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NOV 07
EDITORIAL vos imóveis: O foto do século A estação da União Valenciana, ao fundo
XIX - data e autor não identificados
palacete do
Visconde do Rio
Preto, no jardim de
cima, a Câmara
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Santa Casa de Misericordia de Vassouras 1922 através do seu prefeito, Severino Dias e de suas secretári-
foto Daniel Ribeiro
as, deram todo o apoio necessário. O saudoso Prof.
Severino Sombra de Albuquerque, então presidente da
Fundação Universitária Severino Sombra e um dos mais
entusiastas pelo projeto, cedeu toda a mão de obra neces-
sária. O Cemitério Comunal Israelita do Cajú, do Rio de
Janeiro, custeou todas as despesas de material. Seria mais
um monumento em uma cidade privilegiada pela história.
Vassouras tem um passado de glórias, por ser uma das
cidades pertencentes ao glorioso ciclo brasileiro do café,
do século XIX. Uma parte da cidade já era tombada pelo
Patrimônio Histórico Nacional, inclusive os terrenos onde
se situava a antiga Santa Casa, hoje Asilo Barão do
Amparo.
O Memorial Judaico de Vassouras é constituído de
abandono do terreno e a precariedade da única pedra plantas ornamentais como pinheiros e plantas nativas
tumular (matzeiva) existente, que pertencia a Morluf regionais. Devido a este fato requer muito cuidado e
Levy, de ascendência marroquina e que havia falecido na- atenção diária Para tornar este trabalho possível um novo
quela cidade em 1879. O outro, Benjamim Benatar, grupo de pessoas, incluindo Frieda Wolff e Luiz Benyosef,
também de origem marroquina, falecera em 1852 e sua fundaram a Sociedade Amigos do Memorial Judaico de
pedra tumular desaparecera há muito tempo. Vassouras que cuida da manutenção e preservação do
Para preservar a história, Egon e Luiz idealizaram então, Memorial.
aquele que seria o primeiro plano para recuperar o antigo O Memorial Judaico de Vassouras é um monumento de
jardim. Infelizmente na época Egon Wolff estava bastante dimensões muito pequenas mas gigante em seu significa-
doente e vindo a falecer poucas semanas depois. Em do. Em um pequeno pedaço de terra, dentro de uma
meados de 1991, sua esposa Frieda junto com Luiz decidi- instituição cristã, repousam dois judeus, imigrantes de um
ram retormar o projeto não concluído. Para finaliza-lo país distante, mas que aqui encontraram repouso, eviden-
convidaram o diretor do Cemitério Comunal Israelita do ciando o grande espírito de solidariedade e senso de
Rio de Janeiro, Alberto Salama e o Dr. José Kogut, para igualdade do bom povo brasileiro. Ele é um símbolo que
fazerem parte deste grupo de trabalho. reverencia a todos os imigrantes que aqui chegaram e que
Uma série de reuniões, viagens à Vassouras e contatos a despeito de suas origens, religião e tradição, tornaram-se
com as autoridades locais tiveram início. O paisagista irmãos integrando-se a comunidade nativa e no fim, tal
Roberto Burle Marx, amigo de Luiz, participado informal- qual as suas histórias, misturaram seus próprios corpos
mente, ficou sensibilizado com a idéia e solidário com o com o solo do país que os acolheu e que lhes deu a última
propósito de criar mecanismos que pudessem auxiliar no morada.
Extraido do site www.memorialjudaico.org.br
trabalho de preservação dos idosos carentes moradores do pesquisa e fotos Luiz Francisco
asilo, além de resgatar um elo da história que estava se
perdendo, ofereceu-se para fazer o projeto.
Durante alguns meses Burle Marx assessorado pela
arquiteta Claudia Rosier finalizou o projeto. Seria um
Memorial composto por canteiros, ornamentados com
flores do cerrado brasileiro, com formato de casulos. No
casulo central as duas pedras tumulares. Segundo Burle
Marx a idéia do casulo, casa de abelhas, seria para simboli-
zar nossa condição humana que sempre, como as abelhas,
tendemos retornar para nossos casulos - nossas casas -. O
Memorial representa a "casa de todos nós". Independente
de credos todos se uniram no esforço. O Prof. Azuil
Lasneaux, diretor da Irmandade da Santa Casa imediata-
mente cedeu o terreno para a obra. A Prefeitura Municipal
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fornecia o material em abundância, e apenas a cal vinha de Cabo
Frio. O nome da Mandioca proveio da planta que ali abundava.
Alcindo Sodré
Era limitada ao noroeste por uma cadeia de montanhas cortadas
por muitos desfiladeiros e coberta de florestas. No meio das
N o primeiro quartel do século XIX existiu na Raiz da Serra
de Petrópolis uma propriedade rural denominada Fazenda
da Mandioca. Seu organizador e primeiro proprietário foi um
florestas estavam os roçados nos quais depois de queimadas as
árvores, eram plantados milho, feijão, café e batatas. Em 1819
estrangeiro ilustre que realizou estudos científicos cortando em tinha já plantados, vinte mil pés de café e a mandioca dera mil
caravana os sertões do Brasil. sacas de farinha no valor cada uma de oito a dez schillings. Em
Nessa propriedade rural ele procurou desenvolver várias 1822 tentou fazer um núcleo colonial trazendo gente da Europa.
culturas, experimentou a colonização alienígena no trato da Colocou ali quarenta alemães e suíços e como administrador em
terra, e nela hospedou várias personalidades nacionais e sua ausência o oficial bavaro J. Friedrich Von Weeck.
forasteiras, sobretudo os grandes viajantes e escritores que em Saint-Hilaire escreveu "ser impossível, com efeito, encon-
demanda de Minas Gerais, através o Córrego Secco, ali pernoi- trar uma localidade onde o naturalista pudesse fazer mais belas
tavam. colheitas". Pedro I gostava de caçar na Mandioca e a maior parte
Esse estrangeiro, proprietário da Fazenda da Mandioca, era dos sábios que vieram visitar esta parte da América, por ocasião
o barão Jorge Henrique de Langsdorff, médico pela do primeiro casamento de Pedro I, passou alguns dias na
Universidade de Goetingue, na Alemanha, e acatado entomolo- Mandioca e ali recolheu muitos objetos interessantes.
gista. Consta ter nascido no Grão Ducado de Baden. Como Não houve um só dos inúmeros e celebres escritores da
médico do princípe Waldeck, seguiu-o a Portugal, quando este viagem Rio-Minas que deixasse de fazer referências à Fazenda
foi comandar o exército português ali introduzindo a prática da da Mandioca, passagem forçada para o Córrego-Secco. A 14 de
vacinação. outubro de 1829 quando foi resolvida a mudança da Fábrica de
Voltando à Alemanha ofereceu seus serviços à Rússia e logo Pólvora da Lagoa Rodrigo de Freitas para a Raiz da Serra de
a seguir tomou parte na expedição do capitão Krusenstiern ao Petrópolis, a fábrica veio ser localizada em terrenos que até
Kamtchatka. Sob os auspícios do Imperador Alexandre I e então compreendiam as Fazendas da Mandioca, Velasco e
nomeado cônsul geral da Rússia no Rio de Janeiro, foi incumbi- Cordoaria.
do de importante exploração científica pelo interior do Brasil. E quem olhe hoje para o ponto onde se encontra a Fábrica de
Trouxe então consigo para o Brasil o grande pintor Rugendas, o Pólvora, longe estará de imaginar a situação da antiga Fazenda
botânico Luiz Riedel, o astrônomo Ruszoff e o naturalista da Mandioca que tão de perto esteve ligada às comunicações e à
Ménetries. Enviou preciosas coleções naturais para o museu de vida do antigo Córrego Sêco, hoje cidade de Petrópolis.
São Petersburgo sendo agraciado Conselheiro de Estado e
membro da Academia de Ciências da Capital russa, além de
Aquarela de hercules florence
outras associações. Possuiu também entre nós uma residência
na Corte situada em Santa Thereza onde dava grandes recepções
à alta sociedade, ouvindo-se ali Neukon, organista da imperatriz
Leopoldina. Remeteu certa vez para a Europra, mil e seiscentas
variedades de borboletas e escreveu um "Guia para as pessoas
que quiserem se estabelecer no Brasil". Como chefe da expedi-
ção de naturalistas e astrônomos incumbidos pelo imperador da
Rússia nos anos de 1825 a 1829 de S. Paulo atravessou Mato
Grosso saiu no Amazonas e Pará. Dessa expedição fizeram
parte, como desenhistas, Amadeu Adrian Taunay, que apareceu
afogado no sertão de Mato Grosso e Hércules Florence, que
escreveu em francês a narrativa da viagem e a quem se devem as
notícias a respeito, pois nessa mesma expedição Langsdorff
manifestou sintomas de loucura, seguindo diretamente para a
Europa ao chegar a Belém, onde terminou sua operosa existên-
cia.
Langsdorff pagara quase mil libras pela Mandioca, fazenda
de dez milhas quadradas, pouco antes de 15 de julho de 1817.
Spix e Martius descrevem a Mandioca como possuindo um
rancho espaçoso para caravanas de Minas, uma venda, um
moinho para moer milho, e uma casa de dormir no estilo usual
do país, construídos à margem da estrada. Estas pequenas casas
de campo continham alguns quartos espaçosos com janelas
laterais e uma varanda com pilares sustendo a coberta. Como os
tijolos seriam caros, fizeram-se as paredes de barro. A natureza