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Alexandre Martins, cm.

Palavra do
Assistente
Palavra do Assistente
Alexandre Martins, cm.

Palavra
do Assistente

São Gonçalo
2006
Copyright 2006 © Alexandre Martins

Correção ortográfica: profa. Bruna da Silva Tavares


Capas e diagramaçào: do autor
O registro de direito das fotos bem como de ilustrações desta
publicação é de domínio público.

Pedido de exemplares:
rua Nilo Peçanha, 110 / 1101, São Gonçalo, RJ, CEP 24445-360,
ou pelo correio eletrônico
alexandremartins@bluebottle.com com o assunto “pedido de livro”.
Introdução
Por “Assistente” nas Congregações Marianas, entende-
se aquela pessoa que efetivamente assiste a associação e a seus
membros em suas necessidades e anseios espirituais.
Na atual Regra de Vida a figura do Assistente deixou de
ser somente referente ao sacerdote - este o Assistente-Eclesiástico
- para também acolher o leigo, chamado apenas de Assistente.
Porquanto o sacerdote representa a Hierarquia
Eclesiástica na Congregação e, portanto, uma das condições para
que esta exista oficialmente, em muitas regiões do nosso Brasil
a figura do Assistente “leigo” torna-se cada vez mais freqüente e
necessária.
Quantas Congregações Marianas devem seu
florescimento ao trabalho silencioso de tantos leigos e leigas
engajadas em assistir espiritualmente aos congregados em locais
cujos sacerdotes estão atarefados com a grande messe... Quantos
párocos nem teriam Congregações em suas paróquias se não
fosse o trabalho destes Assistentes - alguns congregados, outros
religiosos, outra benesse da nova Regra - todos em consonância
com suas ordens.
Refletindo o mandato do Concílio Vaticano II, que
deu mais direitos e poderes aos leigos, o cargo de Assistente,
digamos, leigo, é algo de moderno e adequado a nossa realidade
de escassez de sacerdotes.
Estas meditações são a coletânea de alguns artigos
escritos por mim para a Congregação Mariana da UFRJ e
publicados em seu boletim interno, o “Salve, Rainha”.
Espero que sirva também para você, caro congregado
mariano, e que seja de bom proveito para uma visão autêntica da
Congregação Mariana.
Salve, Maria !

Alexandre Martins, cm.


Nossa Senhora Rainha da Paz
- padroeira principal da Congregação Mariana da U.F.R.J. -
Palavra do Assistente

O zelo me devora...
A atitude de Cristo ao expulsar os vendilhões do
Templo de Jerusalém é tida como uma justificativa de
violência do Messias. Segundo alguns contemporâneos,
Cristo teria dado o exemplo de que “o fim justifica os meios”
e que devemos algumas vezes ser violentos para conseguir
sucesso em nossas empreitadas. Puro engano.
O que Cristo ensina é a justa revolta perante a atitude
de alguns, diante das coisas santas, as coisas de Deus. A
profanação do Templo era algo muito sério na Lei de Moisés.
E inclusive hoje perante as coisas de Deus.
O Filho do Homem refuta veementemente isso. E dá
a cada um, conforme o tamanho de sua ofensa: a uns joga seus
tesouros para o ar, a outros ameaça com um chicote, a outros
apenas admoesta... O zelo que o Messias possui pela Casa
de Deus é enorme, avassalador, devora como um fogo, como
dizem o salmista e o evangelista1.
Mas, além de profanação do Templo de Deus - que
pode ser atingida seja com atitudes incoerentes ou até roupas
inadequadas - devemos ter todo o cuidado de não profanar as
coisas de Deus ou as que levam Seu nome.
Neste ponto chegamos ao assunto que a leitura desta
passagem evangélica pode levar: o zelo pelas coisas de Deus
e, em decorrência, por nossa Congregação. Congregação esta
que é de Deus, por que é de Maria, a Serva de Deus.
Como tratamos das incumbências que temos nela?
Como propomos este caminho de santidade aos demais
cristãos e a outros? No mais, nosso zelo pela Congregação
chega a que ponto?
O presidente é alguém que responde pela CM e cuida

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Alexandre Martins, cm.

para que todas as iniciativas da associação dêem certo. Mas todos


os membros não são responsáveis pela CM? Não é o trabalho de
todos que faz o resultado conjunto?
Temos de ter um grande zelo. Zelo pela Congregação
Mariana. Zelo por uma santa agremiação, reflexo da santidade da
Igreja, colocada e mantida por Deus no Mundo para o progresso
das almas no caminho da bem-aventurança. Sejamos respeitosos
para com esta associação, amemo-la. Este amor, irradiado por
nós, vocacionados, atrairá outros admirados por nosso amor,
ensinará a outros mais, a amar os grupos que participam, ilustrará
a outros mais como ser Igreja...
“O amor se manifesta nas pequenas coisas”. Em tudo
devemos ter zelo. Nada é menos importante. Se alguma coisa na
Congregação não fosse de alguma forma útil, não estaria sendo
usado ou feito.
Aproveitemos a Quaresma e o início deste novo
período da UFRJ para nos colocarmos em questão. No período
quaresmal nos propomos à revisão de nossa vida, tendo em
vista a ressurreição com o Cristo para a Páscoa - passagem para
uma nova vida de retidão. O novo período nos dá a sensação
de que tudo é novo e que tudo está para ser feito novamente.
Façamos agora o que não fizemos antes ou o que não fizemos
corretamente.
“O zelo pela tua casa me devora”. O zelo pelas coisas do
Pai nos deve devorar como reflexo do amor por Deus que arde
em nosso peito. O zelo pela Congregação deve ser igualmente
devorador, pois ela é algo de Deus, propriedade da Santíssima
Virgem, e, como a amamos ardorosamente, ardorosamente
defendemos Sua causa.
“Nos, cum prole pia, benedicat Virgo Maria”.

(Publicado originalmente no Boletim “Salve, Rainha”


da Congregação Mariana da UFRJ em março de 1997)

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Palavra do Assistente

Anunciamos Jesus !
Neste mês de abril, excepcionalmente, comemoramos
a Festa da Anunciação do Senhor.
A Comemoração é oriental, anterior ao Concílio
de Éfeso (431). Se bem que havia, provavelmente, a mais
antiga festa marial: “Comemoração da sempre Virgem Mãe
de Deus”, celebrada a 26 de dezembro2. No Ocidente já havia
uma comemoração da Anunciação, datada do século VII3. O
motivo da data é simples: como no século III, dava-se grande
importância ao equinócio da primavera (no hemisfério norte),
cuja data era fixada a 25 de março, considerava-se o primeiro
dia da conceição do Cristo, da sua concepção. Ora, como
a vida de um ser começa no instante da concepção no seio
materno e na Anunciação a Virgem concebeu um filho4, logo
este é o dia da Conceição de Cristo5, ou da Anunciação. Em
vista de seu significado histórico-salvífico, foi mudado seu
nome para Anunciação do Senhor6. Se a festa cai na Semana
Santa - o que é raro - comemora-se no primeiro dia após as
Oitavas da Páscoa.
O que comemoramos também, embora não
obedecendo a festa litúrgica senão por afetividade, é a
fundação da primeira Congregação Mariana no Mundo, a
chamada “Prima Primária”, em 1563.
O que era inicialmente um grupo de seis estudantes
- meia dúzia! - tornou-se posteriomente na mais antiga
associação religiosa da Igreja, tendo cerca de 70 santos
canonizados que já estiveram em seus quadros, além de 23
Papas.

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Alexandre Martins, cm.

São mais de quatro séculos de história e de glórias.


Derrotas? Podemos dizer que sim, algumas. Mas como
podemos ser derrotados se lutamos por Cristo, se honramos
nosso voto para com sua Mãe, a Bem-aventurada Virgem ?
Certo de que as Congregações de hoje, mormente
em nosso Brasil, não se assemelham muito às do passado.
Mas o ideal continua vivo. E, como no passado, quando
muitas eram perseguidas e dispersos seus congregados,
outras continuaram, até mesmo em segredo - as chamadas
“Congregações Secretas”7 - a promover a santidade sobre a
proteção do manto azul da Virgem. A “Refugium pecatorum”
- Cidade de Refúgio8 - nos protege de todo o Mal, pois faz o
que é agradável a Deus.
Confiantes nesta Proteção quadrissecular, coloquemos
nossa força nesta contrução feita sobre a rocha da Igreja.
Fazemos os desejos de nossa Rainha Imaculada. Seus
desejos são que façamos o que o Divino Mestre nos disser. Seu
mandamento missionário é anunciar o Evangelho às Nações9,
e o Apóstolo nos adverte: se Cristo não ressucitou, vã é nossa
Fé10. Estamos na Páscoa, a comemoração da Ressurreição do
Messias. Anunciamos Jesus nesta festa. E, nós, congregados,
festejando duplamente a Anunciação do Arcanjo à Virgem de
Nazaré e a fundação da primeira Congregação, anunciamos
Maria ao Mundo, que em última análise, anunciamos Jesus!
Nada nem ninguém tirar-nos-á de nossa missão:
Anunciar o Cristo Ressucitado!
“Nos, cum prole Pia, benedicat Virgo Maria” !

Alexandre Martins, cm.


7 de abril de 1997

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índice
Introdução 5

O zelo me devora... 7
Anunciamos Jesus ! 9
Flores na água 11
Amores 13
Nem todos... 16
Tempo Ocioso 19
O tempo urge... 21
O “Trote” 23
Templos caem... 24
Águas de Maria 27
Trabalho amado 30
Posturas 32
O Clima das assembléias 34
Necessidades 37
Os Congregados da Conferência 40
Postos de Gasolina 43
As Máscaras de Shiva 45
A morte de Platão 49
Ao findar o ano... 52
Dourando a pílula 55
Apagar os incêndios 57

Breve História da Congregação Mariana da UFRJ 66

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