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INTRODUÇÃO AOS

EVANGELHOS
SINÓTICOS
O EVANGELHO
DE LUCAS
. Unidade da obra lucana Embora
estejam separados no cânone bíblico,
o terceiro evangelho e Atos dos
Apóstolos devem originalmente ter
constituído uma única obra, em dois
volumes, razão pela qual nos referimos
ao conjunto como "obra lucana" e não
simplesmente como "os escritos
lucanos", ou o corpus lucano.
Visto que muitos já tentaram compor uma
narração dos fatos que se cumpriram entre nós –
conforme no-los transmitiram os que, desde o
princípio, foram testemunhas oculares e
ministros da Palavra – a mim também pareceu
conveniente, após
acurada investigação de tudo desde o princípio,
escrever-te de modo ordenado, ilustre Teófilo,
para que verifiques a solidez dos ensinamentos
que recebeste.
(Lc 1,1-4)
A amplitude do Evangelho de Lucas (o mais
longo dos três Evangelhos Sinóticos, mais longo
do que o de Mateus, embora a subdivisão
posterior lhe tenha atribuído quatro capítulos em
menos) ajuda a garantir-lhe um lugar de grande
importância na vida da Igreja. A estrutura
litúrgica do tempo pascal (Páscoa-Ascensão-
Pentecostes) é retirada de Lucas-Atos e dos dois
primeiros capítulos de Lucas são retirados os
hinos que articulam o dia litúrgico da Igreja: o
Benedictus (Laudes), o Magnificat (Vésperas) e o
Nunc dimittis (Completas).
No terceiro evangelho falta a palavra euangelion,
tão estimada por Marcos. Em compensação,
Lucas usa o verbo euangelizomai 25 vezes (10
vezes em Lc e 15 vezes em Atos) mostrando,
também através do seu vocabulário, que o seu
interesse é a evangelização, mais sobre a
atividade do que o evento em si.
O trabalho de evangelização começa de cima.
Estão envolvidos os mensageiros de Deus (Lc
1,19; 2,10), João Batista (Lc 3,18) e, sobretudo,
o Senhor Jesus. A sua missão é "evangelizar os
pobres" (de acordo com as palavras de Is 61,1
citadas em Lc 4,18 e 7,22). Jesus passou pelas
cidades e aldeias pregando e anunciando a Boa
Nova do Reino de Deus (Lc 4,43; 8,1)
Os Doze e várias mulheres, entre elas Maria
Madalena, Joana e Susana, estão estavelmente
associadas ao seu trabalho de evangelização (8,1-3);
eles "partiram, indo de povoado em povoado,
anunciando a Boa Nova e operando curas por toda a
parte" (9,6). Todos devem ter a oportunidade de ouvir
a Boa Nova e de se converterem ao amor de Deus
revelado em Jesus. Para esta missão se organiza uma
atividade sistemática. Outros 72 colaboradores são
acrescentados como missionários itinerantes e são
enviados, dois a dois, à frente de Jesus "a toda cidade
e lugar aonde ele próprio devia ir" (Lc 10,1).
AUTORIA (DA OBRA LC-AT)
TESTEMUNHO DA TRADIÇÃO

ANÁLISE DO TEXTO (EV E AT)


NOTA: Um certo Lucas, médico e companheiro de Paulo, é
mencionado em Cl 4,14; Fm 24 e 2Tm 4,11. OBRA
LUCANA (LC E AT) – 4 A tradição da Igreja antiga
atribui a este personagem a composição do terceiro
evangelho (S. Ireneu, Adv. Haer. III, 1,1). Eusébio relata
sobre a origem antioquena de Lucas (Hist. Eccl. III, 4,6).
Estes testemunhos não entram em contradição com o que
emerge da obra de Lucas (Evangelho e Atos).
ESCRITOR DA MANSIDAO DE
JESUS ( DANTE ALINGUIERE )
LUCAS É O EVANGELISTA DA
MISERICORDIA
Além disso, deve-se notar:
• a semelhança linguística que existe entre o Evangelho
de Lucas e o epistolário paulino;
• segundo Cl 4,14 Lucas era médico e, no Evangelho a ele
atribuído os sintomas dos enfermos são descritos de modo
pormenorizado (Lc 4,38 // Mc 1,30; Lc 13,11-13) e ele
abranda o juízo pessimista sobre os médicos (Mc 5,25.29
[ela sofrera nas mãos de vários médicos] // Lc 8,43-44
[ninguém a podia curar]); Jesus é apresentado como
“médico divino” em Lc 4,23 e, particularmente, em Lc
5,17 (comparar Lc 5,17 com Mt 9,1 e Mc 2,1-2);
• o autor do terceiro evangelho
parece ser um homem erudito, que
utiliza muitos termos que não são
comuns ao NT e que corrige
construções gramaticais difíceis como
a de Mc 4,25 – comparar com Lc
8,18:
Pois ao que tem, será dado,
ὃς γὰρ ἔχει, δοθήσεται αὐτῷ·
e ao que não tem, καὶ ὃς οὐκ ἔχει,
mesmo o que tem lhe será tirado. (Mc
4,25) καὶ ὃ ἔχει ἀρθήσεται ἀπ ̓
αὐτοῦ. (Mc 4,25)
Pois ao que tiver,
ὃς ἂν γὰρ ἔχῃ,
será dado;
δοθήσεται αὐτῷ·
e ao que não tiver,
καὶ ὃς ἂν μὴ ἔχῃ,
mesmo o que pensa ter, lhe será tirado”. (Lc 8,18) καὶ
ὃ δοκεῖ ἔχειν ἀρθήσεται ἀπ ̓ αὐτοῦ. (Lc 8,18)
Note
-
tornando mais clara a segunda parte da sentença.
”,
se o uso do subjuntivo do verbo “ter” e o verbo “
dokéu
DESTINATÁRIOS
Pelo contexto da obra percebemos que os
destinatários são pessoas que já aceitaram a fé,
provavelmente pagãos convertidos ou judeus
oriundos da gentilidade.
Eis alguns fatores:
- Acomodação ao contexto helenista (Lc 5,19 - Mc
2,4)
- Títulos judeus substituídos por gregos (Rabi e
Rabboúni substituído por Kyrios ou epistátes Mc
10,51 / Lc 9,33; Abbá, hó Patér - Mc 14,36 - Páter -
Lc 22,42);
- Atenua passagens que demonstram a cólera ou
a indignação de Jesus, provavelmente para não
causar escândalo aos pagãos (Lc 6,10 // Mc 3,5;
Lc 19,45s // Mc 11,15-17 [p. 18]; Lc 22,40-46 //
Mc 14,32-42);
- Fatos favoráveis aos gentios são colocados em
destaque (Lc 3,14; Lc 7,2-10; Lc 10,29-37; Lc
17,11-19; At 10).
• Datação: Próximo ao ano 70 d.C.
(depois da queda de Jerusalém?)
Lc 21,20-24: referência sobre a
destruição de Jerusalém.
ESTRUTURA
Pró l o g o - 1 , 1 - 4 .
In t rodu ç ão ( Ev a n g e l h o da I nf ânc i a) - 1 , 5 - 2, 52.
I. Anúnc i o n a Ga l i l e i a - 3 , 1 - 9, 50.
a ) Pre p a ra ç ã o d o mi ni st é r i o públ i c o - 3 , 1 - 4, 13.
b ) Mi n i st é ri o d e J e sus na Gal i l e i a - 4 , 1 4 - 9, 5 0.
II. A s ubi d a p a ra J e ru sal é m - 9 , 51 - 19, 27 .
III. A t i v i d a d e d e J e su s e m J e r us al é m - 1 9 , 2 8 - 24, 53 .
O ESTILO DE LUCAS
• A nt í t e se s;
• A v al o ri z aç ã o da f i gura f e mi ni n a;
• Lu c as mi t i g a a dure z a d e al g u ma s
p a s sage ns.
Lucas sublinha a predileção de Jesus pelas categorias
de pessoas chamadas fracas e marginalizadas: os
pobres, os pecadores, as mulheres, as crianças... Estes
aspectos são realçados em algumas parábolas
memoráveis típicas de Lucas, como o samaritano, o
fariseu e o publicano, o homem rico e pobre Lázaro...
Mas Lucas também tem um fascínio pelo compromisso
sociopolítico, apresentando a imagem de uma igreja
que acredita no poder da fraternidade e da partilha;
veja em particular Atos 2,43-47 e 4,32-37 onde se
afirma que “a multidão dos que tinham crido era um só
coração e uma só alma” e colocavam em comum seus
bens.
A TRADIÇÃO PRÓPRIA DE LUCAS
O evangelho da infância 1-2);
A genealogia de Jesus (3,23-38);
A pregação inaugural a Nazaré (4,16-30);
Um grupo de parábolas ( o samaritano, o amigo
molesto, o jovem rico, a figueira, a moeda perdida,
o filho perdido, o rico e o Lazaro, o fariseu o
cobrador de impostos etc.. );
um grupo de relatos de milagres ( pesca abondante,
a ressurreição do filho da viuva de Nain, a mulher
curva, os dez lebrosos etc.. );
fragmentos da Paixão ( 22,28-32; 23,6-12; 23, 39-
43);
ALGUNS PONTOS
DE TEOLOGIA
1 . O C ami nh o p a ra J e rusa l é m ( Lc 9, 51)
2 . O E v a nge l ho d o “Grand e Pr of e t a”
3 . O E spí ri t o S an t o e a Oraç ão
4 . O E v a nge l ho d a al e gri a e da pobr e z a
5 . O u n i v e rsa l i smo da sal v aç ão
6 . A mi se ri c ó r d i a
7 . A c ri st o l og i a c omo c hav e de l e i t ur a
p a r a a h i st ór i a d a sal v aç ã o
O EVANGELHO DE JERUSALÉM.
Há uma insistência proposital numa
ideia teológica cara a Lucas: a Cidade
Santa, Jerusalém. Nela tudo começou
(Lc 1,5ss: anúncio do nascimento de
João Batista). Jerusalém é ponto
centrípeto (centralizador) onde se
realizará a salvação (Lc 9,31:
transfiguração;
O EVANGELHO DE JERUSALÉM.
Lc 13,33: resposta a Herodes; Lc 18,31:
terceiro anúncio da paixão; Lc 19,11:
próximo à Jerusalém) e ponto centrífugo
(dispersante) de onde deve partir a
evangelização do mundo (Lc 24,47:
últimas instruções; At 1,8: promessa do
Espírito na ascensão).
O EVANGELHO DE JERUSALÉM.
Propositalmente omite as aparições e
encontros do ressuscitado na Galiléia (Lc
24,13-51: aparições do ressuscitado,
comparado com Mt 28, 16-20: aparição do
ressuscitado na Galiléia), e modificando o
texto de sua fonte marciana (Mc 16,7: o
ressuscitado os precede na Galiléia, paralelo
a Mt 28,7, comparado com Lc 24,6: lembrai-
vos quando vos falou na Galiléia).
O prologo do Evangelho (Lc 1,1-4) anuncia
o programa de Lucas: o autor não entende
somente trabalhar como histórico, mas é o
único entre os evangelistas a pensar
teologicamente o tempo e a fazer da
historia um objeto de reflexão teológica.
O EVANGELHO DA MISERICÓRDIA:
Ressalta a misericórdia do Mestre para com os
pecadores (Lc 15,1s: pecadores se aproximam dele; Lc
15,7.10: alegria pelo pecador arrependido) e narrando
cenas de perdão (Lc 7,36-50: pecadora perdoada; Lc
15,11-32: parábola do pai misericordioso; Lc 19,1-10:
Zaqueu; Lc 23,34.39-43: perdão aos que o crucificaram
e ao bom ladrão). Insiste na ternura de Jesus para com
os humildes e pobres, tratando severamente os
orgulhosos e ricos (Lc 1,51-53: Magnificat; Lc 6,20-26:
bem-aventuranças; Lc 12,13-21: não entesourar; Lc
14,7-11: primeiros lugares; Lc 16,14s:
O EVANGELHO DA MISERICÓRDIA:
Lc 16,14s: 14 fariseus amigos do dinheiro; Lc 16.19-
31: o rico e o pobre Lázaro; Lc 18,9-14: o fariseu e o
publicano). Entretanto a condenação não virá senão
depois da paciente espera da misericórdia (Lc 13,6-9:
parábola da figueira, comparada com Mc 11,12-14).
Insiste no desapego (Lc 14,25-34: renunciar a tudo) e
no abandono das riquezas (Lc 6,34s: emprestar sem
esperar; Lc 12,33: bens aos pobres; Lc 14,12-14:
escolha dos convidados; Lc 16,9-13: bom emprego do
dinheiro).
O EVANGELHO A UNIVERSALIDADE DA
SALVAÇÃO:
Diferente de Mateus, faz a genealogia de Cristo de
cunho mais universal, remontando de Abraão até Adão
(Lc 3,23-38), abrindo a salvação de Jesus a todo homem.
Sua pregação se abre aos pagãos (Lc 6,17ss: multidão de
Tiro e Sidônia; Lc 8,26-39: endemoninhado geraseno),
aos pecadores (Lc 15,1s: pecadores se aproximam dele;
Lc 7,36-50: pecadora perdoada; Lc 19,1-10: Zaqueu). Na
ótica de Lucas a salvação de Deus se torna universal. A
todas as pessoas é oferecida a salvação. A semelhante
oportunidade de crer que Jesus deu à Galiléia, deu-o
também à Jerusalém, apesar das respostas diferentes
quanto à conversão.
O EVANGELHO DA VALORIZAÇÃO DA
MULHER.
Nota-se uma preocupação de Lucas pela
valorizando da atuação da mulher na história
da salvação. È uma característica corajosa,
tendo em vista a situação destas naquela
sociedade. Refere-se a Ana, Isabel (Lc 1,5-
7.24.39-45), as mulheres que acompanhavam
os Apóstolos (Lc 8,1ss), Maria e Marta de
Betânia (Lc 10,38-42), a viúva de Naim (Lc
7,11-17);
O EVANGELHO DA VALORIZAÇÃO DA MULHER.
a mulher da multidão, que exaltou a mãe de
Cristo (Lc 11,27), as mulheres na via sacra (Lc
23,27-31), as mulheres aos pés da cruz (Lc
23,49.55s), as mulheres, primeiras testemunhas
da ressurreição (Lc 24,1-10). E num lugar todo
especial está Maria, Mãe de Jesus. É o
EVANGELHO DE MARIA. Dá-lhe tantos
detalhes de sua vida que muitas vezes se pensou
que a tivesse entrevistado antes de escrever. Em
Lucas, Maria é serva de total confiança, e pauta
sua vida pela disponibilidade e solidariedade.
O EVANGELHO DO ESPÍRITO SANTO.
Nele o Espírito Santo ocupa um lugar de primazia só
sublinhado por Lucas. Ele guia toda a missão de Jesus.
A ação do Espírito Santo está explícita em Lc 1,15 (anjo
à Isabel), Lc 1,35 (anjo a Maria), Lc 1,41 (visitação) e
Lc 1,67 (Benedictus), Lc 2,25-27 (Simeão), Lc 3,21s
(batismo de Jesus), Lc 4,1 (tentação no deserto), Lc 4,14
(inaugura pregação), Lc 4,18 (profecia de Isaías), Lc
10,21 (evangelho revelado aos simples), Lc 11,13.
(eficácia da oração) e em Lc 24,49 (promessa do
Espírito). O 15 término de seu evangelho, com a
promessa do envio do prometido do Pai, prenuncia a
ação dominante do Espírito Santo nos Atos dos
Apóstolos.
O EVANGELHO DA ALEGRIA.
. Há uma atmosfera de alegria espiritual
e gratidão a Deus que envolve todo o
terceiro evangelho, evidente em Lc 2,14
(anjos aos pastores), Lc 5,26 (cura do
paralítico), Lc 10,17 (retorno da missão
dos discípulos), Lc 13,17 (mulher
encurvada), Lc 18,43 (cego de Jericó), Lc
19,37 (entrada messiânica em Jerusalém),
Lc 24,51s (ascensão).
O EVANGELHO PARA OS JUDEU
PRIMEIRO
Lucas conscientemente constrói seu livro
para soar como a escritura judaica. Nas
narrativas do nascimento e da infância, há
perícopes que soam como um salmo. Embora
o próprio Jesus não vá para os gentios
durante sua vida pública, algo que Lucas vai
esperar até o Atos para nos mostrar, já no
início do Evangelho Simeão prevê isso.
o EVANGELHO PARA OS JUDEU
PRIMEIRO:
. Há a piedade da Sagrada Família: somente
Lucas nos fala sobre a circuncisão de Jesus
(Lc 2,21), apenas Lucas nos diz que a
família de Jesus seguiu a lei de Moisés e o
levaram a Jerusalém para apresentá-lo ao
Senhor (Lc 2,22), oferecendo o sacrifício
prescrito na Lei. Repetidas vezes vemos
Jesus na sinagoga aos sábados.
O EVANGELHO PARA OS JUDEU
PRIMEIRO:
Repetidamente, Lucas quer retratar a
família de João Batista, a Sagrada Família
de Jesus e o próprio Jesus, como sendo
todos bons judeus que honram o templo, que
guardam a lei, que fazem tudo o que se
espera de um bom judeu. Não surpreende ser
esse um tema insistente do livro de Atos:
“para o judeu primeiro”.
O EVANGELHO DO PROFETA
MARTIRIZADO
O significado da morte de Jesus em
Lucas é o de um profeta mártir. Ele é o
profeta inocente que é martirizado por
sua profecia, assim como o foi João
Batista. Esse significado se repete em
Atos, em Estevão, em Pedro, em Paulo
EVANGELHO DA INFÂNCIA
DE JESUS (CC. 1-2 DE
LUCAS)
O r e l a t o da i nf ânc i a de Je s us : uma
e sp é c i e de prot o- e v a nge l ho. Uma f on t e
a n t i g a e aut ônoma e nc ont r ada por
Lu c a s.
EVANGELHO DA INFÂNCIA
DE JESUS (CC. 1-2 DE
LUCAS)
Uma análise hermenêutica : esse
relato se apresenta com
caraterísticas e estilo linguístico
diferente do restante da narrativa
lucana.
EVANGELHO DA INFÂNCIA DE
JESUS (CC. 1-2 DE LUCAS)
R. Bronw, O nascimento do Messias -
Comentário das narrativas da infância
nos evangelhos de Mateus e Lucas.
sobre história e teologia da infância de
Jesus.
BOVON,F. O Evagelho de Lucas
ROSSÉ, G. o Evangelho de Lucas.
CASALEGNO , A. Lucas: a caminho
com Jesus missionário.
EVANGELHO DA INFÂNCIA
DE JESUS (CC. 1-2 DE
LUCAS)
Evangelho da infância: história e
teologia. A presença de indicações
sobre o Messias: Santo(1,35), Senhor
(2,11), Filho do Altíssimo (1,32), o
seu reino não terá fim.)
EVANGELHO DA INFÂNCIA
DE JESUS (CC. 1-2 DE
LUCAS)
O mistério da encarnação e da
Paixão em um único evento: Natal
do Senhor.
Os ortodoxos intitulam essa
festa: A Pascoa do Natal Senhor.
O significado do ícone oriental.
EVANGELHO DA INFÂNCIA
DE JESUS (CC. 1-2 DE
LUCAS)
No menino Jesus já
brilha a luz pascal.
EVANGELHO DA INFÂNCIA
DE JESUS (CC. 1-2 DE
LUCAS)
Lc 1,32-33: Na palavra do anjo tem já
um credo da Igreja: será grande, será
chamado filho do altíssimo ... é a
proclamação de de um Credo litúrgico.
EVANGELHO DA INFÂNCIA
DE JESUS (CC. 1-2 DE
LUCAS)
A EXEGESE DOS CC. 1-2.
O escritor antigo que compôs este
relato o fez a luz da estrutura
semítica: sete senas de características
palestina.
É um complexo de quadro narrativos
colocados juntos.
EVANGELHO DA INFÂNCIA
DE JESUS (CC. 1-2 DE
LUCAS)
A EXEGESE DOS CC. 1-2.
Dois relatos da anunciação;
Uma visitação;
Dois relatos de nascimento;
Duas senas no templo: O Jesus
menino. O Jesus adolescente.
um total de 7 senas.
EVANGELHO DA INFÂNCIA
DE JESUS (CC. 1-2 DE
LUCAS)

O evangelho de Lucas começa no


templo e termina no templo.
EVANGELHO DA INFÂNCIA
DE JESUS (CC. 1-2 DE
LUCAS)
A exegese dos cc 1-2.
PRIMEIRO RELATO: (LC 1, 5-25):
OFERTA DO INCENSO.
Os sacerdotes eram sorteados para
realizar este rito .
Na época de Jesus se fala da existência de
18 mil sacerdotes.
A sorte caiu sobre Zacarias.
EVANGELHO DA INFÂNCIA
DE JESUS (CC. 1-2 DE
LUCAS)
A exegese dos cc 1-2.
PRIMEIRO RELATO: (LC 1, 5-25):
OFERTA DO INCENSO.
Zacarias faz a sua experiência ao interno
do templo // Maria ao interno da sua
humilde casa.
EVANGELHO DA INFÂNCIA
DE JESUS (CC. 1-2 DE
LUCAS)
A exegese dos cc 1-2.
Figuras comuns às duas anunciações: O
Anjo Gabriel
Figura das mães: Isabel e Maria
Isabel: estéril.
Maria: virgem.
O destino das duas crianças.
EVANGELHO DA INFÂNCIA
DE JESUS (CC. 1-2 DE
LUCAS)
A exegese dos cc 1-2.
Importância dos nomes:
Zacarias: O senhor Lembra.
Isabel: Juramento de Deus.
João Batista: o inclinar-se de Deus sobre o
homem- graças.
EVANGELHO DA INFÂNCIA
DE JESUS (CC. 1-2 DE
LUCAS)
A exegese dos cc. 1-2.
A anunciação do Anjo a Maria.
1969 inauguração da basílica da
anunciação em Nazaré: uma Igreja que
contem diversas informações artísticas,
históricas e arqueológicas.
escrito antigos no muro da: Alegra-te
Maria.
EVANGELHO DA INFÂNCIA
DE JESUS (CC. 1-2 DE
LUCAS)
A exegese dos cc 1-2.
A anunciação do Anjo a Maria.
κεχαριτωμένη (cheia de
graça). É um passivo: Tu que
fostes preenchida da graça.
EVANGELHO DA INFÂNCIA
DE JESUS (CC. 1-2 DE
LUCAS)
A exegese dos cc 1-2.
A anunciação do Anjo a Maria.
Eu sou a serva do senhor: não é so uma
questão de humildade, mas de honra.
São servos do Senhor todos quem têm uma
missão decisiva na historia da salvação:
Abraâo, os profetas Maria, Jesus etc..
EVANGELHO DA INFÂNCIA
DE JESUS (CC. 1-2 DE
LUCAS)
A exegese dos cc 1-2.
A sena da visitação: o encontro das duas
mães e das duas crianças.
ambientado em uma montanha de uma
cidade da judeia.
Um encontro que causa muito alegria.
EVANGELHO DA INFÂNCIA
DE JESUS (CC. 1-2 DE
LUCAS)
A exegese dos cc 1-2.
A sena da visitação
Os cântico das duas mães.
o Cântico de Isabel: bênçãos e bem-
aventuranças.
Laurantien: O relato da visitação é
modelado sobre 2Sm 6.
EVANGELHO DA INFÂNCIA
DE JESUS (CC. 1-2 DE
LUCAS)
A exegese dos cc 1-2.
A sena da visitação
2Sm 6 // Lc 1,39ss
A chegada da arca.
Os três meses da arca na casa de Obed-
Edom // os três meses de maria na casa de
Zacarias
Davi // Isabel
24/05/23
EVANGELHO DA INFÂNCIA
DE JESUS (CC. 1-2 DE
LUCAS)
A exegese dos cc 1-2.
O Cântico de Maria
É a oração mais antiga que temos seja do ponto
de vista mariano que Cristológico.
Esse cântico é um salmo. todo modelado sobre o
AT.
Cantado pela primeira vez em uma sala de uma
humilde casa, e nunca mais parou de ressoar nas
casas, capelas e catedrais do mundo intero.
EVANGELHO DA INFÂNCIA
DE JESUS (CC. 1-2 DE
LUCAS)
A exegese dos cc 1-2.
O Cântico de Maria
os anawin (pobres ) do cântico de Maria. Pobre
no sentido físico e espiritual, significa curvar-se
reconhecendo a grandeza de Deus.
a construção do magnificat é um soprano
somente. O eu de Maria, festivo e alegre. logo
em seguida começa o coro dos pobres celebrando
as 7 ações de Deus.
EVANGELHO DA INFÂNCIA
DE JESUS (CC. 1-2 DE
LUCAS)
A exegese dos cc 1-2.
O Cântico de Maria
sete verbos no forma aoristo, atemporal ou seja
ações que Deus continua realizando.
É cântico tipicamente teológico. Maria como
símbolo do terreno sobre o qual Deus celebra a
sua vitória, suas escolhas, seu amor.
EVANGELHO DA INFÂNCIA
DE JESUS (CC. 1-2 DE
LUCAS)
A exegese dos cc 1-2.
O Cântico de Maria
Lutero escreveu em 1521 um comentário sobre
magnificat de Maria.
EVANGELHO DA INFÂNCIA
DE JESUS (CC. 1-2 DE
LUCAS)
A exegese dos cc 1-2.
O Cântico de Maria
a presença dos nomes dos imperadores e reis é
para mostrar o quanto Jesus está presente e
encarnado na história. O seu nome está escrito
nos nos livros anagraficos dos imperadores.
EVANGELHO DA INFÂNCIA
DE JESUS (CC. 1-2 DE
LUCAS)
A exegese dos cc. 1-2.
O Cântico de Maria
Santo Ambrósio: "Maria é o
templo de Deus e não o deus
do templo".
EVANGELHO DA INFÂNCIA
DE JESUS (CC. 1-2 DE
LUCAS)
O evangelho de Lucas começa no
templo e termina no templo.
A CRISTOLOGIA COMO
EXEGESE DA ESCRITURA
E, c ome ç an do por Moi sé s e por t odos
o s Pro f e t as, i nt e rpre t ou- lhe s e m t odas
a s Esc ri t uras o que a e l e di z i a
re sp e i t o. ( Lc 24, 27)
UMA LEITURA ATENTA
ESTRUTURA DO TEXTO
2 4 , 1 - 12 ( 2 3, 5 6b ?) : O se p u l c r o v a z i o
2 4 , 1 3 - 3 5 : Os di sc í p u l o s d e Ema ú s
2 4 , 3 6 - 4 9 : Apa ri ç ã o d o R e s s u s c i t a d o
2 4 , 5 0 - 5 3 : Asc e nsã o d o S e n h o r
ESTRUTURA DO TEXTO
É possível perceber em Lc 24 uma progressão: o
anúncio da Ressurreição é feito pelos anjos às
mulheres, assim como os anjos, em Lc 2, anunciam
aos pastores o nascimento do Cristo; em seguida as
mulheres anunciam tudo o que viram e ouviram aos
onze e a todos os demais; por fim, é o próprio
Ressuscitado que, ao final do texto, se apresenta no
meio dos seus proclamando: “Sou eu mesmo!” (v. 39).
ESTRUTURA DO TEXTO
É possível perceber, também, o que alguns autores chamam de
uma espécie de “refrão”, que se repete ao longo de todo o
capítulo:
v. 7: “É preciso que o Filho do Homem seja entregue às mãos
dos pecadores, seja crucificado, e ressuscite ao terceiro dia”
v. 26: “Não era preciso que o Cristo sofresse tudo isso e
entrasse em sua glória?”
v. 46: “Assim está escrito que o Cristo devia sofrer e
ressuscitar dos mortos ao terceiro dia”
ESTRUTURA DO TEXTO
Jean-Noël Aletti, um jesuíta estudioso do NT,
afirma na sua obra “O Jesus de Lucas” (pp.
191- 192) que se pode perceber uma moldura e
uma progressão no capítulo 24 de Lucas. Em
esquema, apresentaremos tal moldura e tal
progressão nos slides seguintes.
ESTRUTURA DO TEXTO –
UMA MOLDURA NARRATIVA
ESTRUTURA DO TEXTO –
UMA PROGRESSÃO
vv. 1-12: Os “anjos” afirmam que Jesus está vivo, mas ele está
ausente e elas não conseguem encontrá-lo;
vv. 13-33: Jesus está presente entre os discípulos, mas não é
reconhecido. Ao ser reconhecido, torna-se invisível;
vv. 34-35: O Senhor apareceu a Simão.
vv. 36-49: O Senhor se apresentou no meio deles.
vv. 50-53: O Senhor os conduz à Betânia e depois se ausenta
novamente, mas esta ausência não é como a que os discípulos
sentiram depois da sua morte, porque eles retornaram a
Jerusalém “com grande alegria”.
O ENCONTRO COM OS
DISCÍPULOS DE EMAÚS
(Lc 24,13-35)
ESTRUTURA DO RELATO
( se g u ndo Fra nç oi s Bov on, p . 6 28)
LC -35:
VV. 13-14: INTRODUÇÃO
O v. 13 conecta a cena com a que lemos nos vv. 9-12.
“Eis que dois deles viajavam nesse mesmo dia pra um
povoado chamado Emaús, a sessenta estádios de
Jerusalém...” Esses dois, Cléofas, identificado no v.
18, e um outro que não é mencionado (homem ou
mulher?) fazem parte daqueles identificados como
“todos os outros” no v. 9 – aqueles aos quais as
mulheres anunciaram o que tinham visto e ouvido.
Não há um consenso entre os estudiosos a respeito da localização
da cidade de Emaús citada no NT. Existem duas variantes do texto
de Lc 24,13: a que é aceita pela BJ e que coloca Emaús a 60
estádios de Jerusalém, o que parece mais plausível para que os
discípulos possam ter ido e voltado no mesmo dia; e a que
encontramos em outros manuscritos, que coloca Emaús a 160
estádios de Jerusalém, bem mais distante. Segundo esta variante, a
Emaús do NT seria a Emaus Nicópolis, atestada na antiguidade
como lugar de peregrinação cristã (Jerônimo e Eusébio).
Estudiosos modernos são mais inclinados a aceitar a localização de
Emaús a 60 estádios de Jerusalém, na moderna el-Qubeibeh (cerca
de 11 km em linha reta).
VV. 13-14: INTRODUÇÃO
No v. 14 se introduz o que eles faziam pelo caminho:
“Conversavam
A Paixão do Senhor lhes permanecia um mistério,
embora tivesse sido anunciada aos discípulos: Lc
9,22; 9,43b-45; 18,31-33. Particularmente no segundo
e no terceiro anúncio, Lucas faz questão de enfatizar
a incapacidade dos discípulos para compreender as
palavras de Jesus acerca desse mistério.
VV. 13-14: INTRODUÇÃO
No v . 14 se i n t rodu z o que e l e s f az i a m pe l o c ami nh o:
“ Co n v e rsa v a m
Pa r t i c ul arme nt e no se gun d o anúnc i o da Pai x ã o, Lc
9 , 4 3 b - 45, o e v a nge l i st a f az qu e s t ão d e a f i r mar que
e l e s t i n h am “me do de pe rg unt ar ” a J e s us o s e nt i do
d a q ue l as p al av ra s. En t re o e nt u s i as mo ( Lc 9, 43b) e a
i n c o mpre e nsã o ( Lc 9, 45 ) , e s t á o mi s t é r i o da pai x ão
d o Fi l h o, que só pod e rá ser c ompr e e n di do no f i nal do
Ev a ng e l h o.
VV. 15-19A E 28-32: AS
CORRESPONDÊNCIAS
30/05/23
VV. 15-19A E 28-32: AS
CORRESPONDÊNCIAS
Ta i s v e rsí c u l o s e nc o n t ram u ma c or r e s po ndê nc i a
n a l i n g ua g e m. Ta nt o n o v . 15 , q uant o n o v . 28 ,
é u ma a t i t ud e d e J e su s que dá e ns e j o à c e na . No
v . 1 5 , J e sus “ se ap rox i ma ” e “s e p õe a
c a mi n h o” c o m e l e s. No v . 28, qua ndo e l e s “s e
a p r ox i ma m” d o p o v oa do, J e s u s f az c omo s e
f o sse “ c a mi n h ar mai s ad i a nt e ”.
VV. 15-19A E 28-32: AS
CORRESPONDÊNCIAS
Al é m d i sso, e n qua nt o no v. 16 Luc as af i r ma q ue
“ se us o l ho s e st av a m i mp e di dos de r e c onhe c ê - l o” ,
n o v . 3 1 se af i rma que “se us ol hos s e abr i r am e o
re c o n he c e ram” .
Ao “ rost o somb ri o” d o v . 17, c or r e s po nde o
“ c o ra ç ão qu e a rde ” e nqua nt o J e s us l he s e x pl i c a a s
Esc ri t uras ( v . 32) .
VV. 15-19A:
Poderíamos destacar um ponto nesse “primeiro
enquadramento”. Qual o sentido do v. 16: o que os
impedia de reconhecer que era Jesus? O olho
representa, aqui, a “inteligência”. Eles deveriam
“ver e compreender”, mas só conseguirão
compreender depois que Jesus lhes abrir a
inteligência explicando-lhes as Escrituras.
27: DIÁLOGO DOS DISCÍPULOS
(VV. 19B VV. 19B24) COM JESUS (VV. 2527)

Ch e ga mos a o c e n t ro d a p e r í c o pe . O d i á l o g o
e n t re J e sus e os d i sc í pu l o s a r t i c ul a - s e e m
d u a s p art e s: a pal av ra d e C l é o f as ac e r c a de
J e s us ( v v . 1 9 b- 24 ) e a pa la v r a d e J e s u s
a c e rc a de si me smo ( v v . 2 5 - 2 7) .
V. 1 9 : J e sus, o n az are no , um p r of e t a p o de r o s o e m ob r a s
e e m p al av ra , d i ant e d e De u s e di a n t e d e t o do o p ovo. S e
t ra t a d e t ud o a qu i l o que o p r óp r i o Ev an g e l h o n a r r o u a t é
a p a i x ão . O mi st é ri o da pai x ão l h e s c o nt i n ua i nc ó gn it o.
Co mo p ode t a l “ prof e t a p od e r o s o ” t e r a c a b ad o n a c r u z
( v . 20 ) ?
O v . 2 1 re sso a nos re me t e ao de s ân i mo ( de s e s p e r an ç a –
v e rb o e l p í d z o, d e on de v e m o t e r mo “ e l pí s ” - e s p e r an ç a )
d o s d i s c í pul o s:
Nó s e sp e rá v a mos qu e f oss e e l e q u e m i r i a r e d i mi r I s r ae l;
ma s , c o m t u do i sso , f az t r ê s d i as qu e t o da s e s s a s c o is as
a c o nt e c e ra m!
Os v v . 22 - 2 4 re t o ma m a p r i me i r a c e n a d e Lc
2 4 , o s v v . 1- 1 2 . A f a l a d e C l é of a s é c o n c l u í d a
p e l o t e ma d a “ a u sê n c i a ” d o R e s s us c i t a d o qu e ,
p a r ad o x a l me nt e , é A q u e l e q u e s e e n c o n t r a e m
c a mi n ho c om e l e s. Me smo a s i g n i f i c a t i v a
me n sage m d o a n j o , re c o rd a d a n o v . 2 3 , a de
q u e J e su s é “ o v i v e n t e ” , n ã o f o r a s u f i c i e n t e
p a r a “ abri r o s o l h os” d o s d i s c í p u l os .
A fala de Jesus está nos vv. 25-27. Jesus chama os
discípulos de “insensatos” (ἀνόητος – anóetos) e “lentos
de coração” (βραδεῖς τῇ καρδίᾳ - bradeís té kardía).
Em Pr 17,28, o termo anóetos traduz o hebraico ‘ewîl –
trata-se do estulto, do que não é sábio. No Salmo
48(49),13.21 encontramos o termo grego “anóetos” – no
v. 13 ele traduz uma expressão que significaria “ele
permanece na noite” e, no v. 21, traduz o verbo “bîn” –
discernir. O “insensato” é o que não discerne as coisas,
não é sábio, permanece nas trevas. Só Jesus poderá livrar
os discípulos das trevas da ignorância e abrir seus olhos
para compreender o mistério da sua paixão.
A fal a de Jesus termi na demonstrando que
Jesus é tanto o exegeta, o hermeneuta, o
“i ntérprete” autori zado das Escri turas,
quanto Aquel e do qual fal am as
Escri turas. Aquel e no qual el as se
cumprem.
El e é o “Cri sto” e n’ El e cumpre-se aqui l o
o que os profetas havi am anunci ado.
v . 2 7:
O C ri s t o é o i n t é rp re t e e a c hav e
i n t e rp re t a t i v a das Esc ri t u r as ( e m t odas as
Esc ri t ura s)
v.44:
As Esc ri t u ra s c ump re m- se e m C r i s t o ( Le i ,
Pro f e t as e Sal mo s)
VV. 28-32: SEGUNDO ENQUADRAMENTO
Como já visto, esses versículos espelham os vv. 15-
19a. Lucas apresenta uma cena de reconhecimento. É
na fração do pão (vv. 30.35), expressão que se
tornará técnica para indicar a Eucaristia das
primeiras comunidades cristãs, que os olhos dos
discípulos se abrem e eles “reconhecem” Jesus.
Contudo, paradoxalmente, Aquele que foi
reconhecido torna-se invisível diante deles.
VV. 28-32: SEGUNDO
ENQUADRAMENTO
Faz-se, assim, uma conexão entre o “Jesus
histórico”, ou seja, aquele de quem Cléofas falava –
Jesus Nazareno, um profeta poderoso em obras e
palavra... e o “Cristo Ressuscitado”: é a mesma
pessoa. Contudo, a Ressurreição não foi somente uma
“revivificação”. O Cristo está com eles agora em uma
nova condição, num novo status, por isso “aparece”
e, também, “torna-se invisível”.
VV. 28-32: SEGUNDO
ENQUADRAMENTO
A c omuni dad e c ri st ã de v e apr e n de r a r e c onh e c e r e s s a
“ p r e se n ç a- a usê nc i a ” d o Se nhor . El e e s t á s e mp r e
p re se n t e , e mb ora v i st o nã o c om os ol hos da c ar n e ,
ma s c om aqu e l e s do e spí ri t o. I s s o é o mai s
i mp o rt a nt e ! Af i nal , d ura n t e t odo o c ami nho , os
d i sc í p ul os d e Emaús o v i a m c om os ol hos da c ar n e ,
ma s n ão o re c onh e c i am.
VV. 28-32: SEGUNDO
ENQUADRAMENTO
A certeza da Ressurreição enche o coração dos
discípulos de uma nova esperança.
Seus olhos se abrem; também sua inteligência se abre
para reconhecer o Cristo; seu coração, outrora
“lento” (v. 25), agora “arde” (v. 32) por compreender
o verdadeiro sentido das palavras do Senhor.
VV. 33-35: CONCLUSÃO
Jerusalém é mencionada no início e no fim do relato.
Decepcionados, é de onde os discípulos saem,
retornando talvez para a sua localidade de origem,
Emaús. Depois do encontro com o Ressuscitado, eles
retornam “para Jerusalém”, vão encontrar-se com os
“onze” e os demais discípulos. Eles narram os
“acontecimentos do caminho” e sua experiência de
reconhecimento do Cristo “na fração do pão”.
VV. 33-35: CONCLUSÃO
Po r t am u m a l e gre anúnc i o, e r e c e b e m a c o nf i r maç ã o da
c o mun i d a de : “É v e rdade ! O Se nh or r e s s us c i t ou e ap ar e c e u a
Si mão ! ”
O “ v e r” e o “ouv i r” se e nt r e l aç am na pe r í c ope . V e ja - s e o
u so d o v e rn o “v e r” e m Lc 24, 23. 24 . 34 “f oi v i s t o –
a p a re c e u ” . T ambé m as e xpr e s s õe s do v . 16 “s e us o lh os
e st a v am i mpe di dos de v ê - l o” e d o v . 3 1 “s e us ol ho s s e
a b r i r am”. O ouv i r é o pres s upos t o do r e c on he c i me n t o no v .
2 7 . Ta mb é m na c onc l usão da pe r í c ope , o “o uv i r ” o
t e st e mun h o da c omuni dade e o “f az e r - s e o uv i r ” da n do o
p ró p ri o t e st e munho é f undame n t al .
A CRISTOLOGIA
COMO EXEGESE
DA ESCRITURA
• É interessante notar, já na conclusão de nosso estudo, os
títulos atribuídos a Cristo no decorrer do capítulo 24:
Narrador: “Senhor Jesus” (v. 3); “o próprio Jesus” (v. 15)
Os anjos: “Aquele que vive” (v. 5) – Deus mesmo cf. Sl 42,3 (o
Deus “vivente” - τὸν ζῶντα)
Os discípulos de Emaús: “Jesus, o Nazareno” (v. 19); “profeta
poderoso em obra e em palavra” (v. 19); “aquele que iria
redimir Israel” (v. 21);
Apóstolos: “O Senhor” (v. 34);
Jesus: “o Cristo” (v. 26.46) – Jesus corrige o pensamento dos
discípulos de Emaús mostrando-lhes que a Paixão era o caminho
para a Ressurreição (vv. 7.26.46).
• É O CRISTO QUEM DETÉM O PODER DE
“INTERPRETAR AS ESCRITURAS” (LC 24,27A // MT
5,17 // AP 5,1-10)

“Digno és tu de receber o livro e de abrir seus


selos, pois foste imolado e, por teu sangue,
resgataste para Deus homens de toda tribo,
língua, povo e nação. (Ap 5,9)
• AS ESCRITURAS CUMPREM-SE EM
CRISTO (LC 4; LC 24,27; 24,44).

“ Er a p re c i so q ue se c ump r i s s e t u do o qu e
e st á e sc ri t o so bre
mi m n a Le i d e Mo i sé s, no s Pr o f e t a s e n os
Sa l mos. ” ( Lc 24 , 44 )
Compreendemos, assim, a
insistência da Igreja para
que leiamos o AT à luz do NT e
do Mistério Pascal de Cristo:
o Antigo Testamento torna-
se claro no Novo Testamento
(DV 16).
A Parábola do
Filho pródigo

Rembrandt van Rijn, O


Retorno do Filho Pródigo,
c. 1661–1669. 262 cm ×
205 cm. Museu Hermitage,
São Petersburgo
A PARÁBOLA DO FILHO PRÓDIGO
UMA OBRA-PRIMA DE LUCAS

1. Parábola do filho pródigo?


2. Parábola do filho perdido?
3. Parábola do Pai misericordioso?
4. Parábola dos dois filhos?
UMA LEITURA ALEGÓRICA DA PARÁBOLA

1. Uma arábola Penintencial?


2. Parábola de cunho moral?
3. Parábola de cunho etnico?
ESTRUTURA DO TEXTO

O texto é estruturado três partes:


Introdução: Lc 15,11-12.
I. Lc 15,13-19 : centrada sobre a figura do filho
menor.
II. Lc 15, 20-24: Sena central - ação do pai.
II. Lc 15, 25-32: centrado sobre o filho mais velho.
dois relatos unidos pelo figura do Pai. Na verdade o
protagonista neste triângulo dramático é o pai e não
os filhos.
A PARÁBOLA DO FILHO PRÓDIGO
I. PARTE: VV. 11-24
11Disse ainda: "Um homem tinha dois filhos. 12O
mais jovem disse ao pai: 'Pai, dá-me a parte da
herança que me cabe'. E o pai dividiu os bens entre
eles. 13Poucos dias depois, ajuntando todos os seus
haveres, o filho mais jovem partiu para uma região
longínqua e ali dissipou sua herança numa vida
devassa.
A PARÁBOLA DO FILHO PRÓDIGO
I. PARTE: VV. 11-24

Cena principal é o encontro entre o filho


menor e o pai (v.24).
A PARÁBOLA DO FILHO PRÓDIGO
I. PARTE: VV. 11-24

Cena principal é o encontro entre o filho


menor e o pai (v.24).
A PARÁBOLA DO FILHO PRÓDIGO
I. PARTE: VV. 11-24

"Pai, dá-me a parte da herança que me cabe"


Qual o motivo pelo qual o filho menor
pede a sua herança?
Ele podia pedir a sua herança enquanto
o pai ainda estava vivo? // Ecl. 33,20-24;
Dt 21,17
A PARÁBOLA DO FILHO PRÓDIGO
I. PARTE: VV. 11-24
O filho mais jovem partiu para uma região
longínqua e ali dissipou sua herança numa vida
devassa.
1. O o que filho menor tanto buscava?
liberdade?
independência?
felicidade?
2. O que o filho menor encontrou longe da casa
paterna?
A PARÁBOLA DO FILHO PRÓDIGO
I. PARTE: VV. 11-24
Um distanciamento duplo.
A PARÁBOLA DO FILHO PRÓDIGO
I. PARTE: VV. 11-24
Um distanciamento duplo.
17E caindo em si, disse: 'Quantos empregados
de meu pai têm pão com fartura, e eu aqui,
morrendo de fome! 18Vou-me embora, procurar
o meu pai e dizer-lhe: Pai, pequei contra o Céu e
contra ti; 19já não sou digno de ser chamado teu
filho. Trata-me como um dos teus empregados'.
A PARÁBOLA DO FILHO PRÓDIGO
I. PARTE: VV. 11-24
Um retorno movido pela fome.
Um interesse puramente material.
Um arrependimento.
Um retorno ao pai!

Embregado x servo.
A PARÁBOLA DO FILHO PRÓDIGO
I. PARTE: VV. 11-24
Um encontro que
gera dignidade.
"ELE encheu-se
de compaixão"

“Ele estava ainda ao longe (μακρὰν), quando seu pai viu-o, encheu-se de compaixão
(ἐσπλαγχνίσθη), correu e lançou-se-lhe ao pescoço” v 20 // v.13
A PARÁBOLA DO FILHO PRÓDIGO
I. PARTE: VV. 11-24
"pois este meu
filho estava
morto e tornou
a viver;
estava perdido e
foi
reencontrado!'
E começaram a
festejar"

Um encontro de poucas palavras, porém rico de gestos e simbolos:


abraços, beijos, vestido novo, anel, sandálias, banquete.
A PARÁBOLA DO FILHO PRÓDIGO
II. PARTE: VV. 25-32.

Entra em cena o terceiro personagem: o filho mais


velho.
Ele tambem não estava em casa.
Quando chega não quer entrar; chega cansado do
trabalho e ferido do ódio, da ira.
O Pai sai ao encontro do filho mais velho.
A PARÁBOLA DO FILHO PRÓDIGO
II. PARTE: VV. 25-32.

O dialogo entre o pai e o filho mais


velho.
Um final suspenso ....
A PARÁBOLA DO FILHO PRÓDIGO
II. PARTE: VV. 25-32.

A figura dos dois irmãos: semelhanças e


diferências:
O que ambos desejam?
Qual o tipo de relacionamento que ambos
tinham com pai?
Qual dos dois é um paradigma a ser seguido.
A PARÁBOLA DO FILHO PRÓDIGO
II. PARTE: VV. 25-32.

os três personagens e os três tipo de


alimentos:
Filho menor : porco - bolotas.
PAI: BANQUETE - NOVILHO CEVADO.
Filho mais velho: cabrito.
A PARÁBOLA DO FILHO PRÓDIGO
II. PARTE: VV. 25-32.

Qual é o filho paradigmático em referência a


um relacionamento perfeito com o pai?
FIM DA AULA 01/06/23
0 ANÚNCIO DA SALVACÃO AOS POBRES

Lucas redige o discurso da planície de 6,20-49


de forma mais breve do que o sermão da
montanha de Mt 5,1 - 7,27. Faz uma
interpretação original dos dados da tradição
em razão de seus destinatários gregos.
Elimina todas as declarações de Jesus
referentes à Lei e à piedade judaica que se
encontram em Mateus (Mt 5,17-48: 6.1-18).
O MAU RICO E O POBRE LÁZARO
(LC 16,19-31)
19Havia um homem rico que se vestia de púrpura e
linho fino e cada dia se banqueteava com requinte.
20Um pobre, chamado Lázaro, jazia à sua porta,
coberto de úlceras. 21Desejava saciar-se do que caía
da mesa do rico... E até os cães vinham lamber-lhe as
úlceras. 22Aconteceu que o pobre morreu e foi levado
pelos anjos ao seio de Abraão. Morreu também o rico
e foi sepultado.
O MAU RICO E O POBRE LÁZARO
(LC 16,19-31)
23Na mansão dos mortos, em meio a tormentos, levantou os olhos
e viu ao longe Abraão e Lázaro em seu seio. 24Então
exclamou: 'Pai Abraão, tem piedade de mim e manda que Lázaro
molhe a ponta do dedo para me refrescar a língua, pois estou
torturado nesta chama'. 25Abraão respondeu: 'Filho, lembra-te de
que recebeste teus bens durante tua vida, e Lázaro por sua vez
os males; agora, porém, ele encontra aqui consolo e tu és
atormentado. 26E além do mais, entre nós e vós existe um grande
abismo, a fim de que aqueles que quiserem passar daqui para junto
de vós não o possam, nem tampouco atravessem de lá até nós'. 27Ele
replicou: 'Pai, eu te suplico, envia então Lázaro até à casa de
meu pai, 28pois tenho cinco irmãos; que leve a eles seu
testemunho, para que não venham eles também para este lugar de
tormento.
O MAU RICO E O POBRE LÁZARO
(LC 16,19-31)

“29Abraão, porém, respondeu: 'Eles têm


Moisés e os Profetas; que os ouçam'.
30Disse ele: 'Não, pai Abraão, mas se
alguém dentre os mortos for procurá-los,
eles se arrependerão'. 31Mas Abraão lhe
disse: 'Se não escutam nem a Moisés nem aos
Profetas, mesmo que alguém ressuscite dos
mortos, não se convencerão'.
0 ANÚNCIO DA SALVACÃO AOS POBRES

Não fala de "publicanos" e de


"gentios" (Mt 5,46-47), categorias
alheias aos seus ouvintes, mas, com
um enfoque mais universal, de
"pecadores" (Lc 6.32.33.34).
0 ANÚNCIO DA SALVACÃO AOS POBRES

Em todo o sermão, realça o elemento


básico que deve caracterizar a vida
cristã: a caridade. Até o amor para
com os inimigos, em sentido amplo,
incluindo as pessoas inoportunas (v.
30a) e aqueles que pedem emprestado
(v. 34).
0 ANÚNCIO DA SALVACÃO AOS POBRES

Desta forma, Lucas aponta para


dimensão heroica do amor cristão,
que é algo de inusitado no mundo
pagão onde vivem suas comunidades.
AS BEM-AVENTURANÇAS
• O texto é breve e essencial. O autor apresenta
somente quatro bem-aventuranças, e não nove como em
Mt 5,1-12. Além disso, faz uma mudança redacional
importante: às quatro bem- aventuranças, endereçadas
aos pobres e aos perseguidos (v. 20-23), opõe quatro
maldições, dirigidas aos ricos e aos gozadores da vida
(v. 24-26).
AS BEM-AVENTURANÇAS
Olhando mais de perto o texto, é possível
descobrir uma articulação mais pormenorizada
do mesmo. Com efeito,as primeiras três bem-
aventuranças se referem a um grupo unitário,
constituído pelos pobres, os famintos, e os que
choram, enquanto a quarta é dirigida ao grupo
dos discípulos.
AS BEM-AVENTURANÇAS

O pronome pessoal "vós", que introduz as três


bem-aventuranças inicias, se refere em
primeiro lugar aos discípulos que Jesus coloca
entre os necessitados (v. 20a).
AS BEM-AVENTURANÇAS

Segue-se que o esquema das bem-aventuranças


em Lucas pode ser representado com a fórmula
3+1, enquanto que as bem-aventuranças em
Mateus são organizadas segundo o esquema
4+4+1, no qual se encontra duas vezes a
palavra "justiça" que recebe certo realce (vv.
6.10).
AS BEM-AVENTURANÇAS
Entre a redação mateana e lucana há outras
diversidades. Ao contrário de Mateus que, de modo
genérico, se dirige aos marginalizados, aos mansos, aos
aflitos por meio da terceira pessoa do plural, dizendo:
"bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é
oreino dos céus", Lucas utiliza a segunda pessoa plural
"vós", fazendo com que o discurso seja mais vivo e
direto: "bem- aventurados vós os pobres, porque vosso é
o reino de Deus". O texto dá a impressão de que os
necessitados de todo o mundo estão presentes à cena e
escutam a palavra de Jesus.
AS BEM-AVENTURANÇAS
• Além disso, nota-se que Lucas é mais
sensível ao aspecto sociológico da
pobreza. Olha simplesmente para os
"pobres", sem "espiritualizá-los", como
faz Mateus falando de "pobres em
espírito", isto é, de pessoas desapegadas e
purificadas interiormente.
AS BEM-AVENTURANÇAS

Pode-se acrescentar que Lucas realça,


com particular vigor, a situação histórica
e concreta dos necessitados.
AS BEM-AVENTURANÇAS

Trata-se daqueles que "agora", nas


circunstâncias presentes, passam fome e
estão chorando (v. 21), chamando a
atenção para uma situação de injustiça
social que sempre se verifica ao longo da
história, masque não édesejada porDeus.
AS BEM-AVENTURANÇAS

Oevangelista olha também para o


sofrimento do discípulo "naquele dia" em
que acontecer (v. 23), exortando-o a se
alegrar, pensando que Deus sabe o
tamanho dos seus padecimentos.
AS BEM-AVENTURANÇAS

Apesar destas variações redacionais, Lucas, de


modo semelhante a Mateus, destaca que as
bem-aventuranças evangélicas são a
manifestação do amor gratuito e desinteressado
do Pai para com os seus filhos (6,35b-36). Com
efeito, destacando por meio de um verbo passivo
que os famintos do mundo serão saciados,
realça que Deus os saciará (v. 21).
QUEM SÃO OS POBRES?

• Na pericope das bem-aventuranças, ospobres


são indicados pormeiodapalavra grega ptôchós:
esta tem uma ampla gama de significados.
Otermo aponta, em primeiro lugar, para a
condição econômica, indicando aqueles que não
têm recursos para viver, que precisam do
necessário (as multidões de empobrecidos da
Palestina).
QUEM SÃO OS POBRES?

Representam o último degrau da escada social numa


sociedade piramidal, que tem uma pequena classe
média, composta por artesãos e comerciantes(At
16,14), fabricantes de tendas (At 18,3).curtidores (At
9,43), hospedeiros (Le 10,35), médicos (5,31), juízes
(12,58 18,2). ao lado dos ricos, possuidores de grandes
latifúndios (14,19), que vivem abastados, sem muito se
preocupar pelos mais carentes (16,19-20).
QUEM SÃO OS POBRES?

Os responsáveis políticos locais e as


autoridades religiosas da época, na maioria
dos casos amigos dos romanos, pouco
cuidam desse povo de mendigos, de
trabalhadores braçais, diaristas.
QUEM SÃO OS POBRES?

As verdadeiras causasdessa situação não


são difíceis a descobrir. Lucas indica uma
delas quando fala do recenseamento (2,1;
Ar 5,37) que tinhacomo finalidade
arrecadar dinheiro a favor do império
romano e impor os impostos para o
templo de Jerusalém (11,42).
QUEM SÃO OS POBRES?

Além do mais, a pouca circulação do dinheiro


(16,5-7), os riscos das viagens (10,30) que
limitam os contatos, fazem com que a vida
econômica fique parada, piorando uma situação
em si já muito precária.
QUEM SÃO OS POBRES?

São essas pessoas sem voz e sem vez,


marginalizadas e sem instrução, que
representam o "obieto privilegiado da atenção
de Jesus (cf.14,13).
QUEM SÃO OS POBRES?

• A palavra prôchós, usada por Lucas para


indicar os pobres, não indica só uma situação
econômica muito crítica. Realça também a
atitude de vergonha e de temor que opobre
adquire perante os mais abastados e os
eruditosda sociedade. Por isso, o pobre se curva
perante os poderosos com uma atitude de
inferioridade.
QUEM SÃO OS POBRES?

Outro termo, utilizado por Lucas para indicar a situação de


pobreza, é penichrós.
Não indica uma situação de extrema miséria, mas qualifica o
estado daquele que é obrigado a trabalhar penosamente para
ter os recursos necessários para se sustentar.No evangelho,
Lucas interpreta a palavra penichrós mais ou menos como o
termo prôchós, porquea refere àviúva que coloca duas
moedinhas no tesouro do templo(leptá,21,2), isto é, "tudo o
quepossuía paraviver" (v. 4).
QUEM SÃO OS POBRES?

Estes termos usados por Lucase ocontexto em que eles


aparecem indicam queo evangelista não se refere aos pobres
emsentido moral e religioso, aos'anawim do
AntigoTestamentoque vivem plenamente submissos aDeus
(cf. SI 25,9; 34,3; 69,33). Acategoria dos "pobres de
YHWH"é, porém, representada no evangelho de Lucas nos
personagens do evangelho da infânciaque esperam com
confiança a vindado Messias, fazendo jejume oração (1,48;
2,25.37).
A ATITUDE DE DEUS PARA COM OS
POBRES

As três categorias mencionadas por Lucas na


perícope das bem-aventuranças: "os pobres". "os
famintos" e "os que choram", estão relacionadas
entre si porque se referem ao mesmo grupo de
pessoas, considerado sob pontos de vista diferentes.
A ATITUDE DE DEUS PARA COM OS
POBRES

Aexpressão "os pobres" é genérica e conota todos


os desamparados aos quais Jesus se dirige; "os
famintos" destaca sua falta de alimentação, sua
desnutrição, evidenciando a privação daquilo que
é indispensável para viver e os meios para
consegui-lo. "
A ATITUDE DE DEUS PARA COM OS
POBRES

Aexpressão "os pobres" é genérica e conota todos


os desamparados aos quais Jesus se dirige; "os
famintos" destaca sua falta de alimentação, sua
desnutrição, evidenciando a privação daquilo que
é indispensável para vivere os meiospara consegui-
lo. "
A ATITUDE DE DEUS PARA COM OS
POBRES

Os que choram" indica a infelicidade da mesma


categoria de pessoas, que manifestam seu
desespero gritando sua dor publicamente, sem
reticências, pois tamanha é a situação de
provação em que elas se encontram. Em poucas
pinceladas, Lucas nos apresenta, ao vivo, a
realidade amarga e sem saída de muitos
habitantes da Palestina na época de Jesus.
A ATITUDE DE DEUS PARA COM OS
POBRES

• A proclamação: "Bem-aventurados vós, os


pobres, porque vosso é o reino de Deus", indica
que Deus não é insensível à situação de injustiça.
A ATITUDE DE DEUS PARA COM OS
POBRES
Ele intervém agora e intervirá nomomento
escatológico a favor dos necessitados que,
durante sua vida terrestre, não tiveram o mínimo
necessário para uma existência digna. Com
efeito, desde já os pobres pertencem ao reino de
Deus, independentemente de suas particulares
qualidades morais ou de seus méritos.
A ATITUDE DE DEUS PARA COM OS
POBRES
• Esta intervenção de Deus deve ser entendida à
luz da concepção bíblica dajustiça. Como na
cultura bíblica (por exemplo, na Mesopotâmia,
em Ugarit ou em outros centros do Oriente
Médio) o rei antigo não pode permitir que em seu
domínio os seus súditos mais desamparados,
A ATITUDE DE DEUS PARA COM OS
POBRES
Como na cultura bíblica (por exemplo, na
Mesopotâmia, em Ugarit ou em outros centros do
Oriente Médio) o rei antigo não pode permitir que
em seu domínio os seus súditos mais desamparados
continuem padecendo injustiça e, por isso, sente-se
obrigado a intervir em seu favor para não prejudicar
seu nome, damesma forma Deus está ao lado dos
pobres da terra, tirando-os da pobreza, pois ele é rei
por excelência de todos os seres.
A ATITUDE DE DEUS PARA COM OS
POBRES

• Asbem-aventuranças, dirigidas aos pobres,


representam, pois, a declaração de que a pobreza, a
miséria, e o sofrimento são realidades negativas que
devem desaparecer com a chegada do Reino, porque
Deus é Deus, porque ele é justo, e é por excelência o
libertador dos necessitados.
A ATITUDE DOS CRISTÃOS PARA COM OS
POBRES

Se Deus ama os pobres e está ao lado deles e se Jesus personifica na


história essa atitude d e Deus, segue-se que é urgente obrigação de
todos os que acreditam em Cristo ajudar, em concreto e com meios
oportunos, os pobres, os famintos, os que choram, isto é, todos os
desprovidos da terra. Com efeito, o preceito da caridade exige que o
amor a Deus seja manifestado por meio do amor aos irmãos, em
particular aos miseráveis, aos carentes e necessitados, mostrando-lhes
a mesma ternura e a mesma generosidade que Deus tem para com
eles.
A ATITUDE DOS CRISTÃOS PARA COM OS
POBRES

Amarás o Senhor teu Deus, de todo o coração, de toda a alma, com


toda a tua força e de todo o entendimento; e a teu próximo como a ti
mesmo"(Lc 10.27). O mesmo ensinamento se encontra em Sir 4,1-6.
O texto lucano convida, pois, o cristão a fazer uma opção preferencial
pelos pobres, levando em conta que Deus já optou pelos miseráveis
deste mundo.
POBRES E RICOS NO TERCEIRO
EVANGELHO

O interesse de Lucas pelos problemas sociais,


além do relato das bem-aventuranças, também
se encontra em vários outros trechos da sua
obra.
POBRES E RICOS NO TERCEIRO
EVANGELHO
A pregação de João Batista tem um enfoque
decididamente social, exortando os que têm certo
nível econômico a repartir seus bens, chamando a
atenção dos que gozam de autoridade a não se
aproveitar dos demais por meio de extorsões e os que
já têm um estipêndio honesto a ficarem satisfeitos
com sua situação financeira (3,10-14).
POBRES E RICOS NO TERCEIRO
EVANGELHO
Além desse texto, Lucas apresenta a parábola do
rico nécio que mostra a insensatez de quem procura
ajuntar tesouros para si mesmo, esquecendo o
verdadeiro sentido da vida (12,13-21).
POBRES E RICOS NO TERCEIRO
EVANGELHO
Lucas continua sua reflexão por meio da parábola do
administrador esperto (16,1-9), com a parábola de
Lázaro e do rico Epulão (16,19-31) ecom orelato
deZaqueu (19,1-10).
POBRES E RICOS NO TERCEIRO
EVANGELHO
• Considerando que o terceiro evangelho se preocupa de forma particular com os
pobres, vem aí uma questão: a comunidade de Lucas é formada somente por
pobres ou nela se encontram pobres e ricos? Levando em conta que Zaqueu, com
sua conversão, se torna membro da comunidade cristã, e que, em Atos dos
Apóstolos, o cristianismo se difunde nas camadas altas da sociedade onde vai
encontrando grande interesse (13,7; 17,4), deve-se concluir que na Igrejade Lucas
pobres e ricos vivem juntos. O interesse pelos pobres e as frequentes exortações
dirigidas aos ricos a partilhar seus bens, devem ser entendidos, em primeiro lugar,
como um convite aos membros mais abastados da comunidade a não se
esquecerdos irmãos de fé mais carentes, criando uma situação de igualdade na
fileira da própria Igreja.
POBRES E RICOS NO TERCEIRO
EVANGELHO
• Em Atos dos Apóstolos, áj seencontram orientaçõesmais
específicas para dar sustento aos pobres (At 6,1-6).
Também a grande coleta, organizada por Paulo, que
incentiva a ajuda econômica por parte das comunidades
mais ricas da Ásia e da Grécia em prol da comunidade
pobre de Jerusalém. atormentada por uma grande fome,
éoutra forma de encontrar uma solução,
emboramomentânea, para o problemada pobreza (At 11,27-
30; 24,17).
A POBREZA DO DISCÍPULO QUE QUER
SEGUIR JESUS

Lucas destaca que apobreza deve


caracterizar o discípulo de Jesus que
deseja participar da construção do
Reino.
A POBREZA DO DISCÍPULO QUE QUER
SEGUIR JESUS
• Alguns elementos redacionais, referentes ao seguimento dos
discípulos, realçam a radicalidade com que se deve interpretar o
chamado. Segundo 5,11, é "deixando tudo" que João e Tiago vão
atrás de Jesus, não simplesmente deixando o pai com os empregados,
como destaca Mc 1,20. Norelato de Levi se manifesta amesma
radicalidade (5,28; cf. Mc 2,14; Mt 9,9). Apobreza deve caracterizar
também os setenta edois discípulos que Jesus exorta anãolevar
"bolsa, nem alforje, nem sandálias", proibindo também os calçados
(10,4; 22,35-36). Isso lembra a necessidade básica de viver com
absoluto desapego, colocando toda aconfiança em Deuse não nos
recursos humanos.
A POBREZA DO DISCÍPULO QUE QUER
SEGUIR JESUS
Nosermão das bem-aventuranças, Lucas escreve: "Dá alodo aquele
que et pedir" (6,30), à diferença de Mt 5,42. Jesus convida, também,
o homem de posição que lhe pergunta o que deve fazer para herdar a
vida eterna a que venda "tudo o que tiver e distribua aos pobres
(18,22); não diz
somente que se desfaça dos seus bens, segundo a redação de Mc 10,21
e Mt 19,21. Da mesma forma, o evangelista anima os fiéis a se
preocuparem com asituação de carência dos demais, dizendo: "Vendei
vossos bens e dai esmola" (12,33), tomando distância da perspectiva
mais espiritualista de Mt 6,19 que exorta a não ajuntar tesouros na
terra.
A POBREZA DO DISCÍPULO QUE QUER
SEGUIR JESUS
Nosermão das bem-aventuranças, Lucas escreve: "Dá alodo aquele
que et pedir" (6,30), à diferença de Mt 5,42. Jesus convida, também,
o homem de posição que lhe pergunta o que deve fazer para herdar a
vida eterna a que venda "tudo o que tiver e distribua aos pobres
(18,22); não diz
somente que se desfaça dos seus bens, segundo a redação de Mc 10,21
e Mt 19,21. Da mesma forma, o evangelista anima os fiéis a se
preocuparem com asituação de carência dos demais, dizendo: "Vendei
vossos bens e dai esmola" (12,33), tomando distância da perspectiva
mais espiritualista de Mt 6,19 que exorta a não ajuntar tesouros na
terra.
A POBREZA DO DISCÍPULO QUE QUER
SEGUIR JESUS
Para Lucas, a pobreza é uma exigência
básica da vida cristã, uma obrigação de
cada batizado (9,57-62). Em Atos dos
Apóstolos, "ninguém considerava seu o que
possuía, mas tudo era em comum
entreeles" (2,44; 4,32-35; 4,36).
A POBREZA DO DISCÍPULO QUE QUER
SEGUIR JESUS
Esta atitude se baseia no fato de que o cristão não pode fazer do
dinheiro a fonte da sua segurança: "Ninguém pode servir a dois
senhores [...). Não podeis servir a Deus e a mamon" (16,13), onde o
último termo indica o dinheiro. A palavra mamon tem a mesma raiz
do verbo he'emin (Amém), que significa "ficar firme", "aderir a
alguém com segurança". Apresentando a alternativa entre Deus e
"mamon, Lucas queralertar os cristãos que só Deus constitui o
verdadeiro alicerce sobre o qual é possível construir o edifício da vida.
O dinheiro e as riquezas representam somente valores secundários e
falsas seguranças, que, ao tempo devido, serevelam traiçoeiras.

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