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muito difícil, impossível mesmo, descobri-lo – a menos que ele fosse encontrado por
outro homem como Aristóteles. Porque eu creio que este Homem [Aristóteles] foi de
uma natureza tremenda, um modelo que a Natureza inventou para fazer ver até onde
podemos ir na perfeição humana sobre estas matérias”
Índice
Introdução ------------------------------------------------------------- 3
Ibn Rushd – uma breve apresentação------------------------------ 5
O pensador e a sua filosofia ---------------------------------------- 7
O autor e as suas obras---------------------------------------------- 12
A importância póstuma ---------------------------------------------- 15
Opiniões de alguns “amigos”---------------------------------------- 17
Conclusão ------------------------------------------------------------- 18
Bibliografia ------------------------------------------------------------ 19
Introdu ção
ciência. Mais uma vez, refira-se, a principal finalidade desta obra é o regresso à
autêntica filosofia aristotélica.
Outro ponto fundamental da Filosofia de Ibn Rushd é a não crença na
total predestinação humana. Isto ia contra uma das heranças básicas dos
muçulmanos, que criam que tudo o que lhes acontecia seria por vontade de Deus
(de Allah); por seu lado, Ibn Rushd defendia que o homem não estava
completamente predestinado, mas também não detinha o poder completo do que
lhe acontecia.
Ibn Rushd oferece-nos um quadro de um mundo sem começo nem fim
temporais mas que gravita em torno da actividade eterna do Criador. Esta figura
– o Criador – segundo a filosofia aristotélica não age de forma voluntária nem
natural. A sua ciência divina, segundo Ibn Rushd, é a causa da existência do ser,
e não o seu efeito. Esta ideia é expressa pelo menos em duas obras, uma que é
um tratado sobre a Metafísica e outra que é também um tratado, embora de
tamanho mais curto, sobre a “ciência eterna”.
O pensamento de Ibn Rushd pode-se caracterizar como sendo um
conjunto complexo de elementos provenientes de Aristóteles de do al-Corão.
Para alguns, isto poderia ser um problema. De facto, como terá Ibn Rushd
conseguido conciliar o ser aristotélico com o ser muçulmano? Para Ibn Rushd,
isto não traria contradições de nível algum, uma vez que “o verdadeiro não pode
contradizer o verdadeiro”1. Para exemplificar, fala-nos do Deus corporal: terá
uma base corporal, como o al-Corão parece sugerir? Ou não, como tentam
provar alguns teólogos (mutakallimûn)? Como resolver este dilema?
Precisamente pela tomada de posição de Ibn Rushd: não se lhe atribui nem uma
coisa nem outra, fica-se num meio-termo. Ou, como diria o al-Corão, “Deus é
luz”; com esta tomada de posição, ninguém rejeita a lei, e tomam-se duas atitudes
perante as pessoas: junto dos mais humildes e menos sábios, afirma-se uma
1 Isto traz-nos a junção do tradicional, da lei divina1, com o ma’qul, ou seja, a filosofia.
Podemos encontrar estas ideias perfeitamente expressas no seu Fasl al-maqal (“Tratado decisivo”), uma
das obras conhecidas do período de 585.
existência real e de certa forma nobre; junto dos “sábios”, recorda-se-lhes a sua
incapacidade de saber e de obter a verdadeira essência de Deus.
Ainda em relação aos mutakallimûn, retenha-se o facto de que Ibn Rushd
os critica, uma vez que eles não saberiam guardar para si as suas
interpretações, dando-as às “gentes comuns” e lançando-lhes problemas às suas
almas; estes teólogos não conheceriam os verdadeiros métodos racionais.
Assumindo abertamente esta posição, Ibn Rushd encontrou-se no centro
de três teorias:
Teologia muçulmana;
Revelação corânica;
Filosofia aristotélica.
O aut or e as su as obras
Antes de se falar propriamente nas obras que Ibn Rushd terá escrito, é
necessário referir um aspecto muito importante. O facto de ser conhecido como
“o Comentador” não é por acaso; de facto, aconteceu porque, para comentar e
dar a conhecer aquele que tanto admirava, Ibn Rushd terá escrito e redigido
comentários. Estes foram de três espécies e pareciam corresponder a diferentes
etapas no processo de aprendizagem (ou, se quisermos, para diferentes pessoas
consoante o seu grau de conhecimento na matéria):
Jami: pode ser considerado como um resumo do assunto.
Seria feito para os novatos, para quem não sabia nada
acerca do assunto escrito.
Talkhis: comentário intermédio que seria para pessoas que
já tivessem alguma ideia sobre o assunto e sobre o que iam
ler.
Tafsir ou Sharah: comentário longo para quem já tivesse
um grau elevado de conhecimentos sobre o assunto. Neste
tipo, ele enuncia os problemas que são suscitados por
certas passagens, vê as soluções anteriormente avançadas
por outros pensadores, examina-as e dá a sua própria
solução.
Estes comentários, tal como o resto das suas obras, são conhecidos
graças às suas traduções para hebraico ou para latim.
Calcula-se que Ibn Rushd terá escrito mais de 20000 páginas2 sobre todos
os assuntos que conhecia (lembremo-nos que ele era um entendido em várias
matérias). No seu livro “Averroes”, o autor Renan detalha as obras completas de
Ibn Rushd e conta 67 trabalhos: 28 de Filosofia, 5 de Teologia, 8 de Lei e Direito,
4 de Gramática, 20 de Medicina, para além de ter escrito sobre música e
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Informação segundo Ibn al-Abbar
Discente: Ana Rita Faleiro – nº 18889 – 2º Ano de Arqueologia
Tema do trabalho: Ibn Rushd – O Comentador
Évora, Janeiro de 04
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História Cultural e das Mentalidades Medievais I e II
Docente: Filomena Barros
Estas são apenas algumas das obras mais importantes deste homem,
embora existam muitas mais; no entanto, optei por referir apenas estas, uma vez
que, para além de serem as mais conhecidas, creio que traduzem bem o que foi a
filosofia e o pensamento deste homem.
Para além de traduções para Latim e Hebreu, que já referi, as suas obras
foram igualmente traduzidas para Inglês e línguas germânicas, para além de que
algumas obras se mantiveram no seu original árabe (ainda que em escrita
hebraica).
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Podemos citar, ainda, o caso da Universidade do México, que estudou a herança de Ibn Rushd até quase
à segunda metade do séc. XIX, 1831.
Discente: Ana Rita Faleiro – nº 18889 – 2º Ano de Arqueologia
Tema do trabalho: Ibn Rushd – O Comentador
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Docente: Filomena Barros
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Entenda-se, “cristãos não ortodoxos”, pois para a variante ortodoxa os comentários de Ibn Rushd
continham pontos de vista inaceitáveis.
Discente: Ana Rita Faleiro – nº 18889 – 2º Ano de Arqueologia
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Docente: Filomena Barros
Conclus ão
Webgrafia
www.infoscience.fr/histoire/biograph/biograph.php3?ref=111
www.univ-lyon3.fr/phlo/averroes.htm
www.cerphi.net/biblio/averroes.htm
www.islam.org.br/ibn_rushd.htm
www.bysiness.co.uk/ulemah/bioibnrushd.htm
www.ibn-rushd.org/Englis/frameE.html
www.aljadid.com.classica/0422salloum.html
www.renaissance.com.pk/jagletf98.html
www.ummah.org.uk/history/scholars/RUSHD.html
www.trincoll.edu/depts/phil/philo/phils/muslim/rushd.html
www.alhewar.com/habib_saloum_averroes.htm
www.muslimphilosophy.com/ei/ei-ir.htm
http://perso.club-
internet.fr/jgourdol/Medecine/MedecineTextes/averroes.html
www.ifrance.com/Farabi/ibn-rushd.html
www.muslimphilosophy.com/ir/default.htm