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RECURSOS HUMANOS
HR Maturity Index
As últimas três décadas podem ser divididas em cinco grandes momentos, de acordo com o foco
dos profissionais, dado o momento histórico do Brasil e das organizações. Não significa que os
desafios não estejam mais presentes, apenas que o olhar não é mais o mesmo. Esta análise é por
ocupação de espaço, demonstrando como os profissionais de recursos humanos aumentaram
suas responsabilidades ao longo do tempo, buscando maiores desafios, expandindo sua atuação
e conquistando maior respeito e atuação para apoiar as organizações na entrega de estratégias.
Como área que atua na elaboração de políticas e processos, nunca faltaram críticas, o que é
natural e, até certo ponto, importante para o crescimento e amadurecimento do campo. Porém,
mais do que isso, o momento atual é rico para lidar com a maior das críticas em todos estes 30
anos: o fato de as políticas serem pouco flexíveis
e estarem cada vez mais se deslocando para as
mãos das lideranças.
Quais são estes desafios?
A partir dos anos 90, as áreas de RH passaram
por sucessivas transformações, provocando
mudanças no modo de funcionar e em seu Processos de RH
posicionamento dentro das organizações. Cada
uma dessas mudanças significou um desafio. Influência pela Estratégia
Estes desafios permanecem ao longo do tempo,
com mais ou menos intensidade, de acordo com Integração e Tecnologia
a estratégia e segmento de atuação da empresa.
Para superar estes desafios, os profissionais de
Resultado Financeiro
RH buscam mais espaço dentro das Experiência do Colaborador
organizações, o que traz mais responsabilidades
e novos papéis.
Contexto do Ambiente
Características de RH
5º Desafio - Estratégico: Domínio da
Experiência do Colaborador Movimento de diversidade consolidado nas
organizações – singularidade aceita e
respeitada em todos os âmbitos;
Este período de sucessivas crises trouxe para os modelos de negócio e, consequentemente, para
os modelos de gestão, uma perspectiva de escassez permanente. O modelo mental que se
estabeleceu foi de sobreviência, e ao longo de praticamente toda uma geração no mundo
organizacional, cristalizou-se uma única forma de operar e ver o mundo. A busca permanente
pela previsibilidade, controle e disciplina, nos custos, colocou o movimento de inovação e
humanização das organizações em espera.
Falta de singularização;
A liderança passa a assumir o papel de
gestor de pessoas de forma integral. A
Busca de aprendizado fora das organizações, área de RH coloca o processo de
com modelos tradicionais de gestão de forma simples e adaptado às
carreira; necessidades do negócio.
Baixo nível de comprometimento dos
colaboradores.
Estes desafios surgem com uma dicotomia: o que os colaboradores desejam e o que as
empresas necessitam. O atrito entre essas duas necessidades coloca a área de RH no centro do
problema, e somente novas formas de pensar e agir podem diminuir esta distância.
O que as organizações almejam dos talentos O que os talentos almejam das organizações
Acesso a talentos Mobilidade de talentos
Foco no crescimento de receita e lucro Foco no impacto social
Retorno de investimentos para recompensas Aumento e equidade da remuneração
Remuneração competitiva Recompensas diferenciadas
Pagamento anual por desempenho Capacidade de aprender e crescer
Requalificação Aprendizagem contínua
Movimentação na organização Desenvolvimento centrado no funcionário
Para a liderança absorver os processos de RH, eles precisam ser simples e adequados ao cotidano
da gestão. O conceito de usabilidade precisa estar presente. Processos com pouca agregação de
valor provavelmente serão eliminados. Caberá às áreas de recursos humanos a preparação
constante da liderança em absorver estes processos e mudanças do modelo mental proveniente
de uma nova exigência da sociedade. Também caberá ao RH o monitoramento em tempo real da
percepção da experiência, não apenas pelas pesquisas de engajamento - que são fotos tiradas a
cada um ou dois anos. Agora, existe a necessidade de instrumentos de acompanhamento
constante de como a percepção do ambiente acontece a cada momento, assim como
instrumentos mais ágeis onde se pode fazer intervenções com tempo de correção. No mundo das
mídias sociais, em que a comunicação é instantânea, é fundamental ter agilidade.
Para essa liderança absorver os processos, ela precisa entender o princípio da democratização da
informação e participação dos colaboradores dentro do ambiente corporativo, sem perder a
agilidade nas decisões. Estes fatores são essenciais para o nível de comprometimento das
pessoas. Expressões como comprometimento, engajamento e motivação são discricionários -
sempre foram - e o papel da liderança está na criação de condições para que as pessoas se
comprometam. Sempre soubemos disto, só que agora, com poucas pessoas nos quadros
funcionais, alto turnover, e uma enorme necessidade de adaptação às mudanças para preservar a
estratégia, é fundamental ter mais pessoas motivadas a entregar resultados. Fingir que as
organizações se preocupam com esse tema é “deixar o dinheiro na mesa”, que é sempre um bom
jargão para a liderança orientada para resultados. A gestão tradicional, que se orientava por
padrões comportamentais de controle, padronização, energia e ameaça, perde completamente o
sentido para profissionais que tem opção e querem pertencimento e singularidade reconhecida.
Autonomia, desafio, reconhecimento, aprendizados e respeito são as atuais moedas de troca pelo
comprometimento, e não mais um emprego com cargo. Sequer precisamos falar da carga de
trabalho e pressão gerada com todo o contexto, que pode levar aos casos de ansiedade e até
burnout, tão falados nos últimos anos. Será difícil trabalhar menos, mas será possível trabalhar
melhor!
As empresas vivem a pressão por mudanças, em que atingir resultados e se transformar está
cada vez mais se aproximando de uma única agenda. Isto significa que não há possibilidade de
fazer uma coisa ou outra, mas sim entregar e superar os resultados. Sempre foi assim e continuará
sendo. Talvez a intensidade seja maior agora com a competição cada vez mais intensa, em escala
global, que elimina qualquer vantagem competitiva em um curto espaço de tempo. Ser rápido,
barato e adaptável para este novo contexto é imprescindível. Quem promove isso são pessoas,
principalmente em níveis mais altos, partindo do C-Level, e os talentos dentro das organizações,
com sua capacidade de executar estratégias.
Os talentos que estão inseridos no que podemos chamar de especialistas, passam a ser uma
grande preocupação. São mais jovens e representam o que há de mais próximo de uma persona
desta nova sociedade, buscando todas as suas dimensões como mostra o quadro acima. É este
grupo que entrega a estratégia e são os profissionais que mais estão sujeitos às mudanças. Como
características destes talentos estão a alta sensibilidade e a experiência, que, caso não percebam,
buscam em outro ambiente. Já percebemos que o tempo de permanência dessas pessoas nas
organizações é menor, principalmente entre aquelas que sabem que são destacadas entre os
demais colegas. Uma nova percepção importante destes profissionais está na perspectiva de
carreira, cada vez menos associada a cargos e mais ligada a projetos. A ideia de um cargo com
responsabilidades e ações contínuas atrai menos do que sequências de desafios e soluções de
problemas com aprendizados constantes, aspecto muito característico das abordagens ágeis.
Sem dúvida, os cargos podem proporcionar isso também. Mas o argumento de atração e
retenção deve ser focado no que se aprenderá, e não naquilo que será responsabilidade pelo
cargo. Devemos lembrar que estamos na era do acesso ao invés da posse, e por isso, mais uma
vez a experiência ganha espaço e se torna relevante para este contexto. O tão atrativo projeto de
trabalho das startups tem esse ingrediente que empolga e faz sentido para as novas gerações,
bem como para os mais grisalhos.
Pensar os processos de RH se faz necessário na busca de torná-los cada vez mais adequados a
esse contexto e, principalmente, para que concentrem o modelo de gestão da organização. Os
processos devem estar a serviço de dar vida ao modelo de gestão, e não somente inibir as
iniciativas das lideranças. As críticas que as áreas de RH sofreram nas últimas décadas, quando
existiram, sempre estiveram relacionadas a falta de agilidade e de autonomia para com a
liderança. Bem verdade que quando o incentivo à autonomia esteve na pauta, o receio veio
muitas vezes, dos níveis mais altos das organizações. Como justificativas, a falta de preparo da
liderança, os interesses divergentes, o momento inadequado, o complaince, a preocupação com o
desalinhamento, o equilíbrio entre as áreas - enfim, argumentos não faltaram. Agora, vivemos o
argumento mais poderoso de todos a favor da descentralização: os talentos, incluindo a liderança,
estão insatisfeitos e saindo das organizações. Isso causa rupturas e impacta diretamente o cliente.
crescimento profissional dos talentos é estão nas mãos dos colaboradores. O que
mais rápido que as políticas de vem pela frente tende a ser cada vez mais
remuneração de mérito e promoção impressionante, mas não esquecendo que
adotadas no passado. nada irá substituir a experiência da relação
humana, que pouco evolui neste mesmo
Saúde e Bem-Estar: nos anos 90, o mundo periodo.
organizacional - muito impactado pelos
casos de DORT/LER como doença do Posicionamento do RH: um foco ainda
trabalho - começou a incentivar fortemente maior será dado à experiência do cliente,
conversas sobre saúde ocupacional. levando a repensar a ideia de Business
Naquele momento, o tema estresse entrava Partner, subindo um degrau e assumindo o
na pauta de RH como prevenção. Bem- papel de engenheiro de experiência. Neste
estar nunca saiu da pauta e agora ganha novo papel, a forma de pensar passa a ser
um aliado enorme com o movimento da mais de designer e menos de engenheiro. A
psicologia positiva, que vem crescendo nos forma de lidar com as pessoas ganha uma
últimos 25 anos, e o repensar (resignificar), versão mais alinhada aos desejos delas e a
que traz a questão da felicidade quase como tornar a organização um lugar
como obsessão. Algumas empresas até permanente de convivência para uma
colocam como valor. Seja como valor ou geração de resultados extraordinários.
como estratégia empresarial, de RH ou ESG,
bem-estar e felicidade ganham notoriedade
não porque fazem bem ou são bacanas,
mas porque a sociedade valoriza. Os
colaboradores estão atentos e não
suportam os chamados ambientes tóxicos.
Nos dias de hoje, mais importante do que
ter um projeto, é ter a consciência da
importância e ser íntegra ao seu propósito
com este tema.
O que cada organização deve e pode fazer precisa estar alinhado ao seu contexto. O contexto é
mais poderoso que técnicas, ideias, e vai além de modismos. Tanto o modelo de negócio quanto o
modelo de gestão deve capturar este contexto.
Modelo de Gestão: traz a dimensão humana, incluindo a cultura e a forma de pensar sobre
tomada de decisão, comunicação e todos os elementos de pessoas, como valores, crenças,
competências, educação e liderança. Qual a importância das pessoas no processo decisório?
Como a liderança está aderente à cultura da organização? A cultura é adequada à estratégia
proposta? Os processos de atração e retenção estão alinhados aos desafios? O propósito está
bem disseminado pela organização? Temos os talentos alinhados para atender a estratégia da
organização?