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BREVE VISÃO HISTÓRICA DA TEORIA DAS ORGANIZAÇÕES

1. Introdução

Como todas as outras áreas do conhecimento, a gestão tem evoluído ao longo


do tempo, assistindo-se nos últimos anos a um conjunto de desenvolvimentos
que muito enriqueceram e contribuíram para o estudo e conceptualização das
organizações.

Neste texto será referenciada a forma como têm sido conceptualizadas as


organizações desde o início do século, analisando genericamente a
contribuição dos autores que mais se destacaram a tentar formalizar o estudo
das organizações.

Mais que uma apresentação das diversas abordagens, pretende-se mostrar


como tem sido a evolução ao nível dos conceitos centrais e com essa evolução
tem ao desenvolvimento das próprias organizações, devido à sua crescente
complexidade e às mudanças radicais da sua envolvente externa, quer a nível
social quer a nível económico, tecnológico ou cultural.
Não há por isso a preocupação de analisar exaustivamente das posições dos
vários autores, mas antes se pretendeu agrupar por grandes linhas de
pensamento o que tem sido essa evolução.

Assim, para se melhor entender a situação actual em termos de


desenvolvimento da gestão e fazer uma análise, embora resumida, da
evolução dos principais pontos de vista, filosofias e escolas de pensamento
que foram dominantes ao longo do século XX, foi efectuada a sua classificação
em três grandes grupos:

Teorias Clássicas

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Teorias Comportamentalista
Teorias Pragmáticas

2. Teorias Clássicas

Foram dominantes até ao final dos anos 30 e são contemporâneas do


desenvolvimento das primeiras grandes empresas industriais. Coincidem com
uma época em que as tecnologias são incipientes e de grande crescimento dos
mercados, criando a necessidade dum rápido desenvolvimento da capacidade
de produção. É neste período que surgem as primeiras empresas com
sistemas de produção baseados no conceito de linha de produção.

Todos os trabalhos realizados ( Taylor, Fayol e Max Weber) pretendem


descobrir as regras ideais porque se deverão reger as organizações. O
trabalho científico desenvolvido era orientado no sentido de revelar essas
regras que servirão como normas absolutas a aplicar pelos gestores. Qualquer
destas abordagens tentou desenvolver um modelo explicativo do
funcionamento das organizações, assentando a sua conceptualização num
sistema fechado isolado do meio exterior e centralizado na tecnologia
operativa. A lógica dominante é a procura da máxima eficiência através da
optimização do sistema produtivo interno. A perspectiva é estritamente de
produção, sendo ignorada a actuação da organização nos diversos mercados.

O grande crescimento dos mercados e o pouco desenvolvimento das


tecnologias de produção utilizadas levavam a que a questão central, a nível
empresarial, fosse ser capaz de produzir.

Sendo a tecnologia o aspecto central e crítico do processo produtivo não


surpreende que, a nível da conceptualização do sistema social da organização,
estas abordagens tendam a considerar o indivíduo como uma peça do
“maquinismo” – o indivíduo é um mero complemento da máquina que só estava
presente porque a evolução tecnológica ainda não o tinha conseguido
substituir.

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Todas as abordagens que se enquadram nas Teorias Clássicas assentam a
sua visão da teoria das organizações nos três grandes princípios seguintes:

- Descoberta das regras ideais de funcionamento.


- Organização como sistema fechado, centrado na tecnologia, cujo
objectivo único é a procura de eficiência do sistema produtivo.
- O indivíduo deve adaptar-se à máquina, deve complementá-la e
contribuir decisivamente para a optimização de sistema produtivo.

2.1 Administração Científica ( Taylor )

Frederick W. Taylor é o pai da Organização Científica do Trabalho e a sua


abordagem é a que mais claramente se orienta para o estudo do sistema de
produção fabril.

Deve-se a Taylor a apresentação do primeiro livro que, de forma sistematizada


e científica, aborda os princípios e a prática de gestão – “ Princípios da Gestão
Científica” publicado em 1911.

De acordo com Taylor o principal objectivo das organizações é assegurar ao


empregador e a cada empregado a prosperidade máxima.

O conceito fundamental do “taylorismo” é do one and only best way, ou seja,


há uma e uma única maneira de melhor executar uma tarefa.
Com base neste conceito Taylor partiu para o método para atingir esse
objectivo, que designou por “ estudo de tempos e movimentos”
Com base neste método e, no sentido de identificar uma e única maneira de
melhor executar uma tarefa, Taylor propõe que qualquer tarefa, mesmo as de
supervisão, sejam o mais simples possíveis.

Este método consiste na desagregação de cada tarefa de um indivíduo nos


seus movimentos físicos elementares que eram cronometrados, e de seguida,
tendo presente o objecto da tarefa, recompostos de forma a minimizar o tempo
de execução.

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Cada colaborador teria uma tarefas o menos complexas possível e receberia
instruções de alguém altamente especializado, propondo, a nível de supervisão
que a tarefa tradicional de um supervisor seja dividida em oito ( disciplina,
conservação, abastecimento da linha,...) cada uma delas da competência de
um indivíduo altamente especializado - organização funcional do trabalho.

Assim, cada colaborador labora como um autómato fazendo repetidamente


tarefas extremamente simples. Taylor apenas se debruça sobre o nível
operacional e fabril das organizações, pois para ele a coordenação interna e o
relacionamento com o exterior são dispensáveis.

Henry Ford foi o primeiro a adoptar, em grande escala e com sucesso, os


princípios organizativos do “taylorismo” ,tendo por fim obter grandes ganhos de
eficiência

Em resumo a filosofia de gestão de Taylor pode sintetizar-se nas seguintes


ideias-chave:

- Aplicação do método científico para encontrara “ única melhor


maneira“ de realizar o trabalho;
- Selecção, de forma científica” dos trabalhadores que melhor
desempenharão a tarefa;
- Treino, educação e desenvolvimento dos trabalhadores de modo a
melhor desempenharem as tarefas;
- Interacção amigável entre os gestores e os trabalhadores, mas com
uma clara separação dos deveres entre uns e outros.

2.2 Escola Anatómico-Descritiva ( Teoria Clássica – Fayol)

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Embora com base conceptual idêntica à de Taylor, Henry Fayol desenvolveu a
sua teoria numa perspectiva global, sendo os seus princípios que expôs
no seu livro” Teoria Geral da Administração” que publicou em 1916,
destinados à organização como um todo.

Fayol vai preocupar-se fundamentalmente com a análise da estrutura


hierárquica das organizações, pondo acento na linha de comando da qual
dependeria todo o bom funcionamento organizacional.

Fayol dividiu as operações empresariais em seis funções fundamentais :


comercial, técnica, segurança, contabilidade, financeira e administração.

A d m i n i s t r a ç ã o

F u n ç ã o F u n ç ã o F u n ç ã o F u n ç ã o dF eu n ç ã o d e
T é c n i c a C o m e r c i F a i l n a n c e iS r ea g u r a Cn ço an t a b i l i d a d e

Fig. 1 – As funções empresariais de Fayol

A Administração ou função administrativa engloba as funções de gestão tal


como definidas por Henry Fayol – planear, organizar, comandar, coordenar e
controlar.

Assim Henry fayol tenta assim caracterizar quais as funções de cada


responsável hierárquico definindo as funções a desempenhar pelo gestor –
prever, organizar, comandar, coordenar e controlar – independentemente do
seu nível hierárquico, sendo este, sem dúvida, o seu grande contributo para a
teoria das irganizações.

Considerou também crucial a clareza das relações hierárquicas bem expressa


na unidade de comando – cada subordinado tem um só chefe e para cada
chefe é inequívoco quem são as pessoas que respondem perante ele.
Fayol adopta o conceito de “homem-servo” .

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Na prática Fayol definiu um conjunto de regras a que deve obedecer a
estrutura interna de qualquer organização assentes num conjunto de 14
princípios gerais de gestão (administração), nomeadamente:

- Divisão do trabalho;
- Autoridade;
- Disciplina;
- Unidade de comando;
- Unidade de Direcção;
- Subordinação do interesse individual ao coectivo;
- Remuneração;
- Centralização;
- Cadeia de Comando;
- Ordem;
- Equidade;
- Estabilidade de Emprego;
- Iniciativa.

2.3 Modelo Burocrático da Organização ( Max Weber)

Ao contrário de Taylor e Fayol, Max Weber não é um gestor profissional, mas


sim um académico alemão – sociólogo.
Weber vai aplicar às organizações o seu método de análise que consiste na
definição de um tipo ideal de organização. A organização “weberiana”,
apelidada de burocracia , é do tipo racionalizada em que existe
predeterminação total a todos os níveis.
Uma vez definidos os objectivos e actividades da organização é possível
formular um sistema de regras e de papéis a serem desempenhados por todos
os membros da organização. O indivíduo tem apenas de seguir
comportamentos prefixados, geralmente por escrito. Tudo está definido e todas
as situações estão previstas – para todas as perguntas há uma resposta.

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Apesar da carga negativa que existe hoje associada à palavra burocracia, a
Burocracia de Weber assentava num conjunto de características que são
cruciais para a sua sustentabilidade e funcionalidade que ainda hoje estão
presentes nas organizações, nomeadamente:

- A avaliação e selecção dos funcionários;


- Remuneração regular dos funcionáriosCarreira Regular dos
funcionários;
- Separação da propriedade do cargo;
- Divisão do trabalho;
- Hierarquia da autoridade.

Uma organização assente nos princípios de Weber tem um grande perigo : a


passagem das regras de funcionamento a objectivos da organização, sendo os
verdadeiros objectivos esquecidos pelos colaboradores, e apresenta ainda
várias disfunções como o excesso de formalismo, a resistência a mudanças, a
despersonalização do relacionamento, a super-conformidade com rotinas e
procedimentos e a grande dificuldade no atendimento a cliente e conflitos com
o público.

3. Teorias Comportamentalistas

As abordagens comportamentalistas, e muito particularmente a mais antiga


conhecida por “teoria das relações humanas”, surgem nos anos 30 como
contraponto às abordagens clássicas.

Todas estas as abordagens assentam no conceito de que o homem, o


indivíduo na organização, tem de ser o ponto de partida e chegada de
qualquer análise do funcionamento das organizações. Ponto de partida
porque é através do estudo do comportamento humano que poderemos
compreender o comportamento organizacional e ponto de chegada porque as
organizações devem ser estruturadas à medida e para servirem os que nela
trabalham.

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Ocorre assim um desvio do foco de análise do sistema tecnico-produtivo
para o sistema social o que vai abrir um conjunto de novas perspectivas
relativamente ao funcionamento das organizações Permitiu uma melhor
adaptação a uma envolvente social, já nessa época em grande mutação e em
que o indivíduo evidenciava um nível cultural e tinha expectativas muito
diversas do operário do início do século.
Por outro lado a maior complexidade da tecnologia envolvida exigia cada vez
mais a aplicação intelectual do trabalhador, sendo o seu esforço físico
substituído pelas próprias máquinas.

Embora a análise ainda perspective a organização como um sistema


fechado, o homem já não é visto como um mero elemento do sistema interno
da organização, mas como um todo – um ser humano com objectivos e
inserção social própria que não abandona nem esquece à entrada da empresa.

É dado o primeiro passo para introduzir na organização a incerteza provocada


pelo ambiente exterior. O comportamento humano vai ser visto como o
elemento crucial, como o verdadeiro objecto do estudo das organizações.

A motivação e o relacionamento interpessoal passam a ser considerados


como a verdadeira chave da eficiência do sistema produtivo. A eficiência do
sistema produtivo passa sobretudo pela vontade das pessoas – motivação.

O objectivo terá de ser optimizar o sistema social e não o técnico-produtivo.

Gerir a organização é gerir um sistema social, baseado no conhecimento


profundo dos mecanismos da motivação humana e do funcionamento de
sistemas sociais complexos; o gestor não é o chefe hierárquico ou o
especialista técnico mas o condutor de homens capaz de motivar os indivíduos
que integram a organização.

3.1 Teoria das Relações Humanas ( Elton Mayo )

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Num conjunto de experiências que decorreram entre os anos de 1924 e 1932,
ao tentar estudar o impacto das condições físicas de trabalho ( iluminação e
horários de trabalho ) na produtividade dos operários Elton Mayo detectou,
surpreendentemente, que a produtividade se mantinha ou até aumentava,
quando a intensidade da luz aumentava em excesso ou era reduzida abaixo do
razoável, o que parecia contraditório. Mayo chegou à conclusão que os
aumentos de produtividade tinham mais a ver com o espírito de grupo e as
relações entre as chefias que com as condições físicas em que se
desenvolvia o trabalho. A liderança e motivação dos indivíduos eram as
variáveis que melhor explicavam os resultados da sua experiência.

Surgem conceitos como “organização informal” – relacionamento à margem


da empresa e da hierarquia estabelecida que se gera entre homens
“completos”, que não são apenas trabalhadores mas também cidadãos – e
como “moral” dos trabalhadores – indicador do nível motavicional do sistema
social interno – que se tornam elementos fulcrais no estudo e compreensão do
funcionamento de qualquer organização.

Em síntese, pode-se dizer que a teoria das relações humanas, embora


continue a conceptualizar a organização como um sistema fechado, vai pela
primeira vez levantar uma nova perspectiva da organização como um sistema
social inter-relacionado.

3.2 Teóricos Comportamentais ( Behaviouristas –Maslow e McGregor)

Os vários autores que se inserem nesta corrente de pensamento retomam,


actualizam e sofisticam nos anos 50 e 60, pela aplicação dos conhecimentos
entretanto adquiridos a nível da psicologia e sociologia, algumas ideias já
desenvolvidas na década de 30 no âmbito da teoria das relações humanas.

A organização continua a ser vista como um sistema fechado, mas dotado de


grande dinâmica interna que lhe advêm das vontades dos indivíduos e dos
processo de inter-relação e de estruturação organizacional. Os autores desta
corrente pretendem desenvolver um conhecimento aprofundado dos processos

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dinâmicos que ocorrem no sistema social interno da organização, embora
pequem no que se refere á transposição para o normativo de gestão dos
conhecimentos adquiridos

O homem na organização é visto como um ser criativo que deve envolver todas
as suas capacidades intelectuais no processo produtivo.

3.1 Teoria das necessidades (Maslow)

A teoria das necessidades de Maslow assenta fundamentalmente nos


seguintes pressupostos:

- As necessidades insatisfeitas motivam as pessoas ou influenciam o seu


comportamento. Enquanto uma necessidade básica não for satisfeita, as
outras, regra geral, não exercem influência no comportamento do
indivíduo. É o chamado princípio da dominância.
- As necessidades agrupam-se segundo uma hierarquia (ver figura 2).
- As necessidades de qualquer nível da hierarquia emergem como
motivadores significativos apenas quando as necessidades de níveis
inferiores àquele na hierarquia já estiverem razoavelmente satisfeitas
(princípio da emergência). A figura 3 traduz, esquematicamente, os dois
princípios referidos.

Necessidades de Auto-Realização

Necessidades de Estima

Necessidades Sociais

Necessidades de Segurança

Necessidades Fisiológicas

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Figura 21 – Hierarquia das Necessidades de Maslow

Fisiológicas Segurança Sociais Estima Auto-realização

Poder de
Motivação

Desenvolvimento psicológico

Figura 3 – A Hierarquia das Necessidades e o Princípio da Emergência

A Hierarquia das Necessidades proposta por Maslow costuma representar-se


segundo uma pirâmide – a Pirâmide das Necessidades de Maslow (Figura 10)
– onde aquelas se dividem em 5 níveis, da base para o topo:
- Necessidades fisiológicas referem-se à alimentação, abrigo, repouso,
ar, etc.;
- Necessidades de segurança dizem respeito à protecção contra o perigo
ou privação, ou seja, contra a violência, a doença, a guerra, a pobreza,
etc.;
- Necessidades sociais têm que ver com a afeição, a inclusão nos
grupos, a aceitação e aprovação pelos outros;
- Necessidades de estima englobam a reputação, o reconhecimento,
auto-respeito, admiração;
- Necessidades de auto-realização referem-se à realização do potencial
de cada indivíduo, à utilização plenos dos seus talentos.

3.2 Teoria X e Y( McGregor)

Douglas McGregor pôs em evidência a filosofia do gestor sobre a natureza


humana e a sua relação com a motivação dos subordinados.

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Segundo McGregor, os gestores tendem a desenvolver um conjunto de
assunções, crenças ou ideias sobre os empregados que podem basicamente
ser divididas em dois grupos, os quais constituem assim duas visões
diferentes, antagónicas até – a teoria X e a teoria Y.

Pressuposições da Teoria X:
- As pessoas são preguiçosas e indolentes;
- As pessoas evitam o trabalho;
- As pessoas evitam a responsabilidade, com o objectivo de se sentirem
mais seguras;
- As pessoas precisam ser controladas e dirigidas;
- As pessoas são ingénuas e sem iniciativa.

Pressuposições da Teoria Y:
- As pessoas são esforçadas e gostam de ter o que fazer;
- O trabalho é uma actividade tão natural como brincar ou descansar;
- As pessoas procuram e aceitam responsabilidades e desafios;
- As pessoas podem ser auto-motivadas e auto-dirigidas;
- As pessoas são criativas e competentes.

Desenvolvimento Organizacional

Dado o cunho demasiado teórico das abordagens behaviouristas alguns


autores percebem que é um fracasso a sua aplicação prática e tentam
desenvolver uma abordagem sistemática à gestão das organizações que
designaram “desenvolvimento organizacional”.

Surgem assim trabalhos como a Grelha de Gestão – Blake e Mouton . Esta


grelha constitui uma importante técnica de análise dos estilos de liderança e,
com ela, pretende-se consciencializar os gestores da sua forma de actuação a
fim fazer luz sobre ao caminhos através dos quais podem melhorar a sua
capacidade de liderança.

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Essencialmente o Desenvolvimento Organizacional pretende a mudança das
organizações de forma a que estas se transformem em sistemas sociais que
vejam a mudança como sua componente intrínseca. Começou a desenhar-se a
tendência de conceptualizar a organização como sistema entreaberto face
ao exterior, e de considerar a existência de interacção da organização com o
meio ambiente. Beckardt em 1969 é exemplo desta nova posição

O Desenvolvimento Organizacional inclui:


- Mudanças estruturais e técnicas;
- Mudar as pessoas, a natureza e qualidade das suas relações de
trabalho.

A ênfase principal do desenvolvimento organizacional é a mudança da cultura


da organização e os seus objectivos são:
- Aumentar a eficácia e a saúde da organização;
- Renovação da organização a partir das pessoas.

Em resumo a DO é a “mudança organizacional planeada”, cujas principais


características são:
- Ver a organização como um todo;
- Orientação sistémica;
- Agente de mudança;
- Solução de problemas;
- Aprendizagem experimental;
- Processos de grupos e desenvolvimento de equipas;
- Feedback
- Orientação contingencial

4. Teorias Pragmáticas

As abordagens aqui designadas por “pragmáticas” englobam essencialmnete o


esforço analítico e normativo levado a cabo a partir de meados dos anos 50 por
pessoas ligadas à gestão de empresas.

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O denominador comum de todos esses autores é a definição de “regras
práticas de gestão”.

A visão genérica é ainda a proposta dos clássicos atenuada por muitos


ensinamentos das teorias comportamentalistas, nomeadamente a nível da
motivação individual.

Teoria Neoclássica

Esta abordagem foi buscar a sua inspiração às teorias clássicas readaptando


alguns dos principais conceitos à época em que surge.

O estudo das funções do gestor, tão cara a Fayol, ganha novo relevo.
A grande inovação é o acentuar da função Inovação que passa a ser
apresentada como preponderante. Esta ideia decorre da alteração fundamental
introduzida pelos neoclássicos, que consiste na necessidade de conceptualizar
a empresa já não totalmente como um sistema fechado, mas como um sistema
que tem de adaptar-se à evolução dos mercados onde coloca os seus
produtos.

Efectivamente, falar de neoclássicos é falar de Marketing e da preponderância


a nível de todo o comportamento organizacional e da função de gestão. A
inovação traduz-se na capacidade de detectar oportunidades no mercado
e de seguida ser capaz de as aproveitar activamente.

Uma outra característica a realçar é a acentuação na importância dos


resultados da empresa e não meramente no “output”.

Produzir já não é essencial, mas sim produzir o que o mercado quer, de


forma a que a actividade da empresa possa ser rendível.

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A organização, e particularmente o gestor, tem por papel fundamental
apreender a evolução do mercado e inovar nas respostas a dar às
oportunidades detectadas de forma a maximizar o lucro.

A abordagem neoclássica procura sobretudo descobrir “regras flexíveis” que


são, muitas vezes, princípios de lógica a aplicar ou formas de raciocinar
sobre problemas e situações concretas enfrentadas pelas empresas.

Administração por Objectivos

A administração por objectivos pretende ser uma forma de intervenção


sistemática e planeada em todo o processo de gestão de uma empresa.

A Gestão por objectivos trata-se duma filosofia de gestão que põe ênfase no
estabelecimento de objectivos acordados entre os gestores de grau superior e
subordinados e, no uso destes objectivos assim definidos, como base
fundamental dos esforços de motivação avaliação e controlo.

A administração por objectivos constitui uma aproximação altamente coerente


à problemática de compatibilização entre objectivos organizacionais,
sectoriais e individuais, constituindo um poderoso instrumento ao serviço de
uma maior rendibilidade empresarial.

A lógica dea administração por objectivos assenta nos seguintes 5 princípios:

- preocupação prioritária na realização dos objectivos globais;


- rendibilidade de cada órgão da empresa vista na perspectiva da
contribuição para os objectivos globais;
- avaliação objectiva dos indivíduos em função de metas
preestabelecidas;
- implementação de uma gestão planeada;
- autocontrolo efectuado por cada indivíduo na organização.

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A preocupação central é a de instituir uma gestão planeada que passa,
primeiramente, pela definição dos objectivos globais em função dos quais são
definidos os objectivos parcelares.

Existem, no entanto, algumas disfunções latentes que devem ser consideradas,


nomeadamente, a perda de visão de conjunto e simplificação decorrente da
tentativa de objectividade e quantificação que pode ser grave, quando dela
resulta uma excessiva orientação para os resultados de curto prazo.

4. Tendências de Evolução do Pensamento Conceptual

As abordagens anteriores começaram a ser postas em causa a partir do fim da


década de 60 devido às suas características dominantemente determinísticas e
normativas.

Assim, Lawrence e Lorch (1967), vão desenvolver o que designam por


modelo contigencial , em que o comportamento organizacional é explicado
em grande parte pela conjuntura (tipo e situação) da envolvente, o que põe em
causa a visão normativa e regulamentadora que emana, por exemplo, dos
neoclássicos.
Porém o corte mais radical com a teoria tradicional das organizações deve-se a
Emery e Trist (1965) que num artigo assumem, pela 1ª vez de forma explícita,
a organização como um sistema aberto que só é explicável e logo
compreensível, se analisado conjuntamente com a sua interacção com o meio
envolvente.

Na década de 70 firma-se o conceito da organização como sistema aberto,


centrando-se o a discussão nas formas de interacção, nas consequências, nos
seus intervenientes e no grau de determinismo imposto pela envolvente à
organização, discussão que ainda é actual.

4.1 Análise Sistémica

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Em vez de ligar separadamente com as várias partes de uma organização, a
abordagem sistémica apela a que a gestão veja a organização como um
sistema uno, composta de partes inter-elacionadas.
Esta abordagem permite aos gestores verem a organização como um todo, e
ainda fazendo parte de um sistema maior – o ambiente externo.

A actividade de qualquer parte de uma organização afecta em diferentes graus


todos as outras partes, isto é uma organização ou uma empresa deve ser vista
como um sistema aberto ao meio ambiente externo, com o qual se relaciona.

Para melhor perceber esta ideia vejamos o conceito de sistema, sistema


fechado, sistema aberto.

Sistema: é um conjunto de dois ou mais elementos em que:

- Cada um tem efeitos no comportamento do todo,


- A forma como cada elemento afecta o todo depende, pelo menos, de um
outro elemento (há interdependência de efeitos);
- Não é possível dividir o todo em elementos independentes sem, com
isso, afectar as suas características.

Sistema fechado: são sistemas que não recebem nenhuma influência do meio
ambiente e, por outro lado, também não influenciam o ambiente.

Sistema aberto: são os sistemas que apresentam relações de intercâmbio


com o ambiente, através de entradas e de saídas.

4.2. Modelos Contingenciais

Uma das abordagens do pensamento e da prática da gestão relativamente


recentes é a teoria da contingência. Os defensores desta abordagem põem em
destaque a ideia de que, o que os gestores fazem, na prática, depende do
conjunto de circunstâncias que caracterizam cada situação; põem em relevo a

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relação entre a forma como a organização toma as suas decisões e processa a
actividade e as características da situação.

Alguns dos aderentes a esta abordagem da gestão puseram em confronto


sobretudo a estrutura da organização e as características do seu ambiente.

Nesta linha de pensamento, Tom Burns e George Stalker, por exemplo,


descrevem dois tipos de gestão radicalmente diferentes: o sistema
mecanicista, caracterizado por uma estrutura rígida com destaque para a linha
hierárquica e o sistema orgânico, muito mais flexível, menos estruturado,
permitindo uma maior influência dos trabalhadores na tomada de decisões.

Joan Woodward defende que a escolha do tipo de estrutura que melhor se


adapta a uma determinada empresa é influenciada pela tecnologia que ela
usa. Assim, sugere que uma empresa caracterizada por tecnologia
correspondente à produção em massa pode perfeitamente adoptar uma
estrutura mecanicista, enquanto para uma empresa de produção contínua
(refinaria, por exemplo) uma estrutura orgânica é mais aconselhável.

Mais recentemente, a teoria da contingência alarga-se a outros domínios


específicos da gestão como o desenho de tarefas, a liderança, a dinâmica de
grupos e as relações de poder.

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BIBLIOGRAFIA

SOUSA, António(1990), Introdução à Gestão – uma abordagem


sistémica, Editorial Verbo.

PERETTI, J.M., Orsoni, J., et. Al. (1993), Gestão, As funções da


empresa, Edições Sílabo.

TEIXEIRA, Sebastião (1998), Gestão das Organizações, Mc


Graw-Hill.

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