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Sobre os constrangimentos na 2009

Aplicação do Modelo

A minha realidade desde há alguns meses


Tinha alguns anos de experiência de coordenadora da Biblioteca e, mesmo
sem “Modelo” sentia que a BE devia ter mais destaque na escola, tinha que
estar mais implicada no processo ensino – aprendizagem. O trabalho
desenvolvido na BE tinha que ter mais visibilidade, a BE tinha que ser um
local imprescindível, desejado e respeitado. Reivindicava, reivindicava
(advocacy) e, não vou dizer que não houve evolução, mas ficou muito
aquém da minha ambição.

Chegou o Modelo, seguiram-se o concurso e a figura do Professor


Bibliotecário e, claro, nessa altura, vesti a camisola.”É agora!”

Contactei a DREN, (1º Financiamento e orçamento; 2º Condições Físicas; 3º


Recursos - Manifesto da Unesco) Foi por aí que comecei: havia que dar
dignidade ao espaço, ampliá-lo, fazer obras. Vieram engenheiras,
concordaram comigo, comecei a concretizar o sonho… só em pensamento,
mas …

Constrangimento nº1: A realidade física de muitas escolas; a


incapacidade dos órgãos competentes projectarem a médio, longo
prazo.

Chegou o momento de falar do meu Agrupamento que tem 2700 alunos: 12


EB1;11 JI e uma E.B. 2/3 com 1000 alunos, 37 turmas num edifício que devia
ter 24… Então interveio o Arquitecto da DREN que, “mais consciente?”disse:
”mais espaço para a Biblioteca? para quê? se nesta escola faltam salas?

Só os alunos que têm instalações condignas, só as escolas com lotação


adequada têm direito a BE. Estes, que nem sala de convívio têm, sendo os
que mais precisam de uma BE, não têm direito a ela. Tudo por água abaixo.
Escrevi à RBE, fiz um Projecto” Ler é O melhor Recurso” a ver se ganhava
adeptos e compreensões , pelo menos. Esse projecto já associava a BE aos
Curricula, aos Projectos, aos Clubes, às EB1, aos JI, já contemplava o
alargamento de horário ao período não-lectivo….

Continuo a aguardar resposta.

Oportunidades: O Modelo; a existência do professor Bibliotecário; A


RBE; os Parceiros; A Equipa

A minha Directora, porque o modelo é uma OPORTUNIDADE, a criação da


figura de Professor Bibliotecário é também uma OPORTUNIDADE, a reunião
que a Drª Teresa Calçada fez com as Direcções das escolas, outra
oportunidade……, ouviu a defesa do projecto, deixou-me alargar o espaço,
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criar as zonas funcionais, pintar a Biblioteca. E vieram contentores para


solucionar problemas de sobrelotação.

Reuni com a Associação de Pais que colaborou na decoração e na aquisição


de livros para adultos, entre outras coisas…

Elaborei novo Regimento

E assim terminaram as férias.

Nova Etapa: Setembro

A minha escola foi considerada TEIP, o meu Projecto integrou o Projecto


TEIP, uma força para a etapa seguinte, junto dos professores.

Preparei uma Apresentação, sensibilizando todos para o NOVO PARADIGMA


DA BE. Comecei pelas EB1, antes do início do ano Lectivo. Seguiram-se os JI,
depois os Departamentos. Como é hábito, o Departamento que melhor
entendeu este modelo, porque já o praticávamos em parte, foi o
Departamento de Línguas. Divulguei o acervo existente direccionado a cada
grupo disciplinar, às temáticas das ACND definidas na coordenação de Área
de Projectos, solicitei intervenções para novas aquisições, propus
actividades conjuntas; intervim no Departamento de DT, alertando para a
necessidade de integrar o papel da BE nos PCT…

OPORTUNIDADES: OS ALUNOS

Recebi todas as turmas na BE: fiz “ Formação de Utilizadores”, uma vez que
o espaço foi reorganizado e havia novo Regimento, os espaços funcionais
foram informatizados e havia necessidade permanente do cartão de
utilizador…

Os alunos estão diferentes, entram com outra atitude na BE, e estão a


cumprir com o Regimento. Os professores também já perceberam que não é
o lugar do castigo. Isso já não acontece na minha BE.

NOVOS CONSTRANGIMENTOS: A burocracia, o excesso de


projectos/trabalho; a inércia; a resistência à mudança

• “A BE anda demasiado à frente”- dizem-me (A minha leitura: “Não


me aborreças, estou ainda longe dessa utopia, tenho as minhas
rotinas e, agora, estou demasiado ocupado/a em papéis”) Sinto
mesmo que os professores da minha escola estão demasiado
cansados, e o ano mal começou.
• Os profs, a Direcção, os coordenadores, todos andam ocupados a
elaborar grelhas, papéis e mais papéis, a maior parte deles
relacionados com o TEIP, porque exigem para ontem a reformulação
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do projecto, reformulação de documentos já existentes… Ninguém


está a reflectir em como poderemos fazer um ensino em que o aluno
construa o seu conhecimento e em como arranjar recursos para que
isso se concretize.
• Na verdade, até ao momento, com excepção do Departamento de
Línguas, os professores ainda não alteraram a sua atitude face à BE.
Continuam, informalmente, e sem planificação atempada, a
requisitar os livros ou outros docs, a solicitar novas aquisições, vão
cumprindo, aceitando as ofertas de actividades, mas de uma forma
pouco integrada, sem entender a necessidade de articular com a BE

Os conceitos que me fascinaram e


que urge interiorizar:
• Aprendizagem ao longo da vida: precisamos de valorizar a escola, a
aprendizagem, trabalhar atitudes, formar cidadãos mais
competentes.
• O Paradigma digital: as resistências à mudança vão diminuir, as
inércias vão-se diluindo, o ensino baseado num manual e na
exposição do professor esgotou-se. As BE têm que se apetrechar
nesse sentido.
• A BE de e para todos: temos que ser muito activos (Action, not
Advocacy) para não deixarmos dúvidas em ninguém.
• O conceito de Eficácia
• Modelo: Promoção do sucesso educativo
• BE : Espaço não de aquisição de Informação, sim, núcleo de
desenvolvimento de competências, de construção de conhecimento
• “registos de evidências”. Não me parece que seja tanto a
quantidade e a variedade de registos do tipo de fotos, actas,
relatórios e afins, que importa. Acho que o fundamental será as
análises das actividades realizadas, no sentido da sua
avaliação. O que importa é saber se o que se está a fazer está
ou não a resultar em termos de mudança, se aos alunos se
acrescentou algo.
• Menos folclore e mais”IMPACTO”.

Não sei quando escrevi isto. Penso que foi depois da 5ª tarefa. Foi um
desabafo que me saiu, em torrente, num final de dia e que
tencionava apagar. Faço parte certamente daquele pequeno grupo de
formandas que vocês referiram, que não faziam propriamente
comentários ou reflexões. Era a tal realidade de um agrupamento
enorme que se impunha, mal terminava a tarefa. A formação
decorreu na pior altura: este ano foi de grandes mudanças nos
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agrupamentos; Houve feiras do livro em todo o agrupamento para


organizar, contactos com escritores, contactos com actores, formação
de utilizadores, guiões, exposições, blogue, plano de acção, plano de
actividades, coordenação de actividades no TEIP, integração da BE
nos docs estruturantes do AVEP, Conselho Pedagógico de ponto
único: Biblioteca (E havia que defender da melhor maneira essa
oportunidade, porque foi a meu pedido) …etc., etc. Tem sido muito
difícil. Gostava de ter saboreado esta formação de outra maneira.
Mas,

“O que verdadeiramente interessa e justifica a acção e a


existência da Biblioteca Escolar não são os processos (…) mas
sim o resultado, o valor que eles acrescentam nas atitudes e
nas competências dos utilizadores”

Maria José Santos

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