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PESSOAS
Roberta Sawitzki
Gestão estratégica
de pessoas
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
Devido à mudança de mentalidade sobre a importância das pessoas
para o alcance dos resultados organizacionais, a abordagem estratégica
está se tornando cada vez mais popular. O objetivo da gestão estratégica
de pessoas é fornecer uma direção futura, organizar e gerir pessoas em
uma organização em termos de planejamento sistemático da gestão de
pessoas alinhando-a com a estratégia da empresa. A integração entre a
gestão de pessoas e a estratégia de negócios é um processo complexo,
dinâmico e interativo, condicionado às relações e aos recursos dos dis-
tintos stakeholders.
Neste capítulo, você entenderá a importância de alinhar as estratégias
de gestão de pessoas às estratégias organizacionais; qual a sua definição,
papel, desafios, características, objetivos e escopo; seu contexto de emer-
gência; como conquistar competitividade e sustentabilidade via gestão
estratégica de pessoas; as possibilidades e os desafios do gerenciamento
estratégico de pessoas; a importância de integrar as estratégias de gestão
de pessoas aos objetivos organizacionais; e os modelos de planejamento
de gestão estratégica de pessoas.
deve ser usada quando o interesse for de descrever algo que é crítico para a
sobrevivência da empresa.
Alguns desafios precisam ser superados quando a organização assume que
tem a intenção e o propósito de trabalhar com gestão de pessoas, efetivamente
estratégica. Legge (2005) ressalta que a integração entre a gestão de pessoas
e a estratégia de negócios é um processo complexo, dinâmico e interativo,
condicionado às relações e aos recursos dos distintos stakeholders. Para tanto,
a gestão de pessoas, como promotora de mudanças organizacionais, precisa
estruturar um planejamento, construir relações de confiança e executar planos
de ação em parceria com gestores de outras áreas da empresa (gestores de linha).
Considerando que a estratégia do negócio engloba um conjunto de es-
tratégias dos diferentes silos funcionais (marketing, operações, finanças e
gestão de pessoas), a integração entre elas torna-se fundamental para que os
objetivos traçados sejam efetivamente alcançados. Assim como ocorre com
o planejamento estratégico, o planejamento estratégico de gestão de pessoas
também traduz estratégias em ações cotidianas. Nesse sentido, para atender
aos objetivos e às metas expressos no planejamento, uma das primeiras provi-
dências a ser tomada trata-se da (re)definição das competências essenciais da
organização com o intuito de sustentar e integrar as competências funcionais
e, consequentemente, as competências individuais (ULRICH, 1998).
A formulação da missão e dos objetivos organizacionais, assim como
a definição de políticas e planos de ação para atingi-los, tendo em vista as
forças e os impactos do ambiente e do contexto organizacional, deve consi-
derar:
Todos esses elementos precisam ser pautados por valores éticos de ma-
neira a sustentar relações de confiança e fidelidade com os stakeholders
Modelo,
características Estratégia de
distintas Estratégia de controle comprometimento
(Continua)
(Continuação)
Modelo,
características Estratégia de
distintas Estratégia de controle comprometimento
Competitividade e sustentabilidade
via gestão estratégica de pessoas
A nova economia mundial tem impulsionado as organizações a buscarem inovar
constantemente. Segundo Ulrich (2000, p.39), “mais cedo ou mais tarde, as
formas tradicionais de competitividade - custo, tecnologia, distribuição, pro-
dução e características de produtos - serão copiadas”. Esse cenário pressiona as
empresas a buscarem alternativas para se manterem competitivas no mercado,
o qual pode ser conquistado e/ou garantido via capacidade organizacional de
agregar valor e mantê-lo em longo prazo (FRAGOSO, 2009).
Hanashiro, Teixeira e Zaccarelli (2008, p. 9) entendem que a competitividade
é refletida “na posição relativa de uma empresa perante seus concorrentes,
devendo possuir fontes de vantagem competitiva que resultem em atratividade
de clientes superior aos seus concorrentes”. Porém, o que seria uma vantagem
competitiva? Lacombe (2005, p. 359) a define como “uma vantagem sobre os
concorrentes, oferecendo mais valor para os clientes por meio de algo que o
mercado valorize e os concorrentes tenham dificuldade em imitar”. Alcançar
uma vantagem competitiva envolve desenvolver uma gestão estratégica, em
geral, a partir de um plano estratégico. Este último terá uma série de estratégias,
objetivos e metas estipuladas, as quais serão desdobradas em ações. Wright
e Snell (1989) sugerem que, no mundo dos negócios, a gestão estratégica de
pessoas lida com as atividades e ações desenvolvidas para suportar a estratégia
competitiva da empresa.
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Estratégico definir as características definir os aspectos a prever remuneração planejar meios para formar
do pessoal da empesa serem avaliados em no futuro (no mercado pessoal que conduzirá a
em longo prazo longo prazo regional, nacional e empresa no futuro
adequar os sistemas eleger os meios para mundial) fixar métodos flexíveis,
interno e externo às avaliar dimensões vincular esses diagnósticos ajustáveis às mudanças de
previsões sobre o futuras de remuneração às circunstâncias
futuro da empresa identificar talentos em estratégias de longo prazo formular planos de carreira
potencial da empresa
Tático validar os critérios de elaborar sistemas formular planos individuais organizar programas de
seleção para adequar o atual de compensação em formação gerencial
formular plano de potencial de pessoas às médio prazo executar atividades
recrutamento de futuras necessidades idealizar planos de desenvolvimento
pessoal no mercado desenvolver um centro de benefícios organizacional
buscar novos mercados de assessoria para complementares estimular o autodesenvolvi-
para recrutamento do treinamento mento profissional
pessoal
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22 Gestão estratégica de pessoas
Modelos de planejamento de
gestão estratégica de pessoas
Para alcançar todo o seu potencial de realizações, a organização precisa ter
pessoas apropriadas (em termos de competências e alinhamento com a cultura
e o contexto organizacional) e disponíveis em número adequado para desen-
volver o trabalho necessário. Na prática, isso significa que os gestores devem
estar seguros de que os desafios de suas áreas poderão ser atingidos com as
pessoas que compõem a sua equipe ou, caso ele não tenha os profissionais
necessários, com os que serão contratados.
Adicionalmente, esses profissionais também precisam se sentir satisfeitos,
realizados, motivados e respeitados pela organização. Isso significa que o
conteúdo do trabalho precisa ser interessante; as suas condições devem ser
adequadas; a remuneração e os benefícios necessitam ser satisfatórios; o
desempenho realizado deve ser reconhecido; a possibilidade de ascensão na
carreira precisa existir; entre outros. Ainda, é necessário que haja clareza
na comunicação e que os rumos a serem tomados, assim como o horizonte
no qual a empresa quer chegar, sejam definidos por ela e informados ao seu
pessoal. Dar conta de todos esses aspectos requer um cuidadoso planejamento
estratégico de gestão de pessoas.
O planejamento estratégico de gestão de pessoas é o processo de avaliar,
prever e fazer provisão para as necessidades ligadas à gestão de pessoas,
de maneira a assegurar que as metas da empresa sejam alcançadas. Ele diz
respeito a como a área e a função de gestão de pessoas podem colaborar para
a realização dos objetivos organizacionais e, simultaneamente, beneficiar e
estimular o alcance dos objetivos individuais de seus profissionais. O plane-
jamento estratégico de gestão de pessoas está relacionado tanto à linha de
ação como ao suporte do processo de planejamento estratégico organizacional
(BOHLANDER; SNELL; SCHERMAN, 2005).
Na linha de ação, o planejamento voltado para a gestão de pessoas fornece
um conjunto de informações necessárias ao processo de formulação estra-
tégica, indicando o que é possível ser realizado (p. ex., se a empresa possui
os profissionais necessários, tanto em quantidade como em especificidade
de competências requeridas). Já na linha de apoio, a ligação entre os dois
planejamentos se dá pelas questões de implementação: “definidas as estraté-
gias, os executivos tomam as decisões básicas quanto à alocação de recursos,
(Continua)
(Continuação)
(Continuação)
(Continua)
(Continuação)
DNA Danone
A Danone estabeleceu como desafio estratégico em 2005 dobrar seu tamanho. Na
época, a empresa exibia resultados negativos em território nacional já há algum tempo.
Estava presa a uma guerra de preços com Nestlé e Parmalat, no âmbito nacional, e
com a Vigor e a Itambé, no âmbito regional. Manter a margem de lucro era difícil, o
que impedia novos investimentos.
Para alcançar o objetivo audacioso, a Danone sabia que precisaria contar com pro-
fissionais com perfil diferenciado (arrojados e com exímia habilidade para trabalhar de
forma alinhada ao direcionador da empresa). Assim, surgiu o DNA Danone, um conjunto
de competências essenciais (que todos os profissionais da empresa precisariam ter):
liderança, inovação, ambição e excelência na execução. Estipulado o DNA, surgia o
desafio de levar o gene para a rotina das áreas. A alternativa foi ligar cada meta de
cada área a algum gene do DNA.
Algumas áreas propuseram campanhas para estimular seus profissionais a aderirem
ao desafio que trouxe ganhos já em 2005, com a Danone retomando os lucros e
crescendo 2% no faturamento sobre o ano anterior.