Este documento descreve a composição florística de espécies arbóreas encontradas em duas áreas de cerrado sensu stricto no Pantanal de Mato Grosso, Brasil. Foram amostradas 36 espécies distribuídas em 18 famílias botânicas, com destaque para as famílias Rubiaceae, Fabaceae e Bignoniaceae. A riqueza de espécies foi menor do que em outras áreas de cerrado devido à inundação sazonal e distância do núcleo principal do Cerrado.
Este documento descreve a composição florística de espécies arbóreas encontradas em duas áreas de cerrado sensu stricto no Pantanal de Mato Grosso, Brasil. Foram amostradas 36 espécies distribuídas em 18 famílias botânicas, com destaque para as famílias Rubiaceae, Fabaceae e Bignoniaceae. A riqueza de espécies foi menor do que em outras áreas de cerrado devido à inundação sazonal e distância do núcleo principal do Cerrado.
Este documento descreve a composição florística de espécies arbóreas encontradas em duas áreas de cerrado sensu stricto no Pantanal de Mato Grosso, Brasil. Foram amostradas 36 espécies distribuídas em 18 famílias botânicas, com destaque para as famílias Rubiaceae, Fabaceae e Bignoniaceae. A riqueza de espécies foi menor do que em outras áreas de cerrado devido à inundação sazonal e distância do núcleo principal do Cerrado.
DISTRIBUIO E ABUNDNCIA DE ESPCIES ARBREAS DO CERRADO
SENSU STRICTO NO PANTANAL, MATO GROSSO, BRASIL
Gilmar Alves Lima Jnior, Natasha Brianez Rodrigues, Dbora Soares Barreto, Letcia Borges Pinto, Poliana Ferreira Couto, Ctia Nunes da Cunha (Universidade Federal de Mato Grosso, Departamento de Botnica e Ecologia, Av. Fernando Corra da Costa, s/n, CEP 78060-900 Cuiab, MT. e-mail: gilmarjunior@yahoo.com.br)
Termos para Indexao: composio florstica, Cerrado, Cceres.
Introduo O Cerrado constitui a segunda maior formao vegetal brasileira, atrs da Amaznia com 3,5 milhes km 2 (Felfili e Silva Jnior, 1993). Considerado por pesquisadores um hotspot, o Cerrado destaca-se como um bioma de grande biodiversidade, com cerca de 50% suas espcies consideradas peculiares e uma das regies do mundo mais ameaadas de extino (Henriques, 2003). H uma grande variedade de paisagens e tipos fisionmicos do Cerrado, que englobam formaes florestais, savnicas e campestres (Coutinho, 1978). So descritos onze tipos fitofisionmicos gerais, enquadrados em formaes florestais (mata ciliar, mata de galeria, mata seca e cerrado); savnicas (cerrado sensu stricto, parque de cerrado, palmeiral e vereda) e campestres (campo sujo, campo rupestre e campo limpo), podendo apresentar subtipos (Ribeiro e Walter, 1998). De acordo com Ribeiro & Walter (1998), o Cerrado sensu stricto apresenta rvores baixas, inclinadas, tortuosas, com ramificaes retorcidas e irregulares, com os arbustos e subarbustos espalhados. O cerrado sensu stricto ocupa 70% da rea total do Cerrado (Felfili e Silva Jnior, 1993). Diversos estudos foram realizados sobre a flora do cerrado, desde os primeiros trabalhos de Warming, em Minas Gerais. Rizzini (1963) relaciona 537 espcies, Ratter et al. (1996)
registrou 534 espcies e Castro et al. (1999) apresenta uma lista refinada com 1709 espcies, os autores consideraram rvores e arbustos. Com a rpida devastao do Cerrado para fins econmicos, trabalhos apresentando a flora do bioma mostram-se importantes para a aquisio de conhecimento da identidade dos indivduos, subsidiando estudos de preservao e manejo. O estudo objetivou a elaborao da composio florstica das espcies do cerrado sensu stricto no Pantanal de Mato Grosso.
Material e Mtodos As reas de estudo esto localizadas na Fazenda Baa de Pedra, municpio de Cceres, Pantanal de Mato Grosso, Brasil. Este trabalho faz parte de um projeto Padres de Biodiversidade do Pantanal (BioPan) Centro de Pesquisas do Pantanal (CPP). Para o estudo do cerrado sensu stricto, foram demarcadas 40 e 25 parcelas de 10 m 2
cada, na rea 1 (0377356/8179652) e a rea 2 (0378355/8179574), respectivamente, amostrando todos os indivduos com DAP 4,7 cm. As duas reas de estudo esto distribudas seguindo o nvel topogrfico, sujeitas a encharcamento do solo ou presena de lmina dgua de 0,3 m no perodo chuvoso nas bordas, onde faz divisa com pastagem nativa e extica. Quanto a caracterizao geral das reas, o estrato arbreo alcana aproximadamente 5 metros de altura, onde predomina as espcies Curatella americana L., Byrsonima crassifolia L. Rich, Callisthene fasciculata Mart., Tabebuia spp.. No dossel sobressaem indivduos de Hymenaea stigonocarpa Mart. ex Hayne e Tabebuia impetiginosa (Mart. ex DC.) Standl. com apoximadamente 10 metros de altura. No sub-bosque predomina espcies como Myrcia sp., Bauhinia sp., Magonia pubescens A. St.-Hil., Rhamnidium elaeocarpum Reissek, Terminalia argentea Mart. e Luehea paniculata Mart. O estrato herbceo ralo com predominncia de gramneas de Bromelia balansae Mez (gravat) nos pontos mais altos, livres da gua das cheias. A lista de espcies foi feita a partir da identificao de todos os indivduos amostrados na rea, por meio de literatura especializada e por comparao com material no herbrio. A
grafia dos nomes cientficos foi verificada no banco de dados nomenclatural do Missouri Botanical Garden. A lista de espcies foi preparada em ordem alfabtica de famlias de acordo com Angiosperm Phylogeny Group (APG) atualizado em APG II (2003). O material botnico frtil encontra-se depositado no herbrio da Universidade Federal de Mato Grosso (HC).
Resultados e Discusso Foram amostradas 36 espcies e 2 morfo-espcies, distribudas em 18 famlias botnicas e 28 gneros (Tabela 1). Destacaram-se em nmero de espcies, as famlias Rubiaceae (5 espcies), seguida por Fabaceae e Bignoniaceae, com 4 espcies cada. Do total, 11 famlias foram representadas por uma nica espcie. Quanto aos gneros, foram amostradas 3 e 2 espcies de Tabebuia e Terminalia, respectivamente. Souto e Felfili (dados no publicados) citam as espcies Qualea parviflora Mart., Curatella americana L. e Myrcia parviflora D. Legrand. num cerrado de Chapada dos Guimares, destas as duas primeiras se destacaram em nmero de indivduos nas duas reas estudadas no Pantanal de Cceres. A riqueza de espcies foi menor do que a citada para o cerrado sensu stricto de Chapada dos Guimares (MT), onde foram amostradas 79 espcies distribudas em 35 famlias (Souto e Felfili, dados no publicados) e de uma rea em gua Boa, regio oeste de Mato Grosso, onde Felfili et al. 2002 cita 80 espcies e 34 famlias botnicas. Na comparao das listas florstica, 13 espcies amostradas foram semelhantes ao cerrado sensu stricto do Pantanal do Rio das Mortes (Marimon e Lima, 2001). Quanto distribuio, doze espcies ocorreram apenas na rea 1 e dez espcies apenas na rea 2. As duas reas apresentaram elementos na composio florstica que indica uma transio de cerrado sensu stricto para cerrado, dentre estas espcies, na rea 1, Tabebuia impetiginosa (Mart. ex DC.) Standl., Dipteryx alata Vogel., Magonia pubescens A. St.-Hil., Callisthene fasciculata Mart. e Astronium fraxinifolium Schott ex Spreng. Na rea 2,
Jacaranda cuspidifolia Mart., Lafoensia pacari A. St.-Hil. e Luehea paniculata Mart. so comuns aos cerrades do Pantanal. Contudo, as espcies com maior nmero de indivduos foram Byrsonima crassifolia L. Rich e Curatella americana L. para ambas as reas, espcies que caracterizam a fisionomia cerrado sensu stricto.
Concluses O cerrado sensu stricto do Pantanal de Mato Grosso apresenta baixa riqueza de espcies quando comparado com reas localizadas no Planalto Central. A inundao e umidade no perodo de chuvas e a distncia com a rea core do Cerrado podem ser fatores que indicam esta baixa riqueza de espcies. A ocorrncia das reas de cerrado sensu stricto e demais fitofisionomias de Cerrado no Pantanal representam a ampla distribuio das espcies de Cerrado no Pantanal.
Tabela 1. Flora arbrea amostrada em duas reas de cerrado sensu stricto, Pantanal de Cceres, Mato Grosso, Brasil. 1 Mendona et al. 1998; 2 Silva Jnior (2005). Famlia Nome cientfico Nome popular rea 1 rea 2 Ocorrncia Anacardiaceae Astronium fraxinifolium Schott ex Spreng. gonaleiro, gonalo-alves 7 12 mata seca 1 Apocynaceae Aspidosperma sp. peroba 1 Arecaceae Attalea phalerata Mart. ex Spreng acuri 2 Astrocaryum aculeatum G.F.W. Meyer tucum 1 Bactris glaucescens Drude tucum 1 Bignoniaceae Jacaranda cuspidifolia Mart. carobinha 1 mata seca 1 ;cerrado 1 Tabebuia aurea (Silva Manso) Benth. & Hook. f. ex S. Moore paratudo 2 9 cerrado 1 Tabebuia impetiginosa (Mart. ex DC.) Standl. ip 6 mata seca 1 ;cerrado 2 Tabebuia roseoalba (Ridl.) Sandwith ip-branco 2 2 mata seca 1 Cecropiaceae Cecropia pachystachya Trcul embaba 1 2 Combretaceae Terminalia argentea Mart. capito-do-mato 8 2 cerrado 1,2 ;cerrado 1 ;mata seca 2 Terminalia brasiliensis (Cambess. ex A. St.-Hil.) Eichler 2 cerrado 1 Dilleniaceae Curatella americana L. lixeira 82 70 cerrado 1 ;cerrado 1 Erythroxylaceae Erythroxylum cf. suberosum A.St.-Hil. 2 Fabaceae Dipteryx alata Vogel. baru, cumbaru 6 cerrado 1,2 ;cerrado 2 ;mata seca 2 Hymenaea stigonocarpa Mart. ex Hayne jatob 1 2 cerrado 1 ;mata de galeria 2 cf. Vatairea macrocarpa (Benth.) Ducke angelim 2 cerrado 1 Fabaceae sp.1 1 Machaerium aculeatum Raddi 1 1
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