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CURSOS ON-LINE – DIREITO ADMINISTRATIVO EM EXERCÍCIOS

PROFESSOR GUSTAVO BARCHET

AULA 8: PROCESSO ADMINISTRATIVO

As questões a seguir apresentadas tratam do processo ou procedimento


administrativo, segundo o disciplinamento da matéria na Lei 9.784/99.

Questão 01
(Oficial de Chancelaria – MRE/2002) – As normas básicas sobre o processo
administrativo, estabelecidas na Lei nº 9.784/99, inclusive no que se refere à
motivação dos atos administrativos e sua anulação ou revogação
a) são de aplicação no âmbito de toda Administração Federal Direta e Indireta.
b) não se aplicam aos órgãos do Poder Legislativo.
c) não se aplicam aos órgãos do Poder Judiciário.
d) não se aplicam aos entes da Administração Indireta.
e) são de aplicação forçada, também nos órgãos estaduais e municipais, bem como
nas suas entidades paraestatais.

Gabarito: A.

Comentários:

Bem, o que é processo ou procedimento administrativo (usaremos como sinônimas


as duas expressões)?
Segundo Celso Antônio Bandeira de Mello, “entre a lei e o ato administrativo existe
um intervalo, pois o ato não surge como um passe de mágica. Ele é produto de um
processo ou procedimento através do qual a possibilidade ou a exigência supostas na
lei em abstrato passam para o plano da concreção. No procedimento ou processo se
estrutura, se compõe, se canaliza e afinal se estampa a “vontade” administrativa.
Evidentemente, existe sempre um modus operandi para chegar-se a um ato
administrativo final”.
Como diz o Professor, o ato não surge de um passe de mágica, mas sim como
resultado de uma série de atos que lhe antecederam. O procedimento ou processo,
portanto, é uma série de atos que, apesar de ostentarem uma relativa autonomia (o
que permite sua impugnação individual), são praticados de forma sucessiva e
coordenada, resultando na produção de um ato final, conclusivo, que encerra a
atuação administrativa. Cada ato, dentro do procedimento, tem sua finalidade
específica e, ao mesmo tempo, seu lugar dentro do conjunto de atos. Deste modo, o
ato quando praticado, e uma vez tendo cumprido sua finalidade, é condição
indispensável para a produção do ato seguinte do procedimento, até se chegar ao
ato final.

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Por exemplo, se a Administração quiser celebrar determinado contrato, deverá, regra
geral, abrir uma licitação, nada mais do que um procedimento mediante o qual,
dentre diversos interessados em contratar com a Administração, é selecionado
aquele, dentre todos, que apresenta a proposta mais vantajosa.
Tal procedimento se inicia, salvo no convite, com a publicação do aviso do edital, ato
que tem por finalidade comunicar a todos os interessados que foi aberta uma
licitação com vistas a certo objeto, e que eles têm determinado prazo para
apresentar suas propostas e comprovar que tem condições de cumpri-las a contento
(condições de habilitação). Após a abertura, o próximo ato do procedimento é a
apresentação das propostas e da documentação de habilitação. Uma vez entregue a
proposta e a documentação, cabe à Comissão de licitação analisar as condições de
habilitação de cada licitante, isto é, verificar quais dentre eles possuem condições de
contratar com a Administração.
Isto feito, a Comissão analisa as propostas dos candidatos habilitados, e escolhe
dentre elas a mais vantajosa para a Administração, declarando-a vencedora do
certame. Uma vez feita a escolha, toda a documentação do processo segue para a
autoridade competente, para fins de verificação da legalidade dos atos até então
praticados. A autoridade, uma vez comprovada tal regularidade, homologará os atos
anteriores. Por fim, a autoridade competente adjudicará o objeto da licitação, ou
seja, atribuirá o seu objeto ao licitante vencedor. É este o ato final do processo.
Todos os atos anteriores tiveram sua finalidade específica dentro do procedimento,
mas todos foram direcionados a este ato final, a adjudicação do objeto da licitação.
Agora sim, a Administração está apta a celebrar o contrato.
Por aí já se vê como é complexo o procedimento, e como, se deixado ao sabor da
vontade administrativa discipliná-lo, poderão ser seriamente afetados os direitos dos
administrados.
Para reduzir este risco e para proporcionar uma atuação administrativa mais
eficiente, foi elaborada na esfera federal a Lei 9.784/99, que disciplina o processo
administrativo no âmbito da Administração Pública Federal Direta e Indireta,
abrangendo também os Poderes Judiciário e Legislativo, quando no desempenho de
suas atividades administrativas. O primeiro artigo da lei não deixa margem para
qualquer dúvida acerca de sua amplitude, ao estatuir:
“Esta Lei estabelece normas básicas sobre o processo administrativo no âmbito da
Administração Direta e Indireta, visando, em especial, à proteção dos direitos dos
administrados e ao melhor cumprimento dos fins da Administração”.
É bom que se diga que a Lei, apesar de sua inegável importância, por estabelecer
uma série de regras básicas de observância uniforme no seio da Administração, não
implica revogação de todas as leis que regulem processos específicos na esfera
federal. A própria Lei, mais uma vez, afasta qualquer dúvida na matéria, ao
determinar, no seu art. 69, que se aplica de forma tão só subsidiária aos processos
administrativos especiais, assim compreendidos aqueles disciplinados por lei própria,
a exemplo, do processo (ou procedimento) de licitação, o processo administrativo
fiscal e o processo administrativo disciplinar, todos regidos por diplomas legislativos

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próprios. A tais processos, dentre outros, a Lei 9.784/99 só será aplicada de forma
subsidiária, quando a legislação específica não disciplinar certa matéria.

Síntese do Comentário:
1) processo ou procedimento é um conjunto de atos, relativamente autônomos entre
si, que são praticados de forma seqüencial e coordenada, a fim de possibilitar a
produção de um ato final, o ato que objetivava a Administração produzir quando
instaurou o procedimento;
2) a Lei 9.784/99 regula o processo administrativo na esfera federal, alcançando
também os Poderes Legislativo e Judiciário quando no exercício da função
administrativa. Nos processos regidos por legislação específica a aplicação da Lei
9.784/99 é tão somente subsidiária.

Questão 02
(AFC/2002) – De acordo com disposição expressa da Lei 9.784/99, que regula o
processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal, não podem ser
objeto de delegação a edição de atos de caráter normativo, a decisão de recursos
administrativos a as matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade.
a) Correta a assertiva.
b) Incorreta a assertiva, porque pode ser delegada a edição de atos normativos.
c) Incorreta a assertiva, porque pode ser delegada a decisão em recurso
administrativo.
d) Incorreta a assertiva, porque pode ser delegada a matéria de competência
exclusiva do órgão ou autoridade.
e) Incorreta a assertiva, porque podem ser delegadas quaisquer das hipóteses
previstas.

Gabarito: A.

Comentários:

A Lei 9.784, nos art. 11 a 17, regula a competência em matéria administrativa, e


mais, especificamente, nos art. 12 a 14, traz importantes e peculiares regras sobre a
delegação de competência.
No art. 12 estatui que um órgão administrativo e seu titular, se não houver vedação
em lei, poderão delegar parte de sua competência a outros órgãos ou titulares, ainda
que estes não lhe sejam hierarquicamente subordinados, quando a medida mostrar-

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se conveniente em razão de motivos de ordem técnica, social, econômica, jurídica ou
territorial.
Deste dispositivo retiramos as seguintes regras:
1°) só admite-se a delegação parcial de competência;
2°) não é necessário que haja expressa disposição legal autorizando a delegação em
certa hipótese (o próprio dispositivo autoriza a medida por razões de ordem técnica,
social, econômica, jurídica ou territorial), basta que não exista norma vedando a
delegação;
3º) o órgão e seu titular podem delegar competência mesmo a órgãos e seus
titulares que não lhes sejam hierarquicamente subordinados: isto implica uma
considerável ampliação da possibilidade de delegação de competência, uma vez que
esta medida sempre foi analisada dentro do poder hierárquico, ou seja, sempre a
partir da idéia de que era uma determinação de um superior a um subordinado.
Pela disciplina da lei, a delegação, na esfera federal, pode ser adotada fora da cadeia
hierárquica, caso em que não pode ser vista como uma determinação, um comando;
O art. 13 traz importantes limitações à delegação, ao vedar a adoção da medida em
matéria de:
- edição de atos de caráter normativo;
- decisões de recursos administrativos;
- matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade.
Embora não seja esta a disciplina expressamente adotada na lei, podemos
considerar, de certa forma, que a competência para a edição de atos normativos e
para a decisão de recursos administrativos deve sempre ser visto como exclusiva,
uma vez que não pode ser delegada.
Finalizando o disciplinamento da matéria, o artigo 14 traz diversas regras sobre
delegação, estabelecendo que:
1) o ato delegatório deverá ser específico quanto aos poderes delegados, aos
limites de atuação da autoridade delegada, à finalidade da delegação e aos recursos
cabíveis;
2) a delegação pode se dar com ou sem reserva de poderes: na delegação sem
reserva de poderes a autoridade delegante, enquanto eficaz a delegação, retira de si
própria a possibilidade de praticar atos que se enquadrem na matéria delegada; na
delegação com reserva de poderes a autoridade delegante ressalva que permanece
com poderes para praticar atos na matéria delegada;
3) a delegação é revogável a qualquer tempo, a critério da autoridade delegante;
4) o ato praticado a partir de competência delegada considera-se de autoria da
autoridade que recebeu a delegação (é desta, portanto, a legitimidade passiva para
responder em mandado de segurança quando atuar de forma ilegal ou abusiva).
Por todo o exposto, está correto o enunciado da questão.

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Síntese do Comentário:
1) A Lei 9.784/99 só admite a delegação parcial de competência, não exige expressa
previsão em lei para a delegação, basta que não exista proibição, e pode ser
efetuada fora da cadeia hierárquica, a órgãos e autoridades não subordinados ao
órgão ou autoridade delegante;
2) veda-se a delegação em matéria de: (1) edição de atos de caráter normativo; (2)
decisões de recursos administrativos; (3) matérias de competência exclusiva do
órgão ou autoridade;
3) a delegação pode ser adotada com e sem reserva de poderes, é revogável a
qualquer tempo, e o ato praticado com base na delegação considera-se praticado
pela autoridade delegada.

Questão 03
(Analista de Controle Externo - ACE – TCU/2002) - No âmbito do processo
administrativo, não pode ser objeto de delegação de competência o ato que:
a) imponha a penalidade a servidor.
b) instaure o procedimento de inquérito administrativo.
c) decida o recurso administrativo.
d) designe os membros da Comissão de Sindicância.
e) determine a intimação do interessado para a ciência da decisão.

Gabarito: C.

Comentários:

Perceba como é importante conhecer o art. 13 da Lei 9.784/99. Quem não tiver na
memória as matérias em que a lei não admite delegação (edição de atos normativos;
decisão de recursos administrativos e matérias de competência exclusiva do órgão
ou autoridade) inevitavelmente vai ficar com sérias dúvidas em questões como esta.
Devemos notar que este tipo de questão, em que a ESAF fala genericamente em
processo administrativo, a instituição está a exigir que o candidato analise a matéria
com base na Lei 9.784/99. Isso é importante.
Se formos analisar a delegação em matéria de processo administrativo disciplinar, tal
como regulada pela Lei 8.112/90, em seu art. 143, parágrafo terceiro,
concluiremos que é possível a delegação para a instauração do processo
administrativo disciplinar, para a designação da Comissão disciplinar e para a prática
de todos os atos que antecedem o julgamento. Contudo, a competência para o
próprio julgamento é indelegável (parte final do dispositivo). Aplicando-se o preceito

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a esta questão, podemos considerar indelegável a competência para a imposição da
penalidade (que é prerrogativa da autoridade julgadora).
Pois bem, tal conclusão está correta, com base nas disposições da Lei 8.112/90.
Contudo, questões da ESAF como esta, em que se fala genericamente em processo
administrativo, devem ser analisadas a partir do disposto na Lei 9.784/99. E, com
base, neste diploma, a única competência indelegável, dentre as arroladas nas
alternativas, é a da letra c: para a decisão de recursos administrativos.

Síntese do Comentário:
1) apenas uma dica: nas questões que a ESAF fala em processo administrativo,
genericamente, analise as alternativas considerando a Lei 9.784/99.

Questão 04
(Procurador BACEN/2001) – Inexistindo competência legal específica, o processo
administrativo deverá ser iniciado perante
a) a autoridade com menor grau hierárquico para decidir.
b) qualquer autoridade.
c) a autoridade com competência mais próxima e similar.
d) a autoridade com maior grau hierárquico para decidir.
e) a autoridade com grau hierárquico para decidir.

Gabarito: A.

Comentários:

O último dispositivo da Lei 9.784/99 sobre competência é o art. 17, que trata
exatamente da matéria cobrada no enunciado. Reza o dispositivo:
“Inexistindo competência legal específica, o processo administrativo deverá ser
iniciado perante a autoridade de menor grau hierárquico para decidir”.
Era comum na doutrina o entendimento de que, se não houvesse dispositivo legal
disciplinando a competência em certa matéria, era de se considerar que a mesma
estava atribuída implicitamente a mais alta autoridade administrativa da esfera de
governo, o chefe do Executivo ou de um dos demais Poderes, conforme a hipótese.
Seriam procedimentos, portanto, em única instância, porque iniciados perante a mais
alta autoridade administrativa. Tal entendimento, ao menos na esfera federal, restou
superado pelo dispositivo retrotranscrito.

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Síntese do Comentário:
1) segundo o art. 17 da Lei 9.784/99, não havendo expressa previsão legal
específica, o processo administrativo na esfera federal deve ser iniciado perante a
autoridade de menor grau hierárquico.

Questão 05
(Procurador BACEN/2001) – A recente lei federal relativa aos processos
administrativos adotou diversos princípios da Administração Pública entre seus
comandos. O inc. XIII do art. 2º desta Lei tem a seguinte redação:
“XIII – interpretação da norma administrativa de forma que melhor garanta o
atendimento do fim público a que se dirige, vedada aplicação retroativa de nova
interpretação.”
Este comando alude ao seguinte princípio:
a) finalidade
b) proporcionalidade
c) hermenêutica
d) segurança jurídica
e) legalidade

Gabarito: D.

Comentários:

O princípio da segurança jurídica não pertence apenas à seara do processo


administrativo, muito pelo contrário, constitui um dos mais importantes postulados
do Estado Democrático de Direito.
O princípio tem por conteúdo conferir um mínimo de estabilidade às relações
jurídicas frente à inevitável transformação do Direito, seja em termos de doutrina,
seja em termos de jurisprudência, seja em termos de legislação.
As mudanças são necessárias e até mesmo bem-vindas, contudo, não podem
ultrapassar certos limites. Tais limites são as aplicações específicas do princípio da
segurança jurídica, podendo-se, dentre elas, citar a impossibilidade de lei vir a afetar
o ato jurídico perfeito, a coisa julgada e o direito adquirido, bem como a vedação à
aplicação retroativa de nova interpretação de norma administrativa, objeto da
questão.
Devemos perceber que a lei veda a aplicação retroativa em qualquer hipótese, seja a
nova interpretação benéfica ou prejudicial ao administrado. Como dito acima, o

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princípio da segurança jurídica busca assegurar um mínimo de estabilidade às
relações jurídicas, e não privilegiar algum de seus participantes.
Assim, praticado um ato quando vigente certo posicionamento administrativo sobre a
aplicação de uma norma, não poderá uma nova interpretação, construída em
momento posterior à produção do ato, vir a alcançá-lo. É isto que pretende o
princípio assegurar, nesta aplicação.

Síntese do Comentário:
1) O inc. XIII do art. 2º da Lei 9.784/99 impõe a interpretação da norma
administrativa de modo a que melhor se atenda ao fim de interesse público a que a
norma visa, entretanto, veda a aplicação retroativa de nova interpretação, não
importando se ela representa benefício ou prejuízo para o administrado;
2) assim, praticado um ato sob a égide de certa interpretação dos órgãos
administrativos, tal ato não pode ser atingido se posteriormente for alterada esta
interpretação.

Questão 06
(Analista MPU/2004 – Área Administrativa) Um dos elementos essenciais à validade,
dos atos administrativos, é a motivação, que consiste na indicação dos seus
pressupostos fáticos e jurídicos, o que porém e preterível, naqueles que
a) importem anulação ou revogação de outro anterior.
b) dispensem ou declarem inexigível licitação.
c) apliquem jurisprudência indicada em parecer adotado.
d) importem ou agravem encargos ou sanções.
e) neguem, limitem ou afetem direitos.

Gabarito: C.

Comentários:
Vamos relembrar alguns conceitos.
Motivo é o pressuposto de fato e de direito que autoriza (nos atos discricionários) ou
determina (nos atos vinculados) a produção do ato administrativo.
A motivação, por sua vez, consiste na declaração por escrito dos motivos que
levaram à produção do ato administrativo. Valendo-nos das expressões do
enunciado, é a indicação dos pressupostos fáticos e jurídicos do ato administrativo.
No ato de imposição de sanção disciplinar, o motivo é a falta cometida pelo servidor,
bem como o dispositivo legal onde a conduta do servidor é caracterizada como falta

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administrativa; a motivação é declaração por escrito que o servidor praticou uma
conduta faltosa com base em certo dispositivo legal.
A doutrina sempre discutiu intensamente sobre as hipóteses em que a motivação do
ato seria condição obrigatória para sua validade, uma vez que a exposição por
escrito dos motivos de fato e de direito que culminaram num ato administrativo é
sem dúvida aspecto importantíssimo para um efetivo controle da atuação
administrativa.
A posição doutrinária dominante, em vista disto, é de que todos os atos vinculados
têm como requisito de validade sua motivação, enquanto que para os atos
discricionários tal medida constitui regra geral, admitindo ser excepcionada em
algumas hipóteses, sendo a mais comum a exoneração do servidor de cargo em
comissão.
Apesar deste posicionamento doutrinário, a Lei 9.784/99, no art. 50, inovou na
matéria. Não diferenciou a obrigatoriedade ou não de motivação com base na
dicotomia atos vinculados/atos discricionários, mas na importância do ato, na sua
relevância jurídica. A par disso, listou num rol os atos que exigem como condição de
validade a declaração de seus motivos.
A seguir, segue transcrito o art. 50:
“Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e
dos fundamentos jurídicos quando:
I – neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;
II – imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções;
III – decidam processos administrativos de concurso ou seleção pública;
IV – dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatório;
V – decidam recursos administrativos;
VI – decorram de reexame de ofício;
VII – deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou discrepem de
pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais;
VIII – importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação de ato
administrativo.”
A partir da sistemática adotada na lei, podemos concluir que, no seio da
Administração Pública Federal, inúmeros atos, sejam vinculados ou discricionários,
não exigem motivação para sua válida produção. Dentre eles, os mais importantes
são com maestria enfatizados pelo Professor Celso Antônio Bandeira de Mello.
Afirmou o Autor, sobre o artigo em comento:
“Conquanto seja certo que o arrolamento em apreço abarca numerosos e
importantes casos, o fato é que traz consigo restrição intolerável. Basta lembrar que
em País no qual a Administração frequentemente pratica favoritismos ou liberdades
com recursos públicos a motivação é extremamente necessária em atos ampliativos

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de direitos, não contemplados na enumeração. Assim, parece-nos inconstitucional tal
restrição, por afrontar um princípio básico do Estado de Direito.”
A observação do Professor é irretocável. Os atos ampliativos de direitos são os atos
administrativos que conferem um direito ao administrado ou aumentam de amplitude
um direito anteriormente reconhecido, a exemplo das autorizações, licenças e
permissões.
O inc. I do art. 50 fala em atos que “neguem, limitem ou afetem direitos e
interesses”. Aceitando-se uma interpretação extensiva da norma, até podemos
considerar que os atos que implicam conferir maior abrangência a um direito que,
em si mesmo, já foi reconhecido (autorização para uso de espaço público por 06
meses que, antes do transcurso do prazo inicial, é ampliada para 12 meses) estão
abrangidos pelo dispositivo, já que seriam atos que afetam direitos. Agora, os atos
que reconhecem um direito originalmente (a autorização inicial de 06 meses) não
estão compreendidos na norma (um ato só afeta um direito se este já existir, se for
o próprio ato a reconhecê-lo não é possível o enquadramento).
Deve-se ressaltar que a Administração Federal pode motivar um ato que não esteja
elencado no art. 50, já que a norma traz um rol mínimo de atos obrigatoriamente
motivados.
De qualquer modo, dentre os atos arrolados nas alternativas, prescindem de
motivação os mencionados na alternativa c (“apliquem jurisprudência indicada em
parecer adotado”), já que a lei exige motivação apenas para os atos que “deixem
de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou discrepem de pareceres,
laudos, propostas e relatórios oficiais”.

Síntese do Comentário (apenas pontos ainda não abordados):


1) a posição doutrinária majoritária é de que todos os atos vinculados exigem a
indicação de seus pressupostos fáticos e jurídicos (motivação), sendo a medida a
regra geral para os atos discricionários, os quais, em restritas hipóteses, podem ser
praticados sem motivação;
2) a Lei 9,784/99 não se pautou pelo posicionamento da doutrina, baseando a
obrigatoriedade ou não de motivado não no fato de o ato ser vinculado ou
discricionário, mas na importância do ato. Assim, declarou que a exposição dos
pressupostos fáticos e jurídicos é requisito indispensável nos atos que: I – neguem,
limitem ou afetem direitos ou interesses; II – imponham ou agravem deveres,
encargos ou sanções; III – decidam processos administrativos de concurso ou
seleção pública; IV – dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatório;
V – decidam recursos administrativos; VI – decorram de reexame de ofício; VII –
deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou discrepem de
pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais; VIII – importem anulação,
revogação, suspensão ou convalidação de ato administrativo;
3) dentre os atos administrativos mais relevantes, os que ficaram fora do rol foram
os atos ampliativos, os que reconhecem um direito ao administrado ou aumentam a
abrangência de um direito já reconhecido. Embora possa se considerar que este

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segundo tipo de ato administrativo está listado no art. 50, podemos declarar que, em
termos gerais, os atos ampliativos não requerem motivação para serem praticados.
Todavia, o fato de não estarem previstos no art. 50 não impede a Administração
Federal de motivar tais atos, ou quaisquer outros não constantes na norma.

Questão 07
(Auditor-Fiscal do Trabalho - MTE- 2003) - A convalidação de ato administrativo
decorre de certos pressupostos. Não se inclui entre estes pressupostos:
a) não acarretar lesão ao interesse público.
b) não causar prejuízo a terceiros.
c) o defeito ter natureza sanável.
d) juízo de conveniência e oportunidade da autoridade competente.
e) autorização judicial quando se tratar de matéria patrimonial.

Gabarito: E.

Comentários:

Convalidação é a correção de um ato ilegal com eficácia retroativa.


A convalidação foi figura até pouco tempo atrás combatida pela maioria de nossos
administrativas, sob o entendimento de que todo e qualquer vício de um ato
administrativo fere o interesse público; logo, não há outra medida possível frente a
tal situação que não a anulação do ato.
Para os defensores da convalidação, há atos que apresentam vícios passíveis de
correção, porque menos graves, que são os atos anuláveis; e há atos cujos vícios
são de maior gravidade e que não admitem correção: são os atos nulos.
A Lei 9.874/99 filiou-se a esta segunda corrente, reconhecendo implicitamente que
há dois tipos de atos: os portadores de defeitos sanáveis (anuláveis), que admitem
a convalidação, e os portadores de defeitos não sanáveis (nulos), que não admitem
a correção. Ademais, fixou para determinados tipos de atos um prazo fatal para sua
anulação, sob pena de não poder mais a medida ser adotada, seja qual for o grau de
defeito presente no ato:
A Lei trata do tema no art. 54, nos seguintes termos:
1º) atos benéficos aos administrados: a Administração tem o prazo decadencial
de 05 anos para proceder à anulação desses atos. Transcorrido esse período,
considera-se convalidado o ato e definitivamente assegurados os direitos
dele decorrentes ao seu beneficiário, salvo comprovada má-fé da sua parte. É

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hipótese de convalidação tácita (ultrapassado o prazo, o ato não pode mais ser
anulado);
2º) atos portadores de defeitos sanáveis: podem ser convalidados se da medida
não resultar lesão ao interesse público ou a terceiros. Trata-se aqui de
convalidação expressa (está efetivamente sendo praticado um ato – de correção –
pela Administração).
Na segunda hipótese a convalidação é medida adotada discricionariamente pela
Administração, em vista do termo “pode” que inicia a regra, com o que se deixa claro
a natureza desta competência. Ademais, só se admite a convalidação se o ato for
portador de defeitos sanáveis.
Trabalhando a partir de cinco elementos de validade do ato administrativo
(competência, finalidade, forma, motivo e objeto) a doutrina (que hoje se inclina
majoritariamente a favor da convalidação) tem entendimento relativamente pacífico
sobre o que se considera defeito sanável: é apenas o vício de competência, quando
esta é não-exclusiva, e de forma, quando esta é não-essencial à validade do ato.
Portanto, a convalidação expressa pode incidir apenas quando o ato apresentar
estes dois defeitos. Do contrário ela não é autorizada.
A mesma conclusão, todavia, não é válida para a primeira hipótese de convalidação,
a tácita, pois ao prevê-la o art. 54 não menciona defeito sanável. Logo, os atos que
beneficiarem os administrados, salvo se estes estiverem de má-fé, não podem mais
ser anulados pela Administração uma vez transcorrido o prazo decadencial de 05
anos, qualquer que seja o defeito que o ato apresente.

Síntese do comentário:
1) convalidação é a correção de um ato ilegal com efeitos retroativos;
2) a Lei 9.784/99 normatiza a matéria no art. 54, estabelecendo uma hipótese de
convalidação tácita e uma hipótese de convalidação expressa, nos seguintes termos:
1º) atos benéficos aos administrados: a Administração tem o prazo decadencial de
05 anos para proceder à anulação desses atos. Transcorrido esse período, considera-
se convalidado o ato e definitivamente assegurados os direitos dele decorrentes ao
seu beneficiário, salvo comprovada má-fé da sua parte. É hipótese de convalidação
tácita, e alcança qualquer tipo de defeito do ato;
2º) atos portadores de defeitos sanáveis: podem ser convalidados se da medida não
resultar lesão ao interesse público ou a terceiros. Trata-se aqui de hipótese de
convalidação expressa, adotada com discricionariedade pela Administração, e
ademais, apenas no caso de defeito sanável (defeito em competência não-exclusiva
ou forma não-essencial).

Questão 08

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(TRF/2003) - No âmbito da Administração Pública Federal, o ato administrativo,
quando eivado de vício insanável de legalidade do qual tenha gerado efeitos
patrimoniais, para terceiros de boa-fé,
a) só pode ser anulado, administrativamente, no prazo decadencial de cinco anos.
b) pode ser anulado, a qualquer tempo, com eficácia ex nunc (doravante), desde que
respeitados os direitos adquiridos.
c) não pode ser anulado, sequer por decisão judicial.
d) só por decisão judicial é que pode vir a ser reformado.
e) torna-se irreversível, em razão da presunção de legalidade e da segurança
jurídica.

Gabarito: A.

Comentários:

No contexto em que está feita a afirmação pode-se considerar que o ato que “tenha
gerado efeitos patrimoniais” é um ato benéfico para o administrado, e que este
“terceiro de boa-fé” é o destinatário de boa-fé previsto na lei (porque, como ato
administrado é unilateral, praticado apenas pela Administração, na verdade todos
seus eventuais beneficiários são terceiros em relação a ele).
Fazendo-se esta adaptação, de resto correta, basta aplicar o disposto no art. 54 da
Lei 9.784/99: o ato só pode ser anulado no prazo decadencial de 05 anos. Faltou o
“salvo má-fé do beneficiário”, mas não tinha nenhuma alternativa melhor na
questão.
O que é importante a reter aqui é o que a ESAF deixou claro no enunciado: a
convalidação tácita alcança os vícios insanáveis do ato, como consta no
enunciado. Nesta hipótese, portanto, não importa se o defeito é de competência,
finalidade, forma, motivo ou objeto: passou 05 anos, babau pra Administração (salvo
malandragem do administrado).

Síntese do Comentário:
1) retenha somente isto: na convalidação tácita não importa se o defeito é sanável
ou insanável. Ultrapassados os 05 anos, o ato não pode mais ser anulado pela
Administração, salvo ma-fé do beneficiário.

Questão 09
(Advogado do Instituto de Resseguros do Brasil - IRB/2004) - Quanto aos recursos
administrativos, assinale a afirmativa falsa.

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a) Têm legitimidade para interpor recurso administrativo as associações quanto a
direitos ou interesses difusos.
b) O recurso administrativo, salvo disposição legal diversa, tramitará no máximo por
cinco instâncias administrativas.
c) Os recursos são cabíveis em face de razões de legalidade e de mérito.
d) Salvo exigência legal, a interposição de recurso administrativo independe de
caução.
e) A regra geral é que o recurso administrativo não tenha efeito suspensivo.

Gabarito: B.

Comentários:

a) Têm legitimidade para interpor recurso administrativo as associações quanto a


direitos ou interesses difusos (certa).
A matéria é regulada no art. 58 da Lei 9.784/99, segundo o qual possuem
legitimidade para interpor recurso na esfera administrativa:
1) os titulares de direitos e interesses que forem parte do processo;
2) aqueles cujos direitos ou interesses forem indiretamente afetados pela decisão
recorrida;
3) as organizações e associações representativas, no tocante a direitos e interesses
coletivos;
4) os cidadãos ou associações, quanto a interesses difusos (portanto, alternativa
correta).
A disciplina na lei é bastante interessante. A primeira regra é lógica: possuem
legitimidade para recorrer aqueles que forem parte no processo. Neste caso o direito
de recorrer nada mais é do que um prolongamento do direito de petição assegurado
pela Constituição Federal. Se alguém dá início a um processo administrado, ou a ele
é chamado na condição de parte, quando o processo é iniciado de ofício, tem
assegurado seu direito de recorrer em caso de eventual desconformidade com a
decisão proferida na primeira instância administrativa.
A segunda regra é toda própria da Lei 9.784/99. O diploma autorizou que mesmo
aqueles que não sejam parte em um processo, pelo fato de o direito ou interesse em
discussão não lhes dizer diretamente respeito (ou seja, o interesse ou direito não é
seu, mas de terceiro), apresentem recursos quando a decisão possa afetar
indiretamente um direito ou interesse seu, que não está sendo discutido no
processo. Seria o caso, por exemplo, da administração decidir pela revogação de
uma autorização para a instalação de uma banca de jornais em uma praça pública.
Além do próprio titular do direito ter legitimidade para recorrer desta decisão, contra
ela pode se insurgir alguém que tenha celebrado contrato de fornecimento de jornais

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para o titular da autorização. O fornecedor não é o titular do direito (este é o
autorizatário), mas a decisão pela revogação afeta indiretamente um interesse seu
(pois deixará de fornecer jornais ao titular da banca, se revogada a autorização).
Em prosseguimento, a lei autoriza que as organizações e associações representativas
possam recorrer no caso de direitos e interesses coletivos E, por fim, autoriza que
não só associações, mas os próprios cidadãos, apresentem recursos administrativos
na defesa de interesses difusos.

b) O recurso administrativo, salvo disposição legal diversa, tramitará no máximo por


cinco instâncias administrativas (errada).
Literalidade do art. 57 da Lei. O recurso administrativo tramitará por, no máximo,
03 instâncias administrativas, salvo disposição legal em contrário.
Devemos notar que, se o recurso tramitará por no máximo três instâncias, então o
processo tramitará por no máximo quatro (a instância inicial e as três recursais).

c) Os recursos são cabíveis em face de razões de legalidade e de mérito (certa).


O caput do art. 56 da Lei é claro ao estatuir que é cabível recurso por razões de
legalidade ou de mérito. Deste modo, pode o insurgente basear sua pretensão
tanto em motivos de legalidade (entende que a decisão afrontou algum dispositivo
de lei ou algum princípio administrativo) quanto de mérito (entende que, apesar de a
decisão em si ser legal, o entendimento correto seria outro naquele processo em
questão).
O mais importante a se entender é que o direito de recorrer não pressupõe que o
interessado traga aos autos novos elementos (ao contrário do processo de revisão,
como veremos). Ele, inconformado cm a decisão proferida, e com base nos
elementos já constantes do processo, impugna-a por razões de mérito ou de
legalidade.

d) Salvo exigência legal, a interposição de recurso administrativo independe de


caução (certa).
Nos termos do art. 56, parágrafo segundo, salvo disposição expressa de lei o
recurso não tem como requisito de admissibilidade a prestação de caução, ou seja,
não é necessário o oferecimento de qualquer valor ou bem como garantia do juízo.
Por exemplo, se um administrado está discutindo um direito cujo valor estimado seja
de R$ 200.000,00, não precisará depositar qualquer percentual desta quantia para
interpor um recurso contra decisão que lhe tenha sido adversa.

e) A regra geral é que o recurso administrativo não tenha efeito suspensivo (certa).
O art. 61 da Lei estatui que, salvo disposição legal em contrário, o recurso não
possui efeito suspensivo. Tal efeito, porém, poderá discricionariamente ser

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conferido pela autoridade recorrida ou por seu superior hierárquico, a pedido ou de
ofício, quando se convencerem de que há justo receio de prejuízo de difícil ou
incerta reparação decorrente da execução da decisão impugnada.
É interessante percebemos que o efeito suspensivo, se concedido, independe de
pedido expresso do recorrente. Basta que a autoridade recorrida (aquela cuja
decisão é objeto do recurso) ou a autoridade a ela imediatamente superior se
convençam de que está configurada a hipótese da lei – justo receio de prejuízo de
difícil ou incerta reparação se a decisão de primeira instância vier a ser executada.

Síntese do Comentário:
1) nos termos do art. 58 da Lei 9.784/99, têm legitimidade para interpor recurso
administrativo: (a) os titulares de direitos e interesses que forem parte do processo;
(b) aqueles cujos direitos ou interesses forem indiretamente afetados pela decisão
recorrida; (c) as organizações e associações representativas, no tocante a direitos e
interesses coletivos; (d) os cidadãos ou associações, quanto a interesses difusos;
2) o recurso pode ser interposto por motivos de mérito ou de legalidade. Além disso,
pode basear-se nos mesmos elementos já constantes nos autos, sem necessidade de
alegação de fatos novos;
3) salvo disposição legal em contrário, o recurso tramitará por no máximo 03
instâncias (e o processo, portanto, por no máximo 04, a instância inicial e as três
recursais).
4) salvo disposição de lei em contrário, (1) a interposição de recurso independe de
caução e (2) não tem efeito suspensivo (o qual, contudo, pode ser conferido,
independentemente de pedido do recorrente, pela autoridade recorrida ou por seu
superior, sempre que se convencerem de que a execução da decisão poderá resultar
em prejuízo de difícil ou incerta reparação).

Questão 10
(Analista Judiciário - TRT - 7ª Região – 2003) - A Lei Federal de processo
administrativo (Lei nº 9.784/99) dispõe sobre os recursos administrativos. Conforme
seu comando, não se inclui entre as hipóteses pelas quais um recurso não será
conhecido quando interposto:
a) por quem não seja legitimado.
b) após exaurida a esfera administrativa.
c) fora do prazo.
d) sem o preparo prévio.
e) perante órgão incompetente.

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Gabarito: D.

Comentários:

Os requisitos ou pressupostos de admissibilidade de um recurso são as


condições que ele tem que satisfazer para ser apreciado pela autoridade competente.
Quando cumpridos, não asseguram o sucesso da pretensão do recorrente, mas
garantem que o recurso será conhecido, julgado pela autoridade.
Segundo o art. 63 o recurso não será conhecido quando interposto quando
interposto:
1) fora do prazo;
2) perante órgão incompetente;
3) por quem não seja legitimado;
4) após exaurida a esfera administrativa.
Não consta como requisito de admissibilidade do recurso administrativo o preparo
prévio, ou seja, o pagamento de custas processuais. E isso porque o art. 2º, XI, da
lei, veda a “cobrança de despesas processuais ressalvadas as previstas em lei”.
Podemos, portanto, considerar que a regra geral é a inexistência da necessidade de
prévio preparo, uma vez que o trâmite processual é gratuito. Tal regra admitirá,
todavia, exceção, quando assim disposto em lei.
A lei disciplina de forma um tanto interessante o segundo requisito de
admissibilidade, pois declara, no parágrafo primeiro do art. 63, que, em caso de
recurso interposto perante órgão incompetente, além de ser obrigação da
Administração a indicação o órgão competente, ainda será devolvido ao
recorrente o prazo para interposição do recurso. Desse modo, nenhum prejuízo
haverá para o impetrante em protocolar a peça recursal perante órgão inapto para
apreciá-la, já que, além de ser informado do órgão correto, a ele será devolvido
integralmente o prazo para nova apresentação.
O parágrafo segundo do art. 63 traz prescrição que espelha entendimento
doutrinário dominante, qual seja, mesmo quando uma petição qualquer do
administrado não observa seus pressupostos de admissibilidade, o seu não-
conhecimento não impede a Administração de alterar de ofício o ato impugnado,
quando restar comprovada sua ilegalidade.
Deste modo, o dispositivo em questão assevera que o não conhecimento do recurso
não impede a Administração de rever de ofício o ato ilegal, quando ainda não
ocorrida a preclusão administrativa (o encerramento das vias administrativas). Deste
modo, a não ser que já esteja exaurida a instância administrativa, se for
apresentado um recurso sem o preenchimento de algum dos requisitos do art. 63, o
recurso, em si, não será apreciado. Mas, se pelas informações contidas na peça, a
Administração constatar ilegalidade em determinado ato, deverá revê-lo de ofício

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(a lei dá a entender que tal conduta seria discricionária para a Administração, mas
na verdade ela tem o dever de revisar o ato, uma vez constatada sua ilegalidade).

Síntese do comentário:
1) requisitos ou pressupostos de admissibilidade são as condições que um recurso
tem que satisfazer para que seja conhecido, julgado pela autoridade competente;
2) na esfera federal o recurso não será conhecido quando apresentado: (a) fora do
prazo; (b) perante órgão incompetente; (c) por quem não seja legitimado; (d) após
exaurida a esfera administrativa. O prévio preparo não é pressuposto de
admissibilidade, pois é vedada a cobrança de despesas processuais, salvo previsão
em lei;
3) se o impetrante apresentar seu recurso perante órgão incompetente, deve ser-lhe
indiciado o órgão competente e devolvido integralmente o prazo para nova
interposição;
4) quando houver ilegalidade no ato, o não preenchimento pelo recurso de algum de
seus requisitos de admissibilidade não impede a Administração de rever o ato de
ofício, a não ser que tenha ocorrido a preclusão administrativa (encerramento das
vias administrativas).

Questão 11
(Técnico MPU/2004 – Área Administrativa) - Quem tiver direito ou interesse seu
afetado por um determinado ato administrativo, pode dele recorrer,
administrativamente, objetivando a sua invalidação e o restabelecimento da situação
anterior, que, quando não houver norma legal específica, em sentido contrário, far-
se-á mediante pedido de reexames interposto no prazo máximo de
a) 5 dias.
b) 8 dias.
c) 15 dias.
d) 10 dias.
e) 30 dias.

Gabarito: D.

Comentários:

A matéria referida no enunciado é o prazo para a interposição de recursos


administrativos na esfera federal, assunto objeto do art. 59 da Lei.

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Segue o dispositivo (destacamos):
“Art. 59. Salvo disposição legal específica, é de 10 (dez) dias o prazo para
interposição de recurso administrativo, contado a partir da ciência ou divulgação
oficial da decisão recorrida.
§ 1° Quando a lei não fixar prazo diferente, o recurso administrativo deverá ser
decidido no prazo máximo de 30 (trinta) dias, a partir do recebimento dos autos
pelo órgão competente.
§ 2° O prazo mencionado no parágrafo anterior poderá ser prorrogado por igual
período, ante justificativa explícita.”
O prazo para a apresentação do recurso, salvo dispositivo legal em contrário, é de 10
dias, a contar da ciência ou da publicação oficial da decisão impugnada. O prazo
conta-se, pois, da data do conhecimento real (ciência) ou fictício (publicação) da
decisão, e não data em que ela foi prolatada (a decisão pode datar de 01/06/2005 e
chegar ao conhecimento do interessado apenas em 01/10/2005; iniciando-se o
prazo, então, desta segunda data).
O prazo para que o recurso seja decidido é de 30 dias, salvo previsão diversa em lei,
a contar do recebimento dos autos pelo órgão competente. Este prazo poderá ser
prorrogado por igual período, mediante justificativa expressa. Se a decisão for
proferida em data posterior à fixada, isto não representa vício, sendo válida a
decisão. A conseqüência, se for extrapolado o prazo, é a punição da autoridade
morosa, a não ser que esta comprove justo motivo para o atraso.

Síntese do Comentário:
1) salvo disposição legal específica, o prazo para a interposição do recurso é de 10
dias, a contar da data da ciência ou da publicação oficial da decisão recorrida;
2) já o prazo para a decisão do recurso é de 30 dias, a contar do recebimento dos
autos do processo. Este prazo pode ser prorrogado por igual período, mediante
adequada justificativa da autoridade julgadora. Contudo, mesmo ultrapassado os
prazos aqui estabelecidos, não é nula a decisão proferida, acarretando a demora
somente a punição da autoridade responsável, a não ser que esta comprove justo
motivo para o atraso.

Questão 12
(AFPS – Tributação e Julgamento/2002) - De modo geral, conforme previsto em lei,
os processos administrativos, de que resultem sanções, poderão ser revistos, a
qualquer tempo, a pedido ou de ofício, quando surgirem fatos novos ou
circunstâncias relevantes, susceptíveis de justificar a inadequação da penalidade
aplicada, a qual poderá ser agravada, se for o caso, conforme o que resultar daquela
revisão.
a) Correta a assertiva.

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b) Incorreta a assertiva, porque só cabe revisão do processo a pedido do respectivo
interessado.
c) Incorreta a assertiva, porque da revisão do processo não poderá resultar
agravamento da sanção.
d) Incorreta a assertiva, porque a regra geral é de que os processos não podem ser
revistos, em razão de fatos novos.
e) Incorreta a assertiva, porque a regra geral é de que os processos não podem ser
revistos, em razão de superveniência de circunstâncias, mesmo se forem relevantes
e susceptíveis de justificar a inadequação da penalidade aplicada.

Gabarito: C.

Comentários:

A revisão, na esfera administrativa federal, é matéria do art. 65 da Lei 9.784/99,


vazado nos seguintes termos (destacamos):
“Art. 65. Os processos administrativos de que resultem sanções podem ser
revistos a qualquer tempo, a pedido ou de ofício, quando surgirem fatos novos
ou circunstâncias relevantes suscetíveis de justificar a inadequação da penalidade
aplicada.
Parágrafo Único. Da revisão do processo não poderá resultar agravamento de
penalidade.”
A lei só disciplina a revisão nos processos em que haja imposição de sanções, o
que não impede que posteriormente venha o instituto a ser ampliado, por lei, a
outras hipóteses.
O primeiro ponto a ser destacado é que o direito de iniciar um processo de revisão é
imprescritível. A norma é clara ao estatuir que os processos administrativos que
impuserem sanções podem ser revistos a qualquer tempo. Ademais, a iniciativa da
revisão pode partir da própria Administração, agindo de ofício, ou do administrado.
O segundo ponto é o requisito de admissibilidade da revisão: fatos novos ou
circunstâncias suscetíveis de justificar a inadequação da penalidade
aplicada. Não basta, para este processo, que a parte (ou a Administração, de ofício)
alegue injustiça na aplicação da penalidade, ou venha pleitear uma interpretação
diversa da norma que escorou sua punição. É indispensável que ela carreie ao
processo fatos novos (não presentes no processo original) ou circunstâncias
relevantes, não levadas em conta no processo original, que justifiquem uma nova
reapreciação do caso. Tanto o fato novo como a circunstância relevante representam
tão só requisitos de admissibilidade da revisão, o que significa que sua presença
constitui apenas uma condição processual. Não significa que a revisão vá resultar
necessariamente numa alteração da decisão prolatada no processo anterior.

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Deve-se destacar que da revisão não poderá resultar agravamento de sanção,
ou seja, o instituto sempre vem a beneficiar, ou ao menos a não prejudicar, o
administrado punido.
Nesse aspecto, é completamente oposta a disciplina da lei com relação aos recursos
administrativos. Quanto a estes, o art. 64 expressamente admite a possibilidade de
agravamento da penalidade. É a previsão da denominada reformatio in pejus,
prevista na norma nos seguintes termos:
“Art. 64. O órgão competente para decidir o recurso poderá confirmar, modificar,
anular ou revogar, total ou parcialmente, a decisão recorrida, se a matéria for de sua
competência.
Parágrafo único. Se da aplicação do disposto neste artigo puder decorrer gravame à
situação do recorrente, este deverá ser cientificado para que formule suas alegações
antes da decisão.”
Em suma, no recurso admite-se agravamento da condição do administrado, desde
que lhe seja propiciada oportunidade para se defender contra as alegações. Para a
revisão a lei não prevê tal possibilidade.
Por fim, não devemos considerar a revisão como uma segunda instância do processo
administrativo original. Nada disso. A revisão é processo novo e autônomo, com
requisitos próprios de admissibilidade, que inaugura uma nova relação jurídica entre
Administração e administrado.

Síntese do Comentário:
1) só podem ser revisados os processos de que resultem sanções para o
administrado. O processo de revisão pode ser interposto a pedido do administrado
ou ser iniciado de ofício pela Administração, a qualquer tempo, tem como requisitos
peculiares de admissibilidade a alegação de fatos novos ou de circunstâncias
suscetíveis de justificar a inadequação da penalidade anteriormente aplicada, e não
pode resultar em agravamento de penalidade;
2) o recurso admite agravamento de penalidade, a chamada reformatio in pejus,
desde que seja dada oportunidade ao administrado de se contrapor às alegações
mais gravosas contra ele formuladas;
3) a revisão não é uma segunda instância do processo administrativo original,
constitui processo autônomo, que inaugura uma nova relação jurídica.

Questão 13
(Procurador do BACEN/2002) – No âmbito da legislação de procedimento
administrativo federal, assinale a opção falsa.

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a) A desistência ou renúncia do interessado quanto ao pedido formulado acarreta a
extinção do processo.
b) O órgão competente poderá declarar extinto o processo quando exaurida sua
finalidade.
c) O interessado poderá, por escrito, desistir totalmente do pedido formulado ou
renunciar a direitos disponíveis.
d) O direito de a Administração anular os atos administrativos de que decorram
efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados da data em
que foram praticados, salvo comprovada má-fé.
e) Os atos que apresentarem defeitos sanáveis podem ser convalidados pela
Administração, desde que esta decisão não acarrete lesão ao interesse público ou a
terceiros.

Gabarito: A.

Comentários:

a) A desistência ou renúncia do interessado quanto ao pedido formulado acarreta a


extinção do processo (errada).
A desistência do pedido formulado e a renúncia a direitos por parte do interessado
são matérias contidas no art. 51 da Lei 9.784/99.
Reza a norma:
“Art. 51. O interessado poderá, perante manifestação escrita, desistir total ou
parcialmente do pedido formulado ou, ainda, renunciar a direitos disponíveis.
§ 1° Havendo vários interessados, a desistência ou renúncia atinge somente quem a
tenha formulado.
§ 2° A desistência ou renúncia do interessado, conforme o caso, não prejudica o
prosseguimento do processo, se a Administração considerar que o interesse público
assim o exige.”
Vamos diferenciar a desistência do pedido formulado (desistência do
processo) da renúncia de direitos.
Desistência nada mais é do que um ato mediante o qual o administrado abre mão
do próprio processo, sem abdicar do direito material que lhe serve de
fundamento. O administrado simplesmente opta por não mais discutir a questão
naquele específico processo, sem abrir mão da possibilidade de fazê-lo em outro,
desde que neste meio tempo não tenha ocorrido a decadência ou a prescrição.
A renúncia é um ato muito mais gravoso do administrado, pois por seu intermédio
ele renuncia ao próprio direito material em discussão no processo. Ao renunciar,
o administrado abre mão não só de discutir o seu direito naquele processo, mas de

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discuti-lo em qualquer outro. Os efeitos da renúncia são extraprocessuais
(externos ao processo), enquanto que os efeitos da desistência são exclusivamente
intraprocessuais (internos ao processo).
Tanto a renúncia quanto a desistência exigem manifestação por escrito e tem
sempre caráter individual, no sentido de que atingem apenas o próprio renunciante
ou desistente. A segunda regra consta no § 1° do art. 51.
Com relação ao § 2º do art. 51, ele não alcança a renúncia e a desistência em si
mesmas consideradas. Estas, como atos unilaterais do administrado, são plenamente
eficazes, independentemente de aquiescência da Administração. São, como dito,
atos unilaterais do administrado. O que a norma ressalva é a possibilidade de a
Administração, mesmo frente à renúncia ou à desistência, dar prosseguimento ao
processo, quando tal medida for de interesse público.

b) O órgão competente poderá declarar extinto o processo quando exaurida sua


finalidade (certa).
O art. 52 arrola as hipóteses em que a Administração, unilateralmente, poderá
determinar a extinção do processo.
Dispõe a norma:
“Art. 52. O órgão competente poderá declarar extinto o processo quando exaurida
sua finalidade ou o objeto da decisão se tornar impossível, inútil ou prejudicado por
fato superveniente.”
A previsão legal é extramente lógica e razoável. Em todas as hipóteses em que o
dispositivo autoriza a extinção do processo percebe-se claramente que não haveria
qualquer utilidade em seu prosseguimento. Seria apenas desperdício de tempo e de
recursos públicos.
A competência para decidir pela extinção é discricionária, já que haverá
evidentemente um juízo de mérito para o enquadramento de uma situação no art.
52.

c) O interessado poderá, por escrito, desistir totalmente do pedido formulado ou


renunciar a direitos disponíveis (certa).
A regra consta no caput do art. 51. A desistência e a renúncia exigem manifestação
por escrito, e a renúncia só pode versar sobre direitos disponíveis. Direitos
indisponíveis, a exemplo da liberdade, da honra e da imagem, não podem ser,
evidentemente, objeto de renúncia.

d) O direito de a Administração anular os atos administrativos de que decorram


efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados da data em
que foram praticados, salvo comprovada má-fé (certa).
Matéria já visto em comentário anterior. Previsão do art. 54 da lei 9.784/99.

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e) Os atos que apresentarem defeitos sanáveis podem ser convalidados pela


Administração, desde que esta decisão não acarrete lesão ao interesse público ou a
terceiros (certa).
Matéria também já tratada, objeto do mesmo dispositivo legal.

Síntese do Comentário:
1) transcrevemos a seguir o art. 51 da Lei 9.784/99:
“Art. 51. O interessado poderá, perante manifestação escrita, desistir total ou
parcialmente do pedido formulado ou, ainda, renunciar a direitos disponíveis.
§ 1° Havendo vários interessados, a desistência ou renúncia atinge somente quem a
tenha formulado.
§ 2° A desistência ou renúncia do interessado, conforme o caso, não prejudica o
prosseguimento do processo, se a Administração considerar que o interesse público
assim o exige.”
2) a desistência consiste em ato pelo qual o administrado abre mão de determinado
processo, sem abdicar do direito que o sustenta, o qual poderá ser objeto de novo
processo, desde que antes do transcurso do prazo prescricional ou decadencial. Os
efeitos da desistência são intraprocessuais, internos ao processo;
3) a renúncia implica abdicação do próprio direito material, o qual não poderá mais
ser defendido em qualquer outro processo. Seus efeitos são extraprocessuais;
4) a renúncia e a desistência são atos unilaterais do administrado, eficazes
independentemente de anuência da Administração. O que o parágrafo segundo do
art. 52 ressalta é a possibilidade de a Administração, mesmo frente à renúncia ou à
desistência, dar prosseguimento ao processo quando o requerer o interesse público;
5) A Administração poderá extinguir o processo, por ato unilateral, quando exaurida
sua finalidade ou quando o objeto da decisão tornar-se impossível, inútil ou
prejudicado por fato superveniente.

Até sexta.

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