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Partido Comunista Brasileiro


N° 132 – 18.11.2009 Monumento Keno vive
Estudar, estudar, estudar
PCB aposta na educação
popular divulgando textos
para refletir e debater
O informativo
PerC
erCeBer terá
tiragem mensal.
De papel simples e
sem cores, não é um
jornal, como os da
imprensa burguesa,
mas um material de
estudos, com textos
para a educação
Keno
popular, análise e
No dia 14 de novembro, sábado, foi inaugurado o
reflexão da realidade Monumento Keno Vive, no Centro de Produção
cascavelense, de Sementes Agroecológicas da Agricultura
estadual e brasileira. Familiar Camponesa, em Santa Tereza D’Oeste
(PR). Keno foi assassinado em 2007 no Centro
A primeira edição do PerC
erCeBer traz uma Experimental da Syngenta e devido à repercussão
análise da conjuntura de Cascavel em 2009, mundial de sua morte, 127 hectares da área onde
as 21 Ações Revolucionárias do PCB de ocorreu o conflito foram doados para o Estado,
Cascavel e a Resolução Política do onde foi construído o Centro de Produção de
XIV Nacional Congresso do PCB. Sementes. Venceremos!

Veja todo o conteúdo do PerC


erCeBer:
er:

Cascavel 2009
Riqueza ostensiva
e miséria crescente
1. Cascavel como parte do mundo, do Brasil e do Paraná

Há uma crise mundial que afeta principalmente os pobres. Os pobres dos países
pobres e também os pobres das cidades ricas.
Cascavel é uma cidade rica, mas seus ricos, que ostentam fortunas, grandes
mansões, arranha-céus e fazendas enormes no Centro-Oeste, Norte e Nordeste, são
uma pequeníssima minoria em confronto com a classe média assalariada e/ou
autônoma e os estratos mais fragilizados, empurrados para as periferias.
Uma classe média asfixiada pelos altíssimos custos dos produtos e serviços, pela
insuficiência da prestação de serviços públicos pelas três esferas do governo e por
uma situação de crescente temor e insegurança.
E uma vasta esfera periférica mergulhando no risco social, com a ampliação da
miséria e da violência, à medida em que escasseia amplitude e o alcance, assim como
a efetividade e a capacidade de resolução das políticas públicas.
Do município a Brasília, passando pelo Estado, o País está mergulhado em uma
crise que vai além da economia.

Os países mais afetados no setor econômico, já se comprovou, não


sofrem nas instituições os abalos que ocorrem no Brasil, onde a principal ameaça é à
própria democracia.
O comportamento desastroso de Lula ao liquidar o processo de reforma agrária,
privilegiar o latifúndio na Amazônia e aderir sem mais reservas ao neoliberalismo
contribui para receber puxões de orelha até de neoliberais como ele, caso do ex-
presidente Itamar Franco, que comparou o atual presidente a um “general da
ditadura”.
O governo do Estado, depois de sete anos de discurso progressista e prática
administrativa direitista, inaugura a “Operação Bondade”, que se dá através da
planejada distribuição de ambulâncias, verbas e outros materiais aos municípios, com
fins claramente eleitorais, uma vez que o governador Requião será candidato ou ao
Senado ou à Presidência, pois o Ibope aconselhou o PMDB a abandonar Lula e lançar
candidato próprio.
Cascavel, por suas elites dirigentes políticas e empresariais, mantém-se à margem
desses acontecimentos, sofrendo seus reflexos mas não construindo mecanismos de
defesa e proteção, especialmente aos setores mais frágeis da sociedade.
A essas elites dirigentes e empresariais, geralmente egoístas e interesseiras, soma-
se a passividade de um movimento popular fragmentado, embora promissor, um
estudantado entre a alienação, a domesticação e a conivência, e uma estrutura
universitária ainda em processo de construção e afirmação.
2. Município enfrenta desafios acima de sua capacidade
De Norte a Sul do País, a redução brusca dos recursos advindos do Fundo de
Participação dos Municípios, que sustentam a imensa maioria das prefeituras,
ocasionou um princípio de desmonte da estrutura administrativa municipal.
A principal tarefa desse desmonte é cortar gastos e adequar o orçamento à
“Prefeitura mínima”, uma espécie de “Estado zero” no plano municipal, em que tudo
é cobrado, até mais de uma vez.
IPTU mais taxa de lixo e iluminação, por exemplo, quando historicamente o IPTU
já é destinado a todos os serviços municipais.
As prefeituras, ao mesmo tempo em que têm suas receitas bruscamente reduzidas,
estão abaixo de dívidas antigas e acumuladas, com os recursos próprios insuficientes
ou drasticamente comprometidos com as folhas do funcionalismo.
Mal gerenciadas, com uma administração política não raro resultante da disputa
interna entre quadrilhas e oligarquias locais, as prefeituras são o prêmio sorteado no
voto entre esses grupos, que travam as eleições entre si e se alternam no “rapa-caixa”
durante seus períodos de “governo”.

A grande massa ignora e apenas alguns poucos eleitores mais


conscientes sabem que o jogo eleitoral burguês não visa à resolução dos problemas da
população.
Assim, os setores dominantes fingem que disputam uma eleição que na verdade já
está com todas as cartas marcadas para vencer sempre uma das facções da burguesia
dominante.
A única atuação real e a finalidade dos partidos e dos líderes políticos burgueses é
captar dinheiro dos financiadores de campanha para disputar eleições.
Nelas, vençam ou não esse jogo de cartas marcadas, estarão sempre mantendo o
mesmo quadro de manipulação ideológica da população, a alternância do “rapa-
tacho” e recorrendo à tergiversação em caso de cobranças populares, jogando a
responsabilidade de tudo nos antecessores e preparando a transferência dos
problemas mais graves aos sucessores.

3. O projeto buenista
O atual prefeito de Cascavel, Edgar Bueno (PDT, ex-PSDB), acossado por
problemas estruturais gravíssimos, uma confusa estrutura administrativa, um
secretariado desconexo e desarticulado, usa toda sua esperteza de político experiente
para mascarar as graves dificuldades pelas quais passa o Município.
De um lado, controla com mão de ferro as decisões da Câmara Municipal, através
de seu sobrinho, Marcos Damasceno, que preside a Casa.
Teme evidentemente que se a situação sair de seu controle, as graves deficiências
administrativas já verificadas em oito meses de gestão possam complicar a eleição de
seu filho André à Assembleia e de seu candidato, Osmar Dias, ao governo do Estado.

Bueno transparece a intenção de pretender ser vice-governador, com o


projeto de entregar a Prefeitura ao médico Jadir de Mattos (PTB), que se sabe estar às
voltas com problemas de saúde, e abrir caminho, caso André se eleja para a AL, para
que o herdeiro venha a reivindicar a candidatura em 2012.
Ter o filho André na Assembleia seria como continuar seus mandatos anteriores de
deputado estadual interrompidos para assumir a Prefeitura de Cascavel e se
consolidar como o grande cacique político do Oeste paranaense.
Bueno também tem boa parte da imprensa enquadrada em seu projeto de poder e
para alcançar os setores indecisos e inconsequentes lança mão de pequenos truques
midiáticos – tais como se derreter em bajulações a Barack Obama, justamente quando
os EUA afiam as garras para estabelecer bases na América do Sul, visando ao
controle das riquezas brasileiras e continentais.

4. Incongruências e inconsistências
Não extinguir a Cettrans e a Cohavel nem encaminhar a prometida reforma
administrativa a partir de mudanças sérias de estrutura e visando ao aprimoramento
da estrutura pública, é um aval ou adesão às práticas retrógradas e sem
funcionalidade resolutiva.
O Município não demonstra nenhum interesse pela resolução do problema da
mobilidade, da política industrial, da reforma urbana extremamente necessária, da
preparação profissional da juventude e da participação das comunidades organizadas
na gestão municipal.
O Parque de Máquinas sucatado é apenas a manutenção de uma situação que
perdura por décadas: com exceção da gestão Formighieri, em que as máquinas eram
adquiridas – e o prefeito “roubou” tratores do governo do Estado que viu
abandonados em Munhoz da Rocha –, as seguintes jamais conseguiram apresentar
um Parque de Máquinas à altura das necessidades, com estradas sempre em precário
estado e obras públicas negligenciadas.
Inexiste uma política de aproveitamento do potencial dos bairros e distritos. A
Prefeitura não tem a menor ideia, menos ainda um projeto, do que é possível fazer
para o desenvolvimento econômico das regiões urbanas e das localidades do interior.
Deficiências nas escolas municipais do interior são denúncias
continuadas e persistentes. Aliás, toda a infraestrutura municipal apresenta carências
cruciais.
Provavelmente por um arranjo entre caciques, a tese da auditoria para as graves
denúncias acumuladas na gestão Tomé foi engavetada.
São escândalos que deveriam gerar inquéritos e processos judiciais, mas sequer
estão no nível de apuração conclusiva.
São mantidos em banho-maria à espera do esquecimento ou, no interesse político-
eleitoral, do momento em que os acusados pretendam concorrer à Câmara Federal ou
Assembleia Legislativa, o que configura chantagem com um acúmulo de prejuízos à
população, desrespeitada por uma prática inescrupulosa.
Quando nada é apurado, isso representa um atestado de boa conduta aos
governantes anteriores, desmentindo todas as acusações, suspeitas e denúncias
formuladas no curso da campanha eleitoral. Mas não parece que se trata disso, e sim
de uma deliberada ocultação de atos delituosos para utilização posterior, na mídia e
na campanha eleitoral.

É evidentemente falsa a alegação de que a proposta de extinção de


autarquias como a Cettrans e a Cohavel se deu para evitar queixas dos sindicalistas.
A administração Bueno não teve receio de truculentamente, logo na primeira
semana, de “trombar” arrogante e autoritariamente com todo o movimento popular –
do qual os sindicatos são uma parte importante – ao liquidar a justa pretensão
habitacional dos cidadãos sem-tetos do distrito de São João.
Enquanto a atual administração passa a se acomodar nos mesmos erros e
organogramas do passado, há uma questão gravíssima que asfixia a administração:
uma dívida impossível de ser paga.
Impossível, de um lado, pois se trata de arranjos imorais para beneficiar os amigos
do rei lá de trás. De outro, porque as diferentes gestões empurram para a próxima os
custos do que já veio de trás e do que fazem.
Esse comportamento é extremamente desrespeitoso à população, é gerencialmente
incapaz e os prejuízos advindos dessa incompetência recaem sempre sobre a
população mais carente, pois todos os recursos queimados em ações ineficazes e no
pagamento de dívidas antigas – e seus imensos juros e correções – fará falta a obras e
serviços à comunidade mais necessitada.

5. Impasses e conjuntura
Nunca houve em Cascavel uma administração que procurasse organizar a estrutura
administrativa de modo a focalizar centralmente os problemas mais sérios da
população, que têm origem sobretudo na enorme distorção da distribuição de renda.
Há cidadãos abastados e uma classe média exuberante, mas bolsões de miséria,
favelas e excluídos num anel que já foi diminuto, na década de 50, mas hoje cresce e
se desmembra para uma variedade imensa de anéis “saturnianos”, pressionando
fortemente a estrutura de atendimento público, gerando situações de risco social e
explosões de criminalidade e violência.
Inexiste, ainda, uma política de treinamento para o trabalho. Os empregos que
surgem não podem ser ocupados por falta de qualificação. Os jovens em situação de
risco são vítimas dos traficantes, das quadrilhas organizadas, das guerras de gangues,
do consumo de drogas, álcool e maus hábitos alimentares e sociais.
A família se desestrutura, há uma crescente carga de sofrimento psíquico, poluição
urbana, caos no trânsito e desestruturação dos movimentos comunitários, cada vez
mais atrelados ao assistencialismo dos vereadores e submetidos ao controle dos
grandes esquemas partidários.

Tais esquemas mantêm a população pobre vegetando para nos


períodos eleitorais “gerar” milhares de empregos para uma explícita compra de votos
a pretexto de “trabalhar” na campanha.
Acumulam-se, por toda a cidade, as queixas sobre debilidades em postos de saúde,
deficiências na educação, má qualidade da pavimentação, ausência de pavimentação
em bairros crescentemente populosos e estradas e serviços públicos rurais
precarizados.
Os conselhos municipais, essenciais para a abordagem, a análise e a proposta de
soluções, limitam-se a considerar seu tema como um bloco estanque, isolado dos
demais, quando, na verdade, trata-se de compreender que todos os elementos
administrativos estão imbricados, comunicam-se, relacionam-se e se pressionam
mutuamente.

6. Conclusão: tarefas a cumprir


Tendo plena clareza de que só a construção do Socialismo irá resolver os
problemas do País, do Estado do Paraná e de seus municípios, os comunistas não
podem, entretanto, omitir-se enquanto as condições objetivas não nos levarem a um
novo salto no desenvolvimento da civilização.
Assim, para contribuir imediatamente com um encaminhamento mais favorável à
resolução dos problemas municipais, o PCB atualiza sua lista de 21 Ações
Revolucionárias e as apresenta ao debate da sociedade, a avaliação dos vereadores
progressistas da Câmara Municipal e dos setores mais responsáveis da população, da
sociedade organizada e da administração local.

21 Ações Revolucionárias
Rumo ao Socialismo
e por uma Cascavel melhor!

1) Determinar a extinção de todas as secretarias, que servem de cabide de


emprego para os parentes e os amigos dos eleitos, assegurando que somente
funcionários públicos devidamente concursados assumam as tarefas de chefia.

2) Câmara Municipal − No lugar das secretarias, que são mecanismos de


decisão, devem ser aproveitados o empenho e a boa vontade dos vereadores, que são
os legítimos representantes do povo e podem contribuir mais com a gestão pública do
que apenas fiscalizar e propor. Com mais poder de decisão ao Legislativo, acabará a
farra dos mensalinhos, ou seja, troca de favores para alguns vereadores aprovarem
medidas duvidosas que apenas interessam ao prefeito e seu grupo. Os setores
organizados com interação e interesse nos mais diferentes temas (saúde, educação,
segurança, geração de emprego e renda, agroecologia) definirão políticas específicas
através de conferências municipais temáticas em parceria com as comissões da
Câmara Municipal, produzindo propostas ao Congresso da Cidade. Em lugar de
sessões itinerantes da Câmara Municipal, perfeitamente dispensáveis, os conselhos de
moradores dos bairros e do interior devem preparar propostas para encaminhar ao
Poder Legislativo, que, por sua vez, tomará a decisão final.

3) Para as diretorias, serão chamados os servidores concursados mais


capazes, com preferência para os mais antigos, melhor titulados e especialistas. O
profissionalismo do servidor será meta, nos termos de um plano de carreira que
favoreça e privilegie o aperfeiçoamento.

4) Nepotismo − Parentes de eleitos só poderão ser controladores ou ter


cargo de chefia se forem devidamente concursados e atenderem aos critérios de
antiguidade, melhor titulação e especialização em cada respectiva área.
5) Não permitir que dinheiro público seja desperdiçado com inaugurações
festivas, fogos de artifício e placas com louvação aos governantes. Proibir cartões de
“felicitações” pagos pelo Município em datas comemorativas, com a assinatura do
prefeito e secretários, folders publicitários custosos e outros materiais, mesmo que
supostamente doados por terceiros.

6) O Município não deve terceirizar o que os servidores podem realizar.


Evitar “revitalizações” milionárias de logradouros públicos e investir na melhoria das
escolas e ampliação do número de postos de saúde. Com economia de recursos em
gastos dispensáveis evita-se ampliar a carga tributária.

7) Só autorizar publicidade de programas e orientações (campanhas de


saúde, educação, trânsito, meio ambiente) e proibir auto-elogios ao prefeito, sua
equipe e círculo de relações.

8) Como já existem diretrizes gerais – Plano Diretor, Estatuto da


Educação, Orçamento Participativo, deliberações dos conselhos municipais etc – a
eficiência da administração deverá ser monitorada, além da Câmara Municipal, por
quatro controladorias: Controladoria Administrativa (tendo sob sua subordinação as
diretorias de Finanças, Gestão, Planejamento, Indústria, Comércio e Agricultura);
Controladoria Social (tendo sob sua subordinação Saúde, Educação, Cultura, Ação
Social, Assuntos Comunitários, Comunicação, Esporte, Lazer, Turismo e Meio
Ambiente); Controladoria Institucional (tendo sob sua responsabilidade Gabinete,
Procuradoria Jurídica, Codevel, Fundetec, Cettrans, Cohavel, Acesc e Procon), e
Ouvidoria e Auditoria (tendo sob sua responsabilidade prestar atendimento
permanente aos vereadores, aos conselhos populares e examinar denúncias públicas,
inclusive junto a instâncias do Ministério Público, Segurança Pública e do Poder
Judiciário). A coordenação de programas e projetos terá a participação do vice-
prefeito, na condição de controlador adicional e com direito a voz e voto nas
decisões. Manter as estruturas de subprefeituras, sob a condição de autonomia plena
da comunidade para a indicação dos subprefeitos. Criar administrações regionais para
grupos de bairros. Bairros e distritos podem participar da gestão pública através dosa
conselhos setoriais. População deve apoiar todas as ações efetivas e pacíficas de
reforma agrária. Assentamentos e organismos ligados à terra devem ter voz em um
Conselho Municipal Rural. Reforçar a convivência e o espírito unitário em torno das
lutas sociais.
9) As deliberações devem passar inicialmente pelos conselhos municipais
e imediatamente pela Câmara Municipal. Ao Executivo caberá aplicar as decisões,
uma vez que passando pela comissão de avaliação constitucional da Câmara, com
apoio da Procuradoria Jurídica, a serviço do interesse do Município e prioritariamente
em defesa dos cidadãos e dos excluídos, sem questioná-las. A ação caberá às
diretorias, sob o crivo das controladorias e do Poder Legislativo. Os contratos
celebrados pelo Poder Público Municipal devem ver ser monitorados, para apoiar as
controladorias, pela Procuradoria Jurídica, a Câmara Municipal e o Conselho
Municipal da área referente ao contrato. Cumprimento pleno do Plano Diretor.
Acompanhamento sistemático das ações. As normas existentes devem ser
constantemente questionadas e reexaminadas para avaliar seu cumprimento.

10) O prefeito delegará poderes às controladorias e às diretorias


compostas pelos servidores melhor preparados, cabendo-lhe principalmente o
concentrar no prefeito o papel de chefe “de Estado”, para desenvolver papéis de alta
relevância para o Município, junto aos governos estadual e federal, Judiciário,
Ministério Público, Congresso Nacional, Assembléia Legislativa, Câmara Municipal
e entidades organizadas.

11) Políticas de educação a partir do estatuto já existente e com aplicação


monitorada pelo Sindicato dos Professores. Educação de tempo integral de acordo
com a realidade de cada bairro e conforme a decisão de sua comunidade.
Aprimoramento da estrutura bibliotecária, reforçada pela inclusão digital, na periferia
e no interior. Como educação, saúde e o conjunto das políticas sociais se confundem,
as mães e as meninas devem ter políticas específicas e também ser chamadas à
participação e à formulação das políticas para as famílias. Apoio psicológico e
jurídico às famílias dos prisioneiros e das vítimas dos criminosos. Apoio à
ressocialização dos apenados. Pesquisas sistemáticas sobre fatores de pressão social:
sofrimento psíquico, abandono infantil, afirmação juvenil etc. Como também
educação é comunicante com a cultura, entendemos que ela não é espetáculo, mas
desenvolvimento espiritual. Os espetáculos cabem à iniciativa privada. Toda política
de cultura deve ser direcionada principalmente aos jovens. As políticas específicas
para os jovens, portanto, terão que ultrapassar o plano educacional e esportivo. Criar
uma rádio comunitária municipal para a veiculação, nos ônibus do transporte
coletivo, de notícias dos movimentos populares, sindicais, igrejas, clubes e poder
público, executando somente música popular brasileira, paranaense e cascavelense.
12) Meio-Ambiente − Abordagem multidisciplinar nas escolas e espaços
de convivência. Exigir o cumprimento das cláusulas do contrato com a Sanepar, via
acordo ou na Justiça. Um abraço ao Lago: criar condições para cortar e punir
despejos poluentes. Ar, outras águas, terra e destino do lixo: ligar saúde, educação e
ambiente. Monitoramento de todas as nascentes e rios, envolvendo a comunidade.
Estabelecimento de uma rede de unidades de conservação integradas à política
urbana, que contemple a preservação e a regeneração dos ecossistemas originários.
Maior rigor na fiscalização e licenciamento de atividades poluidoras, de modo a
desestimulá-las e a cobrar um maior nível de responsabilidade sócio-ambiental das
empresas. Regulamentação do relatório de impacto de vizinhança para controle de
grandes empreendimentos imobiliários e pólos geradores de tráfego. Municipalização
da coleta do lixo. Cancelamento do contrato e formação de uma estrutura municipal
de coleta e aproveitamento. Desenvolvimento de uma política municipal de resíduos
sólidos (lixo doméstico, hospitalar, industrial etc) que privilegie a reciclagem. Maior
integração da coleta de lixo com as cooperativas de catadores e uma rede de pequenas
e médias usinas de tratamento de lixo orgânico.

13) Habitação − Direcionar os invasores de fundos de vale para


programas de apoio, cidadania e inclusão social, inclusive para participar dos
programas habitacionais, eliminando a atual lei restritiva. Combater com energia o
déficit habitacional acumulado nos últimos oito anos. Instituir no grupo de conselhos
municipais o Conselho Municipal de Reforma Urbana, com competência para
deliberar, integrado por representações regionais e setoriais. IPTU (Imposto Predial e
Territorial Urbano) progressivo para fins de reforma urbana.

14) Segurança − Recusar suprir as tarefas do Estado sem contrapartida em


recursos. Guarda Patrimonial exclusivamente para cuidar das propriedades do povo
de Cascavel. Nenhuma repressão ao povo e às suas organizações. Combater as
tentativas criminalizar as ações do povo e os movimentos sociais organizados.
Privilegiar os Direitos Humanos: contra a impunidade dos assassinatos que atingem
os movimentos populares no campo e na cidade, bem como as populações pobres.
Adequação do Conselho Municipal de Segurança incorporando a representação dos
coletivos de todos os bairros e distritos.

15) Juventude − Políticas específicas para a juventude a partir de


consultas aos jovens das comunidades e diretorias das escolas de cada região. Devem
ser criadas Associações de Capacitação de Jovens com participação das confissões
religiosas, escolas, clubes e associações de bairro. Fim do esporte marrom
(semiprofissional) e estímulo a escolinhas comunitárias para privilegiar o esporte
legitimamente amador.

16) Transporte coletivo – Reforço à educação dos motoristas para a


urbanidade e a cidadania. Prioridade ao uso maciço do ao transporte coletivo.
Melhoria dos serviços nas linhas mais movimentadas. Atenção às comunidades mais
isoladas. Aprimorar a limpeza dos ônibus. Organizar o acesso dos usuários aos
ônibus nos terminais. Ampliar, estruturar e prestar maior conforto aos usuários nos
terminais. Passe-livre para todos os estudantes. Estudar a gratuidade de todo o
transporte coletivo urbano.

17) Saúde – Participação da comunidade do setor de saúde, desde a


Associação Médica até os educadores e acadêmicos dos cursos de saúde, passando
pelos sindicatos de servidores e das categorias e do Conselho Municipal de Saúde.
Ação municipal prioritariamente preventiva. Ações comunitárias de prevenção.
Ajuda aos familiares para que não sofram toda a carga do atendimento aos doentes.
Auditar, com recurso ao Ministério Público e ao Conselho Regional de Medicina, os
casos de “farra” de atestados médicos.

18) Reorientar os PACs e estudar a criação de um hospital municipal de


pronto atendimento. Concentrar o atendimento nas UBS (Unidades Básicas de
Saúde), articulando-o com o Programa Saúde da Família (PSF).

19) Emprego – A Codevel deve instituir um Empregômetro, painel para


acompanhar e analisar a geração de empregos. Centrar a ação da Codevel na geração
de empregos. Estimular a formação de fábricas-escola profissionalizantes. Estímulo
aos cursos técnicos profissionalizantes por empresas e instituições. Monitoramento da
empregabilidade pelos sindicatos e movimentos sociais. Participação das entidades
empresariais, sindicatos, conselhos e melhor articulação com organismos estaduais e
federais. Apoiar ações que resultem concretamente em empregos formais. Criar uma
estrutura multissetorial de reciclagem, aprimoramento e atualização profissional.
Toda ação ligada aos setores produtivos deve ter como foco a empregabilidade.

20) Aproveitar as vocações econômicas locais, espaços e horários ociosos


em escolas para cursos. Prestar treinamento gratuitamente a pequenos
empreendedores, com apoio administrativo, financeiro e tributário.
21) Dívidas − A Procuradoria Jurídica deve determinar o pagamento das
dívidas de acordo com um cronograma jurídica e legalmente razoável, pois o
Município não é caloteiro. Tem que pagar o que deve, mas questionar o que não
deve, como no caso da Praça Wilson Joffre, uma fraude monumental.

**
PCB: XIV Congresso
Os rumos da Revolução brasileira
Nascemos em 1922 e trazemos marcadas as cicatrizes da experiência histórica de
nossa classe, com seus erros e acertos, vitórias e derrotas, tragédias e alegrias. É com
esta legitimidade e com a responsabilidade daqueles que lutam pelo futuro que
apresentamos nossas opiniões e propostas aos trabalhadores brasileiros.
Os comunistas brasileiros, reunidos no Rio de Janeiro, nos dias 9 a 12 de outubro,
no XIV Congresso Nacional do Partido Comunista Brasileiro (PCB), avaliamos que o
sistema capitalista é o principal inimigo da humanidade e que sua continuidade
representa uma ameaça para a espécie humana.
Por isso, resta-nos apenas uma saída: superar revolucionariamente o capitalismo e
construir a sociedade socialista, como processo transitório para emancipação dos
trabalhadores, na sociedade comunista.
Uma das principais manifestações dos limites históricos do capitalismo é a atual
crise econômica mundial, que revelou de maneira profunda e didática todos os
problemas estruturais desse sistema de exploração de um ser humano por outro: suas
contradições, debilidades, capacidade destruidora de riqueza material e social e seu
caráter de classe.

Enquanto os governos capitalistas injetam trilhões de dólares para


salvar os banqueiros e especuladores, os trabalhadores pagam a conta da crise com
desemprego, retirada de direitos conquistados e aprofundamento da pobreza.
Mesmo feridos pela crise, os países imperialistas realizam uma grande ofensiva
para tentar recuperar as taxas de lucro e conter o avanço dos processos de luta
popular que vêm se realizando em várias partes do mundo.
Promovem guerras contra os povos, como no Iraque e no Afeganistão, armam
Israel para ameaçar a população da região e expulsar os palestinos de suas terras. Na
América Latina, desenvolvem uma política de isolamento e sabotagem dos governos
progressistas da região, com a reativação da IV Frota e a transformação da Colômbia
numa grande base militar dos Estados Unidos.
Toda essa estratégia visa a ameaçar Venezuela, Bolívia, Equador, Cuba e até
mesmo países cujos governos não se dispõem a promover profundas mudanças
sociais, como é o caso do Brasil, tudo para garantir o controle das extraordinárias
riquezas do continente, entre elas o Pré-Sal, a Amazônia, a imensa biodiversidade e o
Aqüífero Guarani.

A escalada de violência do imperialismo contra os povos, agravada


pela crise do capitalismo e por sua necessidade de saquear as riquezas naturais dos
países periféricos e emergentes acentua a necessidade de os comunistas colocarmos
na ordem do dia o exercício do internacionalismo proletário.
Episódios recentes, como a tentativa de separatismo na Bolívia, os covardes crimes
contra a humanidade na Faixa de Gaza, o golpe em Honduras, as ameaças ao Irã e à
Coreia do Norte somam-se ao permanente bloqueio desumano a Cuba Socialista, a
uma década de manobras com vistas à derrubada do governo antiimperialista na
Venezuela e à ocupação do Iraque e do Afeganistão.
O PCB continuará no Brasil com sua consequente solidariedade aos povos em suas
lutas contra o capital e o imperialismo, independentemente das formas que as
circunstâncias determinem. O papel ímpar do PCB na solidariedade aos povos em
luta se radica na sua independência política com relação ao governo brasileiro e na
sua visão de mundo internacionalista proletária.
A crise demonstra de maneira cristalina a necessidade de os povos se contraporem
à barbárie capitalista e buscarem alternativas para a construção de uma nova
sociabilidade humana. Em todo o mundo, com destaque para a América Latina, os
povos vêm resistindo e buscando construir projetos alternativos baseados na
mobilização popular, procurando seguir o exemplo de luta da heroica Cuba, que
ficará na história como um marco da resistência de um povo contra o imperialismo.

Nós, comunistas brasileiros, temos plena consciência das nossas


imensas responsabilidades no processo de transformação que está se desenvolvendo
na
América Latina, não só pelo peso econômico que o Brasil representa para a região,
mas também levando em conta que vivemos num país de dimensões continentais,
onde reside o maior contingente da classe trabalhadora latino-americana.
Consideramo-nos parte ativa desse processo de transformação e integrantes
destemidos da luta pelo socialismo na América Latina e em todo o mundo.
Nesse cenário, o Estado brasileiro tem jogado papel decisivo no equilíbrio de
forças continentais, mas na perspectiva da manutenção da ordem capitalista e não das
mudanças no caminho do socialismo.
Tendo como objetivo central a inserção do Brasil entre as potências capitalistas
mundiais, o atual governo, em alguns episódios, contraria certos interesses do
imperialismo estadunidense. No entanto, estas posturas pontualmente progressistas
buscam criar um terceiro pólo de integração latino-americana, de natureza capitalista.
Ou seja, nem ALCA, nem ALBA, mas sim a liderança de um bloco social-liberal,
em aliança com países do Cone Sul, dirigidos por forças que se comportam também
como uma “esquerda responsável”, confiável aos olhos do imperialismo e das classes
dominantes locais, contribuindo, na prática, para aprofundar o isolamento daqueles
países que escolheram o caminho da mobilização popular e do enfrentamento.

O respaldo institucional a alguns governos mais à esquerda na


América Latina tem sido funcional à expansão do capitalismo brasileiro, que se
espalha por todo o continente, onde empresas com origem brasileira se comportam
como qualquer multinacional.
Como o objetivo central é a inserção do Brasil como potência capitalista, o
governo Lula não hesita em adotar atitudes imperialistas, como comandar a ocupação
do Haiti para garantir um golpe de direita, retaliar diplomaticamente o Equador para
defender uma empreiteira brasileira ou promover exercícios militares com tiro real na
fronteira com o Paraguai, para defender os latifundiários brasileiros da soja diante do
movimento camponês do país vizinho e manter condições leoninas no Tratado de
Itaipu.
O capitalismo brasileiro é parte do processo de acumulação mundial e integrante
do sistema de poder imperialista no mundo, ressaltando-se que as classes dominantes
brasileiras estão umbilicalmente ligadas ao capital internacional. A burguesia
brasileira não disputa sua hegemonia com nenhum setor pré-capitalista.

Pelo contrário: sua luta se volta fundamentalmente na disputa de


espaços dentro da ordem do capital imperialista, ainda que se mantenha subordinada
a esta, inclusive no sentido de evitar a possibilidade de um processo revolucionário,
no qual o proletariado desponte como protagonista.
Apesar de ainda faltarem condições subjetivas – sobretudo no que se refere à
organização popular e à contra-hegemonia ao capitalismo – entendemos que a
sociedade brasileira está objetivamente madura para a construção de um projeto
socialista: trata-se de um país em que o capitalismo se tornou um sistema completo,
monopolista, capaz de produzir todos os bens e serviços para a população.
Uma sociedade em que a estrutura de classes está bem definida: a burguesia detém
a hegemonia econômica e política, o controle dos meios de comunicação e o aparato
estatal, enquanto as relações assalariadas já são majoritárias e determinantes no
sistema econômico. Formou-se, assim, um proletariado que se constitui na principal
força para as transformações sociais no País.
Do ponto de vista político e institucional, o Brasil possui superestruturas
tipicamente burguesas, em pleno funcionamento: existe um ordenamento jurídico
estabelecido, reconhecido e legitimado, com instituições igualmente consolidadas nos
diferentes campos do Estado, ou seja, no Executivo, no Legislativo e no Judiciário.
Formou-se também uma sociedade civil burguesa, enraizada e legitimada, que
consolidou a hegemonia liberal burguesa, mediante um processo que se completa
com poderosa hegemonia na informação, na organização do ensino, da cultura,
elementos que aprimoram e fortalecem a dominação ideológica do capital no País.

Portanto, sob todos os aspectos, o ciclo burguês já está consolidado


no Brasil. Estamos diante de uma formação social capitalista desenvolvida, terreno
propício para a luta de classes aberta entre a burguesia e o proletariado. De um lado,
está o bloco conservador burguês, formado pela aliança entre a burguesia
monopolista associada ao capital estrangeiro e aliada ao imperialismo, a burguesia
agrária com o monopólio da terra, a oligarquia financeira, com o monopólio das
finanças, além de outras frações burguesas que permeiam o universo da dominação
do capital.
Esta hegemonia do bloco conservador adquiriu maior legitimidade para implantar
as políticas de governabilidade e governança necessárias à consolidação dos
interesses do grande capital monopolista, com a captura de um setor político,
representante da pequena burguesia e com ascendência sobre importante parte dos
trabalhadores, uma vez que se tornava essencial neutralizar a resistência destes e das
camadas populares, através da cooptação de parte de suas instituições e organizações.
Do outro lado, está o bloco proletário, hoje submetido à hegemonia passiva
conservadora. Ainda que resistindo, encontra-se roubado de sua autonomia e
independência política, acabando por servir de base de massa que sustenta e legitima
uma política que não corresponde a seus reais interesses históricos.

Constituído especialmente pela classe operária, principal


instrumento da luta pelas transformações no país, pelo conjunto do proletariado da
cidade e do campo, pelos movimentos populares e culturais anticapitalistas e
antiimperialistas, por setores da pequena burguesia, da juventude, da intelectualidade
e todos que queiram formar nas fileiras do bloco revolucionário do proletariado, em
busca da construção de um processo para derrotar a burguesia e seus aliados e
construir a sociedade socialista.
O cenário da luta de classes no âmbito mundial e suas manifestações em nosso
continente latino-americano, o caráter do capitalismo monopolista brasileiro e sua
profunda articulação com o sistema imperialista mundial, as características de nossa
formação social como capitalista e monopolista, a hegemonia conservadora e sua
legitimação pela aliança de classes de centro-direita, os resultados deste domínio
sobre os trabalhadores e as massas populares no sentido da precarização da qualidade
de vida, desemprego, crescente concentração da riqueza e flexibilização de direitos
nos levam a afirmar que o caráter da luta de classes no Brasil inscreve a necessidade
de uma estratégia socialista.
São essas condições objetivas que nos permitem definir o caráter da revolução
brasileira como socialista. Afirmar o caráter socialista da revolução significa dizer
que as tarefas colocadas para o conjunto dos trabalhadores não podem ser realizadas
pela burguesia brasileira, nem em aliança com ela. Estas tarefas só poderão ser
cumpridas por um governo do Poder Popular, na direção do socialismo.

O desenvolvimento das forças materiais do capitalismo no Brasil e


no mundo permite já a satisfação das necessidades da população mundial, mas está
em plena contradição com a forma das relações sociais burguesas que acumulam
privadamente a riqueza socialmente produzida, cujo prosseguimento ameaça a
produção social da vida, a natureza e a própria espécie humana.
A forma capitalista se tornou antagônica à vida humana. Para sobreviver, o capital
ameaça a vida; portanto, para manter a humanidade devemos superar o capital. É
chegada a hora, portanto, de criar as condições para a revolução socialista.
Nas condições de acirramento da luta de classes em nosso país, as lutas específicas
se chocam com a lógica do capital. A luta pela terra não encontra mais como
adversário o latifúndio tradicional, mas o monopólio capitalista da terra, expresso no
agronegócio.
A luta dos trabalhadores assalariados se choca com os interesses da burguesia,
acostumada às taxas de lucros exorbitantes e à ditadura no interior das fábricas. A
luta ecológica se choca com a depredação do meio ambiente, promovida pelo capital.

As lutas dos jovens, das mulheres, dos negros, das comunidades


quilombolas, índios, imigrantes e migrantes se chocam com a violência do mercado,
seja na desigualdade de rendimentos, no acesso a serviços elementares, à cultura e ao
ensino, porque o capital precisa transformar todas as necessidades materiais e
simbólicas em mercadoria para manter a acumulação, ameaçando a vida e destruindo
o meio ambiente.
A definição da estratégia da revolução como socialista não significa ausência de
mediações políticas na luta concreta, nem é incompatível com as demandas imediatas
dos trabalhadores. No entanto, a estratégia socialista determina o caráter da luta
imediata e subordina a tática à estratégia e não o inverso, como formulam
equivocadamente algumas organizações políticas e sociais.
Pelo contrário, os problemas que afligem a população, como baixos salários,
moradia precária, pobreza, miséria e fome, mercantilização do ensino e do
atendimento à saúde, a violência urbana, a discriminação de gênero e etnia, são
manifestações funcionais à ordem capitalista e à sociedade baseada na exploração. A
lógica da inclusão subalterna e da cidadania rebaixada acaba por contribuir para a
sobrevida do capital e a continuidade da opressão.

O que hoje impede a satisfação das necessidades mais elementares


da vida em nosso país não é a falta de desenvolvimento do capitalismo. Pelo
contrário, nossas carências são produto direto da lógica de desenvolvimento
capitalista adotado há décadas sob o mesmo pretexto, de que nossos problemas
seriam resolvidos pelo desenvolvimento da economia capitalista.
Hoje, a perpetuação e o agravamento dos problemas que nos afligem, depois de
gerações de desenvolvimento capitalista, são a prova de que este argumento é falso.
Portanto, nossa estratégia socialista ilumina a nossa tática, torna mais claro quem
são nossos inimigos e os nossos aliados, permite identificar a cada momento os
interesses dos trabalhadores e os da burguesia e entender como as diferentes forças
políticas concretas agem no cenário imediato das lutas políticas e sociais.
Esse posicionamento também busca sepultar as ilusões reformistas, que
normalmente levam desorientação ao proletariado, e educá-lo no sentido de que só as
transformações socialistas serão capazes de resolver os seus problemas.

No Brasil, nosso partido trabalha na perspectiva de constituir o


Bloco Revolucionário do Proletariado, como instrumento de aglutinação de forças
políticas e sociais antiimperialistas e anticapitalistas para realizar as transformações
necessárias à emancipação dos trabalhadores.
Nosso objetivo é derrotar o bloco de classe burguês e seus aliados que, mesmo
com disputas e diferenciações internas, impõem a hegemonia conservadora e buscam
a todo custo desenvolver a economia de mercado, mantida a subordinação ao capital
internacional, ao mesmo tempo em que afastam os trabalhadores da disputa política,
impondo um modelo econômico concentrador de renda e ampliador da miséria,
procurando permanentemente criminalizar os movimentos populares, a pobreza e
todos aqueles que ousam se levantar contra a hegemonia do capital.
Para consolidar o poder burguês e legitimá-lo, colocam toda a máquina do Estado a
serviço do capital. Por isso mesmo, não há nenhuma possibilidade de a burguesia
monopolista, em todos seus setores e frações, participar de uma aliança que vá além
do horizonte burguês e capitalista. Isso significa que a nossa política de aliança deve
se materializar no campo proletário e popular.

A aliança de classes capaz de constituir o Bloco Revolucionário do


Proletariado deve fundamentalmente estar estruturada entre os trabalhadores urbanos
e rurais, os setores médios proletarizados, setores da pequena burguesia, as massas
trabalhadoras precarizadas em suas condições de vida e trabalho que compõem a
superpopulação relativa. Isso significa que a nossa tática deve ser firme e ampla.
Ao mesmo tempo em que não há alianças estratégicas com a burguesia, todo
aquele que se colocar na luta concreta contra a ordem do capital será um aliado em
nossa luta, da mesma forma que aqueles setores que se prestarem ao papel de
serviçais subalternos da ordem, se colocarão no campo adversário e serão tratados
como tal.
A principal mediação tática de nossa estratégia socialista é,
portanto, a criação das condições que coloquem os trabalhadores em luta, a partir de
suas demandas imediatas, na direção do confronto com as raízes que determinam as
diferentes manifestações da exploração, da opressão e da injustiça, ou seja, a ordem
capitalista.
Assim, estamos propondo e militando no sentido da formação de uma frente de
caráter antiimperialista e anticapitalista, que não se confunda com mera coligação
eleitoral. Uma frente que tenha como perspectiva a constituição do Bloco
Revolucionário do Proletariado como um movimento rumo ao socialismo.
A constituição do proletariado como classe que almeja o poder político e procura
ser dirigente de toda a sociedade é um projeto em construção e não existem fórmulas
prontas para torná-lo efetivo politicamente.
Como tudo em processo de formação, a constituição desse bloco exige que o PCB
e seus aliados realizem um intenso processo de unidade de ação na luta social e
política, de forma que cada organização estabeleça laços de confiança no projeto
político e entre as próprias organizações.

Reafirmamos a necessidade da conformação da classe trabalhadora


como classe e, portanto, enquanto partido político, não pela afirmação dogmática,
arrogante e pretensiosa de conformação de vanguardas autoproclamadas, mas pela
inadiável necessidade de contrapor à ordem do capital – unitária e organizada por seu
Estado e cimentada na sociedade por sua hegemonia – uma alternativa de poder que
seja capaz de emancipar toda a sociedade sob a direção dos trabalhadores.
Sabemos que este é um momento marcado por enorme fragmentação e dispersão
das forças revolucionárias, que corresponde objetivamente ao momento de defensiva
que se abateu sobre os trabalhadores, mas também acreditamos que, tão logo o
proletariado se coloque em movimento, rompa com a passividade própria dos tempos
de refluxo e inicie uma ação independente enquanto classe portadora de um projeto
histórico, que é o socialismo, as condições para a unidade dos revolucionários serão
novamente possíveis.
Desde o XIII Congresso, o PCB vem se mantendo na oposição independente ao
governo Lula, por entender que este governo trabalha essencialmente para manter e
fortalecer o capital, restando à população apenas algumas migalhas como
compensação social, por meio de programas que canalizam votos institucionalizando
a pobreza e subordinando a satisfação das necessidades sociais ao crescimento da
economia capitalista, verdadeira prioridade do governo.
O governo atual se tem pautado pela cooptação de partidos políticos e movimento
sociais, buscando amortecer e institucionalizar a luta de classes, desmobilizando e
enfraquecendo os trabalhadores em sua luta contra o capital.
As antigas organizações políticas e sociais, que nasceram no bojo
das lutas do final dos anos 70, se transformaram em partidos e organizações da
ordem, ainda que guardem referência sobre a classe e abriguem militantes que
equivocadamente, alguns de maneira sincera, ainda procuram manter ou resgatar o
que resta de postura de esquerda.
Desta forma, estas organizações acabaram por perder a possibilidade histórica de
realizar o processo de mudanças sociais no país. Transformaram-se em organizações
chapa-branca, base de sustentação de um governo que, vindo do campo de esquerda,
disputou as eleições com uma proposta de centro esquerda, construiu uma
governabilidade de centro direita e acabou por implementar um projeto que
corresponde, na essência, aos interesses do grande capital monopolista, aproximando-
se muito mais de um social liberalismo do que de uma social democracia.
É necessária, por isso, uma reorganização dos movimentos populares,
especialmente do movimento sindical. O PCB trabalhará pela reorganização do
sindicalismo classista e pela unidade dos trabalhadores, através do fortalecimento de
sua corrente Unidade Classista e da Intersindical (Instrumento de Luta e Organização
da Classe Trabalhadora), atuando nesta para recompor o campo político que a
originou e ampliá-lo com outras forças classistas.

A função principal da Intersindical é a de ser, a partir da


organização e das lutas nos locais de trabalho, um espaço de articulação e unidade de
ação do sindicalismo que se contrapõe ao capital, visando à construção, sem
açodamento nem acordos de cúpula, de uma ampla e poderosa organização
intersindical unitária, que esteja à altura das necessidades da luta de classes.
Nesse sentido, o PCB reitera a proposta de convocação, no momento oportuno, do
Encontro Nacional da Classe Trabalhadora (ENCLAT), como consolidação deste
processo de reorganização do movimento sindical classista.
Também iremos trabalhar com afinco para a reorganização do movimento juvenil,
especialmente pelo resgate da União Nacional dos Estudantes como instrumento de
luta e de ação política da juventude, como foi ao longo de sua história. Mas a
reconstrução do movimento estudantil brasileiro não se dará através da mera disputa
pelos aparelhos e cargos nas organizações estudantis, tais como a UNE, a UBES e
demais.
Será necessária a incisiva atuação dos comunistas nas entidades de base, nas
escolas e universidades, para que o movimento estudantil retome sua ação
protagonista nas lutas pela educação pública emancipadora e pela formação de uma
universidade popular, capaz de produzir conhecimento a serviço da classe
trabalhadora e contribuir para a consolidação da contra-hegemonia proletária. Ou
seja, o movimento estudantil brasileiro precisa ser resgatado da sua letargia para
assumir o papel de organizador da juventude que quer lutar e construir o socialismo
no Brasil.

Procuraremos desenvolver também laços com todos os


movimentos populares, na resistência cotidiana dos trabalhadores em seus bairros e
locais de trabalho, de forma a estabelecermos uma relação mais estreita com a
população pobre e os trabalhadores em geral, ajudando-os a se organizarem para a
luta.
A luta pela terra no Brasil se choca diretamente com a ordem capitalista que deve
ser enfrentada, não apenas para se garantir o acesso à terra mas para a mudança
profunda do modelo de desenvolvimento agrícola contra a lógica mercantil,
monopolista e imperialista do agronegócio.
A aliança de classes necessária à construção de uma estratégia socialista para o
Brasil passa pela união entre os trabalhadores do campo e da cidade, dos pequenos
agricultores e assentados na luta por um Poder Popular comprometido com a
desmercantilização da vida e o fim da propriedade, empenhados na construção de
uma sociedade socialista.
O Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) conta com nossa irrestrita
solidariedade e nossa parceria, em sua necessária articulação com o movimento
sindical, juvenil e popular.

O PCB se empenhará também pela criação de um amplo e


vigoroso movimento que venha às ruas exigir, através de um plebiscito e outras
formas de luta, uma nova Lei do Petróleo, que contemple a extinção da ANP, o fim
dos leilões das bacias petrolíferas, a retomada do monopólio estatal do petróleo e a
reestatização da Petrobrás (como empresa pública e sob controle dos trabalhadores),
de forma a preservar a soberania nacional e assegurar que os extraordinários recursos
financeiros gerados pelas nossas imensas reservas de recursos minerais sejam usados
para a solução dos graves problemas sociais brasileiros e não para fortalecer o
imperialismo e dar mais lucros ao grande capital.
Da mesma forma, daremos importância especial à frente cultural, estreitando os
laços com artistas e intelectuais. Desde sempre a arte que se identifica com o ser
humano é também a que denuncia a desumanidade do capital e da ordem burguesa.
Desenvolvendo um trabalho contra a mercantilização da arte e do conhecimento,
na resistência ao massacre imposto pela indústria cultural capitalista, o PCB apoiará a
luta em defesa da plena liberdade de produção artística, intelectual e cultural e pela
criação de amplos espaços para as manifestações artísticas e culturais populares,
como parte inseparável de nossa luta pela emancipação humana.
Devido ao caráter fundamental da participação de intelectuais comprometidos com
a luta pela emancipação do proletariado e pela hegemonia ideológica, política e
cultural, o PCB jogará grande peso na tarefa permanente de formação,
aperfeiçoamento e atualização teórica e política de seus militantes e na relação com
intelectuais que detêm a mesma perspectiva revolucionária.

Nosso Partido vem realizando um intenso esforço no sentido de se


transformar numa organização leninista, capaz de estar à altura das tarefas da
Revolução Brasileira. Realizamos, no ano passado, a Conferência Nacional de
Organização, na qual reformulamos o estatuto, trocamos o conceito de filiado pelo de
militante, reforçamos a direção coletiva e o centralismo democrático.
Estamos desenvolvendo um trabalho de construção partidária a partir das células,
nos locais de trabalho, moradia, ensino, cultura e lazer, com o critério fundamental do
espaço comum de atuação e luta, preferencialmente nos locais onde a população já
desenvolve sua atuação cotidiana. O XIV Congresso Nacional coloca num patamar
superior a reconstrução revolucionária do PCB.
O PCB, como um dos instrumentos revolucionários do proletariado, quer estar à
altura dos desafios para participar da história de nossa classe na construção dos meios
de sua emancipação revolucionária. Mais do que desejar ser uma alternativa de
organização para os comunistas revolucionários, para os quais as portas do PCB estão
abertas, queremos ser merecedores desta possibilidade, por buscarmos traçar
estratégias e caminhos que tornem possível a revolução brasileira.

O PCB trabalhará de todas as formas e empregará todos os meios


possíveis para contribuir com a derrota da hegemonia burguesa no Brasil, visando
socializar os meios de produção capitalistas e transferi-los para o Poder Popular,
assim como construir uma nova hegemonia política, social, econômica, cultural e
moral da sociedade, de forma a que a população brasileira possa usufruir plenamente
de uma nova sociabilidade, baseada na solidariedade, na cooperação entre os
trabalhadores livres e emancipados do jugo do capital.
Por criarem toda a riqueza os trabalhadores têm o direito de geri-la de acordo com
suas necessidades, única forma de construir um novo ser humano e chegar a uma
sociedade sem classes e sem Estado: uma sociedade comunista.

Lembre-se: em Cascavel,
nós somos a Revolução!
Prefeito e vereador,
não tirem o couro
do trabalhador

Abaixo o tarifaço!
Passe Livre e tarifa mais baixa:
Lotação é direito
Lotação é serviço público
Este espaço está sempre aberto para artigos
e manifestações da comunidade
Na Internet, acompanhe uma nova
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Contra o trabalho escravo em todas as suas formas

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