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O fato que o pecador pblico exerce o papel de vtima expiatria social. Nele
todas as iras so depositadas porque nele todas as misrias so reconhecidas. No
pecado do outro ns tambm queremos purgar o pecado que est em ns.
Em formatos diferentes, mas est. Crimes menores, maiores; no sei. Mas crimes.
Deslizes dirios que nos recordam que somos territrio da indigncia. O pecador
exposto na vitrine deixa de ser organismo. Em sua dignidade negada ele se
transforma em mecanismo de purificao coletiva. preciso cautela. Nossos gritos
de indignao nem sempre so sinceros. Podem estar a servio de nossos medos.
Ao gritar a defesa ou a condenao podemos criar a doce e temporria sensao de
que o erro uma realidade que no nos pertence. Assumimos o direito de nos
excluir da classe dos miserveis, porque enquanto o pecador permanecer exposto
em sua misria, ns nos sentiremos protegidos.
Mas essa proteo que no protege a me da hipocrisia. Dela no podemos
esperar crescimento humano, tampouco o florescimento da misericrdia. Uma coisa
certa. Quando a misericrdia deixa de fazer parte da vida humana, tudo fica mais
difcil. a partir dela que podemos reencontrar o caminho. O erro humano s pode
ser superado quando aquele que erra encontra um espao misericordioso que o
ajude a reorientar a conduta.
Nisso somos todos iguais. Acusadores e defensores. Ou h algum entre ns que
nunca tenha necessitado de ser olhado com misericrida?