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2014 00:30
Jos Scrates, preso em vora, inaugurou uma nova prtica: a de conceder audincias na cadeia. As
peregrinaes de inmeras figuras pblicas penitenciria de vora, sob a capa aparente de visitas de
apoio e solidariedade, mais no parecem do que exerccios de vassalagem.
Ao longo de anos e enquanto governante Scrates garantiu ganhos milionrios a alguns dos maiores
grupos econmicos, em particular na Finana e nas Obras Pblicas. Todos aqueles que Scrates
beneficiou estaro agora a ir cadeia beijar-lhe a mo. Ser uma questo de gratido. Por l passaram e
continuaro a passar os concessionrios das parcerias pblico-privadas (PPP), a quem Scrates garantiu
rendas obscenas em negcios sem risco. Assim, no ser de estranhar que o todo-poderoso Jorge Coelho,
presidente durante anos do maior concessionrio de PPP rodovirias, o grupo Mota-Engil tenha rumado
a vora. Tambm l esteve em romagem Jos Lello, administrador, durante os governos socialistas, da
construtora DST, que muito ganhou tambm com PPP.
No deixa de ser curioso que cheguem apoiantes de todos os setores que Scrates tutelou. O lder do
futebol portugus, Pinto da Costa, foi mais um dos que manifestou o seu apoio pblico. Afinal, Scrates
foi o ministro do desporto que trouxe o Euro 2004 para Portugal. Um Euro que valeu muitos milhes de
euros aos clubes de futebol e seus dirigentes. Mais um gesto de vassalagem.
Para ser visitado e apoiado, a Scrates bastar enviar a convocatria. Todos aqueles cujos podres Scrates
conhece, os que usufruram de benefcios ilegtimos pelas suas decises todos aparecem ao primeiro
estalar de dedos. Todos temem Scrates, pois sabem que se ele resolver falar, desmorona o seu mundo de
promiscuidades entre poltica e negcios.
Com estas convocatrias e manifestaes de apoio, o ex-primeiro-ministro pretende manipular a opinio
pblica, vitimizando-se; bem como condicionar a Justia, atravs da sua manifestao de fora e
influncia.
Mas o que no faz e deveria fazer aproveitar o acesso direto aos mdia para explicar quais os bens de
fortuna que lhe permitiram, sem rendimentos compatveis, manter, durante anos e depois de sair do poder,
uma vida de ostentao.