderança, na gestão competente, na orientação empresarial, na imagem
da empresa, na participação do mercado, na qualidade dos produtos ou
serviços, nas máquinas e nos equipamentos, na capacidade de inovação, na
estabilidade financeira, entre outros. As fraquezas ou pontos fracos presentes
no ambiente interno podem estar na marca pouco conhecida, na pouca ex-
periência da empresa, na baixa diferenciação de produtos ou serviços, entre
outros. Dessa forma, os fatores internos e externos moldam a estratégia das
empresas (SOBRAL; PECI, 2013; BARNEY; HESTERLY, 2017).
Em relação aos fatores internos, a estratégia deve ser elaborada de acordo
com os pontos fortes e fracos da empresa e com as capacidades competi-
tivas que ela possui, ou seja, deve ser elaborada com base em tudo o que
ela faz bem, evitando aquilo que ela possui desvantagem. Os pontos fortes
de uma organização devem ser considerados como base para a elaboração
da estratégia, uma vez que, constituídos por habilidades e competências,
colaboram para que oportunidades possam ser aproveitadas, permitindo
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a criação de vantagem competitiva para a empresa (SOBRAL; PECI, 2013;


BARNEY; HESTERLY, 2017).
Em relação aos fatores externos da empresa, as estratégias devem ser
elaboradas de forma que a empresa possa aproveitar as oportunidades e se
defender das ameaças. Para ajudar na identificação dos fatores externos,
pode-se utilizar a análise PESTAL/PESTEL, ferramenta que segue a mesma ló-
gica da matriz SWOT e é muito utilizada para apoiar o planejamento estratégico.
Ao trabalhar com cada um dos elementos-chave da ferramenta, a empresa
consegue traçar estratégias de acordo com os aspectos que representam
oportunidades a ela e estratégias de defesa contra as ameaças às quais ela
está mais suscetível. Além de auxiliar a empresa na identificação de oportu-
nidades e ameaças que podem influenciar as estratégias traçadas, a análise
PESTAL/PESTEL ajuda no desenvolvimento de uma visão mais ampla e objetiva
do ambiente em que a empresa está inserida. Ou seja, é uma ferramenta de
apoio à tomada de decisão, uma vez que permite aos gestores compreender
as mudanças no mercado em que atuam. Se a empresa consegue se antecipar
às futuras mudanças, ela tem maiores chances de tomar decisões assertivas
(SOBRAL; PECI, 2013; BARNEY; HESTERLY, 2017).
A análise PESTAL é um acrônimo para política (P), economia (E), social (S),
tecnologia (T), ambiental (E) e legal (L). Essa análise permite analisar mudanças
políticas, econômicas, socioculturais, tecnológicas, ambientais e aspectos
legais no ambiente de negócios, como é possível verificar na Figura 3.

P E S T A L

Políticas Economia local Taxa de Tecnologias Regulamentação Legislação em


governamentais Tributação crescimento emergentes ambiental vigor
Eleições e Inflação Mudança de Maturidade Redução de Legislação futura
tendências Juros gerações tecnológica carbono Legislação
Mudança de Tendências Tendência de Legislação Sustentabilidade internacional
governo econômicas estilo de vida da tecnologia Gestão de resíduos Orgãos e processos
Políticas de Problemas Tabus culturais Pesquisa e Poluição regulatórios
negociação sazonais Atitude e opinião inovação Lei trabalhista
Financiamentos, Crescimento da dos consumidores Tecnologia da Proteção do
bolsas e incentivos indústria Problemas éticos concorrência consumidor
Guerras, Taxas de Propriedade Normas de saúde
terrorismo e importação e intelectual e segurança
conflitos exportação Regulamentos
Problemas Comércio fiscais
políticos internos internacional Normas específicas
Relações entre Taxas de câmbio da indústria
países internacional
Corrupção

Figura 3. Análise PESTAL.


Fonte: Silva (2020, documento on-line).
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Observe que há uma lista de variáveis em cada aspecto, as quais podem


ser identificadas por uma equipe na própria organização, por meio de dinâ-
micas, brainstorming, formulários, entre outros. O importante é que todos
os envolvidos reflitam sobre as variáveis que podem impactar a organização,
registrando-as na matriz PESTAL. Essas informações serão valiosas durante
o processo de avaliação do ambiente externo. A seguir, confira o que pode
ser avaliado por meio dessa análise.

„„ Aspectos políticos: referem-se à influência política na economia e,


consequentemente, na empresa. A análise desses aspectos contempla
o cenário político atual e como ele impacta no negócio, como, por
exemplo, tendências eleitorais, governabilidade do país, tendências
relacionadas a aumento de tributos, alterações em legislações, troca
de governo e demais políticas que impactam a organização.
„„ Aspectos econômicos: referem-se aos impactos gerados por fatores
econômicos nas estratégias e na operação da empresa. A análise desses
aspectos contempla: crescimento do país, taxa de desemprego, taxa
de endividamento, alta do dólar, aumento do consumo, nível de renda
da população, entre outros aspectos econômicos.
„„ Aspectos socioculturais: referem-se aos impactos gerados por aspectos
sociais na empresa e nos produtos e serviços oferecidos. A análise
desses aspectos contempla: cultura, taxa de crescimento da popula-
ção, distribuição de renda, comportamento de compra, alteração de
hábitos, atitudes e crenças, crenças religiosas, entre outros fatores
socioculturais.
„„ Aspectos tecnológicos: referem-se a como o avanço tecnológico impacta
o funcionamento da organização. A análise desses aspectos contempla:
sistemas utilizados, evolução da tecnologia em produtos e serviços,
taxa de obsolescência, utilização da inteligência, tecnologia utilizada
pela concorrência, tendências em inovação e inovação na área de
atuação da empresa, entre outros fatores tecnológicos.
„„ Aspectos ecológicos: referem-se aos impactos dos aspectos ambientais
e ecológicos sobre a operação da empresa. A análise desses aspectos
contempla: regulamentações ambientais, aspectos de sustentabilidade,
nível de reciclagem, utilização de energias renováveis, créditos de
carbono, logística reversa, entre outros aspectos relacionados.
Ambiente organizacional 15

„„ Aspectos legais: referem-se aos impactos que leis, normas, regulamen-


tos e outros documentos legais exercem sobre a organização. A análise
desses aspectos contempla: mudanças na legislação, alteração nas
leis trabalhistas, leis ambientais, entre outros aspectos relacionados.

Como visto, os negócios estão sendo cada vez mais impactados por um
crescente e acelerado nível de mudanças. Assim, mercados, consumidores e
concorrentes mudam rapidamente a sua forma de atuar, o que se coloca como um
grande desafio aos gestores, pois estes precisam compreender o ambiente que
os cerca para definir estratégias eficazes que permitam alcançar os resultados
esperados. A competição no mercado agora é global e envolve aspectos como
qualidade, performance dos produtos e serviços, custos e diferenciação, levando
as empresas a buscarem maior produtividade e eficiência, em consonância com
inovação e flexibilidade (DRUCKER, 1995; MCKENNA, 1998).

Referências
BARNEY, J.; HESTERLY, W. S. Administração estratégica e vantagem competitiva: conceitos
e casos. 5. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2017. 480 p.
CHIAVENATO, I. Administração: teoria, processo e prática. 4. ed. Rio de Janeiro: Elsevier,
2007. 411 p.
DRUKER, P. F. Administrando para o futuro: os anos 90 e a vidrada do século. 4. ed. São
Paulo: Pioneira, 1995. 242 p.
MCKENNA, R. Competindo em tempo real: estratégias vencedoras para a era do cliente
nunca satisfeito. Rio de Janeiro: Campus, 1998. 176 p.
OLIVEIRA, D. P. R. Planejamento estratégico: conceitos, metodologia e práticas. 33. ed.
São Paulo: Atlas, 2015. 347 p.
OLIVEIRA, D. P. R. Planejamento estratégico: conceitos, metodologia e práticas. 34. ed.
São Paulo: Atlas, 2018. 368 p.
PORTER, M. E. Estratégia competitiva: técnicas para análise de indústrias e concorrência.
2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. 409 p.
SILVA, R. Análise Pestal. RLS50 Consultoria em Negócios de Moda, Maringá, 9 jan. 2020.
Disponível em: https://www.rls50.com/blog50/analise-pestal. Acesso em: 29 dez. 2020.
SILVA, R. Planejamento estratégico e inteligência competitiva. Porto Alegre: Profis-
sional, 2013.
SOBRAL, F.; PECI, A. Administração: teoria e prática no contexto brasileiro. 2. ed. São
Paulo: Pearson Education do Brasil, 2013. 611 p.
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