Você está na página 1de 4

ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA

JAST
Nº 70029777836
2009/CÍVEL

AGRAVO DE INSTRUMENTO. ALIMENTOS


PROVISÓRIOS. NASCITURO.
Estando o feito no seu início, sem que contenha
dados seguros acerca tanto da paternidade
imputada ao agravado como a comprovação da
alegada relação entretida entre as partes, inviável
a fixação de alimentos provisórios ao nascituro;
mormente porque sequer angularizada a relação
processual. Precedentes.
Recurso desprovido.

AGRAVO DE INSTRUMENTO OITAVA CÂMARA CÍVEL

Nº 70029777836 COMARCA DE CRUZ ALTA

B.B.M.S. AGRAVANTE
..
M.C. AGRAVADO
.

DECISÃO MONOCRÁTICA
Vistos.
Cuida-se de agravo de instrumento interposto por B. B. M. dos
S., porquanto inconformada com a decisão que, exarada nos autos da ação
de alimentos gravídicos aforada em face de M. C., indeferiu o pedido de
fixação de auxílio provisório (fl. 21).
Em suas razões recursais, sustenta a insurgente a
necessidade de reforma do entendimento questionado, pois manteve
relações sexuais com o agravado, sem qualquer método contraceptivo.

1
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA

JAST
Nº 70029777836
2009/CÍVEL

Refere que sua gravidez de aproximadamente dez semanas é considerada


de risco, necessitando ficar em repouso e utilizando medicamentos.
Entretanto, não possui condições de arcar com o dispêndio que tal situação
acarreta, pois está desempregada e vive às expensas do seu genitor.
Requer o provimento do recurso para o efeito de que sejam estipulados
alimentos no percentual de 30% dos rendimentos do agravado (fls. 02/05).
Ao recurso não foi atribuida suspensividade (fl. 25).
Em parecer de fls. 29/31, a Procuradora de Justiça opinou pelo
desprovimento do inconformismo.
Sobreveio o ofício de fl. 32 oriundo do juízo singular com
notícia do cumprimento ao disposto no art. 526 do CPC.
É o relatório.
A situação trazida à desate comporta condições de ser
solucionada nos termos ditados pelo art. 557, caput, do CPC, pois, a
respeito do tema, em casos análogos, existe orientação jurisprudencial
harmônica nas Câmaras especializadas em Direito de Família deste
Tribunal.
A decisão recorrida indeferiu o pedido de alimentos provisórios
formulado pela insurgente em favor do filho que espera, que seria fruto do
relacionamento amoroso havido entre ela e o agravado.
É bem verdade que o atual Código Civil, em seu art. 2º,
reconhece e protege os direitos do nascituro. Contudo, no presente caso,
neste momento processual, em que o feito apenas se inicia, sem que sequer
tenha se dado a angularização da relação processual, descabida a fixação
de alimentos provisórios.
Afinal, verifica-se a ausência de elementos que confortem as
alegações da insurgente, tanto no que diz com a paternidade imputada ao
agravado como quanto à comprovação do propalado relacionamento.

2
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA

JAST
Nº 70029777836
2009/CÍVEL

Isso por que, este instrumento é um nada absoluto em termos


de prova a referendar o pleito. Não é por que foram anexadas umas poucos
fotos de um casal, que não se pode afirmar categoricamente seja o par em
litígio, que resta corroborada a relação noticiada, bem como a paternidade
da criança em gestação alegada na inicial.
Assim, considerando-se que a cognição ainda é sumária e
somente a dilação probatória trará maiores luzes acerca do binômio
alimentar, bem como dos contornos fáticos-probatórios que envolvem a
efetividade da linha argumentativa aduzida pela recorrente, mantém-se a
decisão hostilizada.
No ponto, como refere a agente ministerial nesta Instância, fl.
30: “(...) nas referidas fotografias, não se pode verificar seja o agravado, pois
ausente referência física, bem como não há comprovação da data em que
foram tiradas, de modo a comparar com o período indicado pela agravante.
Nesse sentido, nem mesmo o relacionamento entre as partes resta
comprovado, pois não há sequer depoimentos de testemunhas, as quais
poderiam afirmar a veracidade das alegações da agravante.”
Em casos similares já decidiu esta Corte:
“AGRAVO DE INSTRUMENTO. ALIMENTOS.
NASCITURO. AUSÊNCIA DE PROVAS. Não
havendo prova convincente da paternidade do
agravado com relação ao agravante, é inviável a
fixação dos alimentos provisórios. NEGADO
SEGUIMENTO. EM MONOCRÁTICA.”
(Agravo de Instrumento Nº 70028534782, Oitava Câmara
Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Rui Portanova,
Julgado em 05/02/2009)

“AGRAVO DE INSTRUMENTO. ALIMENTOS


PROVISÓRIOS. NASCITURO. Estando o feito no
seu início, sem que contenha dados seguros
acerca tanto da paternidade imputada ao agravado
como a comprovação da alegada união estável
entretida entre as partes, inviável a fixação de
alimentos provisórios ao nascituro, ao menos, por
ora. Necessidade de ver angularizada a relação
3
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA

JAST
Nº 70029777836
2009/CÍVEL

processual. AGRAVO DE INSTRUMENTO


DESPROVIDO.”
(Agravo de Instrumento Nº 70024548323, Oitava Câmara
Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Claudir Fidelis
Faccenda, Julgado em 29/05/2008)

Diante do exposto, forte no art.. 557 do CPC, com a redação


dada pela Lei nº 9.756/98, nega-se seguimento ao recurso, vez que
manifestamente improcedente.
Intime-se.
Porto Alegre, 22 de junho de 2009.

DES. JOSÉ S. TRINDADE,


Relator.

Você também pode gostar