Você está na página 1de 7

Acção de Formação MABE – Novembro 2009

Sessão 6 – Tarefa 2: Análise e comentário crítico

Tarefa – Tendo por base a amostra de Relatórios de avaliação externa


que elegeu, faça uma análise e comentário crítico à presença de
referências a respeito das BE, nesses Relatórios.

Alunos, professores e escolas enfrentam diferentes processos avaliativos que


pretendem contribuir para uma reflexão sobre os respectivos desempenhos.
No âmbito desta Acção de Formação, interessa-nos muito particularmente a
forma como se relaciona a avaliação externa das escolas e a avaliação das bibliotecas
escolares. Encontrando-se estas avaliações bem definidas e estruturadas pelos órgãos
respectivos, com a definição rigorosa de um Quadro de Referência composto por cinco
domínios e respectivos factores e sete campos de análise com os respectivos tópicos
descritores para apresentação da escola, no caso da avaliação externa, e baseando a
RBE o seu modelo de autoavaliação em quatro domínios, respectivos subdomínios e
seus indicadores, interessa verificar em que medida se detectam pontos de
convergência entre eles.
É importante proceder a esta abordagem, visto que ambos pretendem
contribuir para uma avaliação que proporcione reflexão sobre as práticas advindo daí
uma possibilidade de melhoria, tal como pode ser encontrado neste quadro em que,
em paralelo, registo alguns dos objectivos de ambas avaliações:

_____________________________________________________________________________

Sessão 6 – Tarefa 2 Mariana M. Oliveira Pág. 1


Acção de Formação MABE – Novembro 2009

Avaliação Externa da Escola Auto-avaliação da BE

IGE RBE

Alguns objectivos Alguns objectivos

Fomentar nas escolas uma interpelação Objectivar a forma como se está a concretizar o
sistemática sobre a qualidade das suas práticas trabalho das bibliotecas escolares.
e dos seus resultados.

Contribuir para um melhor conhecimento (conhecer) o impacto que as actividades realizadas pela
das escolas e do serviço público de e com a Biblioteca Escolar no processo de ensino e na
educação. aprendizagem.

(conhecer) o grau de eficiência dos serviços prestados e


de satisfação dos utilizadores da BE.

Articular os contributos da avaliação externa (incorporar) a avaliação da biblioteca no processo de


com a cultura e os dispositivos de auto- auto-avaliação da própria escola.
avaliação das escolas.

Concorrer para a regulação do Determinar até que ponto a missão e os objectivos


funcionamento do sistema educativo. estabelecidos para a BE estão ou não a ser alcançados.

Identificar práticas que têm sucesso e que deverão


(fomentar) a auto-avaliação. continuar.

Identificar pontos fracos que importa melhorar.


(proporcionar) oportunidade de melhoria para
a Escola.

Na primeira parte da tarefa desta semana já procurei elaborar um quadro que


permitisse cruzar o tipo de informação resultante da auto-avaliação da BE, nos seus
diferentes domínios, com os campos e tópicos estabelecidos pela IGE. Nesta segunda
tarefa procurei fazer uma análise à presença de referências a respeito das BE nos três
Relatórios de Avaliação Externa das escolas que seleccionei, com base nos diferentes
domínios do Quadro de Referência para a Avaliação das Escolas e Agrupamentos.
Fiz a selecção das três escolas baseada em três razões diferentes: a primeira
(Escola Secundária Dr. Júlio Martins), por uma razão prática pois é a minha escola já há
33 anos; a segunda (Escola Secundária D. Pedro V) por razões sentimentais, pois foi a
primeira escola onde leccionei, de Maio de 1975 a Setembro de 1976; e a terceira
(Escola Secundária Poeta António Aleixo) porque, dos exemplos apresentados, foi a

_____________________________________________________________________________

Sessão 6 – Tarefa 2 Mariana M. Oliveira Pág. 2


Acção de Formação MABE – Novembro 2009

primeira que encontrei com melhores classificações. Além disso, estas escolas
pertencem todas ao mesmo tipo, i.e., escolas secundárias com 3º ciclo do ensino
básico, estão localizadas em áreas geográficas diferentes e foram avaliadas em anos
também diferentes.
Eis um quadro analítico dos resultados obtidos pelas três escolas na Avaliação
Externa:

AVALIAÇÃO POR DOMÍNIO Dr. Júlio Martins D. Pedro V Poeta António


(2009) (2008) Aleixo (2007)

1.RESULTADOS Bom Suficiente Bom

2.PRESTAÇÃO DO SERVIÇO Bom Suficiente Bom


EDUCATIVO

3.ORGANIZAÇÃO E GESTÃO Muito Bom Suficiente Muito Bom


ESCOLAR

4. LIDERANÇA Bom Bom Muito Bom

5.CAPACIDADE DE AUTO- Suficiente Suficiente Muito Bom


REGULAÇÃO E MELHORIA DA
ESCOLA

A tabela seguinte tem como objectivo verificar qual o nível de referência às BE


que se encontra nos relatórios de Avaliação Externa das Escolas e fazer o seu
cruzamento tanto com os domínios/factores da IGE como com os
domínios/indicadores do MABE. Apenas foram referidos os factores em que foram
encontradas referências:

_____________________________________________________________________________

Sessão 6 – Tarefa 2 Mariana M. Oliveira Pág. 3


Acção de Formação MABE – Novembro 2009

IGE - Domínios E.S. Dr. Júlio Martins E.S. D. Pedro V E. S. Poeta


António Aleixo

1. RESULTADOS REFERÊNCIAS AO PAPEL DA BE / INDICADORES DO MABE

A.1.5e A.2.4 - “Para


1.1. SUCESSO ACADÉMICO
melhorar os resultados
[…] actividades
desenvolvidas na
biblioteca escolar/centro
de recursos educativos,
algumas destas no
âmbito da ocupação
plena dos tempos
escolares.”

A.1.5 e B.1 - “Também


são desenvolvidas
actividades de
desenvolvimento
curricular tais como as
realizadas no âmbito do
Clube de Leitura…”

1.4. VALORIZAÇÃO E IMPACTO C.2.5 – “A publicação do

DAS APRENDIZAGENS boletim informativo da


biblioteca escolar/
centro de recursos
integra uma estratégia
de divulgação de
algumas actividades da
escola, junto da
comunidade educativa.”

_____________________________________________________________________________

Sessão 6 – Tarefa 2 Mariana M. Oliveira Pág. 4


Acção de Formação MABE – Novembro 2009

2. PRESTAÇÃO DO SERVIÇO REFERÊNCIAS AO PAPEL DA BE/ INDICADORES DO MABE


EDUCATIVO
C.1.2 e C.1.4 – “… B.2 - “[...] (Concursos
Também são de poesia e de
desenvolvidas actividades fotografia, feira do
2.4. ABRANGÊNCIA DO
de enriquecimento livro, sessões de
CURRÍCULO E VALORIZAÇÃO curricular, tais como […], sensibilização para a
DOS SABERES E DA Clube de Leitura, […]” música, exposições,
APRENDIZAGEM entre outras) são
também contributos
para tornar a escola
um verdadeiro
espaço cultural e
formativo .”

3. ORGANIZAÇÃO E GESTÃO REFERÊNCIAS AO PAPEL DA BE/ INDICADORES DO MABE


ESCOLAR
A,1,1 e D.1.2 - C.1.3 e C.1.4 - “… a
3.3. GESTÃO DOS RECURSOS
“Anualmente o Conselho biblioteca
MATERIAIS E FINANCEIROS Executivo desafia os escolar/centro de
departamentos a fazerem recursos educativos
um levantamento das está bem organizada e
necessidades e a acessível aos alunos,
solicitarem os materiais… permitindo desenvolver
Esta política tem as actividades nas
repercussões bem condições adequadas”
visíveis…bem como no
equipamento da
biblioteca…”

4. LIDERANÇA REFERÊNCIAS AO PAPEL DA BE/ INDICADORES DO MABE


4.3. ABERTURA À INOVAÇÃO B.1, C.1.4 e D.3.2- “… boa
dinamização da
biblioteca, bem
apetrechada, em torno de
projectos de literacia e de

_____________________________________________________________________________

Sessão 6 – Tarefa 2 Mariana M. Oliveira Pág. 5


Acção de Formação MABE – Novembro 2009

desenvolvimento de
escrita e de estudo.”

C.2.1 - “A biblioteca C.2.1 - “A biblioteca C.1.2 e C.2.1 - “[...]


4.4. PARCERIAS, PROTOCOLOS
integra o PNL e a RBE.” integra a RBE.” actividades
E PROJECTOS desenvolvidas com a
C.2.1 - “O Órgão de
comunidade, no
Gestão candidata-se a
âmbito da Rede
projectos….ou o da
Nacional de
biblioteca”
Bibliotecas.”

5. CAPACIDADE AUTO- REFERÊNCIAS AO PAPEL DA BE / INDICADORES DO MABE


REGULAÇÃO E MELHORIA DA (Não há qualquer referência à BE neste domínio em nenhuma das escolas.)

ESCOLA

Feita a leitura e o levantamento da informação disponibilizada nos relatórios de


avaliação externa das três escolas seleccionadas, verifico que a Biblioteca Escolar é
mencionada positivamente nas três escolas. No entanto, não é muito clara a sua
relevância, devido à pouca quantidade de referências. É necessário reflectir sobre o
facto de, mesmo em escolas como estas, com BEs integradas na RBE, não existirem
mais referências à sua contribuição explícita no apoio ao desenvolvimento curricular e
em apenas uma delas (D. Pedro V) se referir o impacto do seu trabalho nos resultados
dos alunos.
As bibliotecas apresentam-se como centros de transmissão e valorização da
informação e do conhecimento – potenciais organizações capazes de aprender e gerir
actividades de comunicação, aptas a alterar a sua componente organizacional para
sobreviverem na nova e complexa dinâmica caótica das organizações (1998, Pinto e
Ochôa). Querendo todos nós fazer da BE um centro de transmissão de saberes,
estranho que, na avaliação externa da escola feita pelo IGE, os inspectores não lhe
dêem uma maior relevância no “Domínio 2. Prestação do Serviço Educativo”. Por
exemplo, no relatório da Escola Secundária Dr. Júlio Martins, onde não há qualquer
referência à BE nesse Domínio, também se diz “boa dinamização da biblioteca, bem

_____________________________________________________________________________

Sessão 6 – Tarefa 2 Mariana M. Oliveira Pág. 6


Acção de Formação MABE – Novembro 2009

apetrechada, em torno de projectos de literacia e de desenvolvimento de escrita e de


estudo”, integrado no “Domínio 4. Liderança”, “Factor 4.3. Abertura à inovação”. Ora
isto leva-me a crer que também a leitura feita pelas diferentes equipas que realizam a
avaliação externa das escolas nem sempre é coincidente ou que, na própria
apresentação das escolas, estes aspectos relacionados com a actividade da biblioteca
são perspectivados em campos e tópicos diferentes.
Penso, portanto, que deverá vir a haver uma maior uniformização entre os dois
modelos de avaliação e que isso se poderá conseguir com a implementação do Modelo
de Auto-avaliação das Bibliotecas Escolares em todas as escolas. A propósito disso, e
por último, referirei que me pareceu de particular relevância que as bibliotecas das
escolas analisadas não tenham sido referidas no “Domínio 5. Capacidade de Auto-
regulação e Melhoria da Escola”. Neste campo, aliás, apenas a Escola Secundária Poeta
António Aleixo recebeu uma avaliação de Muito Bom, tendo as outras obtido apenas
Suficiente, pela constatação que não estão ainda implementadas práticas e
procedimentos consistentes no âmbito da auto-avaliação das escolas.
Na minha opinião, a consistência do MABE e a sua generalização a todas as
escolas serão um contributo importante no gerar de dinâmicas promotoras de auto-
avaliação nas escolas e as bibliotecas escolares, através dos seus planos de acção, de
actividades e de melhoria e dos seus relatórios de auto-avaliação, que integrarão os
relatórios de auto-avaliação das próprias escolas, serão mais valorizadas pela IGE como
centros fulcrais de promoção do conhecimento, contribuindo assim para a consecução
dos objectivos das escolas e dos resultados que pretendem obter.

_____________________________________________________________________________

Sessão 6 – Tarefa 2 Mariana M. Oliveira Pág. 7

Você também pode gostar