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Crianças e Adolescentes
Prof
a. Grazieta B M Peterle
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2009
Introdução
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seu mundo interno, mesmo desde a idade mais tenra (cerca de 12
meses) - (Klein, 1958, Aberastury, 1996).
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Bursztejn (1998), comenta em sua conferência no congresso de
psiquiatria e psicanálise na Espanha que Freud assinalou que a
latência era marcada especialmente pela repressão e pelo processo
de sublimação. Reforça ainda que é um período silencioso e que
durante essa fase a fantasia sexual e a atividade genital estão
presentes.
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diversas faixas etárias, sendo A. Freud mais conservadora e Klein,
mais revolucionária (Aberastury, 1996).
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Aberstury (1996), observou que na análise de crianças em
período de latência, que, muitas vezes, o tema central do conflito, era
dado pelas dificuldades de aprendizado seguida pela enurese
noturna. É comum nestas crianças o falar e associar quase como um
adulto e quando começam a melhorar, iniciam o brincar e no final da
análise, combinam uma e outra situação.
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controlar as ansiedades ante as possíveis atuações de seus pacientes
e a boa capacidade em se relacionar/lidar com os familiares.
Objetivo
- Dados de identificação
- Motivo da Consulta
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pediatra que atendeu a criança e anotou em seu prontuário, o estudo
urodinâmico não foi solicitado, pois a criança não apresentava
alteração do padrão miccional diurno. Manteve um período de
continência noturna superior a seis meses e não havia queixa de
urgência miccional ou urge-incontinência até o momento do
encaminhamento. Assim sendo, encaminhou a criança e sua mãe
para serem submetidas ‘as orientações e intervenções com
enfermeira especializada.
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A mãe relata que houve necessidade de se afastar da criança
por 6 vezes, embora nunca tenha trabalhado fora do lar. A primeira
vez foi quando a criança tinha 6 meses de idade. Teve que
interromper abruptamente a amamentação, pois foi vítima de uma
gravidez ectópica e teve que permanecer hospitalizada por cerca de
10 dias. A segunda intercorrência foi quando a menina tinha 3 anos
de idade e sua irmã foi submetida ‘a hospitalização por uma
pneumonia, permanecendo com a filha na enfermaria por uma
semana. A terceira vez, a criança tinha cerca de 3,5 anos e foi devido
a uma patologia gástrica de sua irmã, na qual tiveram que ficar no
hospital por mais de 7 dias. Neste período a mãe achou melhor
colocar a criança na escolinha, para aliviar os cuidados com a casa e
promover recreação para a menina. Segundo a mãe a criança chorou
demais por mais de um mês por não querer desgrudar da mãe e ficar
na escola e por volta deste período começou a ter problemas com
apetite – “muito interesse pela comida” , anemia e ganho de peso
subseqüente, onde até a presente data mantém acompanhamento
com profissional nutricionista. Após um período de mais de um ano,
nova separação ocorreu, ou seja, a quinta vez, por nova gravidez
ectópica, tirando a mãe do convívio familiar por aproximadamente 10
dias. A última separação (sexta) se deu por uma crise de colelitíase,
permanecendo no hospital por 5 dias, seis meses após a última
hospitalização. Durante todos estes afastamentos, a pessoa requerida
para assistir o lar foi ‘a avó materna e os cuidados eram
complementados a noite pela figura do pai. A mãe relata que o pai é
afetuoso com as filhas, mas é muito exigente com tudo que é
relacionado a atividade escolar. É muito crítico com as meninas, exige
disciplina em casa e não gosta de barulho quando retorna a noite do
trabalho.
T: morte?
C: o pior é que meu pai voltou a ficar mal comigo. Me obrigou a fazer
cópias dos livros da escola da minha irmã (13 anos)novamente. Eu
tento caprichar, mas às vezes eu não entendo o que eu estou
escrevendo (o assunto, claro!) e meu pai fica muito bravo. Eu não
quero chateá-lo ou deixá-lo triste comigo (pega uma folha e começa a
rabiscar com forte pressão círculos ou formas ovaladas.
Interpretei para Ana como ela estava sentindo a situação, era como
andar e voltar sempre ao mesmo lugar, não importando o quanto ela
se esforce para demonstrar suas coisas boas.
T: você acha que alguma coisa mudou durante esses dias com você?
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C: claro, eu acho que não estou sendo muito legal com o meu pai.
Tem vezes que eu não quero fazer as coisas do jeito dele ou mesmo
pensar que nem ele e falo pra minha mãe e sabe o que ela faz?
T; não, o que?
C: por que meu pai diz que em casa não podem ter segredos.
T: não? Então você está querendo dizer que ninguém pode ocultar
nada de seus pais, mas eles podem omitir para sua família que você
molha a cama e que sua irmã já tirou uma nota vermelha. Será que
vocês têm que ser perfeitas ou serem uma família perfeita?
C: acho que sim. Mas eu tô de saco cheio disso. Queria poder ser eu
mesma. Eu estou sempre apertada, controlada. Eles me enchem
demais. Que saco!, que saco!
Ana pega algumas folhas de papel sulfite em branco e diz que quer
brincar de advogado e que eu sou sua secretária.
C: não quero rasura nos papeis, quando for preciso quero a letra
bonita e não esqueça de conferir para ver se você não trocou as
letras como é de costume. Quero serviço de gente, falô? Não quero
gente incompetente e poracá no meu escritório.
T: Ana, penso que você com todo esse trabalho que você está me
dando quer ser parecida com o papai e dar muitas ordens, não
admitir erros e nunca ser contrariada e que sujeira em sua casa não
pode ser vista. Assim como o xixi no lençol que você rapidamente tira
da cama quando molha.
C: eu não sou parecida com o meu pai e nem com a minha mãe. Eu
sou a cara da tia Alcina.
T: você está me dizendo que você não é mandona como seu pai e
que você não seria incompetente quanto a sua mãe que não educa
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você direito, ao ponto de você ainda fazer xixi na cama com quase
10 anos?
T: professora, você não acha que é muita coisa? E se não der tempo?
C: você não viu nada. Após esta lição você fará mais ainda e se não
der tempo você ficará sem recreio. Quer que te chamem de Mafê?
Amanhã vê se solta o cabelo que eu quero ver se ele está lavado e
limpinho.
T: hum, parece que você quer realmente ser forte igual a seu pai. Ter
um prédio cheio de apartamentos, mandar em muita gente, controlar
os moradores (alugantes) e ter seus segredinhos.
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C: minha mãe faz tudo que meu pai manda. Ela nem parece
grandona.
T: parece que a mamãe faz tudo que ele quer. Não esconde o lençol
de xixi para ele não ver, deixando com que ele fique mal com você.
Ela não consegue ter segredinhos de mulher, é isso?
T: è, como assim?
T: como assim?
C: é, pode ser. Que bom que você não vive com eles.
T: sim e ai?
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T: que bom que você pode falar de seus segredos para mim e sentir
que eu não vou lhe recriminar. Que bom saber que você sente que
pode vir aqui e dividir comigo suas coisas mais íntimas e não ter
medo que eu as confidencie a outra pessoa. Sinto que vir aqui deixa
você mais leve.
C: é, é mesmo!
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eram nomeados ou evidentemente sentidos (raiva, inveja, ciúmes,
desamor, incompreensão, entre outros), conforme estudos elaborados
por Klein (1958) e Aberastury (1998).
Referencias Bibliográficas
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Aberastury, A Psicanálise da criança: teoria e técnica. 8ª Ed Artmed,
2007
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